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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

A Constituição de nariz quebrado - Percival Puggina

"Crês que a oposição vai derrotar a esquerda com discurso sobre ética? Com teses sobre o Brasil? 
Com visão de história? 
Com críticas construtivas? 
Papo furado, cara!". Meu amigo continuou a descrever suas observações:  "O PT começa a trabalhar o eleitor desde que ele entra na estufa da maternidade. Lá já tem uma atendente criticando "o sistema". 
 
Essa conversa aconteceu em algum momento do final do governo Dilma I e, no fundo, as coisas ainda estão muito parecidas com isso. 
A apropriação das mentes começa cedo e passa pelas experiências coletivistas do maternal. 
Engrossa nos cursos fundamental e médio quando o sistema cai nas mãos dos pedagogos marxistas, dos discípulos de Paulo Freire, do politicamente correto e dos “coletivos” étnicos ou identitários. 
Vai promovendo a relativização da verdade e do bem, a tolerância com tudo que está errado e a intolerância para com quem se atreve a apontar quaisquer erros na ortodoxia esquerdista
E vai adiante com o controle dos sindicatos, dos fundos de pensão (oba!), dos movimentos sociais, de uma constelação de ONGs (oba!), dos cursos de graduação e de pós, das carreiras jurídicas, dos seminários e cursos de teologia, da CNBB, da Globo, da cozinha dos jornais, do escambau
Se o convidarem para um Clube do Bolinha, leitor, em seguida você descobrirá que o Bolinha que manda é companheiro.

Quando eu estava desfiando a lista, meu amigo perguntou: "Os sindicatos a que te referes são de trabalhadores ou patronais?", ao que eu esclareci - "De trabalhadores, claro". Mas ele me advertiu que também as organizações patronais se aparelham quando o partido assume o controle do Tesouro e do BNDES. Imagine o leitor: temos no Brasil empresários tão petistas quanto seus operários. E arrematou: "Por motivações opostas".

Ninguém pode acusar o PT e sua parceria esquerdista, quando fora do governo (de qualquer governo), de fazerem oposição cordial, bem educada, respeitosa, construtiva. 
Como o boxeador martela o fígado do adversário, sistematicamente eles cuidam de desfigurar a imagem do opositor. Nariz, lábio, supercílio, orelha. Vencido o pleito, ocupada a cadeira, o que passam a cobrar de seus opositores? Colaboração e fidalguias. Talquinho e perfume. 
E até a pequena oposição que no Congresso Nacional resiste às tentações inerentes ao cabaré do Erário passa a ser acusada de radicalização e impertinência, polarização (!) e discurso de ódio.

Aqui, desde meu ponto de vista, o nariz quebrado que vejo é o da Constituição, o supercílio aberto é o do Estado de Direito, o lábio esmigalhado é o da liberdade de expressão e a orelha rasgada é a do direito à informação e do respeito à intimidade da vida privada.

Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

domingo, 14 de janeiro de 2024

O vírus patológico da mentira - Alex Pipkin, PhD

Já opinei, afirmando que a pior crise desta nova era “progressista”, é a moral. Estamos, de fato, mergulhados em um mar sujo repleto de lama, de omissões, de distorções, de mentiras, de hipocrisias e de incontroversas maldades.

O triste momento civilizacional vem embalado de muitas ilusões, de desejos insaciáveis de enganar, de manipular, sendo propício para o emprego de narrativas e de falácias, a fim de que a verdade dos fatos seja rejeitada. E os fatos, os dados e as evidências existem, fartamente.

Todos nós, de alguma forma, mentimos. No entanto, é muito distinto uma distorção da realidade, de maneira eventual, tipo aquela do falso elogio, daquela que é proferida habitualmente, com o claro objetivo de encobrir e corromper a verdade objetiva.

Atualmente, na cena empresarial, política, cultural e social, o que se vê, com sobras, são sujeitos deliberadamente mentindo, rejeitando a verdade, visando a obtenção de algum tipo de benefício individual e/ou grupal.

O vírus patológico da mentira compulsiva contaminou uma enormidade de gente, de todos os matizes. De forma isolada, os mentirosos contumazes não enganam por muito tempo. A verdade dá uma volta ao mundo, mas aparece.

Porém, quando agrupados, e se utilizando de veículos propagadores da corrupção da verdade, como se vê hoje com a “ex-mídia”, o estrago e seus efeitos são abissais e malignos.

Não é difícil perceber que indivíduos, de tanto utilizarem falsas narrativas, em todas as esferas, muitas vezes, acabam acreditando em suas próprias mentiras e falácias; uma legítima psicopatia.

Na seara política, é justamente ai que reside o mal. Não existe perfeição terrena, o mundo é como ele é. Desejos utópicos indicam a projeção de aspirações de como o mundo deveria ser. Evidente que na realidade vivida há mazelas e injustiças, e tantos outros problemas de cunho econômico-social. 
Contudo, no reino da doutrinação de utopias, mentes carentes e idealistas - por vezes, doentias -, creem que vale a pena adotar, como objetivo de vida a ser perseguido, a perpétua luta contra a opressão. Claro que não.

Essa é, de fato, uma estratégia que denota não só manipulação, como também, uma espécie de escapismo inconsequente, pois utopias não só são ilusórias, como igualmente, matadoras.

Penso que, de certa forma, a banalização da mentira e da imoralidade, sejam o resultado das propaladas utopias coletivistas e do desejado fim do “opressor” sistema capitalista.

O sonho é o fim da opressão de capitalistas malvados, e a distribuição da “riqueza”, sem a respectiva geração de riqueza.

O decrescimento econômico é mais um dos ilusionismos coletivistas. Por isso, existe tanto esforço e narrativas pregando a necessidade de se “estabilizar as economias”, e de se alcançar objetivos sociais e ecológicos.

Quando sectários ideológicos acreditam que estão doutrinando e lutando pela justiça divina na terra, ou seja, que estão almejando o alcance de um suposto bem, tipo o da igualdade impossível, esses omitem, distorcem, mentem e afirmam meias-verdades. Enfim, operam tudo em nome de uma “causa nobre”. Tudo isso, de maneira genuína, destrói o respeito à verdadeira alteridade dos indivíduos.

Esses não se sentem nenhum pouco constrangidos, mesmo que para a obtenção dos fins desejados, haja tirania, mortes, fome, miséria e pobreza.
Desnecessário trazer à tona fatos e evidências quanto à inviabilidade das práticas coletivistas, inexistem quaisquer tipos de julgamento moral, eles sempre dão um jeito de “racionalizar”.

A ânsia pelo espetáculo do utópico não aparenta ter data para acabar, afinal, faz parte da identidade social dos “justiceiros”.

Tendo em vista que seus objetivos são devaneios perversos - conforme já demonstrado -, eles acabam por contaminar as mentes e os corações de legiões de outros sectários ideológicos, inibindo as possibilidades de discussão e do alcance do real. A lógica não é revolucionária, talvez nos enredos cinematográficos…

A mentira se relaciona umbilicalmente com as utopias. Metas inatingíveis só podem ser racionalizadas por meio de mentiras, de falsidades e, claro, de utopias.

Vejam, os maiores e mais imorais massacres coletivistas da história humana - vide Lênin, Mao - abusaram da corrupção da verdade e do real, a fim de tornar o sonho uma possibilidade alcançável.

O mundo é imperfeito, uma constatação lógica. Mas é preciso um giro de 180 graus para trazer de volta um dos ingredientes capaz de mitigar mentiras descaradas e a normatização da hipocrisia: o realismo.
Muito difícil. Essa turma de políticos coletivistas, e seu rebanho de comparsas, saliva espontaneamente, como os cães de Pavlov, com quaisquer quimeras econômicas e/ou sociais.

Contudo, não é mais suportável conviver com a rejeição do real, em prol do fanatismo pelas utopias irrealizáveis.

Triste. Estamos cada vez mais distantes desse essencial realismo. Triste.

Alex Pipkin, PhD

 

sábado, 18 de novembro de 2023

“Sem apresentar provas”, Lula disse que ...- Percival Puggina

         Que não se pode esperar de Lula apreço à verdade e raciocínio lógico é coisa sabida
Faltam-lhe sapatos para seguir esse caminho. 
A exemplo de todo radical, o que ele entende por lógica é um pensamento custodiado pelo interesse político. Se necessário, deixa de lado os fatos e a verdade adaptando-os às próprias conveniências. 
Por isso, conforme o público que tenha diante de si, Lula adota com naturalidade discursos divergentes ou mesmo contraditórios.

Ao receber os brasileiros que quiseram sair de Gaza, ele disse:

“Eu já vi muita violência, mas eu nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana, contra inocentes. Se o Hamas fez o que fez, Israel comete o mesmo terrorismo. Crianças e mulheres não estão em guerra. Completa destruição de tudo com uma simples bomba, sem ninguém assumir responsabilidade. Que vocês tenham algum dia a liberdade de reconstruir seu país, como os judeus tiveram”.

Logo depois, afirmou nunca ter sabido de uma guerra em que crianças fossem as “vítimas preferenciais”. Tal afirmação constitui falsa denúncia! “Sem apresentar provas”, como dizem a Globo, a CNN e tantos outros veículos de igual calibre quando contrariados, pretende atribuir um ânimo infanticida à reação de Israel ao ataque do Hamas. A leviana acusação serve tão bem aos atuais interesses políticos do grupo terrorista que poderia ter sido proferida em árabe.

Na frase acima transcrita, Lula faz uma cortesia adicional ao Hamas, colocando o ato terrorista inicial do conflito no condicional: “se o Hamas fez o que fez” ... 
Esperteza demais é burrice e se revela quando ele alerta para o fato de que “crianças e mulheres não estão em guerra”, como se alguém não soubesse que a guerra começou exatamente porque o Hamas a iniciou atacando jovens civis numa festa rave e chacinando crianças, mulheres e homens em assentamentos civis nas proximidades de Gaza. Note-se: foram os alvos não apenas preferenciais, mas as exclusivas vítimas daquelas ações.
 
Já afirmei antes, repito: o Hamas colocou em risco a população civil palestina ao se valer dela como escudo humano. 
O Hamas sequestrou centenas de judeus e já havia sequestrado a inteira população de Gaza. Age como o criminoso que se protege covardemente com o corpo da vítima que capturou, instalando-se em prédios habitados pela população civil, escolas e hospitais, servindo-se até de ambulâncias para se evadir entre feridos da área de conflito! 
O que nunca se viu, Lula, é um país em guerra ocultar suas instalações militares, seus arsenais e suas tropas em meio à população civil que lhe caberia proteger.

Lula pode querer arrastar o Brasil ao esgoto da geopolítica mundial. Mas a pátria – a pátria de Bonifácio, Pedro II, Isabel, Caxias, Rio Branco, Mauá, Silveira Martins, Nabuco, Ruy e tantos outros que a história crítica esquerdista trata de esconder – não irá!

Esse governo, ao mesmo tempo que constrange, torna a virtude da esperança absolutamente indispensável.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

domingo, 5 de novembro de 2023

Cada bombardeio sobre Gaza aumenta o apagamento dos civis - O Globo

Dorrit Harazim


Uma nota de rodapé da edição brasileira de “Ellis Island” — pequena preciosidade sobre a errância humana escrita por Georges Perec no início dos anos 1980 — ensina que a palavra Emet, em hebraico, significa “verdade”; contudo, se dela cortarmos a primeira vogal, ela passa a significar “morto”.  
Essa proximidade etimológica adquire sentido redobrado nos dias atuais, em que o menor descuido com a verdade pode significar mortandade múltipla. 
Nestes tempos em que o mundo está horrendo de feio, odiento e odioso, qualquer sinal de lucidez é bem-vindo. 
 
O escritor e jornalista americano Ta-Nehisi Coates, autor de aclamada investigação sobre o que é ser negro nos Estados Unidos (“Entre o mundo e eu”), contou em entrevista recente por que decidiu juntar sua voz à causa palestina
Convidado a participar de um festival literário na Cisjordânia, ele se preparara lendo tudo o que lhe caía em mãos sobre o conflito. 
Percebeu que todas as reportagens, textos de opinião ou editoriais da mídia ocidental qualificavam o impasse como “complexo”, de alta “complexidade”. Pensou então que levaria tempo para discernir o certo do errado, compreender as raízes morais de cada convicção. Equivocou-se:

— O mais chocante de minha estadia lá foi constatar quanto a questão é descomplicada — contou ao programa “Democracy now!”.

A realidade da ocupação lhe gritou na cara já no segundo dia da viagem. Ele e o grupo de escritores convidados estavam na cidade de Hebron, ciceroneados por um guia palestino. Chegados a determinada rua, o anfitrião esclareceu que eles poderiam prosseguir sozinhos, se quisessem — para o guia nascido naquele chão, o trânsito estava proibido. Tudo ficou tão claro. E tão familiar. Eu me encontrava novamente em território onde a mobilidade é inibida, onde o direito à água é inibido, o direito à moradia é inibido, os direitos básicos, inclusive o direito ao voto para poder eleger a democracia, são inibidos — constatou.

Esta é a quinta guerra dos últimos 15 anos entre o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e o Estado de Israel
É, também, a mais brutal e carniceira de parte a parte, escancarando a falência de soluções que visam à eliminação pura e simples do inimigo. Cada clarão lunar de bombardeio israelense sobre Gaza, cada novo avanço a ferro e fogo para tentar aniquilar os tentáculos subterrâneos do terror só aumenta o apagamento da população civil desgarrada. 
 
Até agora, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu é o único integrante do gabinete de guerra israelense a não admitir ter falhado na proteção do Estado contra o ataque do Hamas de 7 de outubro. 
Os chefes das Forças Armadas de Defesa e da Inteligência Militar, o diretor da agência de inteligência Shin Bet, o atual ministro da Defesa e até mesmo seu antecessor já reconheceram alguma responsabilidade na matança de 1.400 judeus e no sequestro em mãos terroristas de outros 240.  
Quando pressionado, Netanyahu responde que todos, inclusive ele, deverão responder a uma futura investigação, mas que sua responsabilidade é uma só: vencer a guerra. 
 
Sem chance. Montado num poderio bélico capaz de exterminar a liderança do Hamas e de implodir a infraestrutura terrorista no enclave, ele talvez até consiga vencer sua guerra de terra arrasada, a qualquer custo. Nessa eventualidade, terá perdido o principal: a paz. Tanto a paz interna num Israel dilacerado e órfão de sua história democrática quanto a paz externa na comunidade das nações.  
A História dá voltas que nem ela mesma consegue assimilar devidamente. Nesta semana, o governo da Alemanha solicitou ao governo de Israel que proteja os palestinos da Cisjordânia ocupada do surto de violência a que têm sido submetidos por soldados e colonos judeus. Repetindo: a Alemanha saída do nazismo pede a Israel nascido do Holocausto que não maltrate determinado povo.

Em meio a todo esse horror, a semana termina com Ta-Nehisi Coates e o secretário de Estado americano, Antony Blinken, constatando o óbvio. A solução futura, em algum momento, enunciou Blinken, são “dois Estados para os dois povos, o que julgamos ser a melhor garantia — senão a única — para um Israel judeu, seguro e democrático”. Que seja ainda neste decênio.

Dorrit Harazim, colunista - O Globo 

 

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Com HC de Nunes Marques, responsável por inteligência do DF não irá à CPMI

Ex-subsecretária de Anderson Torres no Distrito Federal, Marília Alencar vai faltar à Comissão 

Ministro Kassio Nunes Marques -

 O ministro do STF Kassio Nunes Marques - (Fellipe Sampaio/STF)

A ex-subsecretária de Inteligência do Distrito Federal, Marília Ferreira Alencar foi convocada à CPMI do 8 de janeiro, mas vai faltar à oitiva respaldada por um Habeas Corpus concedido pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF. Ela iria à Comissão como investigada. “Concedo a ordem de habeas corpus para dispensar a paciente, caso queira, de comparecer perante a CPMI do 8 de Janeiro, em caso de opção pelo comparecimento, garantir-lhe o direito ao silêncio, e não assumir o compromisso de falar a verdade”, escreveu Nunes Marques na decisão. 

Marília já prestou depoimento à outra Comissão Parlamentar de Inquérito, a da Câmara Distrital do DF, com o mesmo objetivo de apurar as responsabilidades do atentado do dia 8 de janeiro aos prédios públicos da Praça dos Três Poderes. Na ocasião, ela disse que o setor de Inteligência “não fracassou” e que as “informações circularam”. 

Alencar era a responsável pela inteligência lotada na Secretaria de Segurança Pública do DF, chefiada por Anderson Torres, que estava de férias nos Estados Unidos, no dia da invasão às sedes dos Poderes da República. 

Em vez de Marília, a CPMI vai escutar nesta terça-feira a policial Marcela da Silva Morais Pinno arremessada ao chão da cúpula do Congresso Nacional, uma altura de aproximadamente 3 metros.

Radar - Coluna Revista VEJA


sexta-feira, 25 de agosto de 2023

TV Globo é obrigada a noticiar a verdade e inimigos de Bolsonaro e do Brasil, perdem a principal testemunha

Globo se vê obrigada a noticiar a verdade. Bateu o desânimo na redação 

Aliás,  testemunha que é uma testementira e um dos maiores mentirosos do Brasil. O MAIOR MENTIROSO dispensa apresentações, todos sabem quem é.
 

Veja vídeo do locutor da Globo se explicando  


Veja acima vídeo do Trali  tentando se explicar

Mais lorotas vão caindo por terra e algumas não dá nem pra não noticiar.

 

 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Aí tem coisa! - Percival Puggina

 

      Na tarde do dia 8 de janeiro e nas horas seguintes, diante das cenas exibidas à nação, dezenas de milhões de brasileiros pressentiram que o filmado e exibido não estava bem contado. “Aí tem coisa!”, pensaram. No STF, o ministro Alexandre de Moraes, tuitou:

“Os desprezíveis ataques terroristas à Democracia e às Instituições Republicanas serão responsabilizados, assim como os financiadores, instigadores, anteriores e atuais agentes públicos que continuam na ilícita conduta dos atos antidemocráticos. O Judiciário não faltará ao Brasil!”.

Na noite do mesmo dia, no Inquérito 4.879, o ministro apreciou vários pacotes de solicitações. 
Eram pedidos da AGU, do senador Randolfe Rodrigues, do Diretor Geral da PF e da Assessoria de combate à desinformação
Na decisão, ainda referindo o episódio num contexto de ataques terroristas, determinou a desocupação e prisão imediata dos ocupantes de todos os acampamentos, a prisão de Anderson Torres, Secretário de Segurança do DF e aplicou a Ibanez Rocha, governador do DF, a pena alternativa de afastamento do cargo, ocasionando a subsequente intervenção federal.

No dia seguinte, a senadora Soraya Thronicke (UB-MS) formalizou o pedido de CPI para investigar os atos da véspera. A medida contava com apoio, entre outros, dos senadores Jacques Wagner, Randolfe Rodrigues, Humberto Costa, Eliziane Gama, Katia Abreu. 

Enquanto a banda afinada do jornalismo brasileiro tudo registrava num foco muito fechado, desatenta às contradições presentes nas cenas, dezenas de milhões de brasileiros, seguiam comentando, também uníssonos: “Aí tem coisa!”.

Na 4ª feira 18 de janeiro, o presidente Lula, atribuindo a Bolsonaro a incitação àqueles atos, declarou ser contra a CPI solicitada pela senadora Soraya: “Nós temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país. Uma comissão de inquérito, ou seja, ela pode não ajudar e ela pode criar uma confusão tremenda. Nós não precisamos disso agora”.

Ouvindo isso, outros milhões de cidadãos se juntaram à multidão dos que murmuravam a seus botões: “Aí tem coisa!”.

A oposição também apoiava a CPI. Contudo, embora já assinada por mais de 40 senadores, o ativo e determinado presidente do Senado (surpresa!) acabou sepultando-a, com a alegação de que em janeiro de 2023 e antes da posse da nova legislatura, em 1º de fevereiro, todos os seus signatários eram “da legislatura anterior”. 
Cumpria-se o desejo do governo e morria a já então indesejada CPI. 
Sim, havia alguma coisa ali.

Três meses – três meses! – já tinham transcorrido quando, em 19 de abril, apareceram vazaram as cenas do general G. Dias e de outros integrantes do Gabinete de Segurança Institucional circulando e, biblicamente, dando de beber a quem tinha sede durante a invasão do Palácio do Planalto. Sim, sim, havia alguma coisa ali.

Os rumores que partem do silêncio longamente internalizado, escrevi outro dia, precisariam de um “sismógrafo” como os que registram os primeiros estertores vulcânicos. A exemplo deles, acabam vindo à superfície e se transformam em fatos. Nasceria, assim, a CPMI dos atos do dia 8 de janeiro. Na “bacia das almas” onde se negociam as consciências, porém, a CPMI já nasceu com maioria governista...

Sem a nobreza das performances circenses, sem o talento dos atores de teatros mambembes, sem o profissionalismo que caracteriza as operações desinformação, a CPMI não ouviu e não ouvirá o general G. Dias nem o ministro Flávio Dino. Aí tem! 
Esquecem-se os senhores de baraço e cutelo dessa coisa teratológica em que se transformou a política brasileira, que uma comissão parlamentar de inquérito não é um instrumento das minorias “nos legislativos”, mas é um instrumento da sociedade! 
CPIs não são do legislativo para o legislativo ou para os parlamentares, mas para a nação! 
Que raça de políticos e de representantes é essa? 
Mais uma vez esquecem que são apenas representantes e não negociantes? 
Temos ainda um Congresso ou ele já virou uma quitanda?

Comprando votos parlamentares na “bacia das almas”, com número crescente de congressistas afundado em poltronas do plenário, apertando teclas em obediência a ordens dos donos dos partidos vendidos à base do governo, fecha-se a tornozeleira no pescoço da verdade!

Não sei o que é mais desolador:

- o que uns e outros fazem com os fatos;

-  o modo de não mais julgarem necessário ocultar o que fazem;

- o modo como a velha imprensa relata o que convém como lhe convém;

- o fato de o STF tomar esse jornalismo serviçal, cuja opinião prescinde dos fatos, como referência para impor disciplina e acabar com a liberdade das redes sociais.

Mas que aí tem coisa, tem!

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

 

 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

O ministro sem dúvidas e o país das incertezas - Augusto Nunes

Revista Oeste

Alexandre de Moraes mantém o recorde mundial de inquéritos secretos e prisões sem julgamento

 

Alexandre de Moraes, ministro do STF | Foto: Montagem Revista Oeste/Marcelo Camargo/Joedson Alves/Agência Brasil

  “Com um ano e meio de Supremo, o meu gabinete já era o melhor”, louvou-se Moraes nesta terça-feira, 13, ao conversar em Brasília com dois jornalistas da revista Piauí. 
A maior celebridade do Poder Judiciário é avessa a entrevistas. 
Mas o diálogo com Carol Pires e Felipe Recondo evocou a precisa imagem do cantor Jamelão: Moraes estava feliz como pinto no lixo.  
Faz sentido. Como os juízes do Supremo, jornalistas e funcionários da revista financiada por João Moreira Salles têm emprego vitalício, sejam quais forem o número de exemplares vendidos e o volume de anúncios. 
O fundo criado por Salles com o embolso antecipado da parte da herança que lhe cabia é suficiente para que os salários, mesmo que a publicação desapareça, sejam pagos em dia até o fim dos tempos.  
Mais: a cada edição, Piauí reafirma que o regime democrático só escapou do enterro em cova rasa porque Moraes compreendeu que o Estado de Direito está acima de tudo — acima até da Constituição. E, para preservar a liberdade, instituiu o que chama de “liberdade com responsabilidade”. (A expressão foi usada pela primeira vez em 13 de dezembro de 1968. Nesse mesmo dia nasceram Alexandre de Moraes e o Ato Institucional nº 5.)
 
Tais afinidades facilitaram a conversa sobre o que entrevistadores e entrevistados qualificam de “atos golpistas de 8 de janeiro”.  
O próprio Moraes colocou em pauta perguntas essenciais. 
Quando será definido o destino da multidão formada por uns poucos culpados e incontáveis inocentes presos sem julgamento, homens e mulheres desprovidos de advogados, sem acesso às acusações sigilosas? 
Quando serão devolvidas à plena liberdade centenas de brasileiros torturados pelo uso diuturno de tornozeleiras? 
E então começou o espancamento simultâneo da Constituição, dos códigos legais e da língua portuguesa: “Espero que em até seis meses todos os processos estarão acabados. O prazo pode passar porque ainda não conseguimos terminar o finalzinho do recebimento das denúncias porque alguns foram trocando de advogados”, desandou Moraes no dilmês rústico. “Mas pelo menos aproximadamente 250, que são os crimes mais graves e estão presos, esses em seis meses com certeza o Supremo vai encerrar.”

Caiu em desuso, portanto, o princípio jurídico segundo o qual o ônus da prova cabe à acusação. Agora cabe ao inocente provar com vídeos e fotos que a acusação é falsa

Segundo o ministro, a aceleração do ritmo de julgamento só se tornou possível porque a Procuradoria-Geral da República engoliu sem engasgos outra inovação: as denúncias serão feitas em bloco — 30 por vez. 
Se não houver a individualização de condutas, murmurou o entrevistador, os advogados dos réus poderão dizer que o direito de defesa foi prejudicado. “Quem afirma isso não entende nada de Direito Penal”, impacientou-se o entrevistado. “Se agora começar uma rixa, um batendo no outro, quem estava lá participou. São condutas múltiplas. Não preciso dizer que fulano quebrou a cadeira A ou riscou o carpete B. Estar lá já é crime.” Ou seja: se fosse juiz de futebol, Moraes só precisaria do cartão vermelho para enquadrar os envolvidos numa briga generalizada: expulsaria os agressores, os agredidos, os que tentaram apartar, os que se mantiveram neutros e também os gandulas que torceram por um dos bandos. 
Terá alguma chance de absolvição apenas quem provar que nada fez, amparado em imagens que documentem as depredações ocorridas no dia 8. “Nesse caso, alguns crimes caem”, confirmou o entrevistado. Caiu em desuso, portanto, o princípio jurídico segundo o qual o ônus da prova cabe à acusação. Agora cabe ao inocente provar com vídeos e fotos que a acusação é falsa.

 

 

 Foto: Reprodução

Fake news, prefere o ministro que, apesar da trabalheira que lhe dá o desmonte do único golpe de Estado da história tramado por civis desarmados e sem líderes, encontra tempo para presidir o Tribunal Superior Eleitoral, prender senadores avulsos, lutar contra as big techs, obstruir o avanço das redes sociais, demarcar as fronteiras que separam a mentira e a verdade, confiscar os direitos políticos de Bolsonaro, bloquear uma floresta de contas bancárias, dissolver gabinetes do ódio e tocar meia dúzia de inquéritos sem os quais o Brasil que elegeu Lula não se livrará do pesadelo incomparável: dormir numa democracia e acordar sob o jugo de uma ditadura de extrema-direita. 
 Na entrevista, o ministro fez questão de dividir o acervo de proezas com os parceiros do Timão da Toga: “Eu entendo que a mídia precisa sempre de um personagem, mas tudo o que foi feito foi referendado pelo plenário do TSE”. (Como disse o próprio Moraes, “tem muita gente pra prendê, muita multa pra aplicá”. Qualquer ajuda é bem-vinda.) 
Mas fez questão de reivindicar a paternidade da grande descoberta: o Brasil está infestado de extremistas de direita, que detestam gente de pele escura e odeiam mulheres.  
Para ser traduzido, o cortejo de vogais e consoantes que denunciou o real problema do país, reproduzido abaixo sem correções nem retoques, exigirá a mobilização de sumidades da linguística e ex-intérpretes de Dilma Rousseff. Confiram: “O grande salto da extrema-direita nas redes sociais foi conseguir pegar no fundo das pessoas aquilo que estava adormecido. Tenho certeza que todos aqui nunca pensaram que tivessem tão próximas pessoas fascistas, racistas e misóginas, numa convivência de anos, e que guardavam isso. Às vezes até soltava uma piadinha besta, mas segurava. A extrema-direita conseguiu fazer não só com que essas pessoas se liberassem, mas tivessem orgulho de posições que antes eram tidas como erradas, mas que foram normalizadas. Essa normalização foi o grande êxito da extrema-direita contra a democracia.”


Ministro Alexandre de Moraes participou do Encontros Piauí (13/6/2023) | Foto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE
Quando fala de improviso, o ministro é tão incompreensível quanto as decisões que toma de dez em dez minutos e anuncia por escrito com a convicção de um Moisés transcrevendo o primeiro dos Dez Mandamentos. 
Para piorar as coisas, muda de direção sempre que lhe convém e passa a defender o avesso do que pregava com o mesmo olhar de quem chega de outro encontro com a Verdade e a Luz. 
Ainda distante da aposentadoria, Alexandre de Moraes inaugurou uma das mais intrigantes ramificações da espécie humana: o homem sem dúvidas que funciona em tempo integral como usina de incertezas.


Leia também “A suprema conversão” 

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste