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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A Constituição de nariz quebrado - Percival Puggina

"Crês que a oposição vai derrotar a esquerda com discurso sobre ética? Com teses sobre o Brasil? 
Com visão de história? 
Com críticas construtivas? 
Papo furado, cara!". Meu amigo continuou a descrever suas observações:  "O PT começa a trabalhar o eleitor desde que ele entra na estufa da maternidade. Lá já tem uma atendente criticando "o sistema". 
 
Essa conversa aconteceu em algum momento do final do governo Dilma I e, no fundo, as coisas ainda estão muito parecidas com isso. 
A apropriação das mentes começa cedo e passa pelas experiências coletivistas do maternal. 
Engrossa nos cursos fundamental e médio quando o sistema cai nas mãos dos pedagogos marxistas, dos discípulos de Paulo Freire, do politicamente correto e dos “coletivos” étnicos ou identitários. 
Vai promovendo a relativização da verdade e do bem, a tolerância com tudo que está errado e a intolerância para com quem se atreve a apontar quaisquer erros na ortodoxia esquerdista
E vai adiante com o controle dos sindicatos, dos fundos de pensão (oba!), dos movimentos sociais, de uma constelação de ONGs (oba!), dos cursos de graduação e de pós, das carreiras jurídicas, dos seminários e cursos de teologia, da CNBB, da Globo, da cozinha dos jornais, do escambau
Se o convidarem para um Clube do Bolinha, leitor, em seguida você descobrirá que o Bolinha que manda é companheiro.

Quando eu estava desfiando a lista, meu amigo perguntou: "Os sindicatos a que te referes são de trabalhadores ou patronais?", ao que eu esclareci - "De trabalhadores, claro". Mas ele me advertiu que também as organizações patronais se aparelham quando o partido assume o controle do Tesouro e do BNDES. Imagine o leitor: temos no Brasil empresários tão petistas quanto seus operários. E arrematou: "Por motivações opostas".

Ninguém pode acusar o PT e sua parceria esquerdista, quando fora do governo (de qualquer governo), de fazerem oposição cordial, bem educada, respeitosa, construtiva. 
Como o boxeador martela o fígado do adversário, sistematicamente eles cuidam de desfigurar a imagem do opositor. Nariz, lábio, supercílio, orelha. Vencido o pleito, ocupada a cadeira, o que passam a cobrar de seus opositores? Colaboração e fidalguias. Talquinho e perfume. 
E até a pequena oposição que no Congresso Nacional resiste às tentações inerentes ao cabaré do Erário passa a ser acusada de radicalização e impertinência, polarização (!) e discurso de ódio.

Aqui, desde meu ponto de vista, o nariz quebrado que vejo é o da Constituição, o supercílio aberto é o do Estado de Direito, o lábio esmigalhado é o da liberdade de expressão e a orelha rasgada é a do direito à informação e do respeito à intimidade da vida privada.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

terça-feira, 14 de março de 2023

Até o “progressista” papa Francisco enxerga os abusos na Nicarágua - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo


O Papa Francisco ao chegar à Praça da Revolução para celebrar a missa dominical em Havana, Cuba, em 20 de setembro de 2015.| Foto: EFE/Alejandro Ernesto

Não há nada de “progressista”, de “consequente” e de politicamente “correto” que o papa Francisco não apoie neste mundo de Deus
Ele gosta da Palestina, do Irã e de organizações “muçulmanas” que se dedicam ao combate ao “imperialismo” e à “reparação” das “injustiças históricas” que foram cometidas pelo cristianismo nos últimos 20 séculos. Ama a CNBB. É a favor da igualdade, da diversidade e da “reforma agrária”; é contra a fome, pobreza e os “agrotóxicos”.
 
Está convencido que os regimes de esquerda na América Latina são forças positivas na “libertação” do continente – e por aí vamos. 
É extraordinário, assim, que esse mesmo papa tenha tomado a decisão de denunciar a ditadura e o ditador da Nicarágua; deve ter achado que passaram de qualquer limite, na sua conduta como malfeitores. 
Quer dizer que até o papa está reclamando? Sim, até o papa está reclamando.

Durante a campanha, a mídia e os candidatos foram expressamente proibidos pelo TSE de dizer que Lula era a favor da ditadura da Nicarágua. Hoje isso é parte da política externa do Brasil. 

O papa Francisco denunciou a Nicarágua como uma “ditadura grosseira”. Disse que o ditador Daniel Ortega sofre de desequilíbrio. [para tudo há um limite: - até mesmo para a tolerância cristã de Sua Santidade, o Papa Francisco.] Manifestou, enfim, a sua indignação contra um dos últimos atos de delinquência da ditadura nicaraguense – a condenação do bispo Ronaldo Alvares a 26 anos de prisão pelo crime de “fake news” e por “desobedecer ao Estado”. Nem o STF, no Brasil, sonhou com tanto até agora.

O pontífice fez, ainda, uma comparação sombria. “É como trazer de volta a ditadura de Hitler em 1935”, disse Sua Santidade. 
É pesado, e é uma das piores críticas que Ortega já recebeu – mas a verdade é que ele parece mais decidido do que nunca a chutar o pau da barraca. 
Uma das suas últimas realizações é banir da Nicarágua as freiras da organização de Madre Teresa de Calcutá
Sério? Sim, é isso mesmo: nem a Madre Teresa escapou. [com todo o respeito devido a Sua Santidade, Papa Francisco, discordamos dele não ter usado como exemplo a ditadura do tirano comunista, Joseph Stalin - que matou mais de 100.000.000 de inocentes - o que o coloca na liderança de todos os genocídios.
Aliás, o trio satânico de genocidas, é formado por comunistas:
- Stalin mais de 100 milhões de vítimas;
- Mao Tse Tung, matou  entre  50 a 80 milhões de chineses;  
- Pol Pot, matou mais de 2,5 milhões no Camboja.
Oportuno lembrar para se ter atenção e cuidado, que o comunismo no Brasil, especialmente Stalin, tem admiradores, estando a comunista  Jandira Feghali entre eles, inclusive com o jargão, publicado nas redes sociais no aniversário do genocida: "“Olha pro céu, meu amor, vê como ele Stalindo”, postou a parlamentar, com uma foto de Stalin ao fundo.  
 
É um escândalo de baixa qualidade que o Brasil, enquanto isso, continue dando todo o seu apoio à ditadura – acaba de recusar-se a assinar um documento de condenação à Nicarágua subscrito por 50 das maiores democracias do mundo. 
Como rebaixar a política externa brasileira a esse grau de marginalidade e de isolamento perante o mundo democrático? 
O PT e a esquerda, até outro dia, denunciavam histericamente que o Brasil, por não se alinhar mais com ditaduras como a de Daniel Ortega, tinha se tornado um “pária na comunidade internacional”.
 
E agora? Durante a campanha, a mídia e os candidatos foram expressamente proibidos pelo TSE de dizer que Lula era a favor da ditadura da Nicarágua. 
Hoje isso é parte da política externa do Brasil. Sempre se pode reclamar ao papa, é claro – mas não vai adiantar nada.


J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


domingo, 19 de fevereiro de 2023

Mentiras alimentam a fome no Brasil - Revista Oeste

Joice Maffezzolli

De onde surgiram os 33 milhões de famintos que os aliados de Lula usam como moeda política e a CNBB vai resgatar na Campanha da Fraternidade

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock  
 

“Nós, com meio por cento do PIB, acabamos com a fome entre 2003 e 2010. Acabou. Ninguém mais ouvia falar. Você não via criança no sinal de trânsito. Não tinha mais.” É uma frase como essa, dita pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na manhã da quarta-feira 15, no coração da Avenida Faria Lima, em São Paulo, que separa o verdadeiro drama da fome de quem faz política com o prato vazio no Brasil.

Na contramão da velha mídia politicamente correta, a reportagem de Oeste escolheu o caminho mais difícil para tratar do tema: quais são os dados reais sobre a fome no país? Quem financia essas pesquisas? Onde estão os 33 milhões de famintos?  
E, principalmente, por que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) embarcou no sensível discurso sem filtro?  
O tema bíblico da Campanha da Fraternidade é: “Dai-lhes vós mesmos de comer”.

A primeira resposta possível está numa pesquisa encomendada no ano passado ao Instituto Vox Populi e à Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). Chama-se “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 (Vigisan)”. A Penssan é formada por profissionais de esquerda ligados a instituições públicas de ensino e pesquisa e foi criada com apoio financeiro de entidades nacionais e estrangeiras. Entre ela, a Fundação Friedrich Ebert (Alemanha), Fundação Ford (Estados Unidos) e Oxfam e ActionAid (Inglaterra). Em outubro de 2021, Lula e Martin Schulz, presidente da Friedrich Ebert, encontraram-se em Berlim. Em agosto de 2018, o empresário já havia visitado Lula na prisão em Curitiba.

Uma das referências do projeto da Penssan se chama José Graziano. Ele foi nomeado em 2003 para ser ministro de um programa que nunca existiu: o Fome Zero é uma fábula, uma embalagem tão ruim que até o PT o largou pelo caminho
Como o programa deu errado, Lula o indicou para um cargo decorativo na FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura).

José Graziano da Silva | Foto: Divulgação

Publicado em 2022, o Vigisan foi usado como base para que a CNBB afirmasse em seus relatórios que “o Brasil é considerado o celeiro do mundo, mas carrega uma grande contradição”. Qual contradição? Nessa resposta começa o problema: “A fome é real e atinge hoje cerca de 33 milhões de brasileiros”. De onde surgiu esse número?

Para afirmar que o Brasil tem 33 milhões de famintos, a Penssan comparou dois inquéritos encomendados a ela mesma. O primeiro levantamento foi realizado em dezembro de 2020, no primeiro ano da pandemia, em 2.180 domicílios localizados nas cinco regiões do país. O resultado dizia que 9% da população — 19 milhões de brasileiros — estava em situação de vulnerabilidade alimentar. Ou seja, alarmante, muita gente.

A segunda sondagem foi pior, porque teve uma abrangência maior: durante seis meses — de novembro de 2021 a abril de 2022 —, os pesquisadores visitaram 12.745 domicílios
A conclusão foi que 15% dos brasileiros estavam passando fome. 
Foi essa pesquisa que deu origem aos 33 milhões de famintos no Brasil.

Margem de erro
Assim como a fala de Haddad sobre os meninos no semáforo, os 33 milhões de famintos geraram muito ruído em ano eleitoral. De novo: por que a Igreja Católica embarcou? O vereador Rodinei Candeia, da cidade gaúcha de Passo Fundo, afirma que, na romaria de São Miguel, a mais tradicional do interior do Rio Grande do Sul, um bispo e seis sacerdotes citaram a pesquisa para atacar o então presidente Jair Bolsonaro, em plena campanha eleitoral.

“Logo na apresentação, há uma declaração de apoio ao governo do PT, fixando a data que as políticas públicas eram válidas, até 2016, e a partir daí entra num rumo de insegurança”, afirmou. “Foi um ato político, muito bem pensado e organizado, para atacar o governo federal e fortalecer o discurso de Lula e da esquerda”

A pesquisa, realizada em plena pandemia de covid-19, era baseada em oito perguntas. O corte temporal é explícito. Todas as questões dizem respeito exclusivamente ao sentimento de cada entrevistado nos últimos três meses:

Nos últimos três meses, os moradores deste domicílio tiveram a preocupação de que os alimentos acabassem antes de poder comprar ou receber mais comida?

Nos últimos três meses, os alimentos acabaram antes que os moradores tivessem dinheiro para comprar mais comida?

Nos últimos três meses, os moradores ficaram sem dinheiro para ter uma alimentação saudável e variada?

Nos últimos três meses, os moradores deste domicílio comeram apenas alguns poucos tipos de alimentos que ainda tinham porque o dinheiro acabou?

Nos últimos três meses, algum morador deixou de fazer alguma refeição porque não havia dinheiro para comprar comida?

Nos últimos três meses, algum morador comeu menos do que achou que devia porque não havia dinheiro para comprar comida?

Nos últimos três meses, alguma vez sentiu fome, mas não comeu porque não tinha dinheiro para comprar comida?

Nos últimos três meses, algum morador fez apenas uma refeição ao dia ou ficou um dia inteiro sem comer porque não havia dinheiro para comprar comida?

A representatividade nacional da amostragem de domicílios e municípios deixa muitas dúvidas, dada a falta de informações e de dados no documento publicado. A pedido de Oeste, o cientista de dados Leonardo Dias analisou a amostragem. De acordo com o especialista, houve uma sucessão de erros.

Em primeiro lugar, foi usada a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, sendo que já está disponível a PNAD 2021, que tem uma proporção de amostra de salário bem diferente”, afirmou Dias. “Na edição mais recente, 38% da população ganhava até dois salários mínimos; 40%, de dois a cinco; e 22%, acima de cinco salários”, diz.

A Vigisan trabalhou com 6% acima de cinco salários, o que é totalmente fora da realidade. Ou seja, focou a amostra e os pesquisados numa população muito mais pobre do que a média brasileira em 2021


Prato meio cheio
Os dados indicam a possibilidade de uma amostragem superestimada nas Regiões Norte e Nordeste, onde a situação da insegurança alimentar é mais grave, e subestimada nas Regiões Sul e Sudeste, onde o problema é menor.Não houve um recorte estatístico adequado para chegar a esse resultado”, afirma Dias. “De certa forma, o que aconteceu é muito similar ao que foi feito por algumas pesquisas eleitorais, embora ainda pior”, diz. “É de esperar esse tipo de pergunta, ainda mais sendo uma pesquisa com um forte viés ideológico.”
 
Não há dúvidas de que a fome existe no Brasil. Mas afirmar que 33 milhões de brasileiros passam fome seria algo como a população do Peru ou da Austrália.  
Nesta semana, Oeste visitou uma comunidade da periferia de Osasco, na Grande São Paulo, o Conjunto Habitacional Vitória, antiga Favela “Pinga Pus”, local que até os anos de 1990 era considerado um dos mais perigosos da cidade. Somados o conjunto e a favela vizinha, chamada Fazendinha, 6 mil moradores vivem ali. Muitos passam dificuldade, mas fome, não. “Conheço pessoas que têm necessidades, mas não passam fome”, conta a líder comunitária Lourdes Maria Pereira Mello. “Pode não ter uma carne, não ter mistura todos os dias, mas tem arroz e feijão. Fome ninguém passa.”
Lourdes Mello é liderança do Conjunto Vitória há 25 anos - 
 Foto: Arquivo pessoal

Jucélia do Amor Divino Andrade mora na favela com os dois filhos há 12 anos. Desempregada e tratando de um câncer, ela recebeu neste mês R$ 400 do Auxílio Brasil. Até o mês passado, o valor era de R$ 600. Jucélia usa o dinheiro para pagar as contas de água, luz e gás. Os alimentos vêm de doações, uma cesta básica da igreja e outra da prefeitura.

Jucélia Andrade tem comida suficiente para ela e os dois filhos - 
 Foto: Arquivo Pessoal

“Nunca fiquei um dia sem refeição”, diz. “Alguém sempre ajuda, e eu corro atrás. Troco a carne pelo ovo, uma salsicha, uma amiga compra umas misturas para mim, e assim vou levando, mas, graças a Deus, fome nunca passei e não conheço ninguém que esteja nessa situação.”

Lourdes é um exemplo de que o sentido da vida é continuar. Natural de Nova Londrina, no Paraná, ela perdeu os pais aos 4 anos e foi doada. Passou apuros até os 19 anos, fugiu e foi morar na rua. Engravidou e foi abandonada pelo pai da criança. Quando encontrou a chance de trabalhar, agarrou com toda força.

Lourdes agarrou as oportunidades e venceu na vida - 
Foto: Arquivo Pessoal

Ao passar pelo Hospital das Damas, em Osasco, nos anos 1990, viu uma placa anunciando uma vaga para faxineira e entrou. A vaga já estava preenchida. Havia outra, para secretária de enfermagem. O médico que a entrevistou pediu que ela datilografasse uma carta. Embora não soubesse ler nem escrever, Lourdes topou o desafio, até que começou a chorar. Comovido, o médico lhe deu um emprego. “Me ensinaram a escrever, a ler, alugaram uma casa para mim, acolheram meu filho. Passei a ter um pouco de conhecimento e descobri que a vida não era só tristeza. Você precisa dar o primeiro passo”, diz. “Ali, eu me transformei na pessoa corajosa que sou hoje: a Dona Lourdes do Conjunto Vitória.”

Indústria da fome
No começo do ano, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) usou um número ainda mais esdrúxulo, também extraído do relatório da Penssan: disse que 120 milhões de pessoas — ou seja, mais da metade da população — passam fome no Brasil. É algo como a população do Japão.
Marina segue a cartilha Vigisan: 125 milhões vivem com “insegurança alimentar”. 
Mas o que isso significa, afinal? 
 Na prática, são pessoas que não se alimentam como deveriam? 
Ou convivem com a incerteza quanto ao acesso à comida no futuro?
 
Como isso faz sentido num país cuja agropecuária alimenta o mundo? Em carnes, por exemplo, o segmento nacional ofertou 20 milhões de toneladas para o mercado interno em 2021, somando proteínas de origem bovina, suína e de frangos.  
São quase 100 quilos por ano para cada habitante, conforme os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 
De arroz e feijão, mistura favorita do brasileiro, a safra de 2021 soma praticamente 15 milhões de toneladas, o que equivale a quase 200 gramas de grãos crus por habitante por dia. 
 Batata e mandioca, por exemplo, aproximadamente 300 gramas por dia. E trigo, mais 100 gramas diários.

O material da CNBB sobre a Campanha da Fraternidade é explícito: a culpa pela fome no país é da grande propriedade rural. “Uma das mais importantes causas da fome no Brasil faz referência à concentração de terras, ocasionando uma distribuição excludente e causadora de desigualdades socioeconômicas de modo que é fundamental uma justa redistribuição da terra”, afirma.

Segundo Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), rebate o argumento ao lembrar que, graças à força da agropecuária nacional, o país conseguiu passar pela pandemia e enfrentar as consequências da invasão da Ucrânia pela Rússia sem que faltasse nenhum tipo de alimento na mesa do brasileiro. “O setor mostrou a importância que tem no país não só do ponto de vista econômico, de gerar riqueza por meio de valores de exportação e a geração de empregos, mas principalmente em garantir o abastecimento da população brasileira.”

No ano passado, a CNA entregou um documento aos candidatos à Presidência da República e ao Congresso, com um capítulo exclusivo sobre segurança alimentar. “Não podemos comemorar que há mais gente entrando nas bolsas da vida, porque aí estamos dando um atestado de que a política econômica do país não está sendo satisfatória. Ela tem que receber o auxílio, mas também tem que ter uma reinserção no mercado de trabalho e conseguir se sustentar de forma independente.”

É aí que a conta não fecha. Em abril de 2014, durante uma entrevista coletiva para blogueiros progressistas, o vencedor das eleições, agora presidente Lula, confessou que, quando era oposição, costumava citar números aleatórios que não condiziam com a realidade. “Era bonito a gente viajar o mundo e falar que no Brasil tem 30 milhões de crianças de rua… No Brasil, a gente nem sabia”, afirma. “Não esqueço nunca: estava debatendo eu, o Roberto Marinho e o Jaime Lerner, em Paris. Não sei de que entidade era, mas eu estava dizendo que no Brasil tem 25 milhões de crianças de rua. Quando eu terminei de falar, o Jaime Lerner falou para mim: ‘Oh, Lula, não pode ter 25 milhões de crianças de rua, porque senão a gente não conseguiria andar na rua, Lula, é muita gente’.”

Joice Maffezzolli, colunista - Revista Oeste


quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

Será que Alexandre de Moraes conhece a Lei Antiterrorismo? - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

Brasília

Lula, com declarações desafiadoras e provocativas, estava criando caso com os militares também. 
Agora criou caso com a CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, com a história do aborto.

[não se espantem e tenham certeza que ele vai criar mais caso, logo, logo - é só as dificuldades começarem a surgir, as cobranças e as derrotas.]
Ele fez o Brasil se retirar de um acordo assinado em Genebra, de combater o aborto acordo que parece que tem em 40 países, algo assim. E ordenou que a ministra da Saúde cancelasse uma portaria que obrigava quando a pessoa que está abortando por razões de estupro, que se comunicasse a polícia. O Ministério da Saúde faz a comunicação à polícia, porque se trata de um crime, mas foi abolido também.

CNBB contra Lula  
A CNBB botou a boca no mundo. Fez uma nota muito forte, entre outras coisas, dizendo que qualquer atentado contra a vida é também uma agressão ao Estado Democrático de Direito e configura ataques ao bem-estar social.  
Só pra deixar claro, isso não significa que o aborto deixou de ser crime, está lá no artigo 124 do Código Penal, é crime sim e dá cadeia, embora sejam penas que variam. 
Quem faz aborto contra a vontade da gestante pega dez anos de prisão. 
É a pena mais alta. Mas no artigo 182, diz que no caso de estupro, e com o consentimento da gestante, não é crime. E se não houver outro meio de salvar a mãe, aí também não é crime.

O Supremo, que não é Poder Legislativo, mas atendendo a uma ação, disse que no caso de feto anencéfalo, e até o terceiro mês de gestação, não é crime. Eu acho que os nossos legisladores estão dormindo, porque só os nossos legisladores recebem a nossa procuração para fazer leis em nosso nome, e o Supremo acaba tendo que fazer leis, os onze ministros do Supremo, nenhum deles tem voto para fazer leis. Mas aí é uma decisão do Supremo, só no caso anencefalia, a falta do sistema nervoso que dá ordens para o corpo, não é outro tipo de mal formação do feto.

Invasores do Supremo
O Ministério Público denunciou mais cinco dos invasores do Supremo. Quatro já estavam presos em flagrante, e mais um foi identificado por um vídeo em que ele mostra um exemplar da Constituição que desapareceu do Supremo, que foi devolvido em Varginha, no Sul de Minas. E eu fiquei sabendo pelos amigos dele, que ele é de São Lourenço e tem estado em todas as manifestações pró-Bolsonaro, lá em São Lourenço.

Agora a denúncia do Ministério Público não fala terrorismo em momento algum, assim como as outras 39 da Procuradoria-Geral da República, do Ministério Público Federal.  
Não fala porque eles conhecem a lei
A lei diz que terrorismo é se for motivado por xenofobia, discriminação ou preconceito, de raça, cor, etnia e religião. 


Tristes fatos
Agora o noticiário diz que Alexandre de Moraes soltou 60 com tornozeleira e proibidos de frequentar rede social, ou seja, calados e vigiados, e que ainda estão presos 140 que serão encontrados também em terrorismo. Eu duvido

Deve haver algum engano na notícia, porque Moraes certamente conhece a lei, pra quem quiser conferir, o número da lei 13.260, de 16 de março de 2016, sancionada pela presidente Dilma. Então são essas as notícias decorrentes aí dos tristes fatos do dia 8 de janeiro.

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quinta-feira, 29 de setembro de 2022

Marxismo e água benta - Percival Puggina

          Quem condena a riqueza, dissemina a pobreza. Sem riqueza não há poupança e sem poupança não há investimento. 
Sem investimento, consomem-se os capitais produtivos preexistentes, surge uma economia de subsistência, vive-se da mão para a boca, aumenta o número de bocas e diminui o número de mãos. 
Quem defende o socialismo sustenta que a ideia é exatamente essa e que assim não há competição ou meritocracia, nem desigualdade 
E como diz Lula criticando a classe média, ninguém precisa de dois televisores...

Quando o Leste Europeu estava na primeira fase, consumindo os bens produtivos preexistentes, surgiu a teologia da libertação (TL), preparada pelos comunistas para seduzir os cristãos.  
A receita - uma solução instável, como diriam os químicos, de marxismo e água benta - se preserva ainda hoje. Vendeu mais livros do que Paulo Coelho. Em muitos seminários religiosos, teve mais leitores do que as Sagradas Escrituras.  
Aninhou-se, como cusco em pelego, nos gabinetes da CNBB
Perante a questão da pobreza, a TL realiza o terrível malabarismo de apresentar o problema como solução e a solução como problema. Assustador? Pois é. Deus nos proteja desse mal. Amém.       
 
A estratégia é bem simples. A TL vê o “pobre” do Evangelho, sorri para ele, deseja-lhe boa sorte, saúde, vida longa e passa a tratá-lo como “oprimido”
Alguns não percebem, mas a palavra “oprimido” designa o sujeito passivo da ação de opressão. 
O mesmo se passa quando o vocábulo empregado na metamorfose é “excluído”, sujeito passivo da exclusão. 
E fica sutilmente introduzida a assertiva de que o carente foi posto para fora porque quem está dentro não o quer por perto.  
Então ele ganha R$ 50 para ficar na esquina agitando bandeira de algum partido vermelho, por fora ou por dentro.
 
A TL proporciona a mais bem sucedida aula de marxismo em ambiente cristão. Aula matreira, que, mediante a substituição de vocábulos acima descrita, introduz a luta de classes como conteúdo evangélico, produzindo o inconfundível e insuperável fanatismo dos cristãos comunistas. 
Fé religiosa fusionada com militância política! 
Dentro da Igreja, resulta em alquimia explosiva e corrosiva; vira uma espécie de 11º mandamento temporão, dever moral perante a história e farol para a ordem econômica. 
É irrelevante o conhecimento prévio de que essa ordem econômica anula as possibilidades de superar o drama da pobreza. 
A TL substitui o amor ao pobre pelo ódio ao rico e acrescenta a essa perversão o inevitável congelamento dos potenciais produtivos das sociedades. 
 
Todos sabem que Frei Betto é um dos expoentes da teologia da libertação. Em O Paraíso Perdido (1993), ele discorre sobre suas muitas conversas com Fidel Castro. 
Numa delas, narrada à página 166, a TL era o assunto. Estavam presentes Fidel, o frei e o “comissário do povo”, D. Pedro Casaldáliga, que foi uma espécie de Pablo Neruda em São Félix do Araguaia.  
Em dado momento, o bispo versejador comentou a resistência de João Paulo II à TL dizendo: “Para a direita, é mais importante ter o Papa contra a teologia da libertação do que Fidel a favor”. E Fidel respondeu: “A teologia da libertação é mais importante que o marxismo para a revolução latino-americana”.       

Haverá maior e melhor evidência de que teologia da libertação e comunismo são a mesma coisa?

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Comunismo fazendo das suas na Nicarágua - Percival Puggina

 
Em março de 1983, João Paulo II foi à Nicarágua em meio a uma guerra entre os “Contra” e o governo comunista instalado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), a primeira revolução exportada por Fidel Castro para a América Ibérica. O clero local estava dividido por ação da Teologia da Libertação e alguns padres se haviam envolvido com a luta armada que assumiu o poder político local entre 1979 e 1990. O mais destacado desses rebeldes era o padre Ernesto Cardenal que foi Ministro da Cultura ao longo de todo o período.

Como padre e ministro de Estado, Cardenal foi ao aeroporto recepcionar o Pontífice.  Lembro bem do ocorrido porque a visita repercutiu amplamente na imprensa. João Paulo II, polonês, vivera em sua dureza a experiência de um país comunista e foi um dos artífices da derrocada da União Soviética e da libertação de nove de seus Estados satélites na década seguinte.

A cena correu mundo. Assista-a aqui. O papa desceu do avião, não beijou o chão, como era seu costume, dirigiu-se às autoridades, postou-se diante do padre Cardenal (que se recusara a deixar o governo comunista) e passou-lhe um breve sermão, brandindo o dedo indicador diante dele. As atividades sacerdotais do padre estiveram suspensas durante o longo período de sua participação no governo. 

Passaram-se os anos. Com breve interrupção, os comunistas continuam governando a Nicarágua, agora sob a ditadura de Daniel Ortega. Padres estão sendo presos. No último dia 19, foi a vez do bispo de Matagalpa ser “recolhido”.

“E Cardenal?” perguntará o leitor que chegou até aqui. Pois o padre Cardenal deixou o governo em 1987, rompeu com a FSLN em 1994, e passou a ser, ele mesmo, perseguido pelo regime até sua morte em 2020. Durante a missa de corpo presente, os comunistas profanaram a igreja. Chamavam-no traidor. A revolução consumiu, assim, um de seus criadores.

Enquanto o comunismo vai espalhando suas lições pelo mundo, aqui, os seduzidos por ele silenciam, concordam, ocultam e desconversam, como fez a CNBB, instigada pelos colegas da Nicarágua que buscavam apoio em sua resistência aos ataques do regime. Sem qualquer menção à ofensiva empreendida pelo governo de Ortega contra clero e fieis, a nota diz isto e apenas isto:

“Nós, bispos do Brasil, acompanhamos com tristeza e preocupação os acontecimentos que têm marcado a vida da Igreja na Nicarágua. Sentimo-nos profundamente unidos aos irmãos bispos e a todo o povo nicaraguense. Clamamos ao Bom Deus para que a paz e a justiça sejam alcançadas.”

Nesta terra abençoada, há quem concorde, quem finja não ver, quem chamado a se manifestar não reprove e quem afirme ser necessário quebrar ovos conservadores para fazer a omelete de uma revolução que já leva perto de meio século. 

São João Paulo II, rogai por nós!   

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

STF criou o “crime de pensamento” no Brasil - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia

Operação contra empresários


A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está em reunião de trabalho, mas ao mesmo tempo pediu orações pela Igreja Católica na Nicarágua.  
Por lá um bispo foi preso, rádios e televisões católicas foram fechadas, freiras foram expulsas, houve destruição de objetos de culto. Isso não é de agora, vem de quatro anos pra cá. O papa João Paulo II, quando esteve no país, foi obrigado a rezar missa em um palco cheio de símbolos sandinistas, da revolução marxista da Nicarágua. 
Agora, o atual papa diz que é preciso diálogo. O bispo de Formosa (GO), dom Adair Guimarães, disse que os brasileiros têm de olhar para a Nicarágua para tomar cuidado, porque um regime socialista tira a liberdade, o direito ao culto e os valores familiares.

Operação contra empresários é arbítrio

Falando em liberdade, nesta terça levamos um susto quando a Polícia Federal chegou à casa de oito empresários, inclusive aquele que tem uma rede de lojas com a Estátua da Liberdade na frente.
 A acusação é de que estariam defendendo um golpe, e aí eu pergunto: estavam defendendo ou estavam preparando?  
Porque punir alguém por defender alguma coisa, alguma ideia, por mais absurda que seja, é instituir crime de pensamento. 
 Aliás, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, lembrou exatamente disso. Se está instituído “crime de pensamento”, é arbítrio. Tanto que o procurador-geral da República, Augusto Aras, está reclamando que não foi avisado. 
Uma terceirizada do Supremo deixou um papel em uma sala que nem sempre é frequentada pelo Ministério Público.


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Consultei juristas e eles me responderam que não existe crime de ameaça à democracia que seja tipificado pelo ato de críticas e manifestações de repúdio pessoal a instituições da República
Até a questão de ameaça, no Direito, é diferente da ameaça entre nós, pessoas comuns. 
No Direito, tem de haver manifesta intenção e possibilidade objetiva de pôr em prática o ato violento, injusto ou ilegal, para forçar o ameaçado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em proveito do ameaçador. 
Impropério não é ameaça; pode ser injúria, mas aí qualquer pessoa pode fazer o boletim de ocorrência. 
E isso tramita na primeira instância, na delegacia, não na suprema corte.
 
Muito estranho foi o fato de pelo menos duas pessoas parecem saber de antemão o que aconteceria
O André Janones postou no domingo, afirmando que algo lhe dizia que Luciano Hang não mexeria mais com ele. 
Depois, Roberta Luchsinger escreveu “fiquei sabendo que a caneta do Alexandre de Moraes vai descarregar tinta essa semana”. 
E o procurador-geral Aras disse que não ficou sabendo, a não ser depois do acontecido. Muito estranha essa história.
 
São coisas que deixam os brasileiros inquietos e assustados, e deve ter sido esse o principal motivo de uma ação assim; para quem já viveu mais de 80 anos, eu nunca vi nada parecido
No passado, vi pessoas sendo presas porque jogaram bombas, porque assaltaram bancos, sequestraram aviões; mas não assim, por criar uma “conspiração”, por uma troca de ideias entre pessoas em grupos de redes sociais, desses que a gente vê todos os dias.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

sábado, 7 de maio de 2022

A ofensiva pró-aborto de Biden e o aviso do arcebispo Gomez - Gazeta do Povo

Vaticano, CNBB e Igreja Católica em geral.

Aborto nos EUA

Sabem quem anda caladinho nesses últimos dias? Os católicos pró-Biden. Não aqueles cafeteria Catholics que já não estão nem aí para a doutrina da Igreja, mas aqueles que ainda dão importância para os assuntos que importam, e que, mais por aversão (justificada ou não) a Trump que por qualquer outro motivo, tentaram convencer meio mundo de que o democrata não era um perigo, lá em 2020. Afinal, bastou vazar um rascunho de opinião majoritária da Suprema Corte datado de fevereiro, indicando que havia maioria para reverter as duas decisões que impedem os estados americanos de proibir o aborto ao menos no começo da gestação, que o presidente mostrou todos os dentes em uma nota oficial da Casa Branca.


  O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Joe Biden, apesar de católico, prometeu empenho na legalização do aborto nos EUA caso a Suprema Corte derrube decisões judiciais de 1973 e 1992.| Foto: Ting Shen/EFE/EPA/Pool


Vejam lá que Biden faz uma defesa enfática de Roe v. Wade, como ficou conhecida a decisão de 1973 que liberou o aborto; que já está preparando uma resposta ao que chama de “ataque continuado ao aborto e aos direitos reprodutivos”; e, finalmente, que ele pretende fazer do aborto o tema central das eleições de novembro, as chamadas midterms, em que estarão em jogo todas as cadeiras da Câmara, um terço do Senado e a maioria dos governos e Legislativos estaduais. Para quem está governando o país em meio à maior inflação dos últimos 40 anos, mudar o foco é bastante conveniente, mas ele vai além: está ativamente pedindo voto para candidatos defensores da legalização do aborto.

O que isso quer dizer?
Que o arcebispo de Los Angeles, José Gomez, acertou a mão completamente na nota oficial da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, publicada no dia da posse de Biden. Os bispos prometiam rezar pelo novo presidente, mas deixaram muito claro que estavam bastante preocupados com o fato de Biden ter se comprometido com o lado pró-aborto durante a campanha, e reafirmaram que a defesa da vida é questão fundamental, embora não seja a única. “Como ensina o papa Francisco, não podemos permanecer calados enquanto quase 1 milhão de vidas são descartadas em nosso país anualmente por meio do aborto”, diz a nota. Na ocasião, o cardeal-arcebispo de Chicago, Blase Cupich, não gostou e criticou abertamente o texto, que chamou de “impensado”; um figurão Vaticano não identificado, ouvido pela revista jesuíta America, chamou o texto de “infeliz”.

Bom, estamos vendo aí o que é realmente infeliz: não o aviso certeiro de Gomez, mas a reação enfática de Biden à possibilidade de a Suprema Corte reverter um erro de 50 anos. E sobre essa reação, bem, até agora só temos silêncio. Não que o cardeal Cupich e outros sejam a favor de Roe; o arcebispo de Chicago, na mais recente edição local da Marcha Pela Vida, se mostrou animado com a possibilidade de o Judiciário derrubar a decisão de 1973. O problema foi esse esforço enorme em preservar Biden das críticas quando ele nem de longe merecia essa blindagem.

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“Ah, mas ele é católico.” “Ah, mas ele vai à missa todo domingo.” “Ah, mas ele botou uma foto do papa no escritório.” “Ah, mas ele citou Santo Agostinho na posse.” “Ah, mas ele está sempre carregando um terço.” “Ah, mas ele nomeou católicos para o ministério.” 
Se eu ganhasse um dólar para cada vez que li ou ouvi isso lá em 2020 e 2021, podia levar a família à Disney amanhã. Daria para montar uma cartela e jogar o “bingo do católico passador de pano pro Biden”.  
Pois bem, está aí o presidente deixando claro que vai trabalhar ativamente para reimplantar o direito ao aborto nos EUA caso a Suprema Corte faça a coisa certa.  
Está apenas cumprindo o que prometera ainda durante os debates das primárias, quando foi emparedado por algumas pré-candidatas. Convenhamos: ao menos neste ponto, só se iludiu quem quis mesmo ser iludido.
 
Marcio Antonio Campos, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

segunda-feira, 14 de março de 2022

O BRASIL NUNCA PERTENCEU AOS ÍNDIOS.

O Brasil é nosso. Não é dos índios. Nunca foi.

 Nota do editor: Uma inteligência rara, uma bravura inaudita, uma inabalável convicção moral, fizeram-na cativar amores e ódios, admiração e inveja, mas sempre num respeitável pedestal, desses em que certos seres humanos estão porque ali é seu lugar natural. Em homenagem a ela, transcrevo este artigo que tinha bem guardado na memória porque sempre quis poder assinar embaixo.

Sandra Cavalcanti

Quem quiser se escandalizar, que se escandalize. Quero proclamar, do fundo da alma, que sinto muito orgulho de ser brasileira. Não posso aceitar a tese de que nada tenho a comemorar nestes quinhentos anos. Não aguento mais a impostura dessas suspeitíssimas ONGs estrangeiras, dessa ala atrasada da CNBB e dessas derrotadas lideranças nacional-socialistas que estão fazendo surgir no Brasil um inédito sentimento de preconceito racial.

Para começo de conversa, o mundo, naquela manhã de 22 de abril de 1500, era completamente outro. Quando a poderosa esquadra do almirante português ancorou naquele imenso território, encontrou silvícolas em plena idade da pedra lascada. Nenhum deles tinha noção de nação ou país. Não existia o Brasil.

Os atuais compêndios de história do Brasil informam, sem muita base, que a população indígena andava por volta de cinco milhões. No correr dos anos seguintes, segundo os documentos que foram conservados, foram identificadas mais de duzentos e cinquenta tribos diferentes. Falando mais de 190 línguas diferentes. Não eram dialetos de uma mesma língua. Eram idiomas próprios, que impediam as tribos de se entenderem entre si. Portanto, Cabral não conquistou um país. Cabral não invadiu uma nação. Cabral apenas descobriu um pedaço novo do planeta Terra e, em nome do rei, dele tomou posse.

O vocabulário dos atuais compêndios não usa a palavra tribo. Eles adotam a denominação implantada por dezenas de ONGs que se espalham pela Amazônia, sustentadas misteriosamente por países europeus. Só se fala em nações indígenas.

Existe uma intenção solerte e venenosa por trás disso. Segundo alguns integrantes dessas ONGs, ligados à ONU, essas nações deveriam ter assento nas assembleias mundiais, de forma independente. Dá para entender, não? É o olho na nossa Amazônia. Se o Brasil aceitar a ideia de que, dentro dele, existem outras nações, lá se foi a nossa unidade.

Nos debates da Constituinte de 88, eles bem que tentaram, de forma ardilosa, fazer a troca das palavras. Mas ninguém estava dormindo de touca e a Carta Magna ficou com a palavra tribo. Nação, só a brasileira.

De repente, os festejos dos 500 anos do Descobrimento viraram um pedido de desculpas aos índios. Viraram um ato de guerra. Viraram a invasão de um país. Viraram a conquista de uma nação. Viraram a perda de uma grande civilização.

De repente, somos todos levados a ficar constrangidos. Coitadinhos dos índios! Que maldade! Que absurdo, esse negócio de sair pelos mares, descobrindo novas terras e novas gentes. Pela visão da CNBB, da CUT, do MST, dos nacional-socialistas e das ONGs europeias, naquela tarde radiosa de abril teve início uma verdadeira catástrofe.

Um grupo de brancos teve a audácia de atravessar os mares e se instalar por aqui.  
Teve e audácia de acreditar que irradiava a fé cristã. 
Teve a audácia de querer ensinar a plantar e a colher. 
Teve a audácia de ensinar que não se deve fazer churrasco dos seus semelhantes. 
Teve a audácia de garantir a vida de aleijados e idosos.
Teve a audácia de ensinar a cantar e a escrever.
Teve a audácia de pregar a paz e a bondade. Teve a audácia de evangelizar.

Mais tarde, vieram os negros. Depois, levas e levas de europeus e orientais. Graças a eles somos hoje uma nação grande, livre, alegre, aberta para o mundo, paraíso da mestiçagem. Ninguém, em nosso país pode sofrer discriminação por motivo de raça ou credo.

Portanto, vamos parar com essa paranoia de discriminar em favor dos índios. Para o Brasil, o índio é tão brasileiro quanto o negro, o mulato, o branco e o amarelo.Nas nossas veias correm todos esses sangues. Não somos uma nação indígena. Somos a nação brasileira.

Não sinto qualquer obrigação de pedir desculpas aos índios, nas festas do Descobrimento.  
Muitos índios hoje andam de avião, usam óculos, são donos de sesmarias, possuem estações de rádio e TV e até COBRAM pedágio para estradas que passam em suas magníficas reservas. De bigode e celular na mão, eles negociam madeira no exterior.  
Esses índios são cidadãos brasileiros, nem melhores nem piores. 
Uns são pobres. Outros são ricos. 
Todos têm, como nós, os mesmos direitos e deveres. 
Se começarem a querer ter mais direitos do que deveres, isso tem que acabar.

O Brasil é nosso. Não é dos índios. Nunca foi.

Percival Puggina - Outros Autores


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Manual prático para ler a mídia - Revista Oeste

J. R. Guzzo

Quando Bolsonaro, “Floresta Amazônica”, etc. etc. etc. entram no noticiário internacional, mude de página. O cidadão aplica melhor o seu tempo assistindo a um desenho da Peppa Pig

 Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

É uma pena, mas a vida tem dessas coisas. Um dos serviços mais úteis que a mídia brasileira poderia oferecer ao público infelizmente não está disponível no momento, e nem vai estar no futuro, próximo ou remoto. Seria um manual, tipocomo usar este produto”, com o seguinte título: “Guia Geral Para Você Perder o Mínimo Possível do Seu Tempo Lendo, Vendo ou Ouvindo Isto Aqui”. Em tese, já que o cidadão está pagando para ter acesso ao “conteúdo” é assim que se fala hojedos veículos de comunicação, o que lhe entregam deveria servir para alguma coisa. Mas aí é que está: umas vezes serve, outras vezes não serve. Quando não serve, o leitor-ouvinte-telespectador não apenas está jogando tempo no lixo. Está sendo ativamente mal-informado — ou seja, fica sabendo menos do que sabia antes. É injusto, mas o que se vai fazer?

Uma sugestão: o roteiro que Oeste apresenta nos parágrafos seguintes, com algumas ideias que talvez ajudem o público pagante a desperdiçar menos energia, neurônios e espaço de armazenagem mental com a quantidade de bobagens que a mídia lhe em soca em cima sem parar. Não adianta, é claro, para fornecer a informação que não está sendo dada. Essa vem ou não vem, muito simplesmente, e se não vem não há o que fazer: você está pagando sem receber pelo que pagou, e pronto. A tentativa sincera do manual que se segue, em todo caso, é ajudar a limitar o seu prejuízo. Sempre é alguma coisa. Vamos lá:

  • Vá para o mais longe possível, e de preferência não volte mais para perto, de tudo o que lhe oferecerem como informação, análise ou comentário de entendidos em “assuntos internacionais”. Tanto faz se vem de um jornalista ou de um “perito” ouvido pelas redações — dá na mesma, em matéria de inutilidade, porque nem um nem outro sabem do que estão falando em praticamente 100% dos casos, e todos só pensam em passar adiante como realidade o que têm dentro das cabeças como desejo.

Nada mais fácil para entender isso na prática do que o atual noticiário sobre a crise entre Rússia e Ucrânia. Os jornalistas-comentaristas-analistas internacionais decidiram, desde o primeiro minuto, que a Rússia ia invadir a Ucrânia com tropas, tanques e bomba atômica. Decidiram, também, que o bandido indiscutível da história era o presidente Vladimir Putin nomeado pela mídia, depois de Donald Trump e junto com Jair Bolsonaro, o pior governante que há hoje no mundo, disparado, ainda por cima quando recebe uma visita ao vivo do próprio presidente brasileiro. Mas a Rússia demorou muito para atacar, e a mídia ficou inconformada com isso. Insistia, diariamente, que ia ter guerra, sim senhor — tinha de ter guerra, de qualquer jeito, pois esse era o script que desenharam, e o script precisava ser cumprido até o fim. Quando os ataques finalmente foram feitos, a impressão que ficou foi a seguinte: “Mas essa guerra já não tinha acontecido?” Ou: “Por que demorou tanto?”

A crise entre Rússia e Ucrânia é um clássico do jornalismo de torcida que se pratica hoje por aqui. No caso, a arquibancada está torcendo contra a Rússia. Por que será? Uma pista: Putin teve a má ideia de dizer que a Amazônia pertence ao Brasil, e não pode ser “internacionalizada”. Os jornalistas brasileiros ficam revoltados com esse tipo de coisa — eles são contra a manutenção da Amazônia sob a soberania do Brasil. Acham que o certo, para “salvar o planeta”, é entregar a área a um condomínio de ONGs de “esquerda”, burocratas das Nações Unidas e o presidente Macron. Aí não tem jeito. Saída possível: quando Bolsonaro, “Floresta Amazônica”, etc. etc. etc. entram no noticiário internacional, com ou sem Putin, mude de página ou de programa, pois não há a menor possibilidade de qualquer análise com pé e cabeça. O cidadão aplica melhor o seu tempo assistindo a um desenho animado da Peppa Pig.

Os jornalistas não estão percebendo o tamanho da alucinação em que se meteram com as suas agências de caça às fake news

  • Todas as vezes que você encontrar a expressão “agência de verificação”, ou qualquer outra manifestação de atividade da Polícia Nacional de Repressão às Fake News, tome a direção exatamente contrária. “Notícia falsa”, em quase todos os casos, é notícia que a mídia não quer que você leia, veja ou escute — notícia, comentário, opinião, nada. É uma das preocupações centrais do jornalista brasileiro de hoje: o que não deve ser noticiado. É também uma ferramenta para censurar a livre circulação e fatos e de ideias nos meios de comunicação. Talvez nada ilustre tão bem essa nova realidade quanto a última moda na área: o desmentido da piada.
    É o que acaba de acontecer com essa mesma história da viagem de Bolsonaro à Rússia. Disseram, nas redes sociais, que foi só ele ir para lá e a crise sossegou. Era uma brincadeira. As agências, acredite se quiser, saíram correndo para explicar, com a maior seriedade deste mundo, que era fake news — a “direita”, disseram severamente as agências, quis deixar Bolsonaro bonito na foto com uma “narrativa falsa”.

Prepare-se, portanto. A qualquer hora dessas você pode topar com algo assim em algum jornal, programa de tevê, etc.: “A Agência de Checagem XPTO verificou que é falsa a narrativa de que o papagaio disse ao padre isso, mais aquilo, e mais isso e mais aquilo. Especialistas ouvidos por esta agência confirmam que o papagaio, na sua condição de animal da ordem dos psittaciformes, não tem condições fisiológicas para realmente se comunicar com seres humanos em idiomas conhecidos. Por outro lado, a CNBB desmentiu que qualquer dos seus padres tenha tido contato com esse ou outro papagaio.”

Os jornalistas não estão percebendo o tamanho da alucinação em que se meteram com as suas agências de caça às fake news. Mas o público não tem nenhuma obrigação de entrar nessa neura. É só ir para o outro lado.

  • Não acredite em nada que lhe for apresentado na mídia como sendo alguma declaração de “especialistas”. Não existe, quase nunca, especialista nenhum. O “especialista”, assim sem nome, entre aspas, é frequentemente inventado pelos jornalistas para dizer o que querem, e fingir que estão sendo técnicos, precisos, imparciais etc. Eles assumem várias formas. “Cientistas”, “pesquisadores”, “peritos”, “estudiosos da área”, “profissionais”; um dos mais usados é “o mercado”, quando os comunicadores querem comunicar ao público os seus desejos em matéria de economia. Resultado: você acha que o jornalista se deu ao trabalho de fazer perguntas a pessoas que entendem do assunto do qual ele está falando, para deixá-lo melhor informado. Mas é mentira — é só ele mesmo, o jornalista, quem inventa essa “fonte” para dar o seu recado com uma cara mais profissional.

Pode até ser que o especialista realmente exista, mas dá na mesma é em geral um professor da USP ou coisa parecida, ou nem isso, que pensa exatamente igual ao jornalista. Ou é um amigo, ou um outro jornalista, ou são sempre as mesmas figuras; já se viu de tudo por aí. O que importa é o seguinte: inexistentes ou existentes, os “especialistas” não servem para fornecer informações. Servem apenas para dar suporte ao militante dos meios de comunicação em sua missão de “agir” sobre o ambiente político — e não de informar alguém sobre coisa nenhuma.

O Brasil, seja lá o que estiver acontecendo na economia, está sempre em crise terminal nas primeiras páginas e no horário nobre

Note, no noticiário econômico, que certas coisas só sobem e outras só descem, sempre, em qualquer circunstância. Deveriam variar, porque os fatos variam, mas não: na mídia essas coisas não mudam nunca. A inflação só sobe. O crescimento econômico só desce. O desemprego só sobe. As exportações só descem. Os juros só sobem. As vendas só descem. A pobreza só sobe. A renda só desce. O “pessimismo do mercado” só sobe. O “otimismo do mercado” só desce. E por aí vamos. É óbvio que isso não pode estar certo durante 100% do tempo. Os fatos mudam, e as notícias teriam de mudar; mas não mudam. Então está errado.

Não é nenhumm mistério da tumba do faraó saber por que a economia é descrita dessa maneira. É que a mídia não publica, ou dá tão escondido que muitas vezes não se encontra a notícia, quando a inflação, o desemprego, os juros, a pobreza e o pessimismo caem; faz exatamente a mesma coisa quando o crescimento, o emprego, as exportações, as vendas, a renda e o otimismo sobem. Aí fica mesmo difícil. O Brasil, seja lá o que estiver acontecendo na economia, está sempre em crise terminal nas primeiras páginas e no horário nobre. Não importam os números reais, nem o que o cidadão vê a sua volta — “o país” está no fundo do poço todo santo dia. A vida seria simplesmente impossível, na prática, se o noticiário econômico estivesse correto. Como a vida continua, apesar dos jornalistas, é melhor segurar a ansiedade. O mundo, positivamente, não está acabando.

  • Nunca dê atenção a qualquer calamidade provocada, segundo anuncia a mídia, pela aplicação de “agrotóxicos” na agricultura e na pecuária brasileira. O Brasil não aplica “agrotóxicos”; como um dos dois ou três maiores produtores agrícolas do mundo, aplica defensivos contra pragas, pois se não fizesse isso não haveria colheita nenhuma. Mas e daí? O tema foi transformado em artigo de fé indiscutível, como as convicções católicas sobre o sacramento da eucaristia — não adianta querer provar ao Papa, digamos, que as coisas não são assim do ponto de vista “fático”, como diria um despacho do ministro Alexandre de Moraes. É fé pura: nove entre dez jornalistas brasileiros se convenceram, para o resto da vida, que a comida produzida no Brasil está “envenenada”, e não há possibilidade de discutirem mais o assunto. É um disparate absoluto, claro: se os alimentos brasileiros estivessem mesmo com veneno, as pessoas estariam morrendo em massa do café da manhã até a janta, todos os dias — ou então os hospitais estariam com filas que fariam a covid parecer uma brincadeira. Ninguém morreu até hoje no Brasil, nem foi para UTI, por chupar uma laranja, mas não adianta nada: a mídia continua tendo certeza de que os “agrotóxicos” estão acabando com a gente.

A sugestão, nessa história — e essa história é jogada o tempo todo em cima do público — é fazer a mesma coisa que você faria se lesse, por exemplo, o seguinte: “Um homem de 8 metros de altura fez isso ou aquilo” etc. etc. Fica fácil: não pode existir o homem de 8 metros de altura, nem o triângulo de quatro lados, nem o atleta que corre a maratona em cinco minutos. Quando aparece algo assim, então, é só dizer: “Isso aqui está errado; alguém se enganou”. Resolvido, não é? Ninguém precisa ficar tenso. É a mesma coisa com os “agrotóxicos” — esqueça o assunto, pois o “veneno na comida” é o homem de 8 metros das redações brasileiras.

Não perca o seu tempo tentando descobrir se o “PMDB” vai romper com o governo

  • Não dá, é claro, para expor uma por uma todas as possíveis cretinices que a imprensa fornece diariamente ao público; o espaço físico, em publicações digitais, não tem limites, mas a paciência do leitor tem. É preciso, por via de consequência, ir parando em algum lugar, e aqui é um lugar tão bom quanto qualquer outro. Os exemplos apresentados acima, em todo caso, já dão uma ideia de como se defender um pouco mais dos comunicadores e dos meios de comunicação deste país. A chave é ficar na posição fundamental da lógica: se isso aqui não está fazendo sentido, e não está fazendo sentido agora, não vai fazer mais tarde. Deixe de lado, portanto, e vá adiante.

O guia serve para uma série surpreendente de assuntos. Trate igual aos “agrotóxicos” os incêndios que estão destruindo as últimas árvores da Floresta Amazônica. Não se preocupe em saber se os desabamentos fatais de Petrópolis são causados pelas plantações de soja em Mato Grosso, que, segundo a imprensa, “estão alterando o clima”; as casas caíram porque foram construídas em lugares onde não poderia ter sido feita nenhuma construção. Não dê atenção aos diversos “boicotes” econômicos que as grandes empresas multinacionais estão fazendo ou vão fazer contra o Brasil, por motivos ambientais ou porque o Brasil tem um governo de direita — o agronegócio bate recordes todos os anos, o saldo de exportações brasileiro foi de US$ 60 bilhões em 2021 e quase todas as 500 maiores companhias do mundo mantêm operações no Brasil. Não perca o seu tempo tentando descobrir se o “PMDB” vai romper com o governo, ou por que Gilberto Kassab ainda não se definiu a respeito do seu futuro. Vai pondo. O jornalista, em geral, não está do mesmo lado que você, nem quer as mesmas coisas. Pense sempre nisso e a vida fica mais fácil.

Leia também “A negação do jornalismo”

 J. R. Guzzo, colunista - Revista OESTE