A cada mudança de governo, pensa-se em um plano de transporte diferente para a capital, dizem especialistas
Metrô, ciclovias, ciclofaixas, BRT, faixas exclusivas para ônibus, e um
sistema que divide as empresas por região, para tornar o atendimento à
população mais eficiente. O transporte público no DF tem ferramentas que
deveriam transformar e facilitar a mobilidade urbana. Porém, não é o
que acontece. Os sistemas foram feitos independentes uns dos outros. A
integração é limitada e, na prática, o brasiliense continua a esperar
por horas na parada de ônibus, a correr riscos ao pedalar nas rodovias e
a insistir em juntar dinheiro para comprar um carro, que tampouco é a
solução para o problema do transporte. A reportagem do Correio conversou
com especialistas, ativistas da mobilidade urbana e com representantes
do Governo do Distrito Federal para entender por que soluções que
poderiam melhorar a vida do brasiliense demoram tanto a se concretizar.
De
acordo com o engenheiro de transportes Rafael Stucchi, o problema é
que, a cada mudança de governo, pensa-se em um plano de transporte
diferente para a capital. O estudioso elogia o mais recente deles, o
projeto Mobilidade Ativa, lançado em 25 de maio de 2016, mas lamenta que
haja “muita resistência para seguir adiante”. Um dos braços
do projeto, o Circula Brasília (ciclovias conectadas com o metrô) só
atende Águas Claras e, mesmo assim, não está finalizado. “Há uma falta
de coragem política para implementar um plano pronto. Qualquer
resistência é motivo para estancar o processo ou andar devagar. Isso
acontece com o Circula Brasília, mas não apenas. O metrô é uma linha
estagnada. Fala-se da expansão em Samambaia, em Ceilândia e na Asa
Norte, que também não saem da fase do projeto. Eles (o GDF) não
conseguem sequer ativar as estações previstas da Asa Sul”, critica.
Stucchi também critica o BRT, que, ele destaca, deveria ser uma
alternativa para interligar a capital. A exemplo do metrô, o engenheiro
lembra, o expresso Sul também não foi implantado por completo. O GDF
fala em expandir o serviço para a região norte, atendendo Sobradinho e
Planaltina, mas não há previsão.
Redesenho
“Um
projeto que era visto como uma forma de deixar mais eficiente a
circulação acaba tornando mais penoso o deslocamento do usuário que tem
que fazer transferências em épocas de muita chuva ou muito sol, por
exemplo. Sobre as linhas de ônibus, é necessário redesenhar os trajetos.
O DF está entre as capitais que mais dependem do automóvel para
deslocamento. Existe uma descrença sobre a eficiência do transporte
público. Enquanto o deslocamento por carro for conveniente, as pessoas
não vão entender que o ônibus é mais vantajoso”, destaca.
Ainda
de acordo com o engenheiro, é necessário rever, também, o horário de
circulação dos ônibus. “É preciso que a fluidez do transporte público
seja garantida o dia todo. Outra coisa é o número de ônibus no fim de
semana. A oferta despenca. Com isso, as pessoas passam a contar menos
com o transporte público”, aponta.
O especialista em trânsito e
professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques
concorda. Ele é categórico ao falar sobre a demora na integração do
transporte público: “Não tem muita explicação, a não ser a falta de
determinação política”. “Há uma resistência em favor do transporte
individual. Historicamente, os governos não enfrentam essas forças. A
solução, as pessoas pensam, é comprar o próprio carro, o que não
soluciona o problema”, alerta.
Porta-voz da ONG Rodas da Paz,
Bruno Meireles, também reclama da “falta de uma política única.
“Acompanhamos as políticas do GDF há vários anos. Se conversamos na
Secretaria de Mobilidade, eles têm um corpo técnico bom e o diálogo é
produtivo. Mas, a cada governo, não há política única. Falta uma coisa
ampla, de pensar a mobilidade como um todo”, critica.
Tecnologia
Secretário
adjunto da Secretaria de Mobilidade, Denis Soares admite que “há
deficiências” no transporte público, mas destaca que o serviço oferecido
à população “está entre os melhores do país”. “Não existe
desintegração. Se eu tenho o Cartão Cidadão e quero sair de Planaltina
para Brazlândia, pago apenas R$ 5. Conseguimos integrar os modais e
estamos ampliando isso. Estamos integrando os sistemas de ônibus e
metrô. Hoje, têm algumas catracas que o usuário passa com a integração e
outras com o vale do metrô, mas isso vai acabar. O BRT, apesar de
faltar detalhes, presta serviço de qualidade, com ar-condicionado e
linha exclusiva. Sempre há questionamentos em qualquer lugar do Brasil
ou do mundo, sobre a qualidade do transporte”, afirma.
Denis
Soares acrescenta que com a regulamentação do Sistema de Bilhetagem
Automática (SBA) e do Sistema Inteligente de Transporte (STI) em 16 de
fevereiro, o GDF vai otimizar os serviços prestados. A expectativa é que
ambos os projetos estejam implementados em meados de agosto. “O usuário
não ficará mais 30 minutos esperando o ônibus. Vamos monitorar os
veículos e ele poderá acompanhar isso em um aplicativo. Vai saber enm
quanto tempo passa a linha que quer pegar e a seguinte. Faremos, também,
uma central de vigilância para garantir maior segurança para
rodoviários e passageiros. São ações com entregas concretas. Temos uma
malha cicloviária na faixa de 420km de extensão e contratamos um estudo
para diagnosticar defeitos, pontos de desconexão e ligaremos esses
locais.” [sinceramente, o repórter deveria ter acordado o tal Denis para então iniciar a entrevista;
o cidadão estava dormindo durante a entrevista e sonhou durante toda a entrevista - ou estava sonhando é um descarado mentiroso para imaginar que algum dia o transporte público vai funcionar no DF, ou em qualquer local do Brasil da forma que ele sonhou.
Denis, não precisa falar tanto absurdo para manter teu cargo. O conteúdo da tua entrevista - destacamos em vermelho, como um sinal de perigo - vai fazer você perder o cargo.]
Em análise
O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal
(DER-DF), Henrique Luduvice, diz que a implantação do sistema BRT na
área norte está pronta e foi enviada para análise da Caixa Econômica
Federal. O financiamento para a execução precisa ser incluso no
orçamento geral da União. O planejamento visa a implantação de um
terminal na Asa Norte, antes da área do Torto, que irá pela Estrada
Parque Indústria e Abastecimento (Epia), próximo ao Parque Água Mineral,
seguindo em direção a Sobradinho e Planaltina.
Falta conexão
ÔNIBUS
O
sistema de transporte público de ônibus atende a maior parcela da
população do DF. São 1 milhão de usuários e uma frota de 2.720 veículos.
As melhorias, no entanto, ocorrem a passos de formiga. A licitação do
novo sistema de transporte público aconteceu em 2011. Porém, a gestão do
GDF, à época, manteve o funcionamento nos moldes antigos, o que piorou a
vida dos usuários. Em 2013, o sistema passou a atuar em bacias, mas
usuários continuaram a se queixar da recorrente demora no atendimento.
METRÔ
O
sistema metroviário conta com 29 paradas, sendo 24 em funcionamento e
atende 170 mil passageiros por dia. Embora essenciais para a vida dos
usuários do transporte público, as linhas são curtas e só atendem a um
pequeno trecho do DF. Usuários enfrentam trens quebrados, lentos ou
excessivamente lotados
com frequência.
BRT
O
Expresso Sul interliga Santa Maria e Gama à estação do metrô do
ParkShopping e à Rodoviária do Plano Piloto e registra cerca de 95 mil
acessos por dia. Como o metrô, o BRT se tornou um sistema vital para o
brasiliense e reduziu o tempo de viagem de, ao menos parte dos
passageiros, de 90 minutos para 40. Ainda assim, a linha está
incompleta. Não conta com o número de paradas previstas e não atende aos
trabalhadores que se deslocam diariamente para o ParkWay, por exemplo.
Outro desafio dos usuários é a transferência de linhas em épocas de
muita chuva ou muito sol.
CICLOVIAS E CICLOFAIXASA
malha cicloviária do DF tem, aproximadamente, 420km de extensão. As
faixas exclusivas e ciclovias foram construídas em várias gestões,
sempre priorizando o carro em detrimento da bicicleta. O resultado é uma
malha extensa, mas pouco efetiva, que não interliga cidades ou
endereços. [a matéria tem título que deixa a impressão que vai tratar de vias para ciclista e na realidade abrange o transporte público no DF como um todo.
Nada temos contra os ciclistas - temos muitos amigos que são ciclistas, vez ou outra também usamos bicicletas, sabemos que a prioridade no Código Brasileiro de Trânsito - CBT, é a segurança e que pedestres e ciclistas gozam absoluta prioridade, mas, ainda assim, fazemos questão de registrar o absurdo do CBT - Lei Federal vigente desde o século passado - estabelecer:Art. 201. Deixar de guardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao
passar ou ultrapassar bicicleta:
Infração - média;
Penalidade - multa.
Senhores, na maior parte das cidades brasileiras é inviável o cumprimento desta norma.
Nas vias com várias faixas de rolamento em um único sentido, ainda se concebe como viável que uma das faixas, preferencialmente a da direita, seja reservada para ciclistas (o ideal era sinalizar como CICLOFAIXA).
Mas, existem milhares de vias de mão dupla, obviamente com apenas duas faixas de rolamento, uma em cada sentido e que são passagem obrigatória para centenas de veículos, especialmente no horário de 'rush'.
Em Brasília se contam essas vias as centenas. Tem uma em Taguatinga, próximo da área central e na qual circulam no mesmo horário, em ambos os sentidos centenas de veículos.
Se um ciclista decidir pegar a faixa de rolamento sentido norte/sul daquela via entre 6 as 8h da manhã o caos está instalado.
O ciclista vai na sua faixa, a uma distância razoável do meio-fio e o carro que vem logo atrás, seguido por dezenas de outros, decide ultrapassar, mantendo a distância regulamentar do CBT.
NÃO CABE, NÃO TEM ESPAÇO.
Para se afastar lateralmente do ciclista o carro que pretende ultrapassar terá que adentrar na faixa contrária - contra mão - entre meio metro a um metro e colidir frontalmente com o outro veículo.
RESULTADO: dezenas de veículo terão que circular naquela via, naquele horário, a uma velocidade de no máximo 20km/h por um longo trecho.
E se vier um outro ciclista na pista contrária também não poderá ser ultrapassado pelos veículos que o seguem.
DESAFIAMOS qualquer um a apresentar uma solução para esse impasse.
Essa excrescência está no CBT há mais de 20 anos.
Tem mais: em Brasília, as carroças, puxadas por animais, são livres para transitar a qualquer horário, em qualquer local de Brasília, mesmo que se trate de uma via igual a acima descrita.
PODE???
Antes que alguns me considerem um 'assassino' de ciclistas, o terror dos usuários de bicicletas, asseguro que NUNCA ATROPELEI UM CICLISTA.
Nem tão pouco atropelei uma carroça. Ao contrário, eu e dois amigos um dia desse, ao ver um carroceiro espancando um animal, que não estava dando conta de puxar a carroça com uma carga excessiva, paramos o cidadão e o obrigamos a derramar metade da carga na margem da via, levar o restante ao destino e depois voltar para apanhar o resto.
Somos bem convincentes: ou ele fazia o que estávamos mandando ou ele assumiria o lugar do cavalo.
Por sorte, ele foi sensato e não precisamos transformar a carroça de veículo de tração animal em veículo de tração humana.]
Fonte: Correio Braziliense