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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Dono da bondade e da maldade - Alon Feuerwerker

Análise política

Os meios de comunicação explicaram ad nauseam que o governo queria um auxílio emergencial de 200 reais e quem forçou o aumento para 600 foi o Congresso. Resultado? Quem vem faturando politicamente é o governo, mais precisamente o presidente da República. E não os deputados e senadores.

O povo é sabido. Sabe que quando o governo não quer soltar um dinheiro ele, governo, luta até o último homem para segurar a coisa na boca do caixa. Ou seja, se pagaram os 600 por mês foi porque o governo concordou. Então parabéns ao governo.

Pela mesma lógica, é ilusão imaginar o povão caindo na conversa de que eventuais "medidas amargas" (leia) serão culpa do Legislativo. O Palácio do Planalto pode correr mas não conseguirá fugir. Os efeitos de aumento de impostos e corte de benefícios no humor coletivo vão em algum grau bater na porta dele.

E deixar para depois da eleição é brincar com fogo. Estelionatos eleitorais têm custo. Se for para fazer, é melhor assumir, explicar e preparar-se para o impacto. Ou alguém acha que os candidatos e militantes da oposição não vão desde já bater na tecla de que o eleitor está mais uma vez a caminho de ser enganado?

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político.

O bom exemplo que vem do Uruguai - Percival Puggina

No pequeno Uruguai, a lista das vítimas fatais da covid-19 cabe numa folhinha de papel com 47 nomes. Esse número, dividido pela população do país (3,44 milhões), leva a um índice de vidas perdidas por milhão de habitantes 40 vezes inferior ao dos países que ocupam a parte alta da tabela.

No Brasil, os primeiros passos do combate à pandemia foram marcados pelas performances do Dr. Mandetta
Médico, simpático, bem falante, deputado federal, o ministro tornou-se provedor de conteúdo para as tardes modorrentas do jornalismo brasileiro
Longos saraus de ciência e terror deram tom a desacertos que persistem até hoje. Na vastidão do território nacional, as determinações cobriam a inteira Rosa dos Ventos. O Brasil parou. Espatifou-se um vínculo que não poderia ser rompido e testemunhamos o divórcio entre a proteção da vida e as condições de sobrevivência pelo trabalho. Questões singelas como o uso de máscaras, atendimento precoce, protocolos de higiene e segurança foram apresentados de modo confuso e submetidos a súbitas mudanças de rumo e orientações tolas. Hospitais vazios e doentes em casa, atividade econômica paralisada para “achatar a curva” e vírus ausente são símbolos de um período em que uma elite mal pensante causou à nação um dos maiores prejuízos de sua história.
No diapasão que desde o início do ano afinou a orquestração da mídia nacional, quanto maior o dissabor do presidente com as orientações de seu ministro, mais se agigantava a estátua pública que lhe erguiam os grandes meios de comunicação. 
Foi na esteira desse conflito que o STF tirou a toga, calçou a chuteira e entrou em campo para participar do jogo
O presidente que fique quieto no seu canto. E entregou o coração e o pulmão da economia nacional (o trabalho dos brasileiros) a prefeitos e governadores. “E o cérebro?”, perguntará o inteligente leitor. Pois é. Para que serve, mesmo?

Como todo gaúcho de Santana do Livramento, cidade de fronteira, gêmea siamesa da cidade uruguaia de Rivera, guardo uma afeição muito especial pelo nosso vizinho ao sul. O Uruguai é um país bem cuidado, amado pelo seu povo. A pequena população tem, na média, educação de qualidade superior à nossa e um nível cultural igualmente superior.
Aqui, pertinho de nós, o país deles está sendo estudado como um caso de sucesso no enfrentamento da pandemia. De um artigo escrito por duas economistas do FMI que estudaram as causas desse extraordinário desempenho (1), extraí que o Uruguai se beneficia de uma consciência política superior. Realmente, o país enfrenta o coronavírus com elevada coesão. Não há ninguém querendo criar males nem mortos para colocar na conta do culpado de plantão.

Políticos uruguaios, funcionários de alto escalão e partidos políticos abriram mão de parte de seus vencimentos e receitas para um fundo de combate ao coronavírus. [aqui o presidente do Senado liderou recurso contestando decisão judicial de primeiro grau que autorizava o uso das verbas dos Fundos Eleitoral e Partidário no combate à covid-19.

Ganhou e, em consequência, o combate ao coronavírus perdeu recursos que seriam suficientes para pagar pouco mais de 6.000.000 (SEIS MILHÕES) de auxílio emergencial de R$ 600,00 cada. As eleições municipais vão ocorrer, tipo meia boca, em novembro próximo - fossem adiadas em dois anos se uniriam as de 2022 e o Brasil passaria a ter eleições a cada quatro anos, eleições gerais, economizando uma fortuna.]

Foi um dos primeiros países da América Latina a incentivar o uso de máscaras. Jamais decretou confinamento obrigatório. Reabriu suas escolas no mês de junho. Enquanto isso, no Brasil, entrando o mês de outubro, ainda se discute o retorno às aulas presenciais. A economia e os empregos padecem sequelas de um tombo colossal. Até o mês de agosto, nove milhões de brasileiros haviam perdido seus postos de trabalho. Vulgarizou-se a prática irracional de desconcentrar e diminuir as aglomerações determinando a abertura do comércio em menos horas e menos dias da semana... As ruas exibem portas fechadas, placas de aluga-se ou vende-se, mais e mais superfícies abertas ao depressivo trabalho dos pichadores. [o prefeito da cidade de São Paulo, usando o supremo mandato que lhe foi outorgado, tentou como primeira medida concentrar os engarrafamentos, percebeu que não daria certo e mandou encomendar 38.000 urnas funerárias.

O governador do DF adotou a cidade piauiense na qual passou a infância e retirou equipamentos médicos da Saúde brasiliense para a cidade do Piauí - só que tais equipamentos já faziam falta na Saúde pública do DF.]

Claro, aqui haverá quem considere o Uruguai um mau exemplo.

(1) https://news.un.org/pt/story/2020/08/1722182

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.



Mandetta contou quase tudo - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo


Como em todo livro de memórias, ele fala bem de si e escolhe aqueles de quem fala mal

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta publicou suas memórias do poder. O livro chama-se “Um paciente chamado Brasil”. Seria mais preciso denominá-lo “Dois pacientes chamados Bolsonaro e Mandetta”. Mandetta ficou 16 meses no Ministério da Saúde, teve um desempenho estelar durante a pandemia e acabou demitido por suas virtudes e por defeitos alheios. Como em todo livro de memórias, fala bem de si e escolhe aqueles de quem fala mal: Bolsonaro, Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni, nessa ordem.

Sua análise do comportamento do capitão diante da pandemia é exemplar. Médico, ele pensou em ser psiquiatra e cursou um ano dessa matéria, até se decidir pela ortopedia. [felizmente ficou só no pensamento e nos parece que também não exerce a medicina na área de ortopedia - esperamos que a abstenção se estenda a outros;

sua habilidade de transformar entrevistas coletivas em comícios não será posta à prova em comícios reais - sua substância política não sustentará uma hipotética candidatura até 2022]. Diante da Covid, Bolsonaro passou por três fases de manual. Primeiro a negação (“uma gripezinha”), depois a raiva do médico (Mandetta), finalmente o milagre (a cloroquina). [Conhecemos casos de pessoas que tiveram a covid-19 e se recuperaram sem complicações, graças a DEUS. O filho do nosso formatador-geral, teve a covid, curou com ivermectina, azitromicina e hidroxicloroquina.

Ficou ausente do quartel devido as medidas de praxe = quarentena obrigatória. Mas, em termos de saúde e bem-estar com cinco dias estava pronto fisicamente  para qualquer missão.

É um retrato perfeito, no qual o médico-ministro tenta mostrar ao presidente o tamanho do problema, não consegue ser ouvido e entra num desastroso processo de fritura. Quando avisava que poderiam morrer mais de cem mil pessoas, os áulicos contavam ao presidente que essa conta era exagerada. Seria coisa de quem queria derrubar o governo. Quem? O embaixador chinês. [aliás, quem começou o processo de fritura foi o médico, quando decidiu transformar as entrevistas coletivas vespertinas (plateia garantida, já que os repórteres estavam ávidos por notícias) em comícios - se preparando para uma desejada (por ele) candidatura ao cargo máximo da nação, presidente da República, e aproveitava para fritar o chefe = presidente Bolsonaro.

A principio parecia um jogo do ganha-ganha - Mandetta, o mal necessário sempre ganharia = ficando, ainda que errasse o culpado por mantê-lo seria o presidente Bolsonaro; 

Já que se Bolsonaro o demitisse - o pico da pandemia viria de qualquer forma (já veio e felizmente está indo embora, sem volta) - e ele contando com o apoio da turma do  fecha tudo, para tudo, iria, de mansinho, tipo casual, fritando o presidente.

Não funcionou, foi demitido, o que defendia - isolamento e distanciamento sociais - aconteceu ANTES do tempo, o STF isentou o presidente de adotar medidas de combate ao coronavírus, a predominância das ações ficou com prefeitos e governadores, a vacina ainda não surgiu, mas a imunidade de rebanho chegou e resolveu.

O paciente Bolsonaro está exposto com precisão. Já o paciente Mandetta precisa ser decifrado pelos leitores. O ministro Mandetta endossou todos os procedimentos corretos para o controle do vírus, já o ex-deputado Mandetta (DEM-MS) foi temerário, metendo-se onde se meteu. Entrou para um governo que prometia um ministério técnico, livre de quaisquer influências. Mandetta tinha duas semanas na cadeira quando foi informado de que o palácio queria a cabeça de quatro de seus colaboradores. Vá lá que houvesse motivo, mas ele informa: “Quem articulou as exonerações e impôs os novos nomes mirava o controle de mais de 80% do orçamento do Ministério da Saúde”. Basta. [insinuar corrupção, sem a obrigação de provar, na base do boato, da fake news, qualquer um faz.]

Mandetta conta que, em 2016, o deputado Onyx Lorenzoni gravou uma conversa de parlamentares na casa de Rodrigo Maia. Deve-se a ele essa revelação, indicativa dos métodos do atual ministro da Cidadania. Pela sua narrativa, “ele tirou o celular do bolso e me disse: ‘Ouve isso’ ”. “Você gravou escondido a reunião?, perguntei. Ele respondeu que havia gravado sem querer.”

Tudo bem, mas por que chamou-o para ouvir o grampo? Mandetta guardou essa história por quatro anos. Lorenzoni estava com o deputado num passeio de barco no final de 2018, quando o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, obteve de Flávio Bolsonaro a promessa de que ele seria o ministro da Saúde. (Os filhos de Bolsonaro são mostrados no livro como patronos do gabinete do ódio, mas pode-se dizer tudo deles, menos que tenham radicalizado suas ideias só depois da eleição do pai.)

O livro de Mandetta é o primeiro retrato da disfuncionalidade do capitão na Presidência e vai além. Mostra Paulo Guedes tonitruante contra o adiamento da remarcação do preço dos remédios (“não admito tabelamento”), sem saber que os fármacos são tabelados. O bate-boca dos dois ministros é um dos bons momentos do livro. Feitas as contas, Mandetta entrou mal no ministério e saiu bem. Seu sucessor, Nelson Teich, cometeu o mesmo erro, mas conseguiu sair melhor porque foi-se embora em apenas 28 dias. [Teich entrou com dignidade e saiu de forma mais digna = honra e lealdade juntas. Já o ex-ministro, ex-quase psiquiatra, será que ganha caso se candidate a síndico de alguma comunidade?

De tudo, resta claro que o ex-futuro psiquiatra em a deslealdade como principio. Seu comportamento, usando o cargo para falar de quem o colocou no cargo, prova que não tem o conceito de que honra e lealdade andam juntas, a existência de uma depende da outra existir].

Uma inexiste sem a outra.]

Folha de S. Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista 



Sesi, Senai, Sebrae, Sesc, Senac, ... Conheça os megassalários do Sistema “S”

Lúcio Vaz - O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

Conheça os megassalários do Sistema “S”: tem vaga que paga até R$ 176 mil

As ilhas de fartura não estão apenas em Brasília. Mantido por contribuições sociais, o chamado Sistema “S” – composto por Sesi, Senai, Sesc, Senai e Sebrae [e outros que 'rebocam'  Federações, tipo as Fecomércio, no âmbito estadual  e Confederações, uma delas a CNI, da indústria, na esfera federal;

Os serviços, tipo Sesc, Sesi, Senai, tem os Conselhos e Departamentos Nacionais, esfera federal, e os Departamentos Regionais e Administrações Regionais, nos estados.] tem pelo menos 45 salários acima de R$ 50 mil. A maior faixa salarial, para consultor técnico do Senac-SP, vai de R$ 57 mil a R$ 132 milmais de quatro vezes o salário do presidente da República. Tem vaga ainda maior, para consultor técnico V – de R$ 75 mil a R$ 177 mi – mas não está preenchida.

No Sesi do Paraná, o salário do diretor geral está na faixa de R$ 66 mil a R$ 99 mil. No Sesc de São Paulo, a maior renda, de consultor especial, vai de R$ 61 mil a R$ 99 mil. A remuneração é divulgada por cargos e faixas salariais para preservar a “intimidade” dos empregados. Os cargos de diretores, gerentes, consultores e assessores são de confiança, preenchidos sem processos seletivos. No Sesc do Rio de Janeiro, o cargo de “atleta III”, na faixa salarial de R$ 60 mil a R$ 250 mil, não está preenchido.

Levantamento feito pelo blog mostra que o Sistema “S” arrecada pelo menos R$ 25 bilhões por ano sendo 75% originado de contribuições sociais pagas pela Indústria e pelo Comércio. 
Metade das despesas são geradas por salários e encargos sociais dos seus 130 mil empregados. 
Os orçamentos são enviados ao presidente da República e fiscalizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que analisa se os recursos atendem às suas finalidades. Como são entidades privadas, os salários dos empregados não são submetidos ao teto constitucional. Os seus dirigentes não são remunerados. [recebem 'apenas' os famosos jetons e desfrutam de um pacote de mordomia - com um detalhe: o presidente de uma federação, acumula a presidência do Conselho Regional.
E o cargo de presidente é vitalício = o presidente da CNC e CN Sesc e Senac, 'reinou' de 1980   até 2018 = apenas 38 anos, sempre com poderes imperiais, absolutos talvez defina melhor.]

VEJA TAMBÉM: Quanto custam as viagens secretas dos ministros do STF e por que elas são mantidas em sigilo

Maiores salários em São Paulo e no Rio                                                     A maior concentração de altos salários acontece no Departamento Nacional do Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial. Além da maior faixa salarial e da maior vaga não preenchida, há dois cargos de consultor técnico III vagos, com salário inicial de R$ 42,8 mil e salário máximo de R$ 100 mil. Mas estão preenchidas três vagas de consultor técnico II, na faixa de R$ 37,6 mil a R$ 87,7 mil, e uma vaga de assessor V, com renda de R$ 28,6 mil a R$ 66 mil. Há, ainda, 10 outros cargos de gerente e de assessor, ocupados por 31 empregados, com salário máximo de R$ 34 mil a R$ 54 mil.

No Sesi – Serviço Social da Indústria – do Rio de Janeiro, a maior renda é do superintendente, com “ponto inicial” de R$ 51 mil e “ponto final” de R$ 89 mil. Há dois cargos, diretor de Compliance e diretor Firjan, com renda de R$ 49 mil a R$ 70 mil. O mesmo nível salarial é mantido no Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional – do Rio. O diretor regional tem renda de R$ 51 mil a R$ 83 mil. Os diretores de Compliance e de Gestão de Pessoas recebem de R$ 40 mil a R$ 69,7 mil.

No Senac do Rio, o diretor está na faixa de R$ 37 mil a R$ 73 mil. No Departamento Nacional do Sesc – Serviço Social do Comércio, há 23 “cargos em comissão” com salário inicial de R$ 32 mil e final de R$ 64 mil. No Senac Nacional, há 12 desses cargos com valores entre R$ 34 mil e R$ 64 mil. O blog solicitou o valor exato pago a cada diretor, gerente ou assessor, mas as entidades mantiveram a informação por faixas salariais.

Cargos secundários atrativos
Varia muito o valor dos salários dos diretores dos departamentos nacionais e das administrações regionais. O diretor do Departamento Nacional do Senai, por exemplo, tem renda na faixa de R$ 37 mil a R$ 60 mil. No Sesc do Rio de Janeiro, o diretor regional recebe entre R$ 50 mil e R$ 77 mil. A faixa salarial do diretor regional de Santa Catarina é bastante ampla, vai de R$ 17,5 mil a R$ 71 mil, o que impede a aferição do valor real do salário. Já no Senai do mesmo estado, varia de R$ 47 mil a R$ 64 mil. No Senai do Rio Grande do Sul, vai de R$ 48 mil a R$ 56 mil. No Sesc do Espírito Santo, de R$ 37 mil a R$ 52 mil.

Os salários de alguns cargos secundários também são bastante atrativos. No Sesc do Rio de Janeiro, os diretores de Comunicação e de Planejamento têm renda de R$ 36 mil a R$ 54 mil. Já o diretor de Programas Sociais recebe entre R$ 42 mil e R$ 65 mil. No Sesc de São Paulo, 28 ocupantes de cargos de consultor técnico II e gerente IV têm renda entre R$ 38 mil e R$ 61 mil. O diretor de Inovação do Senai de Santa Catarina está na faixa de R$ 43 mil e R$ 52 mil. No Senac do Ceará, o assessor chefa da Presidência tem renda entre R$ 37 mil e R$ 56 mil.

O Sebrae - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –  tem apenas quatro remunerações máximas acima do teto constitucional remuneratório (R$ 39,3 mil). São pagos a diretores do Departamento Nacional (de R$ 46 mil, a R$ 53 mil) e das administrações regionais do Paraná (de R$ 44,6 mil a R$ 51,7 mil), de Minas Gerais (de R$ 43,8 mil a R$ 50,8 mil), de São Paulo (de R$ 44,4 mil a R$ 50,5 mil) e do Rio de Janeiro (R$ 39 mil a R$ 43,4 mil).

(.....)
MATÉRIA COMPLETA - Lúcio Vaz, jornalista - Gazeta do Povo - Vozes

Cliente relata assédio e é descredibilizada: "Me colocaram como louca"

Jovem afirma que foi seguida pelos corredores pelo funcionário e descredibilizada ao narrar o fato à PM. O homem foi afastado do serviço

Uma mulher denunciou um caso de assédio que aconteceu dentro de um hipermercado de Belo Horizonte no último domingo (27/9). O relato foi publicado pela estudante de medicina, Gabriela Chefaly, de 27 anos, nas redes sociais. Nos registros, a jovem conta que estava em uma das unidades da rede Extra, localizado na Avenida Francisco Sales, no Bairro Santa Efigênia, Região Centro-Sul da capital, quando um homem vestindo uma roupa branca com a logo da loja, usando touca e máscara, começou a persegui-la pelos corredores. Ele foi afastado do serviço de forma temporária.

Na publicação, Gabriela narra como foram as aproximações do funcionário. Ela conta que o primeiro contato com o homem foi no setor de pães, quando ele se aproximou de forma invasiva, dando indícios de que estava organizando uma prateleira. Em seguida, ela afirma que desviou do suspeito, pegou um produto e foi em direção a outra gôndola. Já na sessão de enlatados, o funcionário continuou a acompanhá-la, aproximou-se novamente, parando ao seu lado, indicando que estava arrumando mais alguns produtos. Ela afirma que a todo tempo o homem se inclinava em sua direção. Ela narra como em determinado momento a situação ficou insustentável e a deixou constrangida e assustada.

“Novamente, mudei de setor, mas a perseguição continuou e sua presença tornou-se intimidadora e este foi até o final do supermercado, na sessão de frios, atrás de mim. Me seguindo a cada passo, tocando os produtos que eu avaliava e não levava. Na sessão de frutas a sua presença se tornou insuportável e amedrontadora”, diz trecho do relato.

A estudante estava acompanhada do namorado, que ficou em um setor específico do supermercado enquanto ela fazia as compras. Após as investidas, a jovem relata que foi até o companheiro e contou a ele o que havia ocorrido e, juntos, eles procuraram a ajuda de funcionários do local, que em um primeiro momento se mostraram prestativos em receber sua queixa e orientaram que Gabriela escrevesse uma carta de próprio punho, colocando suas informações pessoais e contando o que tinha acontecido. Inclusive, segundo ela, um dos funcionários deu a entender que não era a primeira vez que algo assim acontecia. No entanto, ela afirma que a situação mudou quando decidiu chamar a polícia e fazer um boletim de ocorrência. “A partir deste momento, sofri uma das maiores invalidações da minha vida, e acredito que a maior humilhação que já senti: a da descredibilidade. A partir deste momento, fui considerada quase como uma louca diante das autoridades policiais pelos mesmos funcionários que antes estavam me apoiando. Ninguém mais viu nada, só eu”, relatou no Instagram.

[Não está entre os objetivos do Blog Prontidão Total, relatos policialescos.

Por natureza, somos radicalmente contrários a todo e qualquer tipo de assédio.

Mas, tem se tornado recorrente acusações de assédio sexual, racismo e outras sempre sem provas e até com contradições gritantes.

No caso presente, a estranha começa quando a 'assediada' vai ao hipermercado com o namorado, que a 'descarta' - deixando-a sozinha enquanto vai averiguar pratos.

O relato dos fatos deixa entender a POSSIBILIDADE do empregado realmente estar seguindo a denunciante. Mas, nada mais além disso.

Contra a hipótese do assédio, devemos considerar:                               - ser o local e horário inadequado para um assédio - movimentado e de dificil retirada da vítima sem chamar a atenção;                                 - o assediador, mesmo com a  'vítima' procurando funcionários ficou firme no seu intento - seria bem mais fácil ele ir  para a saída, aguardar a 'vítima' e abordá-la;
- a chegada do namorado não o desestimulou e uma certa leniência do namorado com a situação relatada.

Uma conduta estranha por parte do assediador - se assim procedeu é um louco e não um criminoso - mas, que pode prosperar na busca de uma compensação financeira do 'extra' à denunciante, por constrangimento, danos morais, etc.
DENÚNCIAS de Delitos, ou tentativa de, especialmente quando ocorrem em locais públicos e movimentados, DEVEM SER OBRIGATORIAMENTE PROVADOS ].

Leia no Correio Braziliense, MATÉRIA COMPLETA


A segunda onda - Nas entrelinhas

Alguma transferência de renda precisa ser assegurada à população mais pobre no próximo ano, e o Congresso precisa encontrar uma saída. O governo não quer cortar na própria carne

Tudo indica que realmente está havendo uma segunda onda da pandemia na Europa — principalmente na Inglaterra, na Espanha e na Itália —, mas não se pode afirmar, ainda, que o mesmo esteja ocorrendo no Amapá, no Amazonas e em Roraima, onde o número de casos voltou a subir. A média nacional de transmissão da pandemia abaixo de 1/1 indica que o pior já passou, realmente, embora o número de casos confirmados continue muito alto. A sensação é de que estamos no meio de uma montanha russa, que parece não tem fim. São 142, 2 mil mortes e 4,7 milhões de casos confirmados até ontem, número só ultrapassado pelos Estados Unidos.

A média móvel de mortes nos últimos sete dias foi de 678 óbitos, o que dá uma média de 28 mortos por hora. Mas é um número 15% menor do que o da semana anterior, o que realmente representa um alento. O presidente Jair Bolsonaro não está nem aí para essa discussão sobre segunda onda, naturalizou o número de mortes como fizeram os generais e políticos italianos em Trento e Trieste, até que a História, muitos anos depois, cobrou-lhes a responsabilidade. Já comentei esse assunto por aqui, mas não custa relembrar. Quando a Itália entrou na I Guerra Mundial, em 1915, ao lado da “Entente” (aliança entre França, Inglaterra e Rússia), os políticos e militares italianos acreditavam que seria uma oportunidade de libertar Trento e Trieste do jugo estrangeiro e declararam guerra ao Império Austro-Húngaro. Centenas de milhares de jovens foram recrutados e lançados à batalha.

No primeiro confronto, porém, o exército inimigo manteve as suas linhas de defesa de Izonso e o ataque foi contido. Morreram 15 mil italianos. Na segunda batalha, foram 40 mil mortos; na terceira, 60 mil. Os italianos lutaram “por Trento e por Trieste” em mais oito batalhas, até que, em Caporreto, na décima-segunda, foram derrotados fragorosamente e empurrados pelas forças austro-húngaras às portas de Veneza. Citado no livro Homo Deus, de Yuval Noah Harari (Companhia das Letras), o episódio ficou conhecido como a síndrome “Nossos rapazes não morreram em vão”. Foram contabilizados 700 mil italianos mortos e mais de 1 milhão de feridos ao final da guerra.

Por que isso aconteceu? Por que a autocrítica não é o forte dos militares nem dos políticos. Depois de perder a primeira batalha de Izonzo, havia duas opções: admitir o erro e assinar um tratado de paz com o Império Austro-Húngaro, que enfrentava outros três exércitos poderosos; ou continuar a guerra e apelar para o patriotismo. Prevaleceu a segunda, porque a primeira tinha o ônus de ter que explicar para os pais, as viúvas e os filhos dos 15 mil mortos de Izonso por que eles morreram em vão.

Bolsonaro não teme um segundo ciclo da covid-19, já anda criticando o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), que estuda fazer um novo lockdown para conter o aumento do número de casos na capital do Amazonas, que desmente a tese de que já haveria “imunização de rebanho” no estado. [destaques:
- nos países em que está ocorrendo a 'imunidade de rebanho, o crescimento de casos é constante - já o de Manaus é sobe e desce, típico dos ajustes de contagem que, percentualmente, são relevantes, dado o reduzido número absoluto de casos;
- ainda não há vacina, o fecha tudo, para tudo, já acabou e os números começaram a cair = IMUNIDADE DE REBANHO.
Com uma participação mais efetiva de medicação preventiva e curativa - neste caso nos primeiros dias.] não surgiu vacina, 
O presidente da República naturalizou as mortes por covid-19, a “gripezinha”, e culpa governadores e prefeitos pelo desemprego em massa. Na sua avaliação, a política de isolamento social é responsável pela desorganização da economia e não o novo coronavírus, como acreditam sanitaristas e economistas.

Renda Cidadã 
Na verdade, teme — com razão — uma segunda onda de desemprego, maior do que a primeira, em decorrência da recessão e do fim do auxílio emergencial. Mesmo com a flexibilização do isolamento social na maioria das cidades — a razão da lenta queda do número de casos e de mortes —, a atividade econômica não se recuperou nos níveis esperados. O governo arrecada menos, os investidores foram embora, e muitas atividades econômicas deixaram de existir, por falta de consumidores. Houve uma revolução nos hábitos pessoais, com grande impacto na mobilidade urbana, fazendo com que muitos negócios desaparecessem.

É nesse contexto que a discussão sobre o Renda Cidadã, o programa que Bolsonaro pretende lançar para substituir o Bolsa Família, está sendo posta. Existe um ingrediente eleitoral inequívoco, cuja digital é a extinção do Bolsa Família, mas a preocupação de Bolsonaro com a situação das pessoas que ficaram sem trabalho e perderão toda a renda faz sentido. Alguma transferência de renda precisa ser assegurada à população mais pobre do país no próximo ano, e o Congresso precisa encontrar uma saída. O governo não quer cortar na própria carne, reduzindo gastos desnecessários — está mais do que provado que existem — e privilégios do serviço público; prefere meter a mão nos precatórios, empurrando as dívidas judiciais para as calendas, e pongar o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educaçao Básica (Fundeb), desviando recursos para o Renda Cidadã.

[Post um tanto quanto pessimista; felizmente, a competência, lucidez e sobriedade do articulista, o mantiveram na linha da verdade, não atribuindo ao presidente Bolsonaro a responsabilidade pela secura e incêndios no cerrado do DF, tentação a que grande parte da mídia não resistiu]. 

O curioso nessa história é que o ministro da Economia, Paulo Guedes, passou de cavalo a burro. Antes, era a política econômica que ditava as propostas do governo, aos políticos cabia defendê-las no Congresso; agora, são os líderes do governo na Câmara e no Senado que dão as cartas, a equipe econômica corre atrás de soluções técnicas para viabilizá-las, o que geralmente não acontece. As reformas tributária e administrativa colapsaram. O mercado está reagindo: alta do dólar e queda na Bovespa. Os investidores estão cada vez mais cabreiros com o Brasil.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


Quota para honestos - Sexo e pele não diferenciam candidatos

Alexandre Garcia 

 "A diferença não está no sexo ou na pele, mas no que habita em cada candidato"

"Se querem quotas, por que não assim: 90% das candidaturas têm de ser para pessoas (não importa a cor nem o sexo) honestas, de caráter, patriotas, com histórico de serviços à comunidade, cumpridoras da lei e da Constituição, altruístas e competentes"

A seis semanas da eleição municipal, temos 545 mil candidatos no mínimo. Vamos eleger 5.568 prefeitos e 57.931 vereadores e, de modo indireto, abriremos as portas das prefeituras para uns 60 mil secretários municipais e das câmaras para, no mínimo, 200 mil secretários de vereadores — gente que vai ser escolhida sem concurso, para cargos de confiança de assessoramento direto. Quase 148 milhões de eleitores podem nomeá-los pelo voto.

Para estimular mulheres e negros a entrar na política, leis os tratam de modo diferente, embora o primeiro artigo do capítulo dos direitos e garantias individuais da Constituição estabeleça, em cláusula pétrea, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. A cabeça dos jovens jornalistas deve estar confusa com os modismos ideológicos, pois o noticiário fala de “cotas de gêneros”. Ora, como somos todos do gênero humano, percebo que querem se referir às mulheres, que precisam ser 30% das candidaturas.

Os candidatos estão classificados pela cor da pele, e as notícias falam em cotas raciais, equilibrando-se no fio da navalha do racismo. O Fundo Eleitoral, de 2 bilhões de reais, tem que ser dividido proporcionalmente à cor da pele. Seria menos apartador estabelecer que todos têm o mesmo direito na divisão do fundo. 
Divisões de representação por sexo e cor da pele, não estariam com o ranço de entender que branco governaria e legislaria para branco; negro para negro; mulher para mulher? 
Não seria um truque para nos enfraquecer, nos dividindo, negando que homens e mulheres, com peles diferentes, somos todos iguais, um único povo, o brasileiro miscigenado, unido no seu caráter nacional? 
Não estaríamos sendo separados pela lei, em vez de nos unirmos em objetivos e características comuns?

Se querem quotas, por que não assim: 90% das candidaturas têm de ser para pessoas (não importa a cor nem o sexo) honestas, de caráter, patriotas, com histórico de serviços à comunidade, cumpridoras da lei e da Constituição, altruístas e competentes. 
O partido responderia solidariamente pela candidatura que indicou, civil e criminalmente. 
Os restantes 10% de quota ficariam para os outros, a fim de que saibamos que eles existem e que têm voto, como as eleições têm demonstrado. Esses servirão para que nos acautelemos do mal, já que sendo do gênero humano, muitas vezes fazemos não o bem que queremos, mas o mal que não queremos — aproveitando Paulo (Romanos, 7). Pois a diferença não está no sexo ou na pele, mas no que habita em cada um dos candidatos.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

O tabu das estatísticas da covid-19

Recusar-se a olhar para os números do vírus é negar as evidências que eles estão mostrando

Talvez nunca tenha havido na história da humanidade um momento de tanta intolerância com os números quanto nesta época de epidemia em que vivemos hoje. Números não sentem, não pensam e não têm opiniões  apenas não mentem, nunca, desde que exista alguma disposição de examinar com honestidade o que eles estão tentando dizer. Até o momento, pelo que informam as estatísticas oficiais, cerca de 30 milhões de pessoas em todo o mundo foram contaminadas pelo coronavírus desde março, quando começaram as tentativas regulares de fazer essas contas. É menos de 0,4% da população mundial, hoje estimada em quase 8 bilhões de pessoas. Foram atribuídas à epidemia, desde então, cerca de 950 mil mortes — cujas causas reais, por sinal, ninguém jamais saberá ao certo quais terão realmente sido. (No Brasil, por exemplo, a causa mortis pode ser determinada por decreto do governador do Estado.) Ou seja: morreram por volta de 3% do total de infectados, que, como visto, representa menos de 0,5% da população do planeta.

Esses números não são bons nem ruins — são apenas o que são, não mais e não menos. Mas dizer que eles são o que são tornou-se num ato tido como imoral, politicamente perverso e contrário ao interesse da humanidade pelas forças que decidem sobre o bem e o mal nas sociedades de hoje. Não se trata, nem mesmo, de discutir se tais cifras justificam o fechamento do mundo por seis meses; o crime social está simplesmente em falar delas. A denúncia-padrão, quando se observam as realidades aritméticas da epidemia, é: “negacionismo”, ou a atitude de negar uma verdade que pode ser verificada pelos fatos ou pela ciência. Nunca se diz, entre os militantes do “distanciamento social” por tempo indeterminado, que recusar-se a olhar para os números da covid-19 é negar, aí sim, as evidências que eles estão mostrando.

O livre debate sobre a epidemia está interditado. É como se o mundo estivesse de volta à Idade Média, quando os padres proibiam as pessoas de pensar com algum realismo sobre a peste. A culpa era do diabo, dizia a  Igreja, e todo mundo tinha de ficar satisfeito com a explicação; quem quisesse saber mais do que isso, ou algo diferente disso, era acusado de desafiar os planos de Deus para os homens. Com a covid-19, na verdade, não está havendo apenas a eliminação da verdade numérica — desde o começo da epidemia há uma guerra declarada contra os números reais. No Brasil, permanece até hoje sem contestação por parte das “agências de verificação de notícias falsas” — e como um fato levado perfeitamente a sério pelas classes intelectuais — a previsão de que haveria “1 milhão de mortos” se não fossem tomadas medidas extremas de repressão para deter o vírus. Não foram tomadas essas medidas; o total de mortes no Brasil está abaixo de 140.000 [atualizando; < 150 mil]. Nem somando as mortes atribuídas à covid-19 no mundo inteiro chegou-se a esse 1 milhão, mas e daí? O candidato que se opõe a Donald Trump nas próximas eleições norte-americanas acaba de dizer que os mortos nos Estados Unidos chegam a “200 milhões”, ou quase dois terços de toda a população do país. Contanto que seja para anunciar algum horror da epidemia, qualquer um pode dizer qualquer coisa. Ninguém vai reclamar de nada.

Considera-se como ato de sabotagem à “luta pela vida” a menção a outras doenças que matam

O fato é que a covid-19 deixou rapidamente de ser uma questão da ciência — seja da matemática, da medicina ou da biologia — para se transformar numa causa que está sendo usada desde o começo deste ano  para promover ideologias de “transformação do mundo”.                        As mortes por câncer, doenças cardíacas ou complicações respiratórias, por exemplo, não são melhores ou menos sérias, obviamente, do que as mortes cuja causa é listada como “covid” nas estatísticas; 
nem os médicos especialistas em dar entrevistas para a televisãotodos eles generais na campanha para fechar o mundo, chegam a dizer isso. Mas é evidente que não causam nenhuma reação entre o partido do “fique em casa”; na verdade, considera-se como ato de sabotagem à “luta pela vida” a mera menção de que essas e outras doenças matam gente todos os dias. O motivo é que ninguém até hoje teve a ideia de aproveitar politicamente nenhuma delas para promover as suas “agendas”, como se diz. Com a covid, porém, está sendo diferente: os interessados descobriram em 15 minutos que dava para tirar proveito político do vírus — proveito de primeira grandeza, uma oportunidade que aparece uma vez na vida e não poderia ser desperdiçada.

Desde então, apostam tudo na covid. Nenhuma greve geral, quebra-quebra de black bloc ou discurseira tida como “revolucionária” chegou perto, até hoje, da eficácia que o pânico construído em torno da epidemia teve na agressão ao sistema produtivo — ou na usinagem de oposição política. Em países como o Brasil ou os Estados Unidos, aproveitaram para jogar a culpa nos governos. As mortes, por essa visão das coisas, não foram causadas pelo vírus. Ao mesmo tempo, as “autoridades locais” que cuidaram dos doentes não têm nenhuma responsabilidade em nada do que está acontecendo. Quem matou foram os presidentes Bolsonaro e Trump. No mundo desenvolvido, foi uma oportunidade caída do céu para combater o sistema econômico, social e político que “está aí”  injusto, causador de desigualdade, opressor de mulheres, racista, inimigo da diversidade, capitalista selvagem, aquecedor da calota polar e culpado pela derrubada da floresta amazônica.

No Brasil, como de costume, há um plus a mais. Enquanto se reproduzem as grandiosas ideias para melhorar a humanidade e criar “um novo estilo de vida”, há os interesses materiais de todos esses governadorzinhos a caminho do anonimatofiscais de prefeitura e a turma inteira dos ladrões de respiradores, “hospitais de campanha” e aventais descartáveis. É o Covidão em marcha triunfal. Não é o Petrolão de Lula-Dilma, porque nada jamais será parecido, mas já é alguma coisa. Pense um pouco, portanto, da próxima vez que lhe jogarem algum número em cima. A aritmética do “fique em casa” não é a mesma da tabuada.

Veia o artigo de Guilherme Fiuza desta edição, “Vacina contra ditadura” 

J.R. Guzzo, jornalista - Revista Oeste


Boiadas e boiadeiros - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Onde corte no Fundeb, racismo, homofobia, queimadas e risco ao litoral vão cair? No STF

Quanto mais o presidente Jair Bolsonaro sobe nas pesquisas, [o que é dificil de ser aceito, mas inevitável e contínuo, sendo o céu o limite.]  mais as “boiadas” disparam e mais o Brasil anda para trás em princípios e em áreas estratégicas, sensíveis, que dizem respeito ao presente e ao futuro. O presidente e seus ministros parecem cada vez mais à vontade, desdenhando da opinião pública nacional e da perplexidade internacional.

O que dizer da Educação? Depois de tentar tirar de aposentados e pensionistas, o governo quer cortar dos precatórios e do Fundeb (que foi aprovado a duras penas, com o governo trabalhando contra) para pagar um novo Bolsa Família que Bolsonaro quer chamar de seu. Nada contra programas de distribuição de renda, mas à custa da Educação?

Bem, o Ministério da Economia descobriu que os ministros anteriores, Vélez Rodríguez e Abraham Weintraub, estavam muito ocupados com ideologia, brigas internas e externas, e não sabiam o que fazer com as verbas, tanto que, apesar da pindaíba geral, sobrou dinheiro de um ano para outro. Como novo ministro, Milton Ribeiro nada mudou e o pobre MEC é um alvo apetitoso para Paulo Guedes agradar ao presidente.

Na entrevista ao Estadão, semana passada, Ribeiro admitiu sem constrangimento que o MEC continua não servindo para nada: nem para liderar a inclusão social via educação, nem para coordenar a volta às aulas com a aparente estabilidade da pandemia, nem para projetar um programa de internet e de computadores para mudar o destino de milhões de brasileirinhos das escolas públicas.

Então, para que serve? Para vigiar estudantes e professores de todos os níveis e implantar a ideologia de Bolsonaro e Ribeiro. Pastor presbiteriano, ele diz que “os jovens sem fé são zumbis existenciais” e que homossexuais são resultado de “famílias desajustadas”. Partindo de qualquer um já seria um horror, mas do ministro da Educação? Weintraub queria os ministros do Supremo na cadeia, Ribeiro quer catequizar os alunos. A Educação? Disso não se fala. [Um ministro de Estado, inclusive o da Educação, tem o direito de ter opinião.

Estava sendo entrevistado e não havia, não há e nem haverá nenhuma obrigação de um ministro de Estado, antes de conceder uma entrevista,  ser pautado por um 'comitê supremo do pensamento' - além do ridículo da ideia de pautar o pensamento, existe imutável, inalienável, incensurável, direito de pensamento.

Do que pensamos, só prestamos contas à DEUS].

Após o questionamento na Justiça se há crime de homofobia na fala do ministro, já se emenda um outro, sobre crime de racismo num post da deputada Bia Kicis (PSL-DF), da tropa de choque bolsonarista no Congresso. Nele, ela sugere aos ex-ministros Sérgio Moro e Luiz Henrique Mandetta, com a cara pintada de preto e cabelo afro, procurarem emprego no Magazine Luiza. Mandetta reagiu com uma profusão de adjetivos: “racista, nauseabunda, chula, pequena, inútil, abjeta, RACISTA!!!!” (assim em maiúsculas). [não entendemos o racismo atribuído a deputada.

Os dois ex-ministros - ambos possuem uma propensão fantástica a EX - são considerados heróis nacionais e serem retratados como índios, amarelos, eslavos, negros não constitui nenhuma ofensa.

Afinal, o Magazine é que age de forma racista, quando cerceia aos que nasceram com a pele não negra o direito de pertencer ao seu quadro de trabalhadores.]

E as porteiras de Inpe, Ibama, ICMBio e Conama já foram escancaradas e não há governo estrangeiro, fundos internacionais, banqueiros, economistas, entidades que segurem todas as boiadas. [governos estrangeiros e fundos internacionais podem mandar muito - fora do território soberano do Brasil, aqui eles dançam conforme a música que é escolhida e executada por brasileiros]. - A Secom do Planalto e o ministério de Ricardo Salles já tinham comparado – por erro? má-fé? – as queimadas de oito meses de 2020 com as de 12 meses dos anos anteriores para confirmar que a terra é plana. Ops! Desculpem. Para negar a destruição criminosa de amplas áreas de Pantanal e Amazônia. Ontem, o ataque veio do Conama.

Não à toa Bolsonaro enxugou e mudou o Conselho Nacional do Meio Ambiente, que agora tem maioria do... próprio governo. Com a mudança, foram derrubadas ontem três resoluções para, em vez de proteger o ambiente, favorecer o agronegócio e o setor imobiliário. As vítimas foram restingas e manguezais que, destruídos, jamais serão reconstruídos. Todas essas boiadas, que definem a alma do governo, vão parar na Justiça. Partidos, entidades e cidadãos questionam o corte no Fundeb com objetivos políticos, a homofobia do ministro da Educação, o racismo da deputada, a (i)rresponsabilidade diante das queimadas, o risco de destruição do nosso lindo litoral. E a “nova CPMF” vem aí! É outra que vai cair no Supremo. [no Brasil, judicializar é a regra;

o absurdo dos absurdos é que o STF já foi chamado a julgar, e aceitou, a obrigatoriedade de uma cota de banheiros públicos unissex.

Já se pronunciou sobre assuntos menores, sendo público e notório que ao aceitar julgar tudo, a Corte perde a liturgia que deve nortear as Cortes Supremas.] 


Eliane Cantanhêde, colunista - O Estado de S. Paulo



A “vara” da Justiça, por Luiz Holanda

Para se entender o que significa o termo “vara” no Judiciário pátrio, faz-se necessário saber a diferença entre comarcas, varas e entrâncias.

As primeiras correspondem ao território em que o juiz de primeiro grau exerce sua jurisdição, podendo abranger mais de um município. São fixadas de acordo com o número de habitantes ou de eleitores, bem como o movimento forense e a extensão territorial dos municípios do estado. Cada comarca pode contar com vários juízes ou apenas um, exercitando as competências destinadas ao órgão de primeiro grau.

A palavra “entrância” significa a classificação administrativa das comarcas. Quanto maior a cidade, mais elevada será a entrância. As comarcas são classificadas como de primeira ou segunda entrância, além da comarca de entrância especial. A de primeira entrância é aquela de menor porte, que tem apenas uma vara instalada. Já a comarca de segunda entrância é a de tamanho intermediário, enquanto a de entrância especial (ou de terceira entrância) é aquela situada na capital ou nas grandes cidades.

Fórum significa o espaço físico onde funcionam os órgãos do Poder Judiciário. A vara tem sua origem na Roma Antiga, simbolizada por um bastão (faces) utilizado para dar passagem aos magistrados. Com o tempo passou a ser uma insígnia do juiz, a exemplo do juiz ordinário do império, que devia sempre levá-la consigo, sob pena de multa. O juiz ordinário era eleito anualmente pelo povo e pelas câmaras, atuando com independência da realeza. Tinha jurisdição nas comarcas onde obrigatoriamente residia, além de presidir as Câmaras municipais.

Existia também o juiz de fora, magistrado imposto pelo imperador sob o pretexto de administrar melhor a justiça, pois os juízes ordinários, em razão de suas afeições ou inimizades com o povo das vilas, poderiam falhar em suas decisões. A criação do juiz de fora foi uma espécie de usurpação da jurisdição pelo o poder régio. Estes eram impostos a todas as Vilas, restringindo, paulatinamente, a jurisdição dos juízes ordinários. O símbolo de sua autoridade e dos juízes ordinários era justamente a vara, que deviam portar obrigatoriamente ao se deslocar pelas Vilas. A vara simbolizava poder e autoridade, impondo imediata e irrestrita obediência. Até hoje essa simbologia permanece, pois quando alguém se recusa a comparecer perante o juiz este poderá determinar que o infrator seja conduzido “debaixo de vara”, significando que a pessoa deve comparecer “forçada pela autoridade judicial”.

O juiz ordinário carregando uma vara vermelha e o juiz de fora uma vara branca. O termo mereceu inúmeros comentários, alguns jocosos, como o de uma renomada advogada trabalhista que renunciou a um mandato por não aceitar dizer que “estava entrando na vara”, em vez de dizer que “estava entrando na junta”.

Ironias à parte, o termo latino “fasces” referia-se a um símbolo de origem etrusca usado pelo império Romano para demonstrar o poder da autoridade em cerimônias oficiais. Segundo Bluteau, a etimologia da palavra vereador vem da variante “vareador”, da palavra vara. Seja como for, o fato é que alguns autores afirmam que, à época, quando um juiz assumia o lugar do outro, este, para transferir-lhe a jurisdição, passava-lhe - no bom sentido -, a vara.

Jornal da Cidade 

Transcrito do Rota 2014, Blog do José Tomaz - Luiz Holanda 

Atual decano do STF continuará atuando na ‘neutralização do abuso de poder’

Antecipação do ministro do STF deu margem a boatos sobre sua motivação; ‘não foi por invalidez!’, disse  

Com o anúncio de que o ministro Celso de Mello antecipou de novembro para outubro sua aposentadoria do Supremo Tribunal Federal, toda sorte de rumores sobre a motivação de seu pedido começou a surgir  — como era esperado. 

Um deles dava conta de que o decano, para não se aposentar por idade, compulsoriamente, se aposentaria por invalidez…para fugir da Receita Federal. O ministro desmentiu a suposição: “Não, NÃO foi uma simples e voluntária aposentadoria, eis que possuo pouco mais de 52 anos de serviço público (Ministério Público paulista + Supremo Tribunal Federal )”, disse Celso, em nota encaminhada pela assessoria de imprensa do Supremo. 

[Leia aqui, íntegra do requerimento dirigido pelo ministro decano ao presidente da República solicitando concessão de aposentadoria - é atribuição do presidente da República a concessão de aposentadoria aos  MEMBROS dos poderes federais. Atenção para o fulcro da aposentadoria, citado no requerimento.]

O ministro só estaria livre da necessidade do requerimento se sua aposentadoria ocorresse de ofício.]

Blog Radar - VEJA - MATÉRIA COMPLETA

Calote e desvio de finalidade - Nas entrelinhas

Bolsonaro e Guedes negociaram a proposta de Renda Cidadã com líderes do governo no Congresso, mas ainda não existe maioria no Senado nem na Câmara para sua  aprovação

A proposta de Renda Cidadã, anunciada ontem pelo governo, não teve boa aceitação no Congresso, nem no mercado financeiro. O projeto foi embarcado na chamada PEC Emergencial pelo seu relator, o senador Marcio Bittar (MDB-AC), com o propósito de obter de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões a mais que os recursos destinados ao Bolsa Família, que será extinto pelo presidente Jair Bolsonaro porque é a cara do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A intenção do governo é conceder um auxilio de até R$ 300 para cada beneficiado, ampliando a base do programa para um número maior de pessoas, mas esses recursos não estão disponíveis no Orçamento da União de 2021.

[sendo óbvio: o dilema é cruel, e precisa ser resolvido.

Sendo um estadista, o nosso presidente tem preocupação com os mais desfavorecidos e que sofreram, devido a pandemia, um agravamento das privações que os martirizam.

Alguma coisa precisa ser feita. Recriar a CPMF, um imposto amaldiçoado desde seu nascimento, execrado pela população, detonado pelo Confresa em 2007, será prejuízo para os brasileiros em geral - especialmente para a parcela mais pobre da população;

Encontrar uma saída legal para quebrar o 'teto de gastos' não é a solução.

Deixar que milhões e milhões que já padecem as agruras da necessidade, tenham sua situação agravada?

Com a palavras os políticos. Já que não são considerados de grande valia - motivos não faltam para tanto - provem que são capazes de alguma coisa de útil para os seus patrões = o POVO - o voto de um desassistido tem o mesmo valor de um parlamentar, de um magistrado, etc.

Indiscutível que a 'grande aposta' do Guedes, significará o fim da carreira política do presidente Bolsonaro.]

Os parlamentares são a favor da transferência de renda para as parcelas mais carentes da população, mas não quanto à origem dos recursos, que muitos interpretam como uma maneira de burlar o teto de gastos (o aumento das despesas do governo não pode ultrapassar a taxa de inflação) e a Lei de Responsabilidade Fiscal. Esse dinheiro sairia dos recursos destinados aos precatórios, que são as dívidas judiciais do governo já transitadas em julgado, uma espécie de calote temporário, e de uma parcela do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que levaria uma mordida de 5%, a pretexto de que o dinheiro seria vinculado à obrigação de as crianças das famílias beneficiadas frequentarem a escola.

Segundo Bittar, o valor do benefício ainda não foi fixado, devendo ficar entre R$ 200 e R$ 300 (o Bolsa Família chega até R$ 205 para cinco beneficiados). Especialistas em contas públicas avaliam que a proposta adia indefinidamente o pagamento de dívidas da União, além de mascarar a ultrapassagem do teto de gastos ao destinar recursos do Fundeb para o Renda Cidadã, o que muitos interpretam como um desvio de finalidade. A reação do mercado foi péssima: a Bovespa desabou e o Banco Central (BC) teve de vender dólares para evitar que subisse muito.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes negociaram a proposta com Bittar e os líderes do governo no Congresso, mas ainda não existe massa crítica no Senado nem na Câmara para aprovação do novo programa. A construção dessa maioria não será fácil, mas não é impossível, porque muitos parlamentares, nas duas Casas, defendem uma  política de transferência de renda para as pessoas que ficaram desempregadas ou sem seus pequenos negócios durante a pandemia. Entretanto, aprovar um calote nos precatórios e tirar recursos do Fundeb é outra história. Os lobbies dos advogados e da Educação são muito ativos e fortes. A inclusão da proposta na PEC Emergencial dificulta muito a aprovação, porque exige quórum elevado, mas, em contrapartida, reduz as possibilidades de judicialização do Renda Cidadã.

Novo imposto
A grande questão é que o governo está sendo pressionado pela recessão a adotar medidas que compensem o desemprego, que deverá chegar a 18% da População Economicamente Ativa (PEA). A prorrogação do auxílio emergencial, até dezembro, no valor de R$ 300, mitigou a recessão e o desemprego, mas é preciso pôr alguma coisa no lugar a partir de janeiro.

A grande aposta de Guedes para viabilizar o programa continua sendo a reforma tributária, na qual pretende criar um imposto digital, que está sendo chamado de nova CPMF, a pretexto de compensar a desoneração da folha de pagamentos. Ocorre que o Congresso não é nada simpático à criação de um novo imposto às vésperas das eleições municipais. Bittar anunciou também a criação de gatilhos para manter o teto de gastos e a redução em até 25% dos salários dos servidores. As duas propostas também terão dificuldades para aprovação, mas o Palácio do Planalto está mais confiante na capacidade de articulação de seus líderes no Congresso e na força do chamado Centrão.

Rachadinha
O Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou, ontem, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e seu ex-assessor parlamentar na Assembleia Legislativa fluminense, Fabrício Queiroz, por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, no esquema de rachadinha no seu gabinete na Alerj. Com isso, a vida do filho mais velho do presidente da República ficará mais complicada. [ainda que a denúncia seja aceita - a aceitação depende apenas do entendimento do juiz, não representa ainda uma sentença - continuam faltando provas (ilações e vontade de que indícios se tornem provas - sua excelência o fato - conforme dizia famoso político.] O maior desconforto de Bolsonaro, porém, é com o envolvimento no caso da primeira-dama, Michelle, em razão de um depósito em sua conta bancária efetuado por Queiroz.

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


Professora denuncia racismo em escola pública de Taguatinga

Correio Braziliense

A professora relata que a diretora começou a persegui-la e, em uma das vezes, chegou a dizer que ela teria que trabalhar em uma "senzala"

“Ela disse que eu iria dar aula na senzala. Na hora, não consegui reagir e, até hoje, estou abalada e precisando de acompanhamento médico.” Essa é a declaração da professora Vera Lucia Gomes da Silva, de 38 anos, que acusa a diretora de uma escola pública de Taguatinga de racismo. A situação teria ocorrido no início do ano e ela denunciou o ataque à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que abriu inquérito para apurar o caso.

[Comentando: mais uma denúncia de racismo, apresentada por uma suposta vítima, sem um fiapo de prova - seja documental, testemunhal ou mesmo factual.
Se tornou recorrente a apresentação de denúncias em delegacias de polícia de pessoas declarando que foram vítimas de racismo, por parte de um superior no trabalho, da polícia, sem apresentar a menor prova.

No caso em questão, a denunciante narrou toda uma história - ou  será estória?-  sem nada que sustente sua versão.
Sem parcialidade, o único ponto que poderia ser prova do suposto racismo, seria a devolução da professora Vera à Regional.
Mas a devolução, por insuficiência de desempenho, também pode ser usada como motivo para apresentação da denúncia - e já que tudo está no campo das conjeturas!!!.

A devolução da professora acusadora é procedimento que pode gerar desconforto para o professor devolvido, mas faz parte da condição 'professor temporário'.
Alguma coisa precisa ser feita, de forma a que denúncias sem provas, sem elementos de sustentação, sejam arquivadas na apresentação, e até eventual punição a quem denuncia por 'denunciação caluniosa'.
A polícia tem mais o que fazer, devendo evitar o desperdício de tempo investigando denúncias vazias.]

Vera contou ao Correio que os atos racistas denunciados começaram assim que ela entrou na escola, onde lecionava em contrato temporário. “Eu trabalhava em uma outra instituição de ensino e, por motivos de dinâmica, mudei para essa escola, que fica a menos de 300 metros da minha casa”, disse. Quando entrou na instituição, quem a recebeu foi a vice-diretora, segundo ela. “Era um ambiente muito agradável, onde fiz vários amigos e todos se davam bem. Até então, eu nunca tinha conhecido a diretora. Quando tive o primeiro contato com ela, me pareceu uma pessoa do bem, sem nenhum problema”, ressalta.

No entanto, a “perseguição” começou pouco tempo depois, denuncia. Como consta no boletim de ocorrência registrado na 17ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Norte), a diretora teria começado a chamar a professora de “negrinha” e “nega”, sempre na ausência da comunidade escolar. “Como dava aulas para crianças com deficiências múltiplas, eu praticamente não tinha tempo para ir ao banheiro, lanchar ou beber água. Foi quando solicitei para ela um monitor para me ajudar, mas ele não fazia as tarefas básicas. Só depois percebi que a diretora o colocou para me vigiar”, relatou.

Consequências 
Vera conta, ainda, que as perseguições não pararam por aí. “Uma vez, ela (diretora) chegou a falar para mim que eu iria dar aula em uma senzala. Tive uma crise de choro dentro da escola, a orientadora veio conversar comigo, mas eu estava abalada.”

Devido a isso, a docente chegou a faltar trabalho por uma semana pois, segundo ela, tinha medo da diretora e não conseguia sair de casa. Como Vera trabalha em contrato temporário, em 17 de junho, foi devolvida à Regional de Ensino. “O que fizeram comigo foi uma injustiça. Eu não sabia que essa mulher fosse capaz de destruir a minha vida dessa forma”, completou. Na ocorrência policial, Vera afirmou que a diretora alegou que o motivo para o desligamento seria a “desqualificação para o cargo, com uma avaliação de desempenho negativa”. “Agora, estou aqui, com uma ordem de despejo, sem emprego e com medo, muito medo”, finalizou.

Corregedoria apura o caso 
Por meio de nota oficial, a Secretaria de Educação informou que a Corregedoria abriu processo de apuração preliminar em relação à denúncia feita pela professora. “A pasta reafirma a sua missão educacional de assegurar o respeito à diversidade e à pluralidade na rede pública de ensino e, com isto, contribuir para que se propague em toda a sociedade”, disse no documento.

Ao Correio, o chefe da unidade regional de gestão de pessoas de Taguatinga, Sonildo Santos, disse que “nunca viu denúncia dessa natureza” na instituição de ensino. “Não podemos entrar nesse mérito, até porque nunca recebemos denúncia desse tipo dessa gestão em específico”, afirmou. A reportagem também procurou a diretora denunciada, mas não conseguiu contato até a mais recente atualização desta matéria. O espaço segue aberto para manifestação.

O Sindicato dos Professores do DF (Sinpro) também se posicionou, por meio de um dos diretores, Bernardo Távora, que esclareceu que foi procurado por Vera, que o questionou sobre a devolução à regional. “Quando se é reprovado na avaliação, você é devolvido para o banco. Fornecemos a ela a assessoria jurídica e tentamos manter um atendimento humanizado. De qualquer forma, esperaremos a apuração dos fatos para nos posicionar”, alegou.

Cidades - Darcianne Diogo - Correio Braziliense