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sábado, 31 de outubro de 2020

Segunda onda – Folha de S. Paulo

Opinião

Retomada de pandemia na Europa abala mercados e ameaça recuperação do Brasil

Outubro termina com a notícia de que a Europa cresceu bem mais do que o esperado no terceiro trimestre do ano. Quase ao mesmo tempo, as maiores economias da zona do euro anunciam a volta de medidas sanitárias estritas a fim de evitar aglomerações e um descontrole ainda maior da pandemia — agora em sua segunda onda. [antes que queiram fechar tudo no Brasil, devem considerar que as eleições municipais estão gerando grandes aglomerações, estas sim, podem provocar um 'suspiro' da peste, com aumento do caso de contágios.
Duas coisas difíceis de entender:
1 - o que motiva um país em situação econômica dificil, há mais de vinte  anos   - realizar eleições a cada dois anos?
Eleições gerais a cada quatro anos, reduziriam substancialmente despesas que influem negativamente na contenção dos gastos públicos, e atenderiam perfeitamente as necessidades democráticas de eleições livres.
2 - qual o motivo de em uma situação excepcional  de pandemia, uma peste que só agora começa a ceder no Brasil, manter as eleições municipais em 2020?
O adiamento para 2022 além de reduzir os gastos públicos, auxiliariam na contenção de aglomerações advindas de comícios e ajudariam a consolidar o fim da contaminação pelo coronavírus = queiram ou não, ainda não existe uma vacina para conter a peste.]

O Produto Interno Bruto conjunto dos países que adotam a moeda comum elevou-se em 12,7% do segundo para o terceiro trimestre, embora siga 4,3% menor que no mesmo período do ano passado. Segundo as previsões de governos e bancos centrais da região, ademais, haverá nova recessão no quarto trimestre deste 2020. O Banco Central Europeu já indicou que vai promover nova rodada de estímulo à economia no final do ano. Resta agora apenas esperar que a segunda onda e a recaída na recessão sejam tão breves e brandas quanto possível.

Os sinais da retomada do contágio apareceram no início de setembro, e o aumento do número de mortes ganhou velocidade desde então. Na União Europeia, o número de óbitos por milhão de habitantes era de 0,82 no início de outubro, de 1,23 em meados do mês e de 2,86 nesta sexta (30) — acima da taxa brasileira, de 2 por milhão, e da americana, de 2,43.
Ainda no mês, um indicador econômico que antecipa o desempenho do PIB já mostrava contração, pois o declínio do setor de serviços —o maior em qualquer economia moderna— apagou o ainda bom resultado da indústria. Com os novos lockdowns, o resultado será notavelmente pior em novembro.
A situação da atividade nos Estados Unidos é ligeiramente melhor que na Europa, com queda do PIB de 2,9% em relação ao ano passado (dados do terceiro trimestre).

Já a situação epidêmica é algo incomparável —no conjunto, o país vive uma espécie de terceira onda, sem que tenha jamais controlado a doença de modo que os europeus o fizeram em julho e agosto. Os mercados financeiros, em parte também estressados por causa da eleição americana, refletem o medo de grave recaída recessiva. Na média mundial, as Bolsas tiveram a pior semana desde março. Como seria de esperar, o Brasil sofre o contágio, por ora, nos mercados. Fragilizado pela epidemia e pela paralisia da política econômica, pode ver sua recuperação abalada, ao menos em parte, pela retração nos EUA e na Europa.

O aperto das condições financeiras, refletido em altas do dólar e das taxas de juros de longo prazo, pode ser maior, dada a tensão mundial renovada. A turbulência é agravada pela incerteza quanto ao Orçamento e as reformas —enquanto da política sanitária de Jair Bolsonaro nada se pode esperar.

Opinião - Folha de S. Paulo



Governo francês capitula na batalha pela alma dos seus cidadãos muçulmanos - Folha de S. Paulo

 Demétrio Magnoli

Emmanuel Macron conectou o islã ao terror, num salto narrativo típico da direita xenófoba europeia     

Samuel Paty, professor numa cidade do anel periférico de Paris, foi degolado por um jihadista após exibir os célebres cartuns satíricos de Maomé, numa aula dedicada à liberdade de expressão. A França chorou sua morte, Emmanuel Macron declarou guerra ao "terrorismo islamita" e o turco Recep Erdogan clamou por um boicote a produtos franceses no mundo muçulmano. "O islã pertence à Alemanha" —parece ter transcorrido um século, mas foram só cinco anos desde que Angela Merkel pronunciou aquelas palavras, no auge da crise dos refugiados.

Lágrimas, primeiro. O assassinato chocou a França de um modo atroz. Diferente de outros atentados de "lobos solitários", não foi um ato de terror aleatório. No seu intenso simbolismo, mirou a escola, reativou a memória do massacre do Charlie Hebdo e imitou as decapitações perpetradas pelo Estado Islâmico. Armas, depois. Macron ordenou uma série de operações policiais que ultrapassam os limites do círculo direto do terrorista, abrangendo mesquitas radicalizadas e redes sociais de difusão do jihadismo. Mas, para além disso, empregou um arsenal de linguagem que rompe as fronteiras tradicionais. O presidente conectou o islã ao terror, num salto narrativo típico da direita xenófoba europeia.

No 7 de janeiro de 2015, terroristas ligados à Al Qaeda invadiram a redação do Charlie Hebdo, em Paris, matando 12 pessoas. Nos dias seguintes, 3,7 milhões de franceses, inclusive dezenas de milhares de muçulmanos, marcharam em repúdio ao atentado. Na ocasião, os líderes da França —com a marcante exceção de Marine Le Pen, voz da direita nacionalista— falaram em "jihadismo", não em "islamismo". Agora, porém, Macron assimila o discurso de Le Pen, com quem disputará a Presidência em 2022.

O termo jihadismo delimita o campo extremista do terror e o distingue do islã. Face ao assassinato de Paty, Macron escolheu, porém, a sintaxe do "choque de civilizações". O professor, disse, "foi morto porque os islamitas querem o nosso futuro", mas "não desistiremos de nossos cartuns". Nas marchas de 2015, o slogan "Eu sou Charlie" sintetizava a defesa da liberdade de expressão. Já nas declarações atuais do presidente o conteúdo da sátira jornalística transforma-se em algo como uma doutrina oficial francesa. "Nossos" cartuns? Os cartuns do jornal converteram-se em cartuns nacionais? O governo da França resolveu satirizar uma religião singular?

A linguagem do "choque de civilizações" foi um presente involuntário oferecido a Erdogan, que manipula o islã como ferramenta para consolidar seu regime autoritário na Turquia e projetar influência no Oriente Médio, na África do Norte e no Cáucaso. A batalha verbal travada com Macron estimulou protestos antifranceses em diversas cidades árabes.

Há uma clara distinção entre o secularismo estatal, pilar da unidade nacional francesa, e a identificação do islã como fé estrangeira ou ameaçadora. As sementes da expansão colonial francesa em terras islâmicas foram lançadas na fracassada campanha de Napoleão Bonaparte ao Egito e à Síria, entre 1798 e 1801. Hoje, os muçulmanos, 5,8 milhões, formam quase 9% da população da França. Mais ainda que à Alemanha, o islã pertence à França.  O combate ao jihadismo nunca deveria se confundir com uma acusação divisiva, que ofende a minoria muçulmana do país.

Na esteira de Paty, vieram as três vítimas de Nice, esfaqueadas na basílica de Notre Dame. A culpa recai, indiscutivelmente, sobre o jihadismo, não sobre os discursos presidenciais. Mas as referências aos "nossos cartuns", que parecem um corajoso grito de desafio, não passam de vergonhosa rendição. "Nós não desistiremos de nada", garantiu Macron após o atentado de Nice. Falso: quando rompe a neutralidade estatal diante da religião, o governo francês está capitulando na batalha pela alma dos seus cidadãos muçulmanos.

Demétrio Magnoli, sociólogo - Folha de S. Paulo


Ministro da Saúde Eduardo Pazuello é internado em Brasília

Militar apresenta um leve comprometimento no pulmão; ele foi diagnosticado com Covid-19 no último dia 21 e está no hospital DF Star

O ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi internado na noite desta sexta-feira, 30, no hospital DF Star, em Brasília. Segundo fontes ouvidas por VEJA, o militar fará exames mais detalhados para Covid-19 e passa por acompanhamento. Ele deve ter alta neste fim de semana.

Pazuello, que tem 57 anos, foi diagnosticado com a doença no último dia 21. De acordo com os médicos, ele tem um leve comprometimento do pulmão e foi para o hospital após apresentar um quadro de desidratação, mesmo sintoma que teve logo que descobriu que estava com Covid-19.

VEJA


Liderança em xeque - Merval Pereira

O Globo 

Incontrolável? 

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, tem um espaço maior que seus colegas de farda para lidar com a política com mais liberdade, pois foi eleito pelo voto direto e é indemissível pelo presidente Bolsonaro. Por se posicionar com independência, já foi visto como uma alternativa mais liberal ao presidente, que avisou: “O Mourão é mais tosco do que eu”. Colocado na vice-presidência da chapa para, segundo o filho 03 Flavio Bolsonaro, tirar qualquer veleidade de derrubar seu pai, Mourão assumiu o Conselho da Amazônia para tentar dar uma organizada no combate às queimadas e ao desmatamento.
[o que nos surpreende e muito - sensação que deve alcançar milhões de brasileiros - é o general Mourão (bem mais comedido do que o presidente Bolsonaro = mais explosivo, pavio mais curto) aceitar a provocação gratuita e entrar na 'guerra pela vacina que ainda não existe'.
A sensatez recomenda que qualquer autoridade adepta do bom senso, não se manifeste sobre comprar ou não comprar um produto que não existe.

Ao declarar “Essa questão da vacina é briga política com o Doria. O governo vai comprar a vacina, lógico que vai. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, o general Mourão forneceu munição aos inimigos do presidente Bolsonaro e aos que querem holofotes armando conflitos com o presidente. O declarado não ressalva que a vacina cuja produção já recebeu recursos do governo - ... Já colocamos... - AINDA NÃO EXISTE.

É sabido  que existe uma grande torcida para que o presidente e o vice se desentendam. 
É também certo que tão logo uma vacina contra a peste se torne disponível  - EXISTA e seja eficaz na imunização e segura no uso - o Brasil comprará.

Nos parece imprudente que com a crise econômica que afeta todo o mundo, o Brasil fique investindo recursos em várias pesquisas de uma vacina.
Tais investimentos levam a uma pergunta: se nenhuma das vacinas pesquisadas com participação financeira do Brasil não lograr aprovação?
Não podemos continuar tentando fabricar uma vacina, enquanto no mercado há disponibilidade de outra, ou outras.
Pesquisar vacina não é para países que atravessam grave crise econômica = inclusive com milhões de brasileiros em dificuldades, muitos passando até fome.]

O ministro do Meio-Ambiente não é dos mais chegados a Mourão, que o convidou por último para participar da viagem à Amazônia com representantes estrangeiros. Algo indica que Mourão preferia que não fosse. Por tudo isso, a afirmação dele de que o Brasil comprará, sim, a vacina chinesa, desde que ela seja aprovada pela Anvisa, entrando em confronto com as afirmações de Bolsonaro, que disse que, por sua origem, a vacina chinesa não tinha credibilidade, mostra que há limites para a aceitação das idiossincrasias do presidente.

Também outros ministros militares continuam incomodados com a atuação do presidente Bolsonaro na mediação de desavenças políticas entre seus assessores. “O Jair é fraco de liderança”, comenta um desses ministros, reclamando da aceitação, por parte do presidente, dos militantes digitais, que levam para as redes sociais as baixarias, intrigas e disputas, apoiando os ministros da ala ideológica. Mourão, embora tenha dito que não é de seu feitio o desabafo feito pelo General Rego Barros, ex-porta-voz de Bolsonaro, elogiou o colega de farda, e disse entender “sua mágoa”. Ao afirmar que “política é política e Forças Armadas são Forças Armadas”, o vice-presidente parece querer traçar uma linha que separa as duas, e pode acabar assumindo o protagonismo, por atos e falas, na defesa da ala militar, que está se aproximando de uma fase reativa em relação aos políticos que assumiram a liderança do governo.

Não caiu bem entre eles a revelação, pela mesma revista Veja, das intrigas e brigas palacianas que continuam nos bastidores da ala ideológica contra militares, principalmente o general Luiz Eduardo Ramos, o ministro encarregado da articulação politica do governo e que continua sendo atacado por integrantes da ala ideológica. A desculpa meia boca do ministro Ricardo Salles não acertou as coisas, as brigas de bastidores continuam, e nas redes sociais, os grupos ideológicos são violentos e incontroláveis. Certa ocasião, ainda na campanha presidencial de 2018, conversei com o então Comandante do Exército Vilas Boas, na presença de outros militares. Perguntei por que não controlavam o candidato Bolsonaro, que espalhava agressões para todos os lados na campanha. O General Vilas Boas respondeu: “Ele é incontrolável”. [palavras certas, inteligentes e concordantes com a integridade moral, ética e profissional  de quem as proferiu;

Se as FF AA fossem controlar o candidato Bolsonaro estariam fornecendo argumentos para que a mesma imprensa que 'cobrava' o controle, caluniasse os militares dizendo que queriam controlar o governo. Com inteligência e de forma diplomática o general Villas Boas, evitou a armadilha. Dizer que um candidato em plena campanha eleitoral é incontrolável não configura ofensa].

A aceitação desse tipo de comportamento devia-se à vontade dos militares de impedir a eleição de Lula. A ida para o governo de vários militares que conheciam Bolsonaro há muitos anos, alguns deles, como Luiz Eduardo Ramos, acostumados a terem que controlar o capitão Bolsonaro expulso [?] do Exército, mas que continuava atuando como líder sindical dos militares nas portas dos quartéis, tinha a intenção de ajudá-lo a governar.

Um fato curioso foi o que aconteceu na Academia das Agulhas Negras, quando Bolsonaro, atrás de votos dos militares, postou-se à porta da instituição panfletando para parentes e amigos dos formandos. A cerimônia não podia começar com aquela panfletagem por onde entraria o presidente da República, Itamar Franco.

Quem foi negociar com o capitão Bolsonaro foi o então Major Luiz Eduardo Ramos, e o máximo que conseguiu foi que o candidato fosse panfletar longe do portão principal. Hoje, quem manda é Bolsonaro, que se utiliza da hierarquia militar para enquadrar seus generais, e os submete à atuação das milícias digitais. Ou a suas idiossincrasias, como fez com o General da Ativa Eduardo Pazzuelo, ministro da Saúde, que teve que engolir calado o presidente desmenti-lo publicamente, afirmando que não compraria a vacina chinesa. Hoje, Mourão garante que o país comprará, sim, a vacina chinesa. [para fechar, acrescentamos: desde que exista uma...chinesa, inglesa, japonesa, etc]

Merval Pereira, colunista - O Globo


O vaivém da Coronavac: Mourão garante vacina; Bolsonaro desautoriza

 Vice-presidente diz que impasse sobre CoronaVac é "briga política" com Doria, mas frisa que o governo não só vai adquirir o imunizante como já repassou recursos ao Butantan. Chefe do Planalto reage e avisa que tem autonomia na decisão da compra

A recusa do presidente Jair Bolsonaro em comprar doses da CoronaVac imunizante contra a covid-19 em desenvolvimento pelo Instituto Butantan e pela empresa chinesa Sinovac — fez surgir outra saia justa no governo. Na contramão da resistência do chefe do Planalto, o vice-presidente Hamilton Mourão disse, ontem, que o Executivo vai, sim, ajudar na aquisição da vacina, a despeito do mau relacionamento entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O presidente, porém, não gostou, e rebateu o vice.

Mourão afirmou que o governo não só vai contribuir com a CoronaVac como já enviou recursos ao Butantan para a fabricação de mais doses. “Essa questão da vacina é briga política com o Doria. O governo vai comprar a vacina, lógico que vai. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí”, destacou o general, em entrevista publicada pela revista Veja.

Com a repercussão da fala de Mourão, Bolsonaro deixou claro que a palavra final sobre o assunto cabe a ele. “A caneta Bic é minha”, alertou o presidente, ao portal R7, em uma resposta ao vice. A postura do presidente é semelhante à adotada há uma semana, quando desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por ter assinado um acordo de intenção de compra, por parte da União, de 46 milhões de doses do imunizante. O chefe do Executivo mandou cancelar o documento.

O mais novo episódio de fogo cruzado dentro do próprio Palácio do Planalto demonstra que Bolsonaro não dará espaço para seu maior rival político “faturar” com um eventual sucesso da CoronaVac. Afinal, Doria tem sido o principal investidor da vacina chinesa e liderado o processo de testagem do imunizante no país.

Além do recado a Mourão, Bolsonaro voltou a alfinetar, ontem, o governador paulista, outra vez por conta da vacina. “Está acabando a pandemia (no Brasil). Acho que (Doria) quer vacinar o pessoal na marra, rapidinho, porque (a crise sanitária) vai acabar, e daí ele fala: ‘Acabou por causa da minha vacina’. Quem está acabando é o governo dele, com toda certeza”, disse a apoiadores na frente do Palácio da Alvorada.

Em análise
Apesar do alvoroço que Bolsonaro tem causado, desde a última semana, contra a CoronaVac, seja utilizando redes sociais, seja dando declarações a eleitores, seja discursando nos compromissos oficiais, a ordem dele para revogação do acordo entre o Ministério da Saúde e o Butantan só foi da boca para fora. Por enquanto, o protocolo do instituto, que pediu a ajuda da pasta para a compra das doses da vacina, segue tramitando na pasta.

Desde o dia 21, quando Bolsonaro desautorizou o termo de intenção de compra, o pedido do Butantan já passou por sete setores da Saúde, como o Núcleo Jurídico da Secretaria de Vigilância em Saúde e o Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública da Covid-19. Além disso, foi concedido acesso ao requerimento à Secretaria de Controle Externo da Saúde do Tribunal de Contas da União (TCU), segundo o Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do ministério.

Caso o ofício expedido por Pazuello ainda esteja valendo, o governo só vai prosseguir com o processo de aquisição do imunizante após o registro da vacina na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o texto assinado pelo ministro da Saúde, a estimativa é de que o governo invista US$ 659,2 milhões para adquirir os 64 milhões de doses iniciais demandadas pelo Butantan. O valor equivale a cerca de R$ 3,8 bilhões.

(..........)

No Correio Braziliense, MATÉRIA COMPLETA




Incompetência e a barreira dos 100% - O Estado de S. Paulo

 Adriana Fernandes

Com a perspectiva de recorde negativo, País pode enfrentar em 2021 uma crise da dívida

Em dezembro de 2017, o governo anunciava que um dos principais indicadores da sustentabilidade das contas públicas estava perto de atingir um limite perigoso. O Banco Central tinha acabado de projetar que a dívida bruta do País fecharia em valor bem perto de 80% do PIB no ano seguinte. Chegar a 80% era considerado na época uma espécie de barreira a ser evitada a qualquer custo, a partir da qual, se rompida, a leitura seria imediata: um aumento considerável dos riscos para a execução das políticas monetária e fiscal diante da percepção de uma trajetória explosiva do endividamento público. Agências de classificação de risco entendiam que esse patamar indicava um quadro de descontrole da dívida para economias emergentes com o perfil como o do Brasil

[Até não peritos em economia - nosso caso - percebem que a matéria manipula dados, de forma a  que o já péssimo, pareça pior.
A dívida pública estar próxima a  80% do PIB, em 2017, e agora ultrapassar os 90% tem como razão a pandemia. Em 2017, o PIB usado como referência não era um PIB chinês, mas era bem mais encorpado do que o de agora - afinal,  a causa de todos os males, a engarrafadora de vento, seria expelida e as perspectivas eram boas.
Agora temos a maldita peste que reduziu o PIB e aumentou os gastos - aqui, os bilhões que os governadores tem para gastar como e no que quiserem -  óbvio que a referência diminuindo e os gastos aumentando, o percentual sobe.
Outros pontos da matéria, deixam claro que a articulista torce evidentemente pelo fracasso do governo Bolsonaro = fracasso do Brasil]. 

Pois nessa sexta-feira, o BC anunciou oficialmente que a dívida bruta ultrapassou a barreira de 90% do PIB. E o Ministério da Economia reconheceu, pela primeira vez, que o indicador vai ultrapassar os 100% do PIB nos próximos anos. Pelas novas projeções, o Brasil fecha 2020 numa combinação perversa: as dívidas bruta e líquida  (que desconta as reservas internacionais) chegam ao final do ano em patamares recordes. O pico anterior da dívida líquida, que por muitos anos cumpriu o papel de principal indicador de solvência do Brasil, tinha sido na crise econômica brasileira de 2002.

Naquela época, a dívida líquida havia subido por conta da alta do dólar provocada pelo temor de que Lula, caso eleito presidente da República, daria um calote. Com o compromisso assumido pelo ex-presidente de manter o tripé macroeconômico, o dólar caiu e a dívida líquida também.
Agora, como Brasil tem hoje mais ativos do que passivos em dólar, a queda da moeda norte-americana não reduz o endividamento como aconteceu em 2002. Pelo contrário, pode até piorar se o câmbio recuar. O problema, portanto, passa a ser estrutural.

A perspectiva de duplo recorde negativo da dívida do País reforça a percepção de que o governo flerta com a falta de planejamento e pode enfrentar em 2021 uma crise da dívida. Além do fantasma da segunda onda do coronavírus, que já é realidade na Europa, enquanto o Brasil ainda nem saiu da primeira. Se o governo precisar injetar mais recursos na economia, como fazem agora os países europeus, a demora e a desorganização para a arrumação da casa trará custos ainda maiores.
Pela fotografia de hoje dos números projetados pelo próprio governo, Bolsonaro entrega para o seu sucessor, mesmo que seja ele próprio no caso de uma reeleição, um quadro muito pior daquele que foi entregue ao ex-presidente Lula.

Impossível não deixar de registrar que, enquanto a espiral negativa cresce, a semana passou com o presidente da República concentrado em reduzir tributo para videogames, renovar incentivos para a indústria automobilística, e acirrar disputas políticas sobre vacinas. O ministro Paulo Guedes renovou mais uma vez a guerra santa com seu desafeto e colega de Ministério, Rogério Marinho, e de quebra subiu o tom dos ataques à poderosa Febraban, a associação dos grande bancos.

O articulador político do governo, o ministro Luiz Eduardo Ramos, que deveria estar em campo para encaminhar os problemas, se envolveu numa briga de tuítes com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Se não bastasse esse cenário de desgoverno, a ciranda chegou até o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e foi parar no presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Tudo isso numa única semana.

Líderes governistas dizem que tudo estará encaminhado até o final de 2020 e que há uma tentativa de pintar o caos. Talvez seja isso que eles queiram. Deixar passar no Congresso tudo bem rapidinho com aquelas votações relâmpagos de fim de ano - chamadas de fim do mundo - que só se descobre o estrago tempos depois. O caos são eles!

 Adriana Fernandes, colunista - O Estado de S. Paulo


Mourão em defesa dos militares - Merval Pereira

O Globo 

Militares no limite

Sanha protelatória - Bolsonaro age para ganhar tempo e retardar vacina [?] - IstoÉ

 Como Jair Bolsonaro e órgãos de saúde, que são seus aliados, estão agindo para ganhar tempo e afastar cada vez mais a vacinação contra o coronavírus. Com um pé na ideologia e outro em interesses eleitoreiros, o presidente segue em seu descaso pelos mortos e doentes

[já existe uma vacina contra a covid-19, com  segurança no uso e  eficácia na imunização disponível?

Se a resposta for SIM, a resposta à pergunta do título será também SIM.

Todos sabem que a resposta à pergunta acima só pode ser NÃO, um sólido NÃO, assim a do título é também um NÃO.  

O governador de Santa Catarina está sofrendo um processo de impeachment por ter comprado material para o combate à covid-19 que não foi entregue.
Pretendem que o presidente Bolsonaro faça o mesmo?]

O Brasil precisa urgentemente de duas vacinas: uma é contra a Covid-19 que já matara cerca de 160 mil pessoas até a quarta-feira, 28;  [atualizando: o número de mortos até a manhã de hoje, 31, ainda não alcançou 160.000 - infelizmente deve atingir, mas, se retirar os mortos por problemas respiratórios não decorrentes peste ...] ; a segunda é para neutralizar uma peste chamada Jair Bolsonaro, que desdenha de toda essa tragédia. Creia, leitor, que a profilaxia em relação à doença logo será consolidada pela comunidade científica, que trabalha com seriedade. Quanto ao antídoto político, o mais eficaz seria a compulsória institucionalização do presidente da República em uma casa de custódia para tratamento psiquiátrico. Prova disso é que uma de suas últimas falas, de tão ironicamente gelada e desumana, parece saída do livro de contos “O cobrador”, do saudoso escritor Rubem Fonseca. “Não sei a razão de tanta pressa rumo à vacina”, disse Bolsonaro. São frases desse tipo que confundem as coisas, pois causam polêmicas quando se carece de serenidade.

Não bastasse isso, Bolsonaro age nos bastidores com sanha protelatória para que não tenhamos tão cedo a vacina. A mais evidente dessas manobras de protelação foi emperrar o máximo possível as importações de insumos indispensáveis para a sua produção no País. [quais os insumos indispensáveis que serão utilizados na produção da vacina que ainda  não existe? Tão absurda e criminosa era essa situação que a própria Anvisa não mais aguentou ser desclassificada e aprovou na quarta-feira 28 a importação de tais insumos para a produção da Coronavac. “Cada dia que esperamos a autorização significou um dia a menos de vacina”, diz o hematologista Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, um dos mais conceituados em todo o mundo.

Em São Paulo, onde está sediado, o Instituto Butantan tem capacidade de transformar seis milhões de doses em quarenta e seis milhões. Está com os laboratórios prontos, mas eles seguirão parados enquanto esses insumos não desembarcarem nas mãos dos pesquisadores. [perguntinha idiota,  mas adequada, no Brasil,  para nossa contribuição na guerra pela vacina que não existe:  e se após comprar tais insumos, milhões e milhões de dólares, a Coronavac se revelar  insegura para uso ou ineficaz? 
Quem pagará o prejuízo?
Ou tudo é uma tentativa burlesca de responsabilizar o presidente Bolsonaro?  - afinal, ele foi proibido de assumir o comando das ações contra a coronavírus, mas, agora querem que ele seja responsabilizado pelo fracasso dos governadores e prefeitos.]
Houve autorização de importação, mas é preciso que não fiquem retidos em malhas burocráticas. Nesse momento, o Brasil se encontra em um lugar que nenhum outro país, em meio à pandemia, queria estar. O presidente da República escolhe o jogo político, ideológico e partidário quando deveria privilegiar a saúde da população. “Não pode um juiz decidir se você vai ou não se vacinar”, declarou Bolsonaro. O que ele quer com isso? Tumultuar, criar notícias que vão minando a estabilidade institucional, colocar em prática a tática diversionista com nítido interesse eleitoreiro. O governador de São Paulo, João Doria, definiu de forma exemplar: “Não é uma questão de Justiça, mas, isso sim, de saúde”. [quando vão lembrar de questionar o Doria por estar exercendo, em concomitância, suas funções de governador e de adido comercial da República Popular da China?
Lembramos aos partidecos de aluguel, sem votos e sem programa, que estão desprezando uma ótima oportunidade de judicializar mais a vacina? Um governador não pode ser garoto propaganda de um produto de um governo estrangeiro.]

Na coxia de cada teatral polêmica que Bolsonaro levanta, estão a intenção e a estratégia protelatórias. Assim, na semana passada, ele veio com mais um desatino, e isso em um instante no qual os brasileiros estão sob a ameaça de um inimigo invisível. O presidente decretou o início dos estudos visando a conceder à iniciativa privada as Unidades Básicas de Saúde. O decreto significava dar o primeiro passo na direção da privatização do SUS — é mais ou menos como privatizar o ar que respiramos. Despencou sobre Bolsonaro uma avalanche de críticas (de médicos, cientistas, juristas e políticos), e ele, no seu estilo vaivém, voltou atrás em vinte e quatro horas: acerta quem pensar que, dessa forma, ganhou mais dia de distanciamento na concentração de esforços pela vacina. [ainda que errando Bolsonaro acertou ao provocar uma causa nobre: o reconhecimento público e notório por todos da eficiência do SUS, tanto no dia a dia, quanto durante a peste covid-19.

Só assim o SUS ganharia as manchetes, sendo enaltecidos seus méritos e o heroísmo e dedicação dos seus anônimos funcionários.]

Em IstoÉ, MATÉRIA COMPLETA


sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Cruzadas antiaborto - Folha de S. Paulo

Opinião

Bolsonaro usa tom ativista em documento; TJ-SP toma decisão absurda contra ONG

A ministra Damares Alves (esq.) e o presidente Jair Bolsonaro - Reprodução

Em trecho de um documento oficial intitulado Estratégia Federal de Desenvolvimento para o Brasil, que traça diretrizes para o período 2020-2031, o governo Jair Bolsonaro achou por bem encampar a retórica de movimentos conservadores contrários ao abortoDentre as medidas voltadas a “efetivar os direitos humanos fundamentais e a cidadania”, o texto do Planalto define como meta “promover o direito à vida, desde a concepção até a morte natural, observando os direitos do nascituro, por meio de políticas de paternidade responsável, planejamento familiar e atenção às gestantes”.

É legítimo, obviamente, que um presidente ou qualquer outro político defenda suas convicções e busque levá-las, pelos meios democráticos, às políticas públicas. Isso dito, cumpre apontar que a associação entre desenvolvimento e restrição a direitos de interrupção da gravidez destoa da experiência das sociedades mais avançadas.[sociedades mais avançadas não tem o direito de decidir por políticas que estimulem as assassinas de seres humanos inocentes e indefesos = aborteiras = a cometerem impunemente seus crimes.

Cabe ao presidente da República propor medidas que impeçam, e punam, com severidade exemplar, o assassinato de crianças que estão abrigadas no local que deveria lhes propiciar segurança total.

O Brasil é uma NAÇÃO SOBERANA e não deve nenhuma satisfação, nem explicações,  do trato de seus assunto internos a nenhum país, sociedade ou o que seja.]

Como advoga esta Folha, trata-se de tema a ser encarado sob a ótica da saúde pública, [assassinar inocentes indefesos agora é política de saúde pública?]  de modo a preservar a vida e a segurança das mulheres. Assim tem entendido um número crescente de países. O governo brasileiro esteve em má companhia ao assinar, neste mês, certa Declaração de Consenso de Genebra —do suposto consenso antiaborto participavam outras 30 nações, entre elas os EUA de Donald Trump, a Hungria de Viktor Orbán, Indonésia, Egito e Uganda.

A gestão Bolsonaro, ademais, atenta até contra as possibilidades previstas na lei e na jurisprudência — os casos de estupro, risco à vida da mãe e feto anencefálico. [a Consituição Federal protege a vida que é um direito reconhecido - tanto que proíbe a pena de morte. 

Frise-se bem que proíbe para bandidos, para seres humanos indefesos e inocentes não proíbe que façam apologia ao assassinato dos mesmos, com requintes de crueldade, e praticado pelas próprias mães ou com a conivência delas e de outros assassinos.

A proibição da pena de morte para bandidos apresenta uma redação que permite interpretação abrangente, já a proteção dedicada seres humanos ainda não nascidos permite interpretações restritivas e infundadas.

Felizmente, aos poucos o Brasil volta a assumir postura de combater, eliminar definitivamente o aborto em nosso território soberano. ]

Portaria do Ministério da Saúde criou constrangimentos para os médicos que realizam procedimentos; revelou-se que a pasta de Mulher, da Família e dos Direitos Humanos tentou intervir na interrupção da gravidez de uma menina estuprada de apenas dez anos. O cerco, infelizmente, não se dá apenas por parte do Executivo federal —como se viu na recente decisão do Tribunal de Justiça paulista de impedir que a ONG Católicas pelo Direito de Decidir, favorável à legalização do aborto, utilize a referência religiosa em seu nome. [decisão justa, correta; se a IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA É CONTRA O ABORTO, é inconcebível que uma organização aborteira, criminosa, assassina, use a palavra CATÓLICOS em sua denominação = deixando a impressão de ser formada por católicos, condição impossível já que no momento em que 'católico' pensar em cometer, participar, estimular um aborto,  já está se afastando dos princípios católicos.

Tal uso tem o objetivo de enganar incautos e isto é ESTELIONATO.

Crime de estelionato, falsidade ideológica para promover o crime de assassinato.

Recomendamos ler na Folha: Voltamos à Inquisição? 

O autor da matéria acima linkada  chega ao absurdo, ao requinte diabólico, de defender o entendimento, por vias transversais,  de que a Igreja Católica não pode excomungar.
Excomungar é expulsar os católicos indignos de serem católicos. O expulso pode ter o direito de continuar se considerando católico, nada além disso. No caso da  ONG é evidente que ela usa o adjetivo 'católicas' para confundir, enganar.]

Opinião - Folha de S. Paulo 


Novas batalhas de Itararé - Fernando Gabeira

In Blog

O jabutizeiro do SUS - Nas entrelinhas

Quando a pandemia do novo coronavírus passar, a medicina nunca mais será a mesma. As consultas por teleconferência, introduzidas em massa durante a pandemia, vieram para ficar

A Prefeitura de Vitória (ES) tem uma das melhores redes de atendimento básico à saúde do país, resultado de sucessivas administrações, mas, sobretudo, do avanço tecnológico promovido pelo atual prefeito, Luciano Rezende (Cidadania), que encerra o seu segundo mandato. Com as inovações, foi possível ampliar o atendimento em 30%, sem contratação de médicos ou construção de novos postos de saúde. Qualquer cidadão atendido na rede, inclusive nos dois pronto atendimentos (PAs) da cidade, recebe um torpedo no celular para dar uma nota de 0 a 10 de avaliação do atendimento. A nota média, em setembro, mesmo na pandemia da covid-19, foi 9,11. O ovo de Colombo surgiu depois de uma viagem de avião, quando o prefeito recebeu uma mensagem pedindo uma nota de avaliação do serviço da companhia aérea.

A revolução tecnológica começou pelo Pronto Atendimento de São Pedro, antiga região de palafitas, erradicadas nas administrações de Vitor Buaiz (PT) e Paulo Hartung (MDB). Na administração do tucano Luiz Paulo Velozzo Lucas, da qual Rezende foi secretário de Saúde e de Educação, esses serviços foram ampliados. Mas, foi preciso muita inovação tecnológica para que a gestão da saúde fosse focada 100% na ponta do atendimento ao público. Quando os torpedos começaram a ser disparados, houve muitos questionamentos, porque tudo influencia a avaliação, e não apenas o atendimento médico propriamente dito. O PA de São Pedro, por exemplo, foi o mais mal avaliado. Esse resultado levou a que os diretores dos dois melhores postos de saúde da cidade fossem transferidos para lá, onde a população mais pobre da cidade é atendida na emergência, 24 horas, todos os dias, inclusive domingos e feriados. A média da avaliação dos usuários, em setembro passado, foi de 8,66. Mesmo com a pandemia, a menor nota de avaliação do PA de São Pedro foi 7,29, em março.

A chave para o alto desempenho foi a sinergia entre as secretarias de Saúde e da Fazenda, que colocou o time da subsecretaria de Tecnologia de Informação para desenvolver soluções que melhorassem a gestão da Saúde, obrigada a fazer mais com menos, devido à queda de 25% da arrecadação da cidade, com o fim do Fundap (fundo de desenvolvimento extinto em 2002, que beneficiava o complexo exportador capixaba). Ao contrário de outros municípios, que estão na latitude dos poços da Bacia de Campos, Vitória se beneficia pouco dos royalties de petróleo destinados aos capixabas.

Medicina a distância
Para melhorar o atendimento à população, o acesso à informação, a organização e o controle das unidades de saúde, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) registra a fila de atendimento, a classificação de risco, os procedimentos da sala de medicação, com prescrição e checagem de forma eletrônica. Os sistemas informatizados permitem agilizar procedimentos administrativos, gerenciais, de atendimento e acesso à informação de pacientes. Além disso, o sistema gera o prontuário eletrônico com os dados do atendimento prestado ao paciente. Para que o atendimento seja mais rápido, basta o usuário apresentar um documento com foto e ele será encaminhado para a classificação de risco. Depois, aguarda o atendimento médico ou odontológico de acordo com a gravidade do caso. As consultas são automaticamente remarcadas em caso de não confirmação. O time de engenheiros e programadores da prefeitura, funcionários de carreira, acabou com as filas de atendimento e reduziu a 5% as faltas às consultas médicas, que representavam 30% do total.

Além da rede de postos de saúde e centros de referência, a prefeitura mantém atendimentos psicossocial para adultos e infanto-juvenil, de prevenção e tratamento de toxicômanos, atenção a idosos, gestantes e pediatria. São oferecidos serviços de cardiologia, dermatologia, endocrinologia, gastroenterologia, neurologia, obstetrícia (alto risco), oftalmologia, ortopedia, otorrinolaringologia, proctologia, psiquiatria, reumatologia, urologia, homeopatia, acupuntura e pequenas cirurgias, além de tratamento odontológico (radiologia, endodontia, periodontia e prótese dentária), e de diagnóstico de câncer de boca. Tudo gratuito. Além de equipes de médicos de família, agentes comunitários de saúde e orientadores de exercícios físicos.

E quando é que os jabutis subiram na árvore? Quando a pandemia do novo coronavírus passar, a medicina nunca mais será a mesma. As consultas por teleconferência, por exemplo, que foram introduzidas em massa na rede pública de Vitória durante a crise sanitária, vieram para ficar, assim como outras inovações tecnológicas introduzidas por lá. Acontece que grandes empresas de tecnologia já estão operando na área médica, aqui no Brasil, como a Afya, que oferece ensino especializado e treinamento a distância em larga escala (Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Pará, Tocantins e Distrito Federal). Há grande interesse na gestão dos serviços do SUS. As soluções que a Prefeitura de Vitória oferece de graça às demais prefeituras do país, via Frente Nacional de Prefeitos, na ótica dos grupos de medicina privada, são um grande business inexplorado. Por isso, as unidades básicas de saúde inacabadas do governo federal são quatro mil jabutis. Falta descobrir quem armou o “jabutizeiro” do SUS, que é muito maior. Com certeza, não foi enchente, foi mão de gente. [FATO: até quando erra o presidente Bolsonaro acerta.
O delírio de privatizar o SUS já passou - aliás foi um péssimo pensamento em voz alta. 

Para mostrar que seria um desastre para os brasileiros basta considerar que um representante da medicina privada declarou em entrevista que a desistência da privatização foi um retrocesso - se eles são contra a desistência é sinal que privatizar seria um desastre privatizando o povão iria sofrer e muito com a falta do SUS. 

O delírio da privatização teve outro aspecto bom; jogou holofotes sobre o SUS permitindo mostrar ao Brasil e mesmo ao mundo,  sua eficiência e importância.
Mostrar a todos que o SUS agiu com presteza, eficiência, mesmo quando foi exigido além do limite.]

Nas Entrelinhas - Luiz Carlos Azedo, jornalista - Correio Braziliense


Tempos de aflição - Valor Econômico

 Claudia Safatle 

“Rombo” fiscal se arrasta desde os anos 1980, com breve período de exceção

O país vive um momento em que decisões na economia vão ter grande impacto nos próximos anos, de forma mais ou menos análoga ao que os ex-presidentes Geisel e Figueiredo viveram quando dos choques de preços do petróleo em que optou-se por pisar no acelerador ao invés de ajustar a economia àquela condição de grave restrição. Foram os 20 anos seguintes de elevadíssimas taxas de inflação, só domada após o Plano Real, em meados de 1994. Ao ouvir as alternativas que tinha à mão na ocasião, Geisel teria dito: “Mas logo na minha vez vocês querem brecar a economia?”.

[apesar da forte tendência contra o presidente Bolsonaro, a ilustre articulista tem a sinceridade de apontar que o surgimento do rombo fiscal e de todos os males causados à economia, ocorreu nos anos 1980 - Geisel encerrou seu mandato em 1979 - e não em2017.] 

O momento, agora, é o retrato de um desequilíbrio que está na cobertura da imprensa desde a crise da dívida externa nos anos de 1980, quando os jornalistas de economia começaram a escrever sobre o “rombo” nas finanças públicas. Para alguns, iniciava-se alí um aprendizado da importância da política fiscal para a estabilidade da economia. Foi a partir de um acordo de socorro financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que preconizava austeridade nas contas do setor público como medida de controle da inflação, que tomou-se conhecimento das metodologias de cálculo do déficit e o assunto passou a ser parte da pauta de cobertura da imprensa de 1983 para cá.

O fato é que os governos não foram capazes de resolver, até hoje, as restrições fiscais que se arrastam, freiam o crescimento da economia e atrasam a vida de milhões de brasileiros. Houve períodos de enfrentamento, quando no segundo mandato o governo de Fernando Henrique Cardoso começou, em 1999, a política do tripé macroeconômico calcado no regime de metas para a inflação, câmbio flutuante e superávit primário nas contas públicas.

As primeiras iniciativas de abandono das metas fiscais começaram no segundo mandato de Lula, mas foi Dilma Rousseff que deu um basta nos superávits e inaugurou o tempo dos déficits públicos. Ficou famosa a definição da presidente de que “gasto [público] é vida.”

Na gestão de Michel Temer foi aprovada a PEC do Teto do Gasto, pela qual o aumento da despesa anual é limitado à correção pela inflação acumulada em 12 meses até meados do ano anterior. Foi uma forma, talvez dura demais, de lidar com uma expansão desmedida do gasto público nos últimos quarenta anos.

Quando Bolsonaro assumiu, parecia muito claro no discurso do ministro Paulo Guedes o entendimento da dimensão do problema. Mas o tempo mostrou que o presidente não comungava das convicções liberais do ministro da Economia nem tinha a compreensão das limitações que o “rombo” das contas públicas impunha aos seus eventuais planos de governo. Bolsonaro nunca gostou das privatizações, não apoiou a reforma da Previdência, aceitou a reforma administrativa desde que vigorasse só para os novos entrantes no setor público e não concordou com a proposta de reestruturação dos programas assistenciais (tais como o abono salarial, seguro-defeso e vários outros) para financiar um projeto de renda básica. O Congresso, nesse aspecto, foi mais reformista.

O presidente, definitivamente, não lida bem com as restrições que lhe são colocadas pelo “buraco” das contas públicas. Mas não há muitas alternativas para ele a não ser a perda da confiança e da credibilidade na sustentação da trajetória da dívida pública como proporção do PIB. Dívida que era de 51,7% do PIB em 2010 e uma década depois já encosta em 100% do PIB. [o PIB caiu = redução do parâmetro de cálculo -  e tivemos uma pandemia = aumentou os gastos que formam a dívida pública].Os economistas do setor público e privado entendem que esse não é um patamar sustentável e o mercado reage mudando os preços dos ativos.

Dois sinais muito claros dos mercados nos últimos meses são: a inclinação da curva de juros que dá uma diferença grande, de cerca de 500 pontos-base, entre as taxas de longo prazo e as de curto prazo; e a desvalorização de 40% do real frente ao dólar americano“A trajetória da dívida começa a estar sob os holofotes”, diz uma fonte que opera no mercado desde os anos 1970. “A questão fiscal não está equacionada e a aparente guinada de Bolsonaro para acordos políticos torna inverossímil a possibilidade de um ajuste”, avalia.

Sem a pandemia da covid-19, a história seria diferente?, indaga ele, que responde: “Marginalmente, seria diferente porque os agentes entenderam a pandemia como um evento ‘once for all’ do ponto de vista fiscal. Foi preciso gastar R$ 900 bilhões e não dá para chamar isso de irresponsabilidade fiscal”, diz a fonte.

A pandemia, porém, empurrou o endividamento para a casa dos 100% do PIB. Isso não seria um enorme problema se fosse possível manter a taxa de juros baixa. Mas a inclinação da curva está dizendo que a taxa de juros de curto prazo, a Selic de 2% ao ano, está fora de lugar. Uma enorme diferença entre agora e os anos da década perdida de 1980 é a taxa de câmbio flutuante que somada às reservas cambiais dá um conforto na área externa e afasta o risco de uma crise cambial. De positivo, atualmente, o país tem juros baixos (condicionado à responsabilidade fiscal) e taxa de câmbio desvalorizada.

Em artigo publicado na “Folha de S. Paulo” do fim de semana, Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, sugeriu um roteiro de mudanças possíveis com o retorno à meta de primário como âncora fiscal, já que o teto do gasto levaria cinco anos para colocar o país em uma situação de equilíbrio das contas públicas. Arminio não acredita que o país tenha todo esse tempo. Ele propõe uma pequena folga para o teto e um ajuste de seis pontos percentuais do PIB nos próximos quatro anos, pelo qual o déficit primário de 3% do PIB de 2019 se converta em superávit de 3% do PIB em 2024. Não quero acabar com o teto, mas dar uma pequena folga de 1% além da inflação porque no curto prazo dá um espaço de manobra e, no longo prazo, eu prefiro ter um governo em condições de investir na redução das desigualdades”, explica ele.

Outro ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore, em artigo publicado no “Estadão”, alerta para o risco de o Banco Central ser forçado a tomar medidas de repressão ao livre movimento de capitais para evitar uma eventual sangria nas reservas. Tal situação decorreria da dominância fiscal - da qual a dificuldade na administração da dívida é uma primeira manifestação - que leva à inflação e à repressão financeira, com todas as distorções que ela produz. O tempo corre, o ambiente se deteriora e o governo espera passar as eleições para tomar uma atitude.

Claudia Safatle, jornalista - Valor Econômico


Três notícias - Alon Feuerwerker

 Análise Política

A boa notícia do dia foi a criação líquida de empregos em setembro, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). É o melhor setembro da série histórica (leia). O saldo no ano ainda é negativo, mas a tendência de recuperar pelo menos em parte as perdas da pandemia parece real.

Uma má notícia do dia, pelo menos para quem curte o Carnaval de rua no Rio de Janeiro, é a decisão de não fazer a festa em 2021 (leia).Os responsáveis chegaram à conclusão de que sem a vacina não tem como. Quem é que fiscalizaria o distanciamento social no Carnaval? [com certeza os jornalistas que se especializaram em contar cadáveres durante a pandemia, encontrariam uma forma de se aglomerarem gritando: 'os especialistas recomendam, evitar aglomeração'.
Afinal, o salário é bom e o patrão está buscando motivos para cortar custos.
E um ano sem Carnaval fará bem ao Brasil - será uma forma de pagar as muitas ofensas que são feitas diariamente aos valores religiosos, especialmente os da FÉ CATÓLICA,  conforme preceitos da IGREJA CATÓLICA  APOSTÓLICA ROMANA.
Vale lembrar que os países da Europa e de outros continentes que não seguiram o tal isolamento e distanciamento sociais, não se deixaram dominar pela paranóia do fecha tudo, não estão sendo atingidos pela segunda onda e a primeira foi uma meia onda.
Graças a DEUS, o Brasil está tranquilo, já que o longo platô facilitou o alcance da imunidade de rebanho ]. 

Uma notícia preocupante, já de alguns dias, é a força da segunda onda de contágios pelo SARS-CoV-2 na Europa. Será o caso de torcer e rezar para que o fenômeno não replique por aqui. Se replicar, o efeito na economia será direto, ainda mais num ambiente de forte dispersão política.

Essas três notícias são quase uma síntese. A economia está retomando, mas não retomará completamente sem que a vida volte ao normal. E estamos longe disso. E qualquer tentativa de volta à normalidade depende em última instância da vacina. O resto é o resto.

[Sobre as eleições nos EUA, temos que rezar e torcer para que no próximo dia 4 não aconteça a tragédia que muitos desejam = Trump perder.

Confiamos que a força dos democratas não é o que apregoam, ao contrário,   Biden perderá mais feio do que a Clinton.

Recomendamos ler: Está chegando a hora ].

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Anvisa vai inspecionar fábricas chinesas de vacinas para coronavírus

Blog Matheus Leitão

Equipe de técnicos deve começar os trabalhos no início de dezembro, mas cumprirá um período de isolamento na China, antes da inspeção

Uma equipe de técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) irá até a China inspecionar in loco as fábricas que estão preparando as vacinas contra a Covid-19.  Segundo a coluna apurou, a ideia é que a equipe de inspeção comece os trabalhos no início de dezembro, e demore 30 dias para realizá-los – 15 dias isolados no hotel (que começarão em meados de novembro) após chegar ao país asiático, por exigência do governo chinês, e mais 15 diretamente nas fábricas, a partir do dia 1º do último mês do ano. 

Um dos laboratórios que será inspecionado, de acordo com a programação ainda em preparação na Anvisa, é o do Sinovac Biotech, que recentemente gerou uma crise de grandes proporções no governo Jair Bolsonaro. O presidente afirmou que não iria adquirir a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa, um dia após o Ministério da Saúde anunciar a intenção de comprar 46 milhões de doses da vacina. 

O chefe da pasta, general Eduardo Pazuello, acabou desautorizado publicamente e o governador de São Paulo, João Doria, desafeto político de Bolsonaro, atacado mais uma vez durante a pandemia. A coluna procurou a Anvisa no início da tarde desta quarta-feira, 28, sobre a viagem dos técnicos da Anvisa. A resposta foi enviada há pouco:

“As inspeções internacionais fazem parte da atividade da Anvisa e são fundamentais para a avaliação de plantas fabris que fornecem medicamentos com registro no Brasil.

No contexto das pesquisas por vacinas contra o Covid-19, a Anvisa está em processo de certificação das plantas fabris das vacinas de Oxford e da Sinovac/Butantan.

O processo de liberação de inspetores para a inspeção das fábricas está em andamento na Anvisa.

A Certificação de Boas Práticas é uma avaliação in loco das condições e processos da linha de produção de um medicamento ou vacina e tem como objetivo verificar o cumprimento de critérios de qualidade essenciais para um medicamento. A Certificação é um pre-requisito para que um medicamento esteja no mercado”.

Blog Matheus Leitão - Matheus Leitão, jornalista - Veja