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domingo, 27 de dezembro de 2009

Exército israelense mata palestinos

Exército mata palestinos

Três palestinos, militantes do Fatah e suspeitos de envolvimento no assassinato na quinta-feira de um colono israelense, morreram em uma ação do Exército de Israel em Nablus (Cisjordânia). Em outro incidente, três palestinos foram mortos quando soldados israelenses abriram fogo na Faixa de Gaza. Ghassan Abu Sharkh, 40 anos; Raid Al-Surakji, 40; e Anan Subuh, 31, foram mortos na área histórica de Nablus, na manhã de ontem. “São os três terroristas que executaram, na quinta-feira passada, o atentado com arma de fogo que matou um israelense, um colono de 45 anos, na mesma região”, declarou uma porta-voz do Exército hebreu.
No incidente da Faixa de Gaza, três civis palestinos foram mortos a tiros por soldados israelenses quando recolhiam metal perto da barreira de segurança que separa o enclave palestino de Israel.


Depoimento
Vidas interrompidas

“A vida na Faixa de Gaza continua. Ela precisa continuar. Mas os efeitos persistentes do bloqueio às fronteiras, as lembranças visíveis do trauma (15% das crianças palestinas sofrem de transtorno de estresse pós-traumático) e a devastação fazem da normalidade uma ilusão — até mesmo para os parâmetros de Gaza. As lembranças da tragédia estão sempre presentes e são muito reais. Mais de nove meses depois de Israel declarar um cessar-fogo, a situação permanece como estava assim que a ofensiva terminou. As cicatrizes estão visíveis: o entulho cobre as ruas de Gaza, milhares de pessoas estão desabrigadas e muitas famílias se veem obrigadas a viver em casas com os interiores queimados, com pisos manchados de sangue.

O cerco tem contribuído para um agravamento da crise humanitária em Gaza. O bloqueio de bens e de materiais torna a reconstrução e a recuperação impossíveis. Os civis não podem reconstruir as suas casas, famílias são obrigadas a ficar em acampamentos, na casa de parentes ou em residências alugadas. Os doentes continuam morrendo porque não têm acesso a tratamento médico. A economia continua se contraindo. Hoje, o desemprego gira em torno dos 60%, enquanto 80% da população vive na pobreza.

Os serviços de emergência estão em iminente colapso devido à falta de energia elétrica e remédios. Muitos pacientes são forçados a procurar tratamento no exterior. Grande parte da população de Gaza não tem acesso adequado à água potável, já que as bombas são incapazes de operar, devido aos cortes de eletricidade — que chegam a oito horas, quase todos os dias.”

  • Mona El-Farra, blogueira e ativista de Gaza, em discurso enviado à Arab Women Association, em Londres.

  • Cicatrizes da guerra

    Um ano depois do início do conflito na Faixa de Gaza, o sofrimento permanece, nas ruas e nas almas

    Mohammed, Adham, Samira e Ibrahem. Há exatamente um ano, esses palestinos que nasceram e vivem na Faixa de Gaza presenciaram o momento em que 60 caças do exército israelense deram início a uma ofensiva militar que mudaria por completo suas vidas e seu território. Naquele 27 de dezembro, cerca de 50 pontos em Gaza foram atingidos por mísseis, e pelo menos 205 pessoas morreram. Depois de três semanas da Operação Chumbo Grosso, os mortos já somavam 1,4 mil do lado palestino — 13 entre os israelenses. Hoje, um ano depois, eles ainda não conseguiram esquecer o horror daqueles 22 dias, principalmente porque as cicatrizes do bombardeio intenso permanecem nas ruas.

    “Nós continuamos vivendo em uma grande prisão, e a terrível destruição ainda está aí. Em todo lugar, vemos casas em ruínas, grandes pilhas de entulho nas ruas e muitos desabrigados, morando em tendas improvisadas e sofrendo com o frio do inverno”, descreveu ao Correio o assistente social Adham Khalil, 24 anos, que vive no campo de refugiados de Jabalyia, no norte da Faixa de Gaza. “Muitas ruas e edifícios não foram reconstruídos por conta do bloqueio a Gaza, que não permite a entrada de materiais de construção. A eletricidade é cortada todos os dias e a destruição de poços de água impossibilitou o acesso a água potável, especialmente nas áreas atingidas por Israel”, conta, por sua vez, o estudante Mohammed Fares El Majdalawi, 22, também morador de Jabalyia.

    Aspirante a cineasta, Mohammed encontrou na paixão pela imagem uma forma de expressar sua indignação com a ofensiva, que deixou marcas profundas não só na paisagem, mas também na rotina dos quase 1,5 milhão de habitantes de Gaza. Ele entregou uma câmera para crianças do campo de refugiados filmarem o seu dia a dia entre as ruínas, editou pequenos documentários em árabe, e jogou na rede de compartilhamento de vídeos Youtube. “Por meio do meu trabalho, percebo que a ofensiva deixou um impacto muito grande sobre as crianças, que têm dificuldade em fazer coisas simples, como estudar — principalmente os que tiveram suas casas destruídas ou perderam alguém da família”, revela.

    Samira Abed Elalim, 36 anos, que sempre viveu em Rafah, no sul de Gaza, ainda não se acostumou com as cenas de destruição que vê todos os dias. Segundo ela, que dirige o setor de assistência à mulher no Departamento de Serviços Públicos, é impossível não se chocar com as várias tendas espalhadas pelas ruas, nas quais vivem hoje pessoas que perderam suas casas nos ataques de Israel. “A pior imagem, para mim, é ver uma criança chorando de fome e não poder ajudar”, desabafa. A situação é ainda pior para quem precisa de assistência médica, denunciam os moradores de Gaza. É que o bloqueio à região não só impede que cheguem medicamentos, como não permite que deixem a região, em busca de tratamento, aqueles que se encontram em situação mais grave.

    Falta de ação
    Da parte do governo do Hamas, pouco foi feito para a reconstrução de prédios públicos e de casas. O argumento principal é que o bloqueio imposto por Israel à entrada de produtos como materiais de construção na Faixa de Gaza impossibilita a recuperação local. O que chega à região é por meio de contrabando, pelos túneis a partir do Egito. Na última quarta-feira, o relator especial das Nações Unidas para os territórios palestinos ocupados, Richard Falk, reforçou a denúncia às restrições israelenses e pediu intervenção da comunidade internacional. “Não há evidência de uma pressão internacional significativa para conseguir o fim do bloqueio em Gaza ou para garantir que os soldados de Israel e do Hamas sejam julgados pelos crimes de guerra denunciados durante os ataques à faixa”, disse Falk.

    Ibrahem El-Shatali, 30 anos, morador da cidade de Gaza, afirma que muitas famílias “pensam profundamente” em deixar Gaza, e só esperam uma oportunidade de sair da região. “Eles não se sentem seguros, nem por parte do governo do Hamas, nem por conta de Israel. Ninguém tem certeza sobre seu futuro.” Segundo a ativista social Mona El-Farra, 55 anos, que escreve o blog From Gaza With Love, é possível “ver e sentir o medo no rosto das pessoas o tempo inteiro”. “Todos têm muito medo de outro ataque”, relata. “Minha principal preocupação é o futuro das crianças de Gaza, vivendo e experimentando situações violentas, e como isso pode afetar suas perspectivas.”

    Mohammed, no entanto, vê o futuro de Gaza com mais esperança. “A vida dos palestinos hoje é tentar seguir em frente. Apesar da ocupação, do sofrimento, do cerco e das barreiras, a população de Gaza comemora e ri, e continua sua vida sob a ocupação.”


    Marcha pela liberdade
    Organizações não governamentais de diversas partes do mundo querem reunir, a partir de hoje, milhares de pessoas em marchas em solidariedade aos moradores da Faixa de Gaza. Para amanhã, está programada uma passeata em Nova York, com concentração na movimentada Times Square. No próximo dia 31, será a vez da Marcha pela Liberdade de Gaza, prevista para ocorrer, ao mesmo tempo, dentro da Faixa de Gaza e no território israelense, próximo à fronteira. Na última quinta-feira, no entanto, o governo do Egito anunciou que proibirá o acesso dos manifestantes ao território palestino.

    Segundo nota divulgada pela chancelaria do Cairo, “as autoridades egípcias determinaram que algumas ONGs participantes não cumpriam os requisitos necessários”. O texto afirma ainda que “as disputas entre os organizadores complicaram a entrega das permissões”. “Qualquer tentativa de organizar a marcha será considerada (pelo governo do Egito) uma violação da lei”, destaca o comunicado. A decisão do Cairo fez com que as ONGs responsáveis pela marcha no Oriente Médio fizessem uma campanha pedindo, por meio de seu site, que os internautas enviem e-mails ao governo egípcio intercedendo pela manifestação.

    A previsão é de que até 1,3 mil pessoas tentem entrar em Gaza pelo Egito. Os organizadores estimam ainda que cerca de 50 mil palestinos participem, em Gaza, de uma marcha de 5 km a partir da comunidade destruída de Iazbat Abu Drabo até a fronteira de Erez, que faz divisa com Israel. Eles se “encontrariam”, neste ponto, com palestinos e judeus solidários aos moradores de Gaza. Segundo as ONGs que estão à frente da manifestação, o protesto é apolítico e não tem o apoio do governo do Hamas. Em Nova York, os organizadores pretendem fazer uma “concentração” às 13h (16h em Brasília) na Times Square, antes de seguirem pelo Rockefeller Center, encerrando a marcha em frente ao prédio do consulado de Israel, em Nova York.


    Fonte: Correio Braziliense
    Por: Isabel Fleck

    sexta-feira, 27 de novembro de 2009

    Intentona Comunista - Parte Final

    Intentona Comunista – Conclusão

    Extraído do livro A Verdade Sufocada - A historia que a esquerda não quer que o Brasil conheça - Carlos Alberto Brilhante Ustra

    Editoria do site www.averdadesufocada.com

    Em 11 de julho de 1935, o governo Vargas decretou a extinção da ANL e de outras organizações de cunho marxista-leninista. Embora setores mais esclarecidos da sociedade reagissem às principais atividades desenvolvidas pelos comunistas - infiltração, propaganda e aliciamento - e o Brasil não estivesse preparado para uma revolução, os dirigentes da Internacional Comunista não pareciam se preocupar com tais fatos. O Komintern exigia ação. O grupo chefiado por Luís Carlos Prestes tinha a missão de implantar no Brasil uma ditadura comunista. Ordens vieram de Moscou para que o PCB agisse o mais rápido possível. Luís Carlos Prestes concordou com o desencadeamento do movimento armado que vitimou centenas de civis e militares.

    Os recursos de Moscou, para o financiamento da revolução, eram destinados a Celestino Paraventi, velho conhecido de Prestes no Café Paraventi, na Rua Barão de Itapetininga, em São Paulo.

    A polícia, convencida de que o dinheiro vinha pelo Uruguai, jamais descobriu. Paraventi recebia as remessas regularmente, por sua conta no Banco Francês e Italiano. Próspero industrial e muito rico, Paraventi movimentava grandes somas de dinheiro e se correspondia com o mundo inteiro, sem despertar suspeitas. O movimento deveria eclodir, simultaneamente, no Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Por erro de interpretação de um código, a insurreição começou, prematuramente, no dia 23 de novembro de 1935, em Natal, quando dois sargentos, dois cabos e dois soldados do 21º Batalhão de Caçadores (21º BC), cerca de 300 homens da extinta Guarda Civil e poucos civis assumiram o controle da cidade. Foram três dias e três noites de violência e terror. Saques, estupros e arrombamentos foram a tônica das ações desencadeadas pelos revoltosos.

    “Vencida a resistência da polícia, a cidade ficou à mercê de uma verdadeira malta que, acéfala, passou a saquear desordenadamente os estabelecimentos comerciais e bancários. Na manhã de 24, sob a alegação de ter sido aclamado pelo povo, um incipiente “Comitê Popular Revolucionário” era dado como governo instituído e entrava em pleno exercício de mandato. O primeiro ato desse comitê foi a ordem de arrombamento dos cofres dos bancos, as repartições federais e das companhias particulares para financiar a revolução.”

    O governador do Rio Grande do Norte refugiou-se no Consulado Italiano e o Consulado Chileno recebeu outras autoridades. A rebelião foi debelada, depois de quatro dias, pela polícia da Paraíba, juntamente com o 20º Batalhão de Caçadores (20ºBC) de Alagoas. Os revoltosos foram presos e responderam, perante a Justiça, por 20 mortes.

    Em Pernambuco, o movimento teve início dia 24 de novembro, pela manhã, quando um sargento, comandando um grupo de civis, invadiu a Cadeia Pública e roubou o armamento dos policiais. No Centro de Preparação de Oficiais da Reserva, o sargento Gregório Bezerra, na tentativa de roubar o armamento do quartel, feriu o tenente Aguinaldo

    Oliveira de Almeida e assassinou o tenente José Sampaio Xavier. Os revoltosos tentaram tomar o Quartel General da 7ª Região Militar e outras unidades do Exército, mas não o conseguiram, porque a antecipação do movimento em Natal prejudicou a surpresa e colocou a guarnição federal em alerta.

    As Delegacias de Polícia de Olinda, Torre e Casa Amarela também foram atacadas por centenas de civis e alguns revoltosos. A reação partiu do 29º Batalhão de Caçadores (29ºBC), em Socorro, a 18 km de Recife, auxiliado pelas forças federais de Alagoas e Paraíba e pela Polícia Militar de Pernambuco. Esse foi o mais sangrento de todos os levantes. O número de mortos chegou a algumas centenas. O historiador Glauco Carneiro em Histórias das Revoluções Brasileiras, volume II, página 424, escreveu:

    “... dos três levantes comunistas de 1935, foi o de Pernambuco o mais sangrento, recolhendo-se 720 mortos só na operação na frente de Recife.”

    Em 26 de novembro, o presidente Vargas, ciente da gravidade da situação, decretou o estado de sítio em todo o País, após autorização do Congresso Nacional.

    No Rio de Janeiro, a insurreição eclodiu no momento marcado, dia 27 de novembro, às duas horas da madrugada, na Escola de Aviação, no Campo dos Afonsos.

    Segundo o plano, dominada a Escola de Aviação, as células comunistas de outros quartéis deveriam se insurgir, enquanto Prestes daria ordens aos civis, aliciados pelo Partido Comunista, para começar os combates de rua.

    Apesar da rigorosa prontidão militar, a ação dos revoltosos, comandados pelos capitães Agliberto Vieira de Azevedo e Sócrates Gonçalves da Silva, teve êxito, inicialmente na Escola de Aviação. O tenente-coronel Eduardo Gomes, que fora ferido, resistiria heroicamente no 1º Regimento de Aviação.

    O comandante da Guarnição da Vila Militar, general-de-brigada José Joaquim de Almeida, desencadeou, rapidamente, a reação, controlando o levante.

    O capitão Armando de Souza Melo e o tenente Danilo Paladini foram mortos pelo capitão Agliberto Vieira de Azevedo e pelo tenente Ivan Ramos Ribeiro.

    O mesmo capitão Agliberto assassinou também o tenente Benedicto Lopes Bragança, depois de preso e desarmado.

    No Rio de Janeiro, no 3º Regimento de Infantaria (3ºRI), na Praia Vermelha, o capitão Agildo Barata Ribeiro, que estava preso no Quartel, auxiliado pelo tenente Francisco Antônio Leivas Otero, aliciara inúmeros militares, formando uma célula comunista entre os oficiais e praças da unidade. Portanto, foi fácil para eles iniciar a rebelião na hora marcada. Às duas horas da manhã, apagaram-se as luzes. A escuridão favoreceu os amotinados que, assim, não podiam ser identificados. O tiroteio foi intenso e alguns militares que se opunham aos comunistas morreram ainda dormindo.

    A ação determinada dos capitães Alexânio Bittencourt e Álvaro da Silva Braga impediu o sucesso comunista no Quartel da Praia Vermelha. Pela manhã do dia 27 de novembro, o 3ºRI estava cercado pelo Batalhão de Guardas (BG), pelo 2º Batalhão de Caçadores (2º BC) e pelo 1º Grupo de Obuses. Às 13 horas, atendendo a uma intimação do general Eurico Gaspar Dutra, os rebeldes se renderam.

    O movimento, se vitorioso, teria duas fases. Na primeira, seria organizado um governo popular de coalizão. Na seguinte, viriam os sovietes, o Exército do Povo e a hegemonia dos comunistas. Derrotados, mudaram o estilo, a técnica e a forma de atuar, mas não se afastaram, jamais, dos seus desígnios de implantar no Brasil um governo marxista-leninista.

    Como a direção do PCB não fora atingida, ela continuaria a agir, na clandestinidade e de forma mais cautelosa, visando à instituição de um Governo Popular Nacional Revolucionário. Na Praça General Tibúrcio, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro, foi erguido um monumento em homenagem aos mortos pelos comunistas, em 27 de novembro de 1935.

    Relação dos oficiais, sargentos, cabos e soldados do Exército Brasileiro mortos pelos comunistas:

    Abdiel Ribeiro dos Santos - 3º sargento

    Alberto Bernardino de Aragão - 2º cabo

    Álvaro de Souza Pereira - soldado

    Armando de Souza Mello - major

    Benedicto Lopes Bragança - capitão

    Clodoaldo Ursulano - 2º cabo

    Coriolano Ferreira Santiago - 3º sargento

    Danilo Paladini - capitão

    Fidelis Batista de Aguiar - 2º cabo

    Francisco Alves da Rocha - 2º cabo

    Genaro Pedro Lima - soldado

    Geraldo de Oliveira - capitão

    Gregório Soares - 3º sargento

    Jaime Pantaleão de Moraes - 2º sargento

    João de Deus Araújo - soldado

    João Ribeiro Pinheiro - major

    José Bernardo Rosa - 2º sargento

    José Hermito de Sá - 2º cabo

    José Mário Cavalcanti - soldado

    José Menezes Filho - soldado

    José Sampaio Xavier - 1º tenente

    Laudo Leão de Santa Rosa - 1º tenente

    Lino Vitor dos Santos - soldado

    Luiz Augusto Pereira - 1º cabo

    Luiz Gonzaga - soldado

    Manoel Alves da Silva - 2º cabo

    Manoel Biré de Agrella - 2º cabo

    Misael Mendonça - tenente-coronel

    Orlando Henrique - soldado

    Pedro Maria Netto - 2º cabo

    Péricles Leal Bezerra - soldado

    Walter de Souza e Silva - soldado

    Wilson França – soldado

    Em 1989, a filha do capitão Danilo Paladini deu o seguinte depoimento:

    “Vi, tive em mãos, cuidadosamente guardada para mim por minha mãe, a farda que meu pai vestia quando foi morto. Ali estava nítida, a marca do tiro que pelas costas lhe penetrara o pulmão, saindo pelo coração.”

    As famílias dos mortos pelos comunistas, tanto civis como militares, jamais receberam qualquer indenização.

    A família de Luís Carlos Prestes, que teve a patente de capitão cassada, em abril de 1936, por ter liderado a Intentona Comunista, foi indenizada pela Comissão de Anistia e recebe a pensão equivalente ao posto de general-de-brigada, além de R$ 180.000,00 de atrasados, segundo O Globo de 20/05/2005, 1ª página.

    As famílias dos vitimados pelos seguidores de Prestes não tiveram tratamento semelhante do atual governo.

    As pensões não são as correspondentes aos postos que eles alcançariam se não tivessem sido assassinados no cumprimento do dever.

    Fontes:

    - Agência Estado. Aedata - William Waack.

    - SOUZA, Aluísio Madruga de Moura e. Guerrilha do Araguaia -Revanchismo.

    quinta-feira, 26 de novembro de 2009

    Intentona Comunista - 3ª Parte

    Histórico da Intentona Comunista III

    Extraído do Projeto Orvil pela Editoria do site www.averdadesufocada.com

    CAPITULO III

    Preparativos para a Intentona Comunista

    1. A mudança da linha da Internacional comunista - IC

    Induzido pela Internacional Comunista, o Partido Comunista- Seção Brasileira da Internacional Comunista - PC-SBIC - esforçara-se por se inserir no processo revolucionário brasileiro, que teve início no ano de sua fundação e que passa por 1924/26 e vai desaguar em 1930. Esse período de revoltas e revoluções tinha, porém, como motivação, uma problemática interna voltada para os problemas estruturais e sociais, mas essencialmente brasileiros.

    Talvez por isso mesmo é que as direções do PC-SBIC jamais foram capazes de entendê-los. Suas análises estereotipadas viam, em cada ocasião, apenas uma luta entre os "imperialismos" inglês e norte-americano. Com esse dualismo mecanicista explicam também a revolução de 1932. Deste modo, por construírem suas análises sobre abstrações de caráter ideológico, não conseguiram sintonizar o Partido com o processo revolucionário em curso e acabaram por perder o "bonde da história". Essa frustração iria fazê-los desembocar na Intentona de 1935.

    Vimos, no capitulo anterior, que a URSS, em 1934, mudara Sua política externa do isolamento .para o diálogo com o ocidente. As ameaças nazistas e fascistas contribuíram para alterar a linha política da IC. A política de "classe contra classe" não dera resultados e levara ao ostracismo diversos partidos comunistas. Quase que num "retorno às origens", a política da "frente" foi retomada, modificando-se o termo "Única" pelo "popular".

    De um modo geral, a frente popular pretendia englobar todos os individuos e grupos numa luta contra o fascismo, indepedentemente de suas ideologias. E, é claro, aproveitar essa frente para tomar o poder.

    2. A vinda dos estrangeiros

    Concluindo que no Brasil já amadurecia uma situação revolucionária e que a nova politica de "frente popular" desencadearia a revolução, a curto prazo, a IC decidiu enviar diversos "delegados", todos especialistas, a fim de acelerar o processo. Com isso pretendia suprir a falta de quadros dirigentes do PC-SBlC que pudessem levar a tarefa a bom termo. Na realidade, a lC enviou um selecionado grupo de espiões e agitadores profissionais.

    No inicio de 1934, chegou ao Brasil o ex-deputado alemão Arthur Ernsf Ewert, mais conhecido com "Harry Berger". Tendo atuado nos Estados Unidos, a soldo de Moscou, Berger veio acompanhado de sua mulher, a comunista alemã Elise Saborowski, que entrou no Pais com o nome falso de Machla Lenczycki. Berger acreditava que a revolução comunista teria inicio com a criação de uma "vasta frente popular antiimperialista" composta por operários, camponeses e uma parcela da burguesia nacionalista. A ação de derrubada do governo seria efetuada pelas "partes revolucionárias infiltradas no Exército" e pelos' "operários e camponeses articulados em formações armadas", embrião de um futuro "Exército Revolucionário do Povo". O governo a ser instituído seria um "Governo Popular Nacional Revolucionário", com Prestes a frente.

    O mirabolante pIano de Berger, tirado dos compêndios doutrinários do marxismo-leninismo, não levava em conta, apenas, um pequenino detalhe: a política brasileira, aquinhoada com uma nova Constituição de fundo liberal e populista, estava cansada dos mais de 10 anos de crise e ansiava por um pouco de paz e estabilidade.

    Outros agitadores profissionais vieram para o Brasil, a mando de Moscou, durante o ano de 1934. Rodolfo Ghioldi e Carmen, um casal de argentinos, vieram como jornalistas. Ghioldi, na realidade, pertencia ao Comitê Executivo da lC, era dirigente do PC argentino e escondia-se sob o nome falso de "Luciano Busteros". O casal León-Jules Valée e Alphonsine veio da Bélgica para cuidar das finanças. A esposa de Augusto Guralsk, secretário do Bureau Sul-Americano que a IC mantinha em Montevidéu veio para dar instrução aos quadros do PC-SBlC. Para comunicar-se clandestinamente com o grupo, foi enviado um jovem comunista norte-americano, Victor Allen Barron. O especialista em sabotagens e explosivos não foi esquecido: Paul Franz Gruber, alemão, veio com sua mulher Erika, que poderia servir como motorista e datilógrafa.

    O grupo de espiões instalou-se no Rio de Janeiro. De acordo com o insuspeito Fernando Morais: "Uma identidade comum os unia : eram todos comunistas, todos revolucionários profissionais a serviço do Comintern e vinham todos ao Barsil fazer a revolução " " Moraes, F : "Olga", Ed Alfa-ômega, São Paulo, 1985 pagina 67

    Faltava, entretanto, o líder "brasileiro", aquele que estaria.à frente do novo governo comunista. Havia já alguns anos que Prestes vinha namorando os marxistas-Ieninistas. Desde os anos da Coluna, procurava uma ideologia que complementasse o seu espírito revolucionário. Entretanto, seus contatos com os dirigentes do PC-SBIC o desencantaram. Ou melhor, julgando-se acima deles, procurava uma visão do mundo mais perfeita e mais elaborada. Tentara, até, criar o seu próprio movimento, através do LAR.

    A possibilidade de ir para a URSS, conversar com os próprios dirigentes do Kremlin, satisfez seus ambições. Em novembro de 1931, Prestes desembarcava em Moscou, com sua família, onde, durante três anos, aprenderia como fazer a revolução.

    Em abril de 1935, o "Cavaleiro da Esperança" estava de volta ao Brasil, pronto para assumir a direção do PC e da revolução comunista. A insólita solução concretizava-se: o novo líder dos comunistas brasileiros seria imposto de cima para baixo, da cúpula da IC às células do PC-SBIC. A tiracolo, Prestes trazia sua jovem esposa, Olga Benário, ativa comunista alemã, de confiança dos soviéticos. A IC não poderia entragar, sem controle, a revolução comunista brasileira a um homem que, até aqule momento, ainda não pertencia aos quadros do PC.

    Olga seria a sombra de Prestes, criada pela luz de Moscou.

    3. O Partido Comunista do Brasil (PCB)

    O ano de 1934 marcou o início de uma nova fase para o PC- SBIC.

    Em julho, a sua I Conferência Nacional reelegeu, como secretário-geral, Antonio Maciel Bonfim, mais conhecido como "Miranda", antigo sargento da polícia militar baiana. Para minorar os efeitos aparentes de sua subordinação à IC, o PC-SBlC mudou seu nome para Partido Comunista do Brasil (Seção da Internacional Comunista), usando a sigla PC B

    . Esse conclave mudou a linha politica do Partido, segundo os ditames da sua matriz. A luta era antifascista e deveria ser formada uma "frente popular contra os integralistas".

    O PCB, radicalizando-se, passou a considerar-se como a "vanguarda na transformação da atual crise econômica em .crise revolucionária - que já se processa -- encaminhando todas as lutas para a revoiução operária e camponesa". Conclamou os camponeses à tomada violenta das terras e à sua defesa pelas armas. Exortou a luta das massas "em ampla frente´´unica, para transformação da guerra imperialista em guerra civil, em luta armada das massas laboriosas pela derrubada do feudalismo e do capitalismo". A luta, segundo o PCB, deveria ser elevada "até a tornada do poder, instaurando o Governo Operário e Camponês, a Ditadura Democrática baseada nos Conselhos de operários, camponeses, soldados e marinheiros".

    Com relação ao marxismo-leninismo, jactava-se o Partido de que era o "único neste pais que está baseado· nessa ideologia, a qual já levou.à vitória o proletariado e as massas populares da sexta parte do mundo, a União Soviética" .( Pubicado em "A Classe Operária", jornal do PCB , de 1º de agosto de 1934)

    Em documento dado a público logo depois da Conferência, o PCB, vislumbrando as eleiçôes de outubro, criticou a via parlamentar, sob qualquer forma ou rótulo com que se apresentàsse, afirmando que "de modo algum resolve a situação das massas; situação que só poderá ser resolvida pela derrubada víolenta desse governo e sua substituição pelo governo dos· soviets (conselho) de operários, camponeses, soldados e marinheiros" . ( Carone, E: "O PCB - 1922 a 1943 " , Difel S.A , RJ, 1982 - Páginas 143 a 159.

    A. nova linha politica do "novo PCB", em agosto de 1934, .passou a ser a da insurreição armada para a derrubada do governo e a tornada do poder. Os fatos ocorridos no ano seguinte mostrariam se estava preparado para isso e se iria alcançar seu objetivo.

    quarta-feira, 25 de novembro de 2009

    Intentona Comunista - Parte 2

    Histórico da Intentona Comunista II

    Extraído do Projeto Orvil pela Editoria do site www.averdadesufocada.com

    CAPITULO II

    O PARTIDO COMUNISTA - SEÇÃO BRASILEIRA DA INTERNACIONAL COMUNISTA (PC-SBIC)

    1. A Internacional Comunista

    O lançamento do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels situa-se no exato momento em que duas correntes vão chocar-se na doutrina e nos fatos: 1848 é, com efeito, o ano das revoluções européias. O brado lançado no Manifesto - "proletários de todos os países uni-vos"- teria conseqüência prática. Em breve seria tentada a união dos operários, acima das fronteiras nacionais, para combater o capitalismo e implantar o socialismo.

    O conceito de internacionalismo proletário daí derivado deu origem à formação das Internacionais, verdadeiras multinacionais ideológicas, que, sob o pretexto de dirigir a luta em nome da classe operária, passaram a fomentar a criação de partidos em vários países, que subordinariam seus programas partidários às resoluções de seus Congressos.

    Em 1864, foi fundada em Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). que ficou posteriormente conhecida como I Internacional. Reunia diferentes correntes do movimento operário europeu, que se opunha ao capitalismo, destacando-se entre elas a dos marxistas e anarquistas. Não suportando as dissensões de grupos anarquistas que não queriam se submeter à autoridade centralizadora de Marx e ao processo da Comuna de Paris, encerrou suas atividades em 1876 .

    A II Internacional surgiu em 1889. A II Internacional perdurou até a 1ª Guerra Mundial, quando o nacionalismo mostrou-se, na prática mais forte e decisivo do que o internacionalismo.Depois de depurada dos anarquistas e dos comunistas e de ter passado por alguns períodos de crise e recesso, ressurgiu, em 1951, já Com o nome de Internacional Socialista.

    A III Internacional, também conhecida como Comintern ou Internacional Comunista (IC), foi criada em 1919 por Lênin Aproveitando-se da base física conseguida com a revolução russa, em 1917, a IC pode colocar em prática sua doutrina de expansão mundial do comunismo, aIicerçada na experiência dos sovietes. No seu II Congresso Mundial, realizado em 1920, a IC aprovou seu estatuto e estabeleceu as 21 condições exigidas para a filiação dos diversos partidos comunistas, das quais algumas são transcritas abaixo:

    "3ª - Nos países burgueses, a ação legal deve ser combinada com a ação ilegal. Nesses países deverá ser criada uma aparelhagem clandestina do Partido, capaz de atuar decisivamente no mommento oportuno.".

    "4ª- Deverá ser feita uma ampla campanha de agitação e propaganda nas organizações militares, particularmente no Exército ".

    "6ª- Todos os partidos comunistas devem ser internacionalistas e renunciar ao patriotismo e ao pacifismo social . Deverá ser demonstrado aos operários , sistematicamente, que sem a derrubada revolucionária do capitalismo não haverá desarmamento nem paz mundial".

    "14ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a prestar todo o auxílio necessário às Repúblicas Soviéticas, na sua luta face à contra - revolução ".

    "16ª - Todos os partidos comunistas são obrigados a obedecer às resoluções e decisões da Internacional Comunistas, considerada como um partido mundial ùnico".

    Essas condições, que espelhavam a rigidez da linha leninista, proporcionaram ao Partido Comunista da União Soviética ( PCUS) a oportunidade de expandir o Movimento Comunista Internacional ( MCI) , subordinando os interesses internacionais dos países submetidos aos dos soviéticos e facilitando a interferência nas políticas internas das demais nações.

    2. A formação do PC-SBlC No Brasil, as duas primeiras décadas deste século foram marcadas por algumas poucas agitações de cunho social.

    O movimento operário e sindical, por nove anos, desde 1908, dirigido pela Confederação Operária Brasileira ( COB ), possuia traços anarquistas e voltava-se, basicamente, para agitações contra a guerra mundial, inclusive, com ameaças de greve geral.

    O marxismo-Ieninismo, ainda pouco conhecido e freqüentemente confundido com o anarquismo, procurava florescer em 7 ou 8 cidades brasileiras com a criação de alguns grupos que, apesar de se intitularem comunistas, não passavam, na verdade, de anarco-sindicalistas.

    Foi quando, no inicio da década de 20, a Internacional Comunista (IC) e suas 21 condições de filiação chegaram ao nosso País, e nossos "comunistas" as assumiram, pressurosos. Em 25 de março de 1922, nas cidades do Rio de Janeiro e Niterói, num congresso que durou três dias, 9 pessoas fundaram o Partido Comunista - Seção Brasileira da Internacional Comunista (PC-SBIC).

    De acordo com Haroldo Lima, Deputado Federal pelo PC do B da Bahia ..o Congresso discutiu e aprovou as 21 condições de ingresso na Internacional Comunista, elegeu uma Comissão Central Executiva, criou um Comitê de Socorro Aos Flagelados Russos, tratou de questões práticas e encerrou seus trabalhos entoando o hino internacional dos trabalhadores, a Internacional" - Lima, H: "Itinerário das Lutas do PC do Brasil", 1981, página 4

    Desde o nome e a sigla (PC-SBIC), obedecendo a 17ª condição, até à renúncia ao pacifismo social, o novo Partido aceitava a agitação permanente e a tese da derrubada revolucionária, das estruturas vigentes, renegava as regras de convivência da sociedade brasileira, propunha-se a realizar atividades legais e ilegais e subordinava-se às Repúblicas Socialistas Soviéticas.

    3. As atividades do PC-SBIC

    o PC-SBIC surgiu legal, registrado como entidade civil. Três meses depois, o estado de sitio, decorrente da revolta tenentista, colocava-o na ilegalidade e inibia o desenvolvimento de suas atividades de agitação.

    Em 1924, um fato viria repercutir no PC-SBIC: a realização do V Congresso da IC, em junho/julho, já sob o impacto da morte de Lenin. Nesse Congresso a IC, mudando de tática, passou a adotar a da "Frente Única'", vista por Zinoviev, como "um método para agitação e mobilização das massas".

    Zinoviev foi o primeiro chefe do Comintern e o encarregado de expor , no seu V Congresso, a estratégia que seria aplicada tanto à "Frente Única" quanto às atividades das organizações de frente.

    No final de 1926, modificou-se o quadro político-institucional, com o governo de Washington Luís trazendo ventos liberalizantes, tendo o PC inclusive, um curto período de legalidade, de 1º de julho a 11 de agosto de 1927. Obedecendo aos ditames do V Congresso da IC, a direção do Partido lançou a palavra de ordem "Ampla agitação das massas", justificada pela necessidade de "fazer surgir o Partido da obscuridade ilegal à luz do sol da mais intensa agitação política".

    Partindo da teoria à prática, criou o Bloco Operário e Camponês BOC) como uma "frente única operária", que, não por acaso, tinha na sigla as mesmas letras da conhecida e já extinta COB.

    Ainda seguindo a tática de frente, o PC-SBIC iniciou um trabalho de aproximação com Prestes, que se encontrava na Bolívia e , nessa época, ainda não se tornara comunista. Mas, o ano de 1928 foi marcado pela crise econômica mundial.

    Pensando em aproveitar a miséria que adviria para os operários,a IC realizou o seu VI Congresso, de julho a setembro, mudando a tática de "frente única" para a de "classe contra classe". O proletariado mundial, premido pela crise, poderia ser arrastado para a revolução. Era a oportunidade para os comunistas isolarem-se e lutar contra todas as posições antagônicas, desde as burguesas até as operárias. A IC determinara o fim da "frente". Na URSS, iniciava-se a "cortina de ferro".

    Tal resolução pegou o PC-SBIC de surpresa. Para as eleições de outubro de 1928, já lançara candidatos através do BOC, que, gradativamente, se vinha tornando o substituto legal do PC.

    Imediatamente, o PC-SBIC convocou o seu III Congresso, realizado em dezembro de 1928 e janeiro de 1929, em Niterói. Além de reeleger Astrojildo Pereira como secretário-geral, o Congresso do PC-SBIC determinou a intensificação do trabalho clandestino do PC,a fim de não ser ultrapassado pelo BOC. Com tal medida, pensava acalmar os chefes moscovitas, que viam no BOC a continuação da antiga tática de "frente única".

    Ledo engano. Não compreendiam, ainda, os comunistas brasileiros, que a curvatura dos dorsos não era apenas temporária à guisa de um cumprimento. Ela teria que ser permanente. Vivia-se, em Moscou, a plena época dos expurgos. O poderoso Stalin, com mão de ferro, mandava assassinar os principais dirigentes do Comitê Central (CC) e o fantasma do trotskismo servia de motivo para o prosseguimento das eliminações, tanto na "pátria-mãe" como nos partidos satélites.

    A I Conferência dos Partidos Comunistas da América Latina, realizado em junho de 1929, em Buenos Aires, condenou "a politica do PC-SBIC frente à questão do Bloco Operário e Camponês e o seu atrelamento a este órgão"

    O ano de 1930 foi decisivo para o PC-SBIC. Em fevereiro, a IC baixou, a "Resolução sobre a questão brasileira", com base na Conferência de Buenos Aires. Nesse documento, critica a politica de frente ainda adotada pelo PC-SBIC e ironiza o BOC como sendo um "segundo partido operário". Ao mesmo tempo, induz o partido a "preparar-se para a luta, a fim de encabeçar a insurreição revolucionária".

    Os dias de Astrojildo Pereira estavam contados. Em novembro de 1930, uma Conferência do PC-SBIC expulsa o secretário-geral. Em São Paulo, foi afastada uma dissidência trotskista liderada por Mário Pedrosa. Numa guinada para a esquerda, o Partido encerra sua política de alianças, expurga os intelectuais de sua direção e inicia uma fase de proletarização.

    4. A fase do obscurantismo e da indefinição

    O periodo compreedido entre o final de 1930 e os meados de 1934 caracterizou-se por um quase obscurantismo do PC-SBIC, que, empregando uma linha dúbia e equivocada, se emaranhava em sucessivas crises.

    A agitação politica no Brasil, entretanto, foi intensa. Em 1930, ainda sob influência dos ideais do tenentismo, formou-se a Aliança Liberal, um agrupamento de oposições.Em outubro e novembro desse ano, não acatando o resultado das eleições presidenciais que indicara o o paulista Júlio Prestes, a Aliança, a frente de um movimento revolucionário, alçou Getúlio Vargas ao poder.

    Nesse início da década de 30, o prestígio de Luiz Carlos Prestes, então exilado no Prata, ainda era muito grande. As repercussões nacionais da sua Coluna faziam-no um dos mais respeitados líderes entre os tenentes. No entanto, era, ainda, um revolucionário em busca de uma ideologia.

    Em maio de 1930, Prestes criou a Liga de Ação Revolucionária (LAR), definindo-se contra a Aliança Liberal. Em março de 1931, aderiu, publicamente, ao comunismo. O PC-SBIC logo tentou incorporar a LAR. Prestes, no entanto, com a força de sua liderança, tentava engolfar o PC-SBIC.

    O maior líder comunista do Brasil não pertencia aos quadros do PC!

    Essa insólita situação foi, aparentemente, resolvida com uma insólita solução: Prestes deixou a Argentina e foi residir na URSS, para ser o representante brasileiro na Internacional Comunista.

    Na área internacional, a política de "classe contra classe" revelara-se desastrosa para o PCUS. Não houve a tão deseja da recessão mundial, e a força de Hitler, aproximando-se, gradualmente, do Japão e da Itália, aterrorizava os soviéticos. Esses fatos marcaram uma nova linha política: foi aliviado o isolamento e retomado o diálogo com as nações ocidentais, culminando com o ingresso da URSS na Liga das Nações em 1934.

    A tudo isso assistia o PC-SBIC, atarantado. Debatendo-se entre as ordens de Moscou, padecia de uma correta definição da linha política e era envolvido por sucessivas crises de direção.

    Apesar do sectarismo obreirista, característico desse período, a intensificação da atividade clandestina do PC-SBIC trouxe-lhe um dividendo: o relativo sucesso no trabalho militar, de infiltração e recrutamento nas Forças Armadas.

    Aproveitando o idealismo revolucionário, e até certo ponto ingênuo, do movimento tenentista conseguiu a simpatia de muitos militares. A atuação de militares no Partido, como Mauricio Grabois, Jefferson Cardin, Giocondo Dias, Gregório Bezerra, Agliberto Vieira, Dinarco Reis, Agildo Barata e o próprio Prestes, são exemplos desse trabalho de infiltração e recrutamento.

    Esse trabalho militar foi decisivo para o advento da primeira tentativa de tomada do poder pelos comunistas, por meio da luta armada.

    terça-feira, 24 de novembro de 2009

    Intentona de 35 - A Verdade - Parte Um

    Histórico da Intentona Comunista

    Extraido do Projeto Orvil pela editoria do site A Verdade Sufocada

    Capítulo I

    A FONTE DA VIOLÊNCIA

    Os objetivos da revolução comunista

    O objetivo final da revolução marxista-leninista é atingir o comunismo -"a última e grande síntese" – uma sociedade sem Estado e sem classes. Sem classes e, portanto, sem a luta de classes, o comunismo seria a "sociedade perfeita", onde, não havendo contradições, o materialismo histórico não seria aplicado.

    Segundo essa ideologia, para a chegada ao objetivo final, terá que ser atingido um estágio anterior, transitório, verdadeiro trampolim para "o salto final" é o estágio do socialismo, da destruição do Estado burguês, sobre cujas ruínas o proletariado erigirá um Estado próprio, caracterizado pela "ditadura do proletariado" sobre as demais classes.

    Esta etapa do socialismo marxista-leninista, também chamada de "socialismo cientifico", não deve ser confundida com outros tipos de socialismo, ditos democráticos e não leninistas.

    Mas, ainda antes de chegar ao socialismo ou à ditadura do proletariado, os comunistas defendem a existência de um objetivo intermediário, onde seria implantado um Estado do tipo "progressista", cujo governo seria composto pelo proletariado, pelo campesinato e, ainda, por uma parcela da burguesia - a pequena parcela "nacionalista".

    Os trotskistas, apesar de se considerarem marxistas-leninistas, não advogam essa etapa intermediária para a implantação da "ditadura do proletariado". Para eles a revolução, desde seu início, terá caráter socialista.

    Este é o esquema que sintetiza os objetivos dos marxistas-leninistas, a partir da democracia implantar o comunismo. Embora se nos apresente paradoxal, a defesa, pelos comunistas, da democracia, com as liberdades elevadas ao máximo, ela se justifica. Quanto mais débil e sem defesa a democracia, mais fácil sua dcsestabilizacão e a deflagração do processo de tomada do poder.

    2. Os Caminhos da Revolução

    Para atingir seus objetivos estratégicos, a violência tem sido o caminho apontado pelos ideólogos comunistas. Na prática, a história mostra ter sido a violência a tônica de sua revolução. Em nenhum pais do mundo os comunistas lograram alcançar o poder por outra via.

    Marx, referindo-se à Comuna de Paris, disse que um dos seus erros fundamentais

    “foi a magnanimidade desnecessária do proletariado: em vez de exterminar os seus inimigos dedicou-se a exercer influência moral sobre eles".

    Engels, seu dileto companheiro, complementou:

    "A violência joga outro papel na história, tem um papel revolucionário: é, segundo a frase de Marx, a parteira de toda velha sociedade, é o instrumento com a ajuda do qual o movimento social se dinamiza e rompe formas políticas mortas"

    Lenin, em seu famoso livro "O Estado e a Revolução", dizia:"A liberdade da classe operária não é possível sem uma revolução sangrenta".

    Com tais premissas, baseadas na lei fundamental marxista da transformação e apoiadas nos seus conceitos de moral, compreende-se a fonte da violência.

    Embora Marx e Engels insistissem na necessidade universal da violência, chegaram a admitir, em casos especiais, a possibilidade de uma mudança social por meios pacìficos. Seria inaceitável que inteligências tão lúcidas não a admitissem. Sun Tzu já nos ensinava há 500 anos A.C., e é principio de guerra cada vez mais válido, que não se faz uso da força quando se pode conquistar os objetivos almejados, a despeito do inimigo, sem fazê-lo. Ademais, o emprego da força apresenta sempre um risco pela resposta violenta que necessariamente provoca.

    Para Lenin, a base de toda a doutrina de Marx e Engels está na necessidade de inculcar sistematicamente nas massas a idéia da revolução violenta. No entanto, na sua obra antes citada, ao expor a doutrina marxista do Estado e as tarefas do proletariado na revolução, examina a utilização da violência para a tomada do poder, mas considera, também, a possibilidade da passagem pacifica para o socialismo, bem como trata da necessidade de um estágio intermediário, para a implantação da ditadura do proletariado.

    Assim reduzidos as suas formas mais simples, podem ser sintetizados em dois os caminhos utilizados pelos comunistas para a tomada do poder: o uso da violência (ou luta armada) e a "via pacífica". Ao longo do tempo os objetivos e a estratégia para conquistá-los acabaram por transformarem-se nos pontos fundamentais de divergência entre os comunistas. Em torno delas, Trotsky, Stalin, Mao Tsetung, Kruschev e Fidel Castro, para citar apenas os principais atores dessa história, desenvolveriam suas próprias concepções da revolução.

    Essas concepções diferenciadas darão margem a um vasto espectro de organizações, todas intituladas marxistas-leninistas.

    3. O Trabalho de Massa

    As formas utilizadas pelos comunistas para alcançar seu objetivo fundamental - a tomada do poder-, possivelmente por ter sido Lenin um estudioso de Clausewitz e ter sua própria filosofia da guerra, assemelham-se muito às da conquista de um objetivo militar na guerra, o que nos oferece uma imagem propícia para a compreensão do problema.

    Para a conquista de um objetivo na guerra, há um árduo e persistente trabalho de preparação a realizar.As tropas precisam ser mobilizadas e organizadas; devem aprender táticas e técnicas de combate, durante um período relativamente longo de intrução; precisam ser equipadas e supridas de uma quase interminável série de artigos; necessitam de apoio de fogo, de engenharia, de comunicações, de saúde, etc...

    Deixando de lado uma série de outras necessidades, tais como o conhecimento sobre o campo de batalha, as informações sobre o inimigo, etc., devem, sobretudo,estar moralmente preparadas e possuir determinação e vontade de lutar. Eis, então, que se deslocam para o campo da luta.

    Chegado esse momento - o da batalha- o combate pode ou nao se realizar. Se o inimigo está organizado, tem forças suficientes e vontade de lutar, haverá, fatalmente, o combate. Se o inimigo, porém,é fraco ou está combalido, mal posicionado ou sem determinacão, ele pode.entregar-se praticamente sem luta. Na terminologia militar, nesta última situação, diz-se que o inimigo "caiu pela manobra". Sem ser necessário o uso da força, será atingido o mesmo fim: sua submissão a vontade do exército que empreendeu a operação.

    Esses são, pois, os dois caminhos para a conquista do objetivo:

    - o dà violência da luta armada e o da manobra. Este último, em relação ao anterior, pode ser considerado "pacífico". O árduo trabalho prévio é indispensável para se utilizar ambos os caminhos, porque se ele não existir, não haverá, no momento do combate, a necessária desproporção de força e de vontade, suficiente para que a ação contra o inimigo seja bem sucedida ou o obrigue a render-se sem combater.

    Para a tomada do poder pelos comunistas, também existe um trabalho prévio, árduo e persistente, denominado por eles de trabalho de massa. O trabalho de massa consiste nas atividades de infiltração e recrutamento, organização, doutrinação e mobilizaçao, desenvolvidas sob técnicas de agitação e propaganda, visando a criar a vontade e as condições para a mudança radical das estruturas e do regime.

    Em todos os Partidos Comunistas existe uma Seção de Agitação e Propaganda, que se encarrega dessa atividade. A teoria comunista distingue porém, uma atividade da outra: a agitação promove uma ou poucas idéias, que presenta à massa popular; a propaganda, ao contrário, oferece muitas idéias a uma ou poucas pessoas. Ambos são processos condicionantes.

    O trabalho de massa objetiva: incutir em seus alvos a ideologia comunista como a única solução para todos os problemas;minar a crença nos valores da sociedade ocidental e no regime; enfraquecer as salvaguardas e os instrumentos juridicos de defesa do Estado; controlar a estrutura administrativa e influir nas decisões governamentais; e, atuando sobre os diversos segmentos sociais, reeducá-los, organizá-los, mobilizá-los e orientá-los para a tomada do poder.

    O Trabalho de massa é a preparação para o combate. Na hora decisiva da batalha, a sociedade organizada pode reagir e lutar - o que é normal -, ou, se desmoralizada e sem determinação, pode simplesmente, "cair pela manobra", pacificamente.

    segunda-feira, 23 de novembro de 2009

    Aos sequestradores do Abilio Diniz interessava a extradição, pois seriam libertados em seus países; já ao Battisti não interessa... pois vai puxar cana braba...

    O seqüestro de Abílio Diniz pode influenciar a extradição do Battisti

    Transcrito do site: A Verdade Sufocada

    Na manhã do dia 11 de dezembro de 1989, o empresário Abilio Diniz, do grupo Pão de Açúcar, foi sequestrado quando se dirigia a seu escritório. Seus sequestradores eram estrangeiros militantes do MIR - Movimento de Esquerda Revolucionária - organização chilena.  O sequestro fora planejado   quase um ano antes pelo MIR e pelas Forças Populares de Libertação - FPL, uma das facções da então guerrilha de El Salvador.

    Uma Caravan disfarçada de ambulância foi usada para interditar o carro do empresário. Com  Diniz em suas mãos , os sequestradores pediram de resgate a quantia de  30 milhões de dólares.

    Um cartão de uma oficina mecânica, esquecido na Caravan abandonada,  levou a polícia a prender o chileno Pedro Segundo Solar Venega. A partir dessa prisão, a polícia conseguiu identificar mais cinco sequestradores, que foram encontrados em um apartamento no Jabaquara . em São Paulo/SP.

    Com as informações dadas pelos detidos, a polícia encontrou o cativeiro do empresário, na Zona Sul da capital paulista . No dia 17 de dezembro , depois de 36 horas de campana em torno do cativeiro, os sequestradores que lá se encontravam,  se renderam e o empresário Abílio Diniz foi libertado.
    Os dez seqüestradores eram: 4 chilenos, 3 argentinos , 2 canadenses  e 1 brasileiro - Raimundo Rosélio da Costa Freire. Presos, eles foram condenados a penas de 26 a 28 anos.

    Descobriu-se entre outras coisas que no cativeiro os bandidos mantinham  um caixão funerário  para enterrar o prisioneiro caso ele morresse. No cubículo - de cerca de 3 metros quadrados -,  onde Diniz era mantido prisioneiro, não tinha banheiro e nem água encanada. De móveis, somente um colchão e uma banqueta. O som e as luzes ficavam ligados 24 horas. Diniz não tinha noção se era dia ou noite. A cela era subterrãnea e a ventilação era mantida por um precário duto. Tudo preparado antecipadamente pelos sequestradores. 

    Abílio Diniz foi libertado à véspera da primeira eleição direta para presidente da República após o regime militar, disputada por  Collor e Lula .  
    As investigações levaram a polícia a nomes de vários petistas em agendas dos criminosos – todos eles integrantes de organizações de esquerda que haviam optado pela luta armada na América Latina. Isso levou a polícia a vincular o caso ao PT, que tinha em seu quadro vários  militantes da luta armada. Para complicar, os sequestradores foram apresentados à imprensa com camisetas da campanha de Lula, encontradas nas casas que haviam alugado.

    Apesar de todo sofrimento causado ao empresário,  logo depois iniciou-se  uma movimentação, em nome dos direitos humanos, liderada pela embaixada canadense para transferir para o Canadá dois seqüestradores daquele país, Christine Lamont e David Spencer. O lobby acabou sendo apoiado pelo senador Eduardo Suplicy, do PT, pelo então Secretário de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, José Gregori, e pelo próprio ministro Renan Calheiros, que estava na pasta da Justiça.  

    Dez anos depois do sequestro, Lula, convencido pelo advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, visitou os presos em greve de fome - como Battisti faz agora  - e passou a defender a expulsão dos prisioneiros . O  Senador Suplicy , como também age agora com Battisti, fez uma visita de cortesia aos “coitadinhos” presos. O  então Secretário de Direitos Humanos do Ministério da Justiça, José Gregori, não sossegou  até que os bandidos fossem soltos. Dom Evaristo Arns, como sempre agiu com terroristas, levou suas  bênçãos  aos " pobres coitados". Na época, Lula chegou a pedir a interferência do então presidente Fernando Henrique Cardoso.

    Graças a um acordo de troca de presos entre o Brasil e o Canadá, aprovado pelo Congresso, os canadenses David Spencer e Christine Lamont foram extraditados para o Canadá. No início de 1999, os nove estrangeiros foram expulsos e o único brasileiro do grupo, Raimundo Rosélio da Costa Freire, foi indultado.

    Convém esclarecer que os sequestradores de Diniz queriam ser expulsos do Brasil porque sabiam que seriam libertados ao chegarem aos seus paises. Já Battisti não que ser extraditado porque sabe que vai cumprir pena na Itália.

    Esse episódio precisa ser relembrado e cremos que influenciará na decisão de Lula sobre o caso do italiano Cesare Battisti, condenado na Itália por quatro assassinatos. O Supremo Tribunal Federal, aparentemente, lavou as mãos. Determinou a extradição, mas  apesar disso passou  a palavra final a Lula

    Segundo o Jornal do Brasil, em matéria com o título: Memória JB: Lula apoiou sequestradores de  Abílio Diniz 

    :"Os parlamentares e ativistas de esquerda que apóiam Cesare Battisti apostam que Lula vai tomar uma decisão diferente da sentença proferida pelo STF, que mandou extraditar o italiano. Eles acham que o presidente será fiel ao compromisso com a esquerda internacional e pode repetir o gesto de 1998, quando se empenhou na campanha pela expulsão dos ativistas estrangeiros envolvidos no sequestro do empresário  Abílio Diniz, ocorrido dez anos antes e à custa de prejuízos eleitorais ao então candidato."

    Battisti, provavelmente, ficará no Brasil, livre, leve e solto, como os presos expulsos do Brasil passaram a viver em seus paises .
    Afinal já não será o primeiro caso de criminosos  esquerdistas a serem premiados pela benevolência de nosso governo. Muitos, agora no poder, entendem o que é ser um criminoso político!

    Fontes: Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, Folha de São Paulo