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segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O primeiro golpe democrático da história - Dilma: a Afastada? a Ridícula? ou tudo que não presta?

Ninguém jamais resistiu com tanta fibra ao ridículo. Dilma conseguiu tornar-se golpista de si mesma 

Em sua marcha firme e inexorável rumo à lata de lixo da história, Dilma Rousseff está dando um show. Telefona para senadores que não a atendem, propõe plebiscitos que seu partido ignora, faz comícios para almas penadas se comparando a Getúlio Vargas e João Goulart, enfim, expõe sem pena a xepa ideológica que restou pendurada no discurso do golpe. Ninguém jamais resistiu, com tanta fibra, ao ridículo. E em seu ato final, quando todos imaginavam que o repertório estava esgotado, Dilma conseguiu tornar-­se golpista de si mesma.

“Eles não me obrigaram a me suicidar como o Getúlio”, discursou a presidente afastada, explicando que escapou do destino trágico “porque tem uma democracia aqui, que lutamos para construir”. Não é impressionante? O mundo nunca tinha visto – e certamente jamais voltará a ver – um golpe de estado em plena democracia. A falta que um João Santana faz.
Eis então o axioma de Rousseff: o Brasil está sofrendo um golpe de estado sem prejuízo da normalidade democrática. O paciente está em coma, mas passa bem. Por isso Dilma não precisou se suicidar. É incrível a capacidade de adaptação dos mortos-vivos. Eles aguentam tudo. E foi assim que a presidente afastada resolveu participar, ela mesma, do golpe democrático que salvou sua vida.

Em dado momento, Dilma decidiu então que iria ao Senado se defender no processo de impeachment. Com o simples fato de declarar isso, ela já fez história. O impeachment, como todos sabem, é golpe. E aqui cabe uma explicação semântica: golpe não é peteleco, puxão de orelha ou carinho bruto; golpe é golpe. Em política, é ruptura institucional, é estupro da democracia. Pois bem: Dilma aderiu ao estupro.

Nos anos 1980, Paulo Maluf proferiu a frase imortal do humanismo tarja preta “estupra, mas não mata”. O Brasil, esse inocente, acreditou que existia recorde imbatível de estupidez. Mas nada como uma Olimpíada para estourar limites. Dilma pôs o sarrafo lá em cima e, tal qual o cara da vara, acabou com o reinado de Maluf: estupra a democracia de brincadeirinha, mas não mata o meu ganha-pão de coitada profissional.  “Não vou lá [no Senado] porque acredito nos meus belos olhos, mas, sim, na democracia”, discursou a golpeada. A oratória da joia de Lula é tão rica que precisa ser analisada em partes. Os belos olhos, por exemplo, podem ser um sinal cifrado de que, além da faixa presidencial, os espelhos também sumiram do palácio. Nunca se esqueça de que alguém que se compara a Getúlio Vargas está, salvo efeito lisérgico, falando por metáforas impressionistas de conteúdo adulto. Coincidentemente, a parte da sentença referente à democracia também pode ser simples falta de espelho.

A decisão de Dilma Rousseff de ir ao Senado participar de um processo que ela mesma define como golpe é uma revolução. A partir desse corte epistemológico, nenhum brasileiro estará mais obrigado a responder por seus atos. Liberou geral. Se uma presidente da República ataca as instituições de seu país, afirmando que estão sob coação para fulminar um mandato legítimo, e ato contínuo reconhece a normalidade institucional com sua própria atitude, tudo é permitido. Provavelmente é por isso que o Brasil tem tanta dificuldade de enxergar seus crimes de responsabilidade. Crime todo mundo entende, mas responsabilidade é o que mesmo?
“Temos que saber que essa luta não tem data para terminar”, discursou a golpeada golpista. É claro que o prazo de validade de Dilma, a única, já está mais do que vencido. Ela já era – e durou muito mais do que podia. Mas você aprendeu a segurar a carteira quando ouve esse pessoal falando em “luta”. E pode continuar segurando: o papo do golpe que não é golpe, mas a gente finge que é para poder continuar fazendo figuração no presépio do oprimido, acendendo vela para Jango e condenando a Guerra do Vietnã, ainda vai render muito voto. E vem eleição aí.

Eles ainda têm muita história triste para contar e dinheiro na caixinha para gastar. O projeto continua o mesmo: transformar propaganda vagabunda no milagre da multiplicação de cargos e verbas, para viver da mística coitada enquanto você trabalha. Preste atenção em todos os suicidas remediados que vagam por aí falando em resistência democrática. São os herdeiros da quadrilha.

Fonte: Ricardo Fiuza - Época
 

 

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