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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

A guerrilha do Araguaia - parte 3

CAPÍTULO III – Os ressentimentos e a guerrilha das redações

“A sociedade brasileira merece e exige ser esclarecida sobre os fatos da Guerrilha do Araguaia”.

É o argumento justo e irrefutável de todos os que têm cobrado resposta a indagações sobre esse pesadelo político. Alguns na busca honesta de realmente aclarar um passado nebuloso. Outros, infelizmente, na ânsia de tingir de marrom uma parte da mídia ávida só por vender notícia. Outros ainda que, na abstinência do modismo revolucionário, insistem em remoer ressentimentos pela derrota nos campos da luta armada e das idéias.

Aos primeiros, dedicamos o esforço sincero de preencher o vazio deixado pela palavra oficial, pois entendemos que Forças Armadas cumpriram o papel que a lei lhes determinava, não havendo, portanto, justificativa para a opção pelo silêncio. A eles os dois capítulos anteriores já bastam para conformar uma opinião desapaixonada.

Aos demais, impomo-nos a tarefa de prosseguir, com o fim de apontar distorções e denunciar preconceitos. A mentira e a desavergonhada maquinação da notícia não raras vezes são instrumentos de maus profissionais, renomados ou não, mais preocupados com o próprio nome associado às “denúncias” do que propriamente com a veracidade e o conteúdo do que denunciam.

Dessa maneira, temos lido com freqüência “primorosas” reportagens, algumas flagrantes ridicularias, que chegam ao disparate de dar crédito a sandices como a exumação de uma cabeça humana, sangrando, após três meses de enterrada dentro de um saco. Da mesma forma, alguns jornalistas expõem-se ao escárnio por dar crédito a “insuspeitos” testemunhos, como o de um caboclo do Araguaia, que disse ter visto um morador ficar pendurado pelos testículos, que, ao final da tortura, tinham meio metro de comprimento. A qualidade das provas apresentadas também beira o grotesco, como o “reconhecimento” de sua ex-companheira “Valquíria” por “Zequinha” – o já citado matador da cadelinha Diana –, pelo formato do crânio e pelos dentes, em restos mortais desenterrados, após quase trinta anos de sepultados.

Uma ruidosa expedição, enviada ao Araguaia às expensas do contribuinte, aliás, sobrevoou, exaustivamente, a Serra das Andorinhas, em um helicóptero da FAB, guiada por um “arrependido” Coronel da reserva e ex-piloto das Forças Legais, com o objetivo de localizar sepulturas clandestinas na mata densa que recobre a região. O inevitável insucesso do mirabolante intento os decepcionados expedicionários creditaram ao “branco” que turvou os sentidos paranormais do militar. O histriônico episódio teve seu “grand finale” no desembarque em Brasília dos briosos integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, liderados pelo Deputado Luiz Eduardo Greenhalg, que, pessoalmente, fazia questão de ser documentado pelas luzes da mídia conduzindo ossadas humanas que trazia de humildes jazigos do Araguaia, associando-as espetaculosamente a guerrilheiros. Toda essa pantomima ocorreu em outubro de 2001, e, até agora, os despojos jazem esquecidos em alguma gaveta médico-legal. Estão à espera da mágica que os faça adquirir identidade política ou da comiseração cristã de alguém desapaixonado que lhes traga respeito, restituindo-os aos túmulos violados.

De algumas redações têm saído verdadeiros cultores de mitos, que alçam o negro Osvaldão como o Zumbi da Guerra Popular. Dão-lhe destaque até por ser presumido gerador de herdeiros sem paternidade, nascidos de românticas incursões noturnas para serem depois afastados dos pais naturais pelos cruéis militares. Delas também pontuou um açodado cronista político que se deu o exagero de equiparar a vida de João Amazonas de Souza Pedroso ao resumo da história do Brasil.

João Amazonas, fundador do PC do B e um dos pais da aventura da Araguaia, dela desertou para deixar as FOGUERA entregues à própria sorte. Anos depois - precisamente a 16 de maio de 1996, em depoimento à “justa” Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados -, esgrimiu a mentira, sem nenhum respeito à sua condição de homem provecto, ou a menor reverência à memória política do País, declarando com desfaçatez:

“As greves foram proibidas. Os sindicatos interditados. Enfim, com o chamado Ato Institucional n° 5, impôs-se um regime de terror contra o povo, isso sem falar nos planos terroristas do Rio-Centro e das maquinações monstruosas do brigadeiro Burnier, denunciadas pelo capitão Sérgio, conhecido como Macaco.

É nesse ambiente que surge o Araguaia, organizado e dirigido na clandestinidade pelo Partido Comunista do Brasil. Araguaia não era um movimento subversivo, como costuma dizer a repressão, não visava implantar o socialismo no Brasil. Destinava-se a organizar a resistência armada contra a ditadura, já que outras formas de luta não havia espaço para se concretizar nas cidades.

O objetivo político da Guerrilha do Araguaia estava expresso em um documento largamente distribuído entre a população do sul do Pará, intitulado União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo. Esse era de fato o objetivo da luta guerrilheira do Araguaia, um movimento intimamente ligado à população camponesa pobre e sofrida da região”.

A mentira atropelou épocas e objetivos. Amazonas nem de leve se corou ao falar de um movimento com berço programático em 1962, em plena vigência da normalidade democrática, embevecendo os atentos comissários dos direitos humanos com alusões a fatos políticos de uma “ditadura” posterior ao início da tentativa de implantação da sua Guerra Popular Prolongada. A “União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo” nada mais foi do que o nome de fantasia das suas Foguera, já quando o movimento estava em seus estertores, assim denominado em erudito panfleto totalmente fora da compreensão da gente simples e sem instrução da área. Enlouquecido em sua impostura, Amazonas delirou, ao avaliar o efetivo do Exército que seus comandados enfrentaram, citando a presença de vinte mil soldados. Ora, esse número, se verdadeiro, representaria o mesmo que população nativa, o que é um grande absurdo. Ademais, seria inimaginável para o Governo sustentar vinte mil homens em operações, durante três anos, sem despertar nenhuma atenção da opinião pública. Manter essa balela é lamentável, por representar uma ridícula estultice, que ofende o bom senso do povo brasileiro.

Fonte: PRODUZIDO POR TERNUMA REGIONAL BRASÍLIA .

conclui no próximo ...

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