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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Hipocrisia - Lula e as “vidas inocentes” - Gazeta do Povo

 Rodrigo Constantino

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou o embaixador do Brasil em Israel para reunião de “repreensão severa”. [repreensão severa? aquela foi a famosa 'comida de ... .]

"E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É disso que se trata". Diz trecho em destaque no comunicado da página da Presidência da República do Brasil no antigo Twitter. "O embaixador de Israel em Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber, agora e sempre", diz o restante.

A vitimização sempre foi a arma preferida da esquerda radical. 
Ela destila ódio, promove ataques pérfidos, faz comparações absurdos e prega ideias abjetas, mas quando alguém reage de forma dura, a esquerda sempre banca a vítima. 
No caso, Lula tenta se sair como o humanitário que "talvez" tenha se excedido na forma, mas tinha belas intenções no conteúdo. É o antissemita "do bem", digamos.

O presidente nunca se manifestou solidário às milhares de vítimas fuziladas no paredão cubano, para dar o exemplo mais óbvio.

Vamos checar se há mesmo certa coerência nessa incrível preocupação com vidas inocentes – ignorando os números incríveis que os petistas repetem com base em dados do próprio Hamas, que controla a Faixa de Gaza há duas décadas. 
Se tudo se resume a uma consternação com a quantidade de palestinos mortos – e deixando de lado que o único culpado por isso é o próprio Hamas, cabe questionar por onde anda Lula além do Oriente Médio (ou mesmo por lá).
 
O presidente nunca se manifestou solidário às milhares de vítimas fuziladas no paredão cubano, para dar o exemplo mais óbvio. Ao contrário: Lula sempre enalteceu Fidel Castro, o maior assassino do continente.  
Lula tampouco demonstrou sequer preocupação com milhões de venezuelanos mortos, presos ou exilados pela ditadora companheira de Chávez e depois Maduro
Quem foge para Roraima em busca de liberdade e oportunidade está mesmo em desespero. Lula não liga.
 
Daniel Ortega persegue inocentes na Nicarágua, mas Lula defende seu companheiro. 
O Irã, dos aiatolás xiitas que financiam o Hamas, pune minorias, prende inocentes, mas Lula jamais se mostrou preocupado
Isso sem falar da China, cujo Partido Comunista controla o povo a mão de ferro tem sete décadas, chegando a promover uma chacina em 1989 de milhares. Lula não se manifesta.
 
Agora mesmo morreu mais um crítico de Putin na Rússia, preso, depois de clara tentativa de envenenamento. Todos sabem que foi o Kremlin. 
Lula alega desconhecer os detalhes e faz pouco caso, banalizando mais esta morte. 
Milhares morrem na Ucrânia invadida por Putin, mas Lula quer, no máximo, resolver tudo numa conversa de bar, enquanto no fundo passa pano para as atrocidades do ditador russo.
 
Lula liga mesmo para as vidas de milhares de mulheres e crianças palestinas? 
Ele adquiriu de repente, do nada, uma sensibilidade ausente desde sempre? 
Se fosse o caso, ele estaria condenando, repito, o Hamas, não Israel por se defender. 
É o Hamas que mantém as próprias mulheres e crianças como escudo humano, escravizadas, reféns.
Mas Lula não dá a mínima para essas pessoas, claro. 
Ele só liga para seu projeto de poder. 
E por isso fez o cálculo de que era hora de dobrar a aposta e aproximar o Brasil da China, da Rússia e do Irã, demonizando Israel. 
As mulheres e crianças palestinas não têm nada com isso. São apenas instrumentos de retórica.
 
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos
 
 
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo
 

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Pai da mentira - Chifres, rabo e tridente na mão - Luís Ernesto Lacombe

Vozes - Gazeta do Povo 

 

Detalhe de “O Juízo Final”, de Fra Angelico. -  Foto: Wikimedia Commons/Domínio público [quem  observa  esta foto e ler o post, logo pensa no atual presidente do Brasil;  qual a razão? uns acham que é intimidade dele com a mentira - da qual é o pai - e outras coisas mais. E você]

Ele tem a voz do diabo, a mesma cor vermelha, os olhos injetados. Ele vocifera, ele é colérico, é ódio puro, raiva, desejo de vingança. 
E dá vazão a toda sua ira. Ele é incendiário, é infernal. Ele é comunista, e isso é bem mais importante do que ser democrata... 
No incêndio destruidor de tudo, ainda há quem afirme que ele é “sabidamente democrata e que vem arriscando de forma consciente a própria reputação”. Nas enormes labaredas, ainda há quem propague, disfarçadamente ou não, que ele deveria ser um “ditador benigno do Brasil”. Para ele tudo é meio relativo. Ele é a mentira. Tudo o que diz e faz deixa claro que tem parte com o demônio, mas ele se considera Deus.
 
Ele é contra a família, os costumes, o patriotismo. É contra as leis naturais, a lei moral, contra as leis dos homens, contra os direitos humanos, as liberdades fundamentais.  
Suas leis são todos os males reunidos. 
Ele abraça um coletivo diabólico que acha normal o expurgo de opositores, de qualquer um que queira combater o fogo em que ardem o alento e a esperança. Venezuela, Nicarágua, Cuba, ele não condena as ditaduras porque deseja para o Brasil algo parecido... E atiça, a todo momento, o fogo do inferno.
 
    Ele não tem alma, muito menos a mais honesta de todas. 
Ele não é o benfeitor dos benfeitores, o democrata conciliador, o redentor dos brasileiros, o redentor do planeta. Ele é insano, asqueroso, ordinário, imundo 
 
O capiroto é atrevido, ardiloso, enganador. Ele finge que nazismo e comunismo são antagônicos. 
Fala mal de Israel, dos Estados Unidos, se indispõe com a Europa, com o Ocidente. 
O que deseja são as diabruras da China, da Rússia, do Irã
Ele é contra a liberdade econômica, o agronegócio, o mundo real, contra o que sempre deu certo. Defende diabolicamente o desastre. 
Ele é como Mussolini, quer que tudo seja pelo, para e no Estado, mas fascistas são os outros. 
E, nesse inferno, não há parlamento que não possa ser comprado. Ele tem bilhões e bilhões para distribuir.
 
Ele diz que foi golpe o que não foi golpe. Diz que foi tentativa de golpe o que não foi tentativa de golpe...  
Ele é viciado em golpes, é milionário. Seus filhos são milionários. A pobreza é para os outros.  
Sua vontade é que pelo menos metade da população brasileira continue sem saneamento básico, sem rede de esgoto ou sem água tratada, ou sem os dois. E não sente culpa. A culpa, toda ela, é de governos anteriores, de cúmplices que o abandonaram e que, agora, ele amaldiçoa. A culpa também pode ser da sua mulher morta... O fogo queima tudo.

Veja Também:

    A covardia que nos leva às profundezas

    Nas profundezas das narrativas

A roubalheira, a corrupção, a incompetência, a maldade, é dele tudo isso.  
Em sua democracia particular cabe um bocado de ditadura, um governo mundial, com chifres, rabo e tridente na mão. 
Ele não tem alma, muito menos a mais honesta de todas. 
Ele não é o benfeitor dos benfeitores, o democrata conciliador, o redentor dos brasileiros, o redentor do planeta. 
Ele é insano, asqueroso, ordinário, imundo. 
E quem insiste em não enxergar tudo isso certamente vai arder ao lado dele no inferno.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Luís Ernesto Lacombe, colunista - Gazeta o Povo -  VOZES


terça-feira, 11 de julho de 2023

O Foro de São Paulo é uma ameaça à democracia e ao Estado de Direito - Gazeta do Povo

Vozes - Paulo Uebel

Até pouco tempo atrás, a esquerda regressista — que se autointitula “progressista” —, tratava como lunático quem falasse sobre a ameaça do Foro de São Paulo. 
Alguns políticos e ideólogos têm, inclusive, negado sua existência.
Porém, o Foro de São Paulo existe e está mais vivo do que nunca, ameaçando a tão escassa democracia na América Latina
Este ano, a entidade se reuniu em Brasília, sede dos Três Poderes da democracia brasileira, para defender bandeiras incompatíveis com a democracia plena.

O Foro de São Paulo é de extrema-esquerda e se alinha a países como Cuba, Venezuela e Nicarágua, enquanto se afasta de democracias liberais como os Estados Unidos, Inglaterra, Noruega e Alemanha. No dia 29 de junho, dia da abertura da 26ª edição do Foro de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um de seus fundadores, disse que a entidade é uma “bênção” para a América Latina. Será mesmo? Lula articulou o Foro de São Paulo em 1990 ao lado do ditador cubano Fidel Castro, “aquele que tomou o poder numa revolução armada e não largou o governo até ficar doente e inválido”, relembra o jornalista Duda Teixeira na Crusoé.

    Como era de se esperar, o evento do Foro de São Paulo em Brasília foi mais uma celebração do autoritarismo.

Infelizmente, o motivo da criação do Foro de São Paulo não foi abençoar a América Latina com mais direitos humanos, mais democracia, mais liberdade política ou econômica. 
Também não foi tornar o povo latino mais próspero e desenvolvido. 
Foi, na verdade, um interesse bem particular dos socialistas — por mais estranho que isso possa soar para os desavisados.
 
O objetivo da criação do Foro de São Paulo foi oferecer sobrevida para a extrema-esquerda depois da queda do comunismo e da União Soviética com a derrubada do Muro de Berlim em 1989. 
Havia ainda outro objetivo essencial: apoiar a ditadura cubana, que ficou sem financiamento da União Soviética a partir de 1991.  
O Foro de São Paulo sempre deu apoio a regimes autoritários, incompatíveis com a democracia, e contribuiu para o surgimento da ditadura da Venezuela e da Nicarágua, ainda de acordo com Teixeira.

    Nunca houve, na história da humanidade, nenhum registro de um país socialista ou comunista que tivesse uma democracia plena.

E, quando falamos em “apoiar”, não estamos falando de meros tapinhas nas costas, elogios e aplausos em público. O assunto é realmente dinheiro. Como citado anteriormente nesta coluna, Cuba e Venezuela não pagaram US$ 1,4 bilhão ao Brasil de empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). 
Uma dívida astronômica, bilionária e em dólares. 
Oficialmente, a dívida dos dois países é menor, mas não por eles terem nos reembolsado, e sim porque parte do rombo foi pago pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE), órgão do Ministério da Fazenda do Brasil criado para ressarcir o BNDES em caso de inadimplência dos devedores, que é custeado pelo Tesouro Nacional, ou seja, por todos nós, inclusive os mais pobres. Os dados são do próprio BNDES, atualizados até dezembro de 2022.
 
Além dos regimes que ajudou a sustentar, o Foro de São Paulo também serve para apoiar, ideologicamente (e no que mais for possível), outros regimes de extrema-esquerda e antidemocráticos, como as ditaduras da Coreia do Norte e do Vietnã, consideradas modelos de resistência ao capitalismo liberal. 
Em um documento divulgado no dia 15 de junho, o Foro de São Paulo tratou os Estados Unidos (EUA) como um vilão e louvou o modelo chinês. “Os EUA pretendem reverter seu declínio e recuperar seu status hegemônico anterior, em um esforço desesperado que põe em risco a paz mundial. Aí residem as ameaças fundamentais à soberania, ao desenvolvimento e à justiça social que pairam sobre os povos de Nossa América”, diz o documento.

    Ser socialista é considerado pop hoje em dia, em locais que escolhem ignorar os dados e evidências.

Sobre a China, eles afirmam que ela é um fator de estabilidade e equilíbrio para a América Latina, “manifestada na defesa dos princípios do Direito Internacional”
Será que a China respeita mesmo os princípios do Direito Internacional e dos Direitos Humanos? Sabe-se que na China não existem eleições livres, justas e regulares, como deveria ser a regra em países democráticos. Além disso, não existe Estado de Direito, com um Poder Judiciário independente. Por fim, também não existe liberdade de imprensa e de expressão. Todos esses princípios são pilares fundamentais de uma democracia plena.

Mesmo assim, o Foro de São Paulo faz questão de dizer que “a cooperação entre América Latina e China não é nova, e a tendência é que ela se expanda no futuro”, promete. Diz ainda que “vale ressaltar que esses vínculos, antes limitados em grande parte ao intercâmbio tecnológico e comercial, agora deram um salto qualitativo na arena política”. Os Estados Unidos possuem muitos problemas em sua ordem política e social, mas são mazelas de um sistema livre e imperfeito, afinal, não existem sistemas políticos perfeitos no mundo. Porém, estão muito longe das violações cometidas pelas ditaduras ao redor do mundo, tão adoradas e apoiadas pelo Foro de São Paulo.

Mas os integrantes do Foro de São Paulo, de forma intencional e sem qualquer vergonha, não fazem uma análise clara do que é democrático ou antidemocrático, dando as contas à realidade. 
Sobre a Guerra da Rússia contra a Ucrânia, o documento base do 26º Encontro do Foro de São Paulo tentou aliviar a responsabilidade do país agressor e culpar a vítima. Também culpou os Estados Unidos e a União Europeia, é claro. “O esforço dos Estados Unidos e seus aliados na União Europeia para continuar a expansão progressiva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para as fronteiras da Federação Russa levou a um cenário com implicações de alcance imprevisível, que poderia ser evitado”, diz.

Por um lado, os integrantes do Foro de São Paulo criticam os Estados Unidos por interferirem na soberania de outros países. Por outro, eles não reconhecem o direito dos países membros da Otan, ou que querem se tornar membros, de exercerem sua soberania para decidirem a quem se alinhar. Cabe notar que esses países que fazem fronteira com a Rússia se associam à Otan justamente para se protegerem da ameaça de países expansionistas, como a Rússia de Vladimir Putin, que quer ressuscitar o imperialismo e as agressões da União Soviética, tal como tem sido feito na Ucrânia.

    A democracia e as liberdades individuais deveriam ser inegociáveis.

Em outro momento do documento, o Foro de São Paulo elogia as ações de Cuba, Rússia e China na condução da pandemia, e ressalta que esses países “têm cooperado de várias formas com numerosos povos do mundo” e “despertando a sensibilidade e a solidariedade entre os seres humanos”. Parece uma piada, mas é parte de um processo de pura doutrinação e negacionismo da realidade. Embora absurdo, essas ideias estão influenciando uma legião de jovens Brasil afora. Afinal, ser socialista é considerado pop hoje em dia, em locais que escolhem ignorar os dados e evidências.

Como era de se esperar, o evento do Foro de São Paulo em Brasília foi mais uma celebração do autoritarismo. 
A maioria das palestras foi em espanhol e, além dos socialistas estrangeiros, contou também com a presença de grupos nacionais como o Movimento Sem Terra (MST), que, constantemente, viola o Estado de Direito. Conforme o jornalista argentino Gustavo Segré relatou na revista Oeste, Lula afirmou em seu discurso no evento que o Foro de São Paulo se originou porque ele “tinha plena consciência de que nunca poderia chegar ao poder pela via do voto, pela via democrática”. Não seria isso um exemplo de "sincericídio"?

    Não adianta fazer discurso em favor da democracia e ter atitudes em sentido totalmente contrário.

Embora anos depois Lula tenha sido eleito para seu primeiro mandato (e para os seguintes) democraticamente, parece que ele estava disposto a chegar ao poder de outras maneiras se tivesse a capacidade. Para Segré, o ponto alto do encontro no dia 30 de junho (ou baixo, para os democratas), foi o momento em que a representante da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América propôs comemorar os 65 anos do “sucesso da Revolução Cubana” em 2024. 

No evento, Lula também disse que não se ofende quando a “direita fascista” chama ele e seu grupo de “socialistas e comunistas”, mas que ele se orgulha disso. Lamentável! É importante deixar claro que nunca houve, na história da humanidade, nenhum registro de um país socialista ou comunista que tivesse uma democracia plena.

Cabe lembrar que o comunismo matou mais de 100 milhões no mundo, como conta o Victims of Communism Memorial Foundation
Mas parece que isso não incomoda Lula e a “companheirada”. 
Sem dúvidas, uma democracia plena não deveria se alinhar a uma ideologia tão nefasta, muito menos receber ou patrocinar instituições como o Foro de São Paulo, que apoia o autoritarismo, louva ditaduras, e é conivente com diversas violações de direitos humanos como perseguições políticas e a ausência de eleições livres, justas e regulares — que hoje a esquerda brasileira diz combater.

Por mais paradoxal que seja, a Constituição Federal brasileira, em seu art. 4, determina que as relações internacionais devem ser regidas pelos princípios da prevalência dos direitos humanos e da autodeterminação dos povos, entre outros. Ocorre que, nas relações com as ditaduras latino-americanas, como Cuba, Nicarágua e Venezuela, o governo petista parece não observar esses princípios, e as autoridades do Ministério Público Federal e do Poder Judiciário parecem fazer vista grossa sobre isso.

Mais lamentável ainda é que o presidente da República Federativa do Brasil seja um dos fundadores, um dos principais embaixadores e um dos maiores entusiastas do Foro de São Paulo. Enquanto as pessoas que realmente prezam pela democracia e pelos direitos humanos não se articularem com eficácia, falsos representantes da democracia e dos direitos humanos, tal como o Foro de São Paulo, seguirão seduzindo a juventude e patrocinando ditaduras nefastas. O povo brasileiro merece mais do que isso. A democracia e as liberdades individuais deveriam ser inegociáveis. Não adianta fazer discurso em favor da democracia e ter atitudes em sentido totalmente contrário. Sejamos coerentes!

Paulo Uebel, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 2 de junho de 2023

Pacheco contra o Brasil: o Senado vai segurar o marco temporal das terras indígenas? - Gazeta do Povo

VOZES - Alexandre Garcia

Tomara que não seja verdade, mas estão dizendo que o Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, vai retardar a votação definitiva do projeto de lei que dá paz no campo e na cidade, quanto à questão fundiária, regulamentando e esclarecendo o que diz a Constituição, no artigo 231, no qual é dito que são dos povos indígenas as terras que eles ocupam tradicionalmente.  
Ocupam é presente do indicativo, portanto, é dia 5 de outubro de 1988, dia que isso foi promulgado na Constituição e passou a valer.
 
Não é que ocuparam, porque se está valendo ocuparam, aí, meu Deus, é 1500, de 1500 pra cá. 
Aí ninguém tem segurança do seu imóvel, urbano ou rural. 
Tá nas mãos do Supremo e depois daquilo que o Supremo fez lá em Roraima, com os arrozeiros, deixando todo mundo na mão, deixando índios e arrozeiros na mão, a gente fica assustado. Aqui está um a um e o Supremo continua essa votação na quarta-feira que vem.

Se o presidente do Senado empurrar até quarta-feira, já vai ter problema de choque entre Supremo e Poder Legislativo. Dois poderes que teoricamente são independentes, autônomos e harmônicos entre si. A Câmara aprovou, diz basicamente que povos indígenas que saíram das suas terras, perderam as terras, a menos que sejam terras em litígio na justiça. É isso.

Porque é isso que diz a Constituição. Aqui havia oito milhões e meio de quilômetros quadrados de povos morando, vivendo aqui quando chegou Cabral. E aí começou a colonização europeia do país. 
Depois veio gente da África, da Ásia e de todos os continentes e formaram essa grande mistura maravilhosa que é o Brasil. E parece que tem gente que quer destruir isso.

Prêmio Nobel e corrupção
Bom, vejam só, eu tô vendo que em Bangladesh tem o Prêmio Nobel da Paz envolvido e acusado por corrupção, metendo o dinheiro num fundo do trabalhador. Aqui toda hora aparece problema com o fundo de amparo ao trabalhado, o FAT.
Inclusive para garantir coisas para a Argentina ou cobrir dívida da Venezuela, de Moçambique, da Nicarágua, sei lá mais o quê, só pra gente lembrar esses acontecimentos.


MP dos ministérios

Passou a medida provisória que mantém os ministérios que Lula criou, 17, e foi um preço alto, né? O governo pagou emendas de R$1,7 bilhão, liberou para deputados, para conseguir aí os 337 votos. É do seu imposto essa liberação.

O governo está sem articulação na Câmara e no Senado também. 
Isso foi mostrado por Arthur Lira, o presidente da Câmara. 
Diz que se o governo vem sofrendo derrotas lá, não é por culpa dele, não. É por falta de articulação. Por exemplo, os deputados mexeram nas medidas provisórias. Esvaziaram alguns ministérios de Marina Silva, o ministério do Meio Ambiente, dos Povos Indígenas, reforçaram de novo o Ministério da Agricultura, que estava sendo esvaziado, porque Lula não gosta do agro, diz que o agro é fascista. Continua então os 17 ministérios.[esses ministérios esvaziados, fossem transformados em subsecretarias já estaria de bom tamanho.]
 

Zanin

Por fim, o registro de que o advogado de Lula foi indicado por Lula para o Supremo
Ele faz 10 anos que defende Lula de todas as acusações que o Lula tem recebido desde 2013. 
Ele era assistente do Batoque, que foi presidente da OAB, que foi deputado do PDT, a mulher dele é sócia dele num escritório de advocacia. Fica estranho, né? 
Ele não é o primeiro a ir para o Supremo com essas ligações familiares em escritório de advocacia. 
E ele tem 47 anos e agora é o Senado que sabatina e marca a votação em plenário. É estranho, porque ele vai continuar sendo advogado de Lula, entrando no Supremo. 
Advogado chega lá para defender uma causa, é da natureza dele ou defender os seus clientes. 
Por isso que eu insisto que o ideal seria juiz de direito, de carreira, depois de subir todos os degraus da carreira, em todas as instâncias, brilhando, aí sim ficar disponível entre os 11 mais antigos e mais brilhantes do Superior Tribunal de Justiça, que tem 33. Pode ser que um dia esse sonho seja realizado. E com mandato de 10 anos é seria conveniente.
 
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


terça-feira, 2 de maio de 2023

Liberdade de expressão - Lula quer controlar as redes sociais - Sergio Moro

VOZES - Gazeta do Povo 


O presidente Lula e o PT estão entre os apoiadores do PL 2.630.| Foto: EFE/Andre Borges

Escrevo sob a sombra do PL 2.630, com o qual o governo Lula pretende obter o controle sobre o que se posta nas redes sociais.
No fim, superadas as discussões técnicas e os detalhes, é disso que trata o projeto.

A boa notícia que o início de semana nos traz é que o risco de aprovação do projeto aparenta ser declinante. 
Placares informais dos votos dos parlamentares apontam para a rejeição do projeto. O mais provável é que não seja colocado em votação diante das chances de rejeição.
 
Favoráveis ao projeto estão apenas o PT, partidos satélites e outros partidos que se aproximam sempre de qualquer governo.  
Como o PT não vê qualquer problema em ditaduras como Cuba, Venezuela e Nicarágua, é natural que não tenha óbices ao PL 2.630.
 
Faço aqui uma confissão. Gostaria muito de só ler coisas boas nas redes sociais. Seria um sonho não ver nelas postagens agressivas ou grosseiras e poder confiar em tudo o que nelas se posta. Se elas fossem uma fonte dinâmica de informação verdadeira e confiável, seria o melhor dos mundos. Aliás, desde 2014, sou uma das principais vítimas de fake news espalhadas pelo PT e por seus aliados
A lista é gigantesca, passando do negacionismo da corrupção na Petrobras às acusações falsas de ligações com a CIA ou o governo norte-americano. Apesar disso, mesmo quando ocupava a posição de ministro da Justiça, jamais defendi conceder ao governo que integrava um poder de censura sobre as redes.

    Desde 2014, sou uma das principais vítimas de fake news espalhadas pelo PT e por seus aliados. A lista é gigantesca

Não discordo de que as redes sociais precisam de alguma regulação. Há uma disputa comercial entre elas e a imprensa. 
O jornalismo profissional se ressente de produzir material e nada receber financeiramente por sua veiculação nas redes sociais ou na internet.  
Há bons argumentos para ambos os lados e defendo que a questão seja debatida em projeto de lei próprio e específico para que ela não seja contaminada pelo debate sobre a censura nas redes sociais.
 
Discordo da utilização das redes sociais para disseminar pornografia infanto-juvenil, veicular ameaças ilegais e golpes financeiros ou incitar a prática de violência
Com falhas, as redes sociais já atuam para excluir conteúdos da espécie e reputo razoável que a lei preveja mecanismos para garantir que sejam excluídos. 
Em relação a este tipo de postagem, é mais improvável termos divergências quanto à sua caracterização como impróprio ou mesmo para reconhecê-lo.

Já ofensas, calúnias e difamações são um problema nas redes, mas essas condutas são criminosas e a legislação penal já as trata como crimes, sendo de se questionar a necessidade de regras especiais aplicáveis às redes sociais.
Veja Também:

    Todo corrupto é um ladrão

    Dobrando a aposta

    Contra o domínio do crime e da mentira 

Os filhos de Putin

Também sou favorável à ampla transparência das redes sociais. Conteúdo promovido ou patrocinado deve ser identificado. 
Contas automatizadas, inautênticas ou mecanismos artificiais de disseminação deveriam ser suprimidos ou completamente identificados.
 As regras de automoderação e autocontrole já utilizadas pelas plataformas deveriam ser publicizadas e deve haver mecanismos que promovessem a transparência de sua aplicação. 
Às plataformas ainda deveriam ser impostas regras que garantissem o espaço para o livre debate público, com respeito à pluralidade de opiniões e com a proibição de concessão de vantagens a conteúdos por motivos político-partidários ou por preferências ideológicas. Nesses aspectos, o PL 2.630 é bem falho. [o objetivo do PL é apenas um: impedir que as mentiras do Lula sejam apontadas, assim como roubos, má conduta dos seus ministros e outras trapaças que bem caracterizam o PresiMENTE.
Querem silêncio total sobre tudo de ruim que cerca e integra o atual presidente. 
Basta terem conta, que  um ministro do presidente apedeuta  agrediu até a GRAMÁTICA quando quis impedir que dito elemento fosse chamado de ex-presidiário, quando é pacífico que quem foi alguma coisa sempre será EX, exceto se voltar a ser o que foi.]

Mas o grande problema é a pretensão do PL 2.630 de retirar das redes sociais as assim denominadas fake news, ainda que a pretexto de proteger a democracia e o debate público. 
Em última análise, alguém terá de ser encarregado de definir se uma informação divulgada na rede é ou não verdadeira.  
O PL 2.630 pretendia resolver isso criando uma misteriosa “entidade autônoma de supervisão” vinculada ao governo, com a atribuição de vigiar as redes sociais e as grandes plataformas. 
Diante de uma reação negativa da sociedade, o relator do projeto, na última versão, suprimiu o artigo que criava tal entidade. 
Ao incauto, o problema pode parecer superado, mas na prática o projeto tem um sujeito oculto e indefinido ao qual caberá a tarefa de censurar as redes sociais. Quem será ele?  
Nem o relator sabe dizer, o que já diz muito sobre o açodamento e a falta de técnica da proposta.  [o relator não entende nada do assunto, o que ele entende e bem, é comer tapioca - quando paga com cartão corporativo = dinheiro público.]


    Nenhum governo é confiável para dizer o que é verdade e o que é mentira. Para isso não cabe solução fácil, não existe uma solução milagrosa ou um Deus ex machina. Essa tarefa cabe a cada um, a nós mesmos

Temos um presidente da República campeão em produzir fake news. Destaco apenas algumas pérolas mais recentes. Segundo ele: - a Ucrânia é tão culpada pela guerra como a Rússia
- os Estados Unidos e a União Europeia incentivam a guerra ao ajudar a Ucrânia a se defender;  
- Cuba, Venezuela e Nicarágua não são ditaduras e a primeira é um paraíso social; 
- os Estados Unidos fomentaram a Lava Jato no Brasil pois as empresas brasileiras estavam ficando competitivas internacionalmente
- o autor deste artigo teria ligações com a CIA ou com o FBI e teria “armado” um plano do PCC para figurar como vítima de um sequestro. 
 
Pois bem, este mesmo presidente quer criar um órgão vinculado ao seu governo ao qual caberá o poder de dizer o que é verdade e o que é mentira. Dá para confiar? Eu diria que não, que esse governo com um histórico vinculado a tentativas autoritárias de controlar a imprensa – recordemos da tentativa frustrada de criação do Conselho Federal de Jornalismo – não é confiável.
 
A questão, porém, é ainda mais profunda: nenhum governo é confiável para dizer o que é verdade e o que é mentira
Para isso não cabe solução fácil, não existe uma solução milagrosa ou um Deus ex machina. Essa tarefa cabe a cada um, a nós mesmos. 
A melhor solução encontrada pela humanidade, em jogo de tentativa e erro, foi o livre intercâmbio de ideias, sem censura estatal, por meio do qual as informações e opiniões puderam ser testadas no grande palco da humanidade e aquelas ruins ou falsas, como a teoria de que o Sol girava em torno da Terra ou de que o comunismo traria liberdade e igualdade para todos, foram jogadas fora. 
 Agora, está na hora de jogar fora o PL 2.630 e sepultar em definitivo a ideia falsa e autoritária de que o governo deve ter algum papel em dizer o que é verdade ou mentira nas redes sociais, na imprensa ou em qualquer meio de comunicação.
 
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
 
Sérgio Moro, senador da República - Gazeta do Povo - VOZES
 
 

sexta-feira, 28 de abril de 2023

A legalização do Ministério da Verdade - Revista Oeste

Rodrigo Constantino

Ao pedir para transformar em lei o que o TSE já vem praticando, Alexandre de Moraes confessa seu crime, assume que tomou várias decisões sem respaldo legal


Presidente do TSE, Alexandre de Moraes | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aprovado para ser votado em caráter de urgência, o PL das Fake News será decidido na semana que vem.
Ou seja, vamos descobrir em pouco tempo, e sem o devido debate necessário, se o Brasil terá ou não censura institucional, com direito a uma espécie de Ministério da Verdade e tudo.
Os esquerdistas saem em campo para banalizar o troço, relatado por um comunista, como se fosse tão somente regulação normal, como se dá em países europeus. Nada mais falso. 

O projeto visa a delegar total arbítrio nas mãos da tal entidade sob o comando do Poder Executivo.  
 Os conceitos vagos, elásticos e subjetivos como “fake news” ou “discurso de ódio” garantem enorme margem de manobra aos burocratas
O histórico de aparelhamento do Estado pela esquerda deixa claro que haverá escancarado viés na aplicação da censura.

É lamentável ver jornalistas e veículos tradicionais de comunicação defendendo abertamente essa censura no país. O grupo Globo chegou a escrever um editorial pedindo aprovação urgente do projeto, pois “acabou a hora do debate”.  
Jornalistas renomados como Fernando Mitre chegaram a rechaçar críticas de que teremos a censura oficial, enganando seu público ou a si mesmo. O Brasil lulista flerta com regimes ditatoriais comunistas, e esse projeto é o mais importante passo nessa direção. Presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco, recebe o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, que levou propostas para serem acrescentadas ao texto da PL da Censura | (25/4/2023) | Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

A ida do ministro Alexandre de Moraes ao Congresso para entregar, sem ser convidado, as suas “sugestões” ao projeto comprova como a ingerência do STF chegou a patamares assustadores.
Como muitos parlamentares possuem “rabo preso” ou temem o abuso de poder supremo, que por sua vez julga tais parlamentares por conta do foro privilegiado, a combinação explosiva leva ao ativismo nefasto que praticamente reduz o Congresso a um carimbador de leis impostas por outro Poder.

Ao pedir para transformar em lei o que o TSE já vem praticando, Alexandre de Moraes confessa seu crime, assume que tomou várias decisões sem respaldo legal.
É uma forma de apagar rastros e normalizar o absurdo vigente.
Não podemos esquecer que a ministra Carmén Lúcia condenou a censura, e mesmo assim votou a favor dela “temporariamente”. O sistema se uniu para se livrar de Bolsonaro e criminalizar a direita.

São cúmplices desse projeto nefasto todos aqueles que fizeram o L para “salvar a democracia”, e que agora se calam diante do avanço da censura

Os “atos golpistas” de 8 de janeiro caíram como uma luva para esse projeto
Daí a desconfiança de muitos sobre o papel lulista nisso tudo, ainda mais quando imagens suspeitas são vazadas com a presença do companheiro de longa data de Lula, “sombra” do presidente, o general chefe do GSI, e também jornalista que prepara toda a cena junto ao “terrorista” e ainda checa com ele para ver se a filmagem está a contento. 
O Poder Judiciário e o Poder Executivo estão de mãos dadas para banir de vez os conservadores da vida pública no Brasil. Manifestações em 8 de janeiro de 2023 | Foto: Wikimedia Commons

Criaram a “culpa coletiva”, o que é típico de regime comunista.
Diz o editorial da Gazeta do Povo: “Não há defesa possível do Estado Democrático de Direito quando se nega a cidadãos brasileiros o direito à ampla defesa, quando se aceita um trabalho preguiçoso de acusação, incapaz de demonstrar o que cada denunciado fez de concreto e os motivos reais que justificariam seu julgamento. Compactuar com isso é aceitar que, em nome de uma suposta defesa da democracia, se parta para o arbítrio escancarado e para a tirania judicial”.

A decisão de retirar o Telegram do Brasil sob o pretexto de crimes nazistas ou envolvendo crianças é uma pequena amostra do que vem por aí.
Não é preciso provar mais nada:
basta criar a narrativa e banir toda uma rede social do país.
Como elas são as praças públicas da era moderna, isso é análogo ao Estado jogar uma bomba numa das praças porque alegou estar ali um perigoso criminoso. Seria como jogar um míssil numa favela para pegar o traficante. Esse governo demonstra total falta de apreço pelas liberdades.

Nada novo aqui, convenhamos. Como escreveu Alexandre Garcia: “Está na cara que o projeto pretende fazer censura, e este é um perigo muito grande. Se olharmos de onde são os 238 deputados que aprovaram a urgência do projeto — ou seja, para ir logo ao plenário, sem passar por comissões, embora ainda tenha de ir ao Senado se for aprovado na Câmara —, vemos que as bancadas do PT, do PCdoB, do PSol e da Rede votaram em peso pela urgência. São partidos de esquerda, e a natureza da esquerda é totalitária, é a censura. Ninguém diz que não há censura na Venezuela, em Cuba, na Nicarágua, na China, que não havia na União Soviética, na Albânia… Regimes de esquerda, totalitários, exigem censura”.

A esquerda radical sempre precisou da censura para calar seus críticos, já que na base da persuasão é incapaz de levar adiante seu projeto comunista.  
E ninguém pode ter dúvidas do que está em jogo aqui: é censura sim, e parte fundamental do projeto totalitário de poder da esquerda. 
Não por acaso, o Brasil lulista virou um pária internacional em apenas três meses, ao atacar os Estados Unidos, a Ucrânia e a ONU, enquanto sai em defesa de tiranias como China, Rússia, Venezuela, Cuba e Nicarágua.

São cúmplices desse projeto nefasto todos aqueles que fizeram o L para “salvar a democracia”, e que agora se calam diante do avanço da censura. Muitos se venderam, outros devem ter sido chantageados, alguns são mesmo alienados. 

Mas fica cada vez mais insustentável bancar o indiferente diante do que se passa no Brasil. Como disse o deputado Marcel van Hattem, ou gritamos agora, ou corremos o risco de nos calarem para sempre.

Leia também “Os vilões super-ricos de Krugman”

*

Rodrigo Constantino, colunista - Revista Oeste 


terça-feira, 25 de abril de 2023

Urgente: o Brasil será amordaçado - Deltan Dallagnol

VOZES - Gazeta do Povo 

Justiça, política e fé

Foto: Unplash

 

Sua liberdade está em perigo. A Câmara votará amanhã, dia 25, a urgência do projeto de lei 2630/2020 que, em nome de “combater fake news”, permitirá que o governo censure a voz dos usuários em redes sociais como Instagram, Facebook, Twitter e YouTube.

Se a urgência for aprovada,
o projeto poderá ter seu mérito aprovado depois de amanhã, na quarta. Como já passou pelo Senado, está muito próximo de se tornar lei. Se você preza sua liberdade de expressão, é urgente que faça algo e vou explicar o porquê.

Há pelo menos cinco pontos do projeto que são extremamente preocupantes. Primeiro, ele incentivará que postagens legítimas sejam derrubadas em massa ao criar a responsabilidade das plataformas de redes sociais de atenuar riscos sistêmicos, definindo de modo vago tanto o que seria a atenuação dos riscos como também os próprios riscos.

Dentre esses riscos sistêmicos, estão os riscos de “difusão de conteúdos ilícitos” relativos a “golpe de estado” e a “discriminação ou preconceito”, riscos em relação à “violência de gênero”, riscos de danos à dimensão coletiva dos direitos fundamentais previstos na Constituição ou relacionados a temas cívicos, político-institucionais e eleitorais.

    Há pelo menos cinco pontos do projeto que são extremamente preocupantes

O que entra nisso?
Será que a defesa do impeachment pode ser penalizada, já que para alguns é um “golpe”? [em um país sério em que as leis não são interpretadas com base na conveniência e ideologia do intérprete, defender o 'impeachment', recurso previsto em em Lei(Lei nº 1.079/50),não é golpe; mas, no Brasil atual, dependendo da conveniência de quem interpretar, pode ser golpe.] 

Críticas à ideologia de gênero? Críticas contundentes ao STF, ao presidente ou aos deputados e senadores? Chamar de “genocida” ou de “presidiário”? Dizer que o governo contribuiu para o 8 de janeiro será considerado um ataque às instituições democráticas? [vai depender sempre da ideologia do intérprete - tanto que autoridades 'sábias', e a imprensa militante,  chamam os manifestantes do 8 de janeiro - desde que bolsonaristas - de terroristas, sendo que os mesmos não praticaram nenhum ato capitulado na Lei Antiterrorismo como terrorismo, que justifique tal imputação.]

Como se observa, as plataformas deverão gerenciar riscos relacionados a comportamentos que são definidos com expressões vagas as quais dão imensa margem à interpretação. Só os direitos fundamentais previstos na Constituição compõem uma extensa lista.

Há um segundo problema aí. O gerenciamento de “risco” é também definido de modo vago. O projeto exige que a rede social “adapte os processos de moderação de conteúdos (...) e, quando necessário, aplique remoção ou indisponibilização rápida de conteúdo”. Exige também que “adapte a concepção, características ou funcionamento dos serviços, incluindo os sistemas e interfaces”.

A vagueza segue adiante: se as redes sociais não “identificarem, analisarem e avaliarem diligentemente os riscos sistêmicos”, e se não “adotarem medidas de atenuação razoáveis, proporcionais e eficazes” mais uma vez, termos vagos – contra os riscos, ficarão sujeitas a pesadas multas que podem chegar a R$ 50 milhões por infração.

Então, o que você acha que as plataformas vão fazer? Como elas não têm condição de analisar cada postagem individualmente, é óbvio que criarão regras e algoritmos para derrubar posts que representem qualquer risco, como aqueles que tenham, por exemplo, “certas palavras” ainda que sejam postagens legítimas numa democracia.

Assim, o projeto estabelece um imenso incentivo para que as redes sociais derrubem automaticamente conteúdos que tenham mero risco de serem considerados ilegais pelo governo. Isso porque os termos são vagos e o que é legal ou ilegal pode ser objeto de disputa e argumentação. Se elas não derrubarem os conteúdos por cautela estarão sujeitas a ter seu negócio inviabilizado por pesadas multas.

    O projeto estabelece um imenso incentivo para que as redes sociais derrubem automaticamente conteúdos que tenham mero risco de serem considerados ilegais pelo governo

Aqui entra o segundo ponto extremamente preocupante: quem vai decidir o que você pode ou não falar, na prática, é o governo. 
É ele que vai supervisionar a moderação e o controle das postagens pelas redes sociais e aplicar pesadas multas. 
Evidentemente, as plataformas dançarão a música que o governo tocar.

O texto, de modo disfarçado, atribui essas competências a umaentidade autônoma de supervisão”, inclusive para regulamentar em detalhes a lei. Contudo, a composição dela será determinada pelo governo, que poderá aparelhá-la ideologicamente para impor sua visão de mundo e suprimir discursos discordantes.

E, lembre-se: o governo terá ampla margem para cercear discursos com base nos conceitos vagos previstos na lei, que determina que sejam moderados conteúdos para atenuar o risco de violações à “dimensão coletiva dos direitos fundamentais”, seja o que for isso.

Assim, o projeto coloca uma espada de Dâmocles sobre a cabeça das redes sociais, pendurada por um fio que o governo pode cortar a qualquer momento. Ao fazer isso, dá-se o controle da moderação, na prática, ao governo. De modo muito simples e direito: a proposta dá um cheque em branco para o governo controlar o que você pode ou não dizer.

A terceira preocupação é a criação pelo projeto do que ela chama de “protocolo de segurança”, que pode ser decretado pelo governo por 30 dias renováveis quando houver “risco iminente de danos à dimensão coletiva de direitos fundamentais”, algo que sequer se sabe exatamente o que é e pode se relacionar a uma imensa gama de situações a depender da vontade política.

    Quem vai decidir o que você pode ou não falar, na prática, é o governo

Esse protocolo é uma espécie de estado de exceção, um estado de sítio das redes sociais ou uma miniditadura digital em que o governo vai poder controlar mais ainda o que se dirá e o que será censurado nas redes sociais. Esse protocolo parece coisa da Venezuela, Cuba, Nicarágua, Rússia e China.

Em quarto lugar, o projeto sujeita as redes sociais à responsabilização se não retirarem rapidamente conteúdos denunciados por usuários como “conteúdo potencialmente ilegal”, sob pena de responsabilização.

De fato, as plataformas ficam obrigadas a, “de maneira diligente e de acordo com seus termos de uso”, “apurar eventual ilegalidade do conteúdo”, “aplicando as ações correspondentes, inclusive a de moderação”.

A avaliação do que é ou não um conteúdo ilegal, mais uma vez, é objeto de discussão. O projeto incentiva as redes a, na dúvida, suprimirem, debaixo do controle e direcionamento do governo.

Até hoje, o Marco Civil da Internet isentava as plataformas de responsabilidade pelo conteúdo postado por terceiros em defesa da liberdade de expressão, com raras exceções. A lógica agora está sendo invertida pelo projeto, num experimento que coloca em risco a liberdade de expressão.

Não é necessária muita imaginação para prever o que acontecerá: usuários progressistas denunciarão o conteúdo conservador e vice-versa. O debate político está em risco de cair por terra. O que é isso se não for censura? E a tal da democracia?

Existe uma clara exceção: deputados e senadores poderão se expressar livremente porque têm imunidade prevista na Constituição. 
Já os cidadãos ou influenciadores não terão o privilégio de debater política e serão amordaçados pelo PL da Censura. 
Até mesmo candidatos sem mandato serão silenciados por denúncias de usuários. 
O projeto cria duas categorias de cidadãos e de cidadania.

Por fim, o projeto poderá ser aprovado sem uma discussão adequada e profunda nas comissões da Câmara, que existem justamente para isso, a fim de aperfeiçoar a proposta e de afastar os riscos que acarreta à liberdade de expressão e à própria democracia.

   O presidente da Câmara, Arthur Lira, anunciou que a urgência do projeto será votada nesta terça, o que permitirá que o seu mérito seja votado no dia seguinte. Além de o tempo ser exíguo, o texto do projeto está sendo mudado todo dia, e bastante, sem ser publicado em lugar algum.

Isso prejudica a transparência e o debate público sobre a proposta. Para produzir este artigo, por exemplo, foi necessário examinar várias versões do projeto recebidas em diferentes grupos, algumas bastante distintas. Foi preciso ainda confirmar qual era a última versão diretamente com seu deputado relator.

Cabe ressalvar que o projeto tem vários aspectos positivos. Por exemplo, estabelece o direito ao devido processo e ao recurso para o usuário que tem sua postagem suprimida, exige maior transparência e análise de riscos sistêmicos, prevê a remuneração de conteúdos jornalísticos nacionais, determina que as plataformas forneçam dados para pesquisas acadêmicas etc.

Contudo, há tantas coisas tão ruins que o projeto joga ralo abaixo o bebê junto com a água suja do banho. 
Precisa melhorar muito para ficar ruim
Ou seja, para combater fake news, o projeto enterra a garantia da liberdade de expressão e viabiliza a censura governamental.

Além disso, o contexto importa: vivemos debaixo de um governo que quer vingança e, para isso, tenta controlar a narrativa. Esse governo amigo de ditaduras criou um ministério da verdade, aumentou verbas para imprensa e agora quer controlar o que se diz nas redes sociais.

Por isso, é urgente a mobilização para que deputados sejam conscientizados sobre os problemas do projeto, a fim de que votem “não” à sua urgência e, se não houver grande alteração do texto e tempo para que seja conhecido, analisado e debatido com a sociedade, rejeitem-no em seu mérito.

Não vamos permitir que calem a nossa voz! Posso contar com a sua ajuda para impedirmos que o Brasil seja amordaçado?
[perguntando enquanto ainda é possível: o relator do projeto é um deputado comunista - não lembramos o nome, é o de um cantor famoso Orlando Dias ...  ou Silva - que quando ministro, parece que da Dilma, gostava de mandioca paga com cartão corporativo; ainda gosta?]

Veja Também:

    8 de janeiro: o governo é responsável?


Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Deltan Dallagnol - mestre em Direito pela Harvard Law School e foi o deputado federal mais votado do Paraná em 2022 - Coluna Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 15 de março de 2023

É preciso esfregar a constituição na cara de quem censura - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo - VOZES

É preciso esfregar a constituição na cara de quem censura e na cara de quem se omite da obrigação de denunciar o desrespeito

A Nicarágua de Daniel Ortega acaba de suspender relações com o Vaticano, porque o papa comparou o regime de Ortega com o comunismo soviético e o nazismo de Hitler. "Ditaduras grosseiras" — postou o papa Francisco, sugerindo "desequilíbrio" de Ortega. Imediatamente, o ditador mandou fechar a Nunciatura Apostólica. A nota oficial nicaraguense anunciando a suspensão usou palavras conhecidas por aqui: "Terrorismo golpista que divulga notícias falsas". Na escalada totalitária, a primeira liberdade que Ortega suprimiu foi a de expressão, antes de tirar as outras liberdades. Assim fizeram Stálin e Hitler. Assim fazem todos os regimes totalitários.

Os nossos constituintes de 1988, marcados pelo AI-5, trataram de preservar a liberdade de expressão. Na cláusula pétrea que é o artigo 5º, está o inciso IV, que estabelece: "É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato". O art. 220, que trata da comunicação social, garante que "a manifestação do pensamento, a criação, a expressão, e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição…". A seguir, o §2º veda qualquer tipo de censura política, ideológica e artística.

Por que insistir com esse óbvio, que é o respeito à Constituição? Porque ela não está sendo respeitada. 
É preciso esfregar a Constituição na cara de quem censura e na cara de quem se omite da obrigação de denunciar o desrespeito. 
Teríamos um regime de liberdade de expressão portanto democrático se a Constituição fosse praticada, mas muita gente defende sua própria liberdade de expressão, mas não a de quem discordam. 
 
Carregam ideias totalitárias, pelas quais as pessoas são livres para pensar, desde que pensem como se lhes impõem
São censores a policiar seus concidadãos. Assim agem Hitler, Stálin e totalitários políticos e religiosos de todos os tempos. Isso já foi questão de vida ou morte. 
Durante a pandemia, censuraram informações que poderiam salvar milhares de vidas.
 
No nosso país grassam modismos disfarçados de libertadores, que na realidade são liberticidas. Quem já leu o 1984 de George Orwell identifica bem essa ditadura que começa com o controle da expressão do pensamento e pretende desembocar em outra Revolução dos Bichos. 
Já existe um virtual Ministério do Pensamento, impondo e criando palavras e conceitos, ainda que contrariem a lógica e o conhecimento científico. 
 A justiça e o mérito são sacrificados ante verdades inventadas — e quem expõe o ridículo dessas teses é denunciado como infectado por alguma neofobia
As pessoas estão sendo de tal forma patrulhadas que têm medo de resistir e mostrar que não querem ser enganadas, se encolhem com medo da opressão. 
É um processo em que a opinião está sendo criminalizada para formar seres acríticos e inermes. Até quem faz a propaganda disso acabará sem liberdade para decidir como a propaganda. Quando esse acólito da seita perceber que foi usado, já será tarde; o regime já passou da fase primária de dominar a liberdade de expressão, e já terá controlado as liberdades de ir e vir, de se relacionar e, sobretudo, de pensar. 
Então vai ser tarde, já não serão livres, porque seus neurônios já terão sido algemados.
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
 
 

terça-feira, 14 de março de 2023

Até o “progressista” papa Francisco enxerga os abusos na Nicarágua - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo


O Papa Francisco ao chegar à Praça da Revolução para celebrar a missa dominical em Havana, Cuba, em 20 de setembro de 2015.| Foto: EFE/Alejandro Ernesto

Não há nada de “progressista”, de “consequente” e de politicamente “correto” que o papa Francisco não apoie neste mundo de Deus
Ele gosta da Palestina, do Irã e de organizações “muçulmanas” que se dedicam ao combate ao “imperialismo” e à “reparação” das “injustiças históricas” que foram cometidas pelo cristianismo nos últimos 20 séculos. Ama a CNBB. É a favor da igualdade, da diversidade e da “reforma agrária”; é contra a fome, pobreza e os “agrotóxicos”.
 
Está convencido que os regimes de esquerda na América Latina são forças positivas na “libertação” do continente – e por aí vamos. 
É extraordinário, assim, que esse mesmo papa tenha tomado a decisão de denunciar a ditadura e o ditador da Nicarágua; deve ter achado que passaram de qualquer limite, na sua conduta como malfeitores. 
Quer dizer que até o papa está reclamando? Sim, até o papa está reclamando.

Durante a campanha, a mídia e os candidatos foram expressamente proibidos pelo TSE de dizer que Lula era a favor da ditadura da Nicarágua. Hoje isso é parte da política externa do Brasil. 

O papa Francisco denunciou a Nicarágua como uma “ditadura grosseira”. Disse que o ditador Daniel Ortega sofre de desequilíbrio. [para tudo há um limite: - até mesmo para a tolerância cristã de Sua Santidade, o Papa Francisco.] Manifestou, enfim, a sua indignação contra um dos últimos atos de delinquência da ditadura nicaraguense – a condenação do bispo Ronaldo Alvares a 26 anos de prisão pelo crime de “fake news” e por “desobedecer ao Estado”. Nem o STF, no Brasil, sonhou com tanto até agora.

O pontífice fez, ainda, uma comparação sombria. “É como trazer de volta a ditadura de Hitler em 1935”, disse Sua Santidade. 
É pesado, e é uma das piores críticas que Ortega já recebeu – mas a verdade é que ele parece mais decidido do que nunca a chutar o pau da barraca. 
Uma das suas últimas realizações é banir da Nicarágua as freiras da organização de Madre Teresa de Calcutá
Sério? Sim, é isso mesmo: nem a Madre Teresa escapou. [com todo o respeito devido a Sua Santidade, Papa Francisco, discordamos dele não ter usado como exemplo a ditadura do tirano comunista, Joseph Stalin - que matou mais de 100.000.000 de inocentes - o que o coloca na liderança de todos os genocídios.
Aliás, o trio satânico de genocidas, é formado por comunistas:
- Stalin mais de 100 milhões de vítimas;
- Mao Tse Tung, matou  entre  50 a 80 milhões de chineses;  
- Pol Pot, matou mais de 2,5 milhões no Camboja.
Oportuno lembrar para se ter atenção e cuidado, que o comunismo no Brasil, especialmente Stalin, tem admiradores, estando a comunista  Jandira Feghali entre eles, inclusive com o jargão, publicado nas redes sociais no aniversário do genocida: "“Olha pro céu, meu amor, vê como ele Stalindo”, postou a parlamentar, com uma foto de Stalin ao fundo.  
 
É um escândalo de baixa qualidade que o Brasil, enquanto isso, continue dando todo o seu apoio à ditadura – acaba de recusar-se a assinar um documento de condenação à Nicarágua subscrito por 50 das maiores democracias do mundo. 
Como rebaixar a política externa brasileira a esse grau de marginalidade e de isolamento perante o mundo democrático? 
O PT e a esquerda, até outro dia, denunciavam histericamente que o Brasil, por não se alinhar mais com ditaduras como a de Daniel Ortega, tinha se tornado um “pária na comunidade internacional”.
 
E agora? Durante a campanha, a mídia e os candidatos foram expressamente proibidos pelo TSE de dizer que Lula era a favor da ditadura da Nicarágua. 
Hoje isso é parte da política externa do Brasil. Sempre se pode reclamar ao papa, é claro – mas não vai adiantar nada.


J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


terça-feira, 7 de março de 2023

A política externa do governo Lula é digna de um grêmio estudantil: só apoia ditaduras - J. R. Guzzo

Gazeta do Povo - Vozes

Lula é aliado antigo do ditador nicaraguense Daniel Ortega| Foto: EFE / Fernando Bizerra Jr.

O governo Lula está fornecendo ao país pelo menos um tipo muito claro de segurança: erra em tudo o que faz.  
Essa é uma certeza que se pode ter, no meio do mar de instabilidade, de dúvidas e de decisões irresponsáveis que marcam esse começo de caminhada. 
O governo decidiu alguma coisa? Então ninguém precisa ter trabalho pensando a respeito: a decisão, com certeza, foi errada.

Não vai perder o cartaz que lhe deram lá fora, porque não têm ninguém para pôr no seu lugar. Com a sua “política externa” quem sofre é apenas o Brasil.
Foto de perfil de J.R. Guzzo
J.R. GuzzoA política externa”, ou a conduta de grêmio estudantil que passa por diplomacia no Brasil atual, é uma demonstração a mais dessa incapacidade estrutural de acertar que faz o Lula-3 estar sendo o que é. Seu último acesso de inépcia é exemplar.

    É a terceira vez seguida, em apenas dois meses, que a política externa do Brasil se põe em posição frontalmente contrária a das democracias modernas.

O Brasil recusou-se a assinar um documento, promovido pelas mais sagradas democracias do mundo, no qual se denuncia e reprova a ditadura cada vez mais grosseira da Nicarágua. Era uma escolha fácil – até os governos de esquerda do Chile e da Colômbia, para ficar só na América Latina, assinaram o documento de condenação, por acharem que a Nicarágua passou dos limites em matéria de abjeção. Era também uma oportunidade para o Brasil se alinhar com as democracias de Primeiro Mundo que vivem encantadas com Lula e com o que imaginam ser as suas virtudes de “democrata”. O Itamaraty fez a escolha errada: ficou, na prática, do lado da ditadura.

É a terceira vez seguida, em apenas dois meses, que a política externa do Brasil se põe em posição frontalmente contrária a das democracias modernas, civilizadas e anticarbono do mundo; começa a virar uma opção permanente pelo conflito com a gente “de bem” da comunidade internacional.    Lula sempre foi uma figura de sonho para o político intelectual europeu – o nativo que foi catequisado, e transformado num boneco que só emite sons politicamente corretos.

O Brasil já tinha se recusado a atender um pedido do governo da Alemanha, um dos maiores puxa-sacos internacionais de Lula e do PT, para enviar tanques brasileiros fabricados com tecnologia alemã ao teatro de guerra na Ucrânia. Também permitiu, de forma ostensiva e militante, a entrada de navios de guerra do Irã no porto do Rio de Janeiro. Negou-se, aí, a atender um pedido expresso dos Estados Unidos.

Também violou um preceito básico das democracias mundiais, que consideram o regime iraniano um incentivador ativo do terrorismo internacional e não permitem que mande navios para os seus portos. Para que isso? Para mostrar o que os diplomatas de Lula chamam de “independência”.

Seu recado para o mundo é aquela coisa terceiro mundista de 70 anos atrás, burra, obtusa, com prazo de validade vencido e, mais do que tudo, diretamente contrária aos interesses do Brasil: “Gostamos do Irã, da Palestina, das ditaduras bananeiras, do terrorismo, do subdesenvolvimento. Não gostamos dos países que deram certo”.

J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 


sábado, 4 de março de 2023

Uma proposta safada - Revista Oeste

J. R. Guzzo

O que querem, ao exigir a proibição das fake news, é proibir a publicação de tudo aquilo que não querem ver publicado. É censura, só isso

 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Freepik

 Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Freepik 
 
Só existe uma coisa que faz sentido dizer em voz alta, em todo esse debate histérico sobre a questão das fake news e de seu irmão-gêmeo, o “discurso do ódio” — trata-se de um problema que simplesmente não existe em qualquer ambiente de discussão honesta. 
O governo Lula, a esquerda e os jornalistas dizem 24 horas por dia que o assunto é desesperadamente essencial para a sobrevivência do Brasil, do “regime democrático” e da humanidade.  
Não é, nunca foi e nunca será nada disso. 
Trata-se apenas, no mundo das realidades, de um conto do vigário brutal, degenerado e totalitário. 
 Ninguém, entre os seus apóstolos, tem o mais distante interesse em evitar a divulgação de notícias falsas, ou qualquer outro propósito com um mínimo de decência — a discussão, do começo ao fim, foi 100% inventada pela esquerda para reprimir a liberdade de expressão.  
O falso, aí, não são as notícias; são as intenções de quem prega a virtude, a limpeza e a verdade no noticiário. O que querem, ao exigir a proibição das fake news, é proibir a publicação de tudo aquilo que não querem ver publicado. É censura, só isso. Todo o resto é mentira — aí sim, mentira mesmo.

A esquerda brasileira, com Lula à sua frente, não admite, pura e simplesmente, o conceito universal de liberdade. Ela é igual a todas as esquerdas que existem e jamais existiram

Não há nenhuma complicação especial nessa história. A questão toda se desmancha em 30 segundos, não mais que isso, quando se constata um fato elementar e indiscutível: todas as ditaduras do mundo, sem nenhuma exceção, têm sistemas de repressão às notícias “falsas” e ao “discurso do ódio”. 
É assim em Cuba, Venezuela, Nicarágua, China, Coreia do Norte e por aí afora em todos os lugares do mundo onde os governos se apresentam como de esquerda, “progressistas” e dotados de “democracias populares”
Da mesma forma, não existe democracia séria no mundo, também sem nenhuma exceção, onde o aparelho do Estado se mete a decidir o que é falso e o que é verdadeiro — e proíbe a publicação do que quer que seja na mídia ou nas redes sociais. Se alguém, ao se manifestar em público, prejudica a sociedade ou a algum indivíduo, vai ser processado por difamação, injúria e calúnia, na forma da lei — ou responsabilizado pelo que fez numa corte de justiça. 
O resto é ditadura; é resultado direto da perseguição fanática à liberdade que está na alma de todos os regimes de “esquerda” que jamais apareceram sobre a face da Terra. É exatamente isso que o governo Lula quer para o Brasil, com sua ideia fixa de criar o “controle social” sobre os meios de comunicação.
Nicarágua prisões opositores
Ortega e Lula têm relação estreita | Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência 
Brasil

A chave da questão está num fato fundamental: a esquerda brasileira, com Lula à sua frente, não admite, pura e simplesmente, o conceito universal de liberdade. Ela é igual a todas as esquerdas que existem e jamais existiram. 

Desde 1917, quando apareceu o primeiro regime socialista no mundo, nunca houve um caso, um único que fosse, de governo de esquerda que respeitasse a liberdade — ao contrário, é a primeira coisa que destroem e, depois, a que mais perseguem com as suas polícias secretas e campos de concentração. 
Por que Lula, o PT e a esquerda fariam diferente no Brasil? 
Por acaso são mais virtuosos, ou mais honestos, ou mais íntegros que os esquerdistas que ocuparam governos nos últimos 100 anos através do planeta? É claro que não
Desta vez, inclusive, o presidente abandonou à esquerda radical o controle sobre a maior parte do seu governo — trata-se de gente empenhada em mudar o regime, e não em governar o país. 
Declaram, abertamente, que querem acabar com a “democracia formal”, ou burguesa, ou liberal no Brasil. 
 Pregam a extinção da propriedade privada, tal como ela é entendida hoje. O pecado mais grave do seu catecismo é a liberdade individual.
 
A ideia geral de “combater as fake news” é integralmente safada. Tudo parte de uma proposição virtuosa — criar um mundo onde só circulem notícias verdadeiras.  
Quem não gostaria disso? O governo, a esquerda e a mídia colocam uma questão velhaca para o público: “Você acha que está certo as redes sociais e a imprensa publicarem mentiras?”. É claro que todo mundo diz que não, não está certo. Então “a população brasileira” está contra as fake news, diz o PT — e se está contra as fake news está a favor do “controle social da mídia” que o governo Lula mais as facções que o apoiam querem impor ao Brasil. 
É uma contrafação completa. Vendem-se obviedades falsificadas, do tipo: “A liberdade não pode ser ilimitada”, ou “a liberdade de expressão não pode ser usada para cometer crimes”, ou a “liberdade de um não pode prejudicar os direitos de todos” etc. etc. Claro que não. 
Mas quem é de fato a favor da liberdade de opinião e dos direitos que estão escritos na Constituição Federal não é absolutamente a favor de nada disso — ao contrário, acha que todos devem ser responsáveis pelo que divulgam ao público, segundo dispõem o Código Penal e a legislação civil. Toda essa filosofia de curso primário, na qual a esquerda sustenta que a liberdade de expressão não pode ser utilizada para se fazer o mal, é tapeação pura. O que querem, mesmo, é suprimir o pensamento livre e ganharem o poder de decidir o que pode e o que não pode ser dito.

O propósito de um noticiário onde só seja publicada a verdade é sem dúvida admirável; é, ao mesmo tempo, algo perfeitamente impossível de se obter no mundo das realidades. O fato objetivo é que não há a mais remota possibilidade de definir o que é realmente verdade ou mentira, e isso acontece por uma razão elementar: como não haverá revelação divina a respeito dessa definição, alguém terá de decidir o que é falso ou não é. 

E aí — quem decide? Xeque-mate. Quem decide é um grupo de pessoas, obrigatoriamente. 
E por que diabo esse grupo de pessoas teria mais direito do que aquele para dizer o que é fake news e o que é news verdadeira? 
Não há, humanamente, como responder a essa pergunta; é uma dificuldade que apareceu no primeiro minuto do debate e jamais será resolvida com um mínimo de lógica. 
Nos regimes de esquerda a tarefa de dizer o que é falso foi entregue à polícia. 
No Brasil, por trás da hipocrisia e da mentirada de sempre, querem fazer igual. E então: você confia que um órgão do governo vai ser honesto o suficiente para lhe dizer o que é ou não é a verdade?

As primeiras amostras do que Lula pretende fazer a respeito são um desastre. Não basta a “Secretaria Nacional da Verdade” que montou, de forma ilegal, na Advocacia-Geral da União. Não bastam as múltiplas milícias espalhadas pela máquina estatal para reprimir o pensamento livre. Não basta o inquérito criminal perpétuo (acaba de ser estendido pela sexta vez) que investiga fake news para salvar “o estado democrático de direito”. Acabam de inventar, no novo “Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania”, um “grupo de trabalho” que é a própria cara do governo nessa história toda de “controle social da mídia”

Sua função, pelo que deu para entender, é propor “soluções” — em “180 dias” — para acabar com o “discurso do ódio” e o “extremismo” no Brasil. Que tal? O grupo tem 29 pessoas; todas, sem exceção, são da mesma linha política de esquerda. Mas não caberiam um ou dois membros — vá lá, um só que seja — com opiniões diferentes dos demais? Não, não caberiam; as decisões, ali, serão sempre tomadas por unanimidade. 

A coordenadora, uma ex-deputada do Partido Comunista — mais uma, na extraordinária manada de perdedores que ganharam empregos no governo Lula —, disse que vai combater crimes como a “misoginia”, que as depredações do 8 de janeiro foram causadas pelo “discurso do ódio” e por aí se vai. “Misoginia”
A definição universal da palavra diz que ela significa aversão a relações, inclusive sexuais, com mulheres. Desde quando isso é crime? É essa a qualidade dos nossos tribunais de promoção da verdade.
O problema de Lula, do PT, e da esquerda mundial se chama internet, ou redes sociais. 
A internet foi a maior conquista jamais obtida pela liberdade humana — pela primeira vez, desde que o homem saiu da caverna, a humanidade toda, sem exceção de um só indivíduo, ganhou a possibilidade de manifestar o que pensa, para todo o mundo e ao mesmo tempo, sem controle de governos, padres e déspotas em geral. 
Há, é claro, a vigilância exercida pelas próprias plataformas de comunicação; elas podem vetar a publicação de coisas que seus dirigentes não gostam, ou excluir pessoas e assuntos das redes. Mas não há a polícia política, nem a censura, nem o resto do aparelho de repressão do Estado dando ordens na internet. 
É uma situação insuportável para as ditaduras de todo o mundo — e para o governo de Lula e do PT. 
 
A teoria predominante na esquerda de hoje, segundo a qual não se toma mais o poder através de revoluções, mas pela ocupação da mídia, da universidade e da nebulosa chamada “cultura”, foi muito bem entendida pela militância política e gerou muitos resultados em seu benefício. 
Mas não foi capaz, até agora, de colocar a internet sob o comando de algum comitê enfiado num “Ministério de Direitos Humanos” da vida, ou coisa que o valha. No Brasil a esquerda controla as redações e as salas de diretoria dos órgãos de comunicação, mas não controla as redes sociais — e é aí, não na imprensa tradicional, que está realmente a audiência
Nenhuma ditadura do mundo se conforma com isso. Lula e seu governo também não.
Ilustração: Shutterstock

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J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste