Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER

quinta-feira, 31 de março de 2022

Bolsonaro, um subversivo; Braga Netto, um golpista; Silveira, um abobalhado

Bolsonaro, um subversivo; Braga Netto, um golpista; Silveira, um abobalhado ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/reinaldo-azevedo/2022/03/31/bolsonaro-um-subversivo-braga-netto-um-golpista-silveira-um-abobalhado.htm?cmpid=copiaecola
Daniel Silveira, pontuei aqui na tarde de ontem, não está sozinho. É um peão no tabuleiro de Jair Bolsonaro, que voltou a engrolar discurso golpista. No embate com Alexandre de Moraes, eles todos sabem que vão perder a parada judicial. [É uma tática de um dos mais competentes jornalistas para cumprir com eficiência sua pauta: malhar, debochar, tentar diminuir o presidente Bolsonaro e seus apoiadores. Conhecemos de longa data, e muito respeitamos, mas desta vez ele fracassará. Será uma de suas raras derrotas. 
Reinaldo Azevedo sabe perfeitamente que Daniel Silveira será absolvido - a prática da maior parte dos atos que lhe imputam não é crime no Brasil, pela inexistência no Brasil de leis que tipifiquem os supostos atos como crime.
Outras que tinham abrigo na Lei de Segurança Nacional, também acabam - a LSN foi revogada.
Sobrar algum resíduo de acusação cairá em calúnia, difamação e injúria, crimes com penas mínimas e que não implicam em prisão.] Apostam que, assim, acabarão ganhando a guerra à medida que eventos como o estrelado pelo pateta fortão excitam os ânimos dos bolsonaristas, convocando-os para a luta, com o gado fiel na ponta do  casco. A ver. 
O fato de que buscam, de caso pensado, o embate não pode levar Moraes ou qualquer outro ministro ao recuo na defesa da ordem legal. Enquanto Silveira usava a Câmara como covil, Jair Bolsonaro pregava luta armada no Rio Grande do Norte. É o primeiro presidente da República a fazê-lo. À noite, o ministro da Defesa, Braga Netto, possível candidato a vice-presidente na chapa do "capitão", divulgou a "Ordem do Dia" alusiva ao golpe militar de 1964. Trata-se de um daqueles textões típicos de tiozão golpista de Facebook.
 
LUTA ARMADA 
Já volto a Silveira. Convém adensar o contexto. A nota de Braga Netto concentra uma soma notável de delinquências intelectuais e mentiras estúpidas. A maior delas, nem poderia ser diferente, está na justificativa da quartelada, a saber: "Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil, por grupos que propagavam promessas falaciosas, que, depois, fracassou em várias partes do mundo. Tudo isso pode ser comprovado pelos registros dos principais veículos de comunicação do período."

Faltassem outras evidências, o fato de que o golpe triunfou praticamente sem resistência expõe a mentira da história contada pelo general.  Nem João Goulart nem ninguém no seu governo defenderam que as dissensões políticas fossem dirimidas por intermédio do levante. O Brasil teve uma presidente, Dilma Rousseff, que militou em grupos de esquerda que aderiram à luta armada, embora inexista registro de que ela própria tenha pegado em armas. [pegou sim e o ilustre colunista sabe; é bem informado e sabe perfeitamente da participação da 'engarrafadora de vento' no atentado  contra o QG do IIº Exército e que teve entre suas vítimas o soldado Mario Kozel Filho.] Na Presidência, jamais apelou a qualquer discurso ambíguo que estimulasse qualquer resposta que não fosse pela via política. De resto, como se viu, vítima de um processo de impeachment, deixou o poder sem resistência. No dia em que votou por seu afastamento na Câmara, Bolsonaro exaltou Carlos Alberto Brilhante Ustra, um torturador. Nesta quarta, em Parnamirim, a fala do presidente foi explícita: "O povo armado jamais será escravizado. E podem ter certeza que, por ocasião das eleições de 2022, os votos serão contados no Brasil. Não serão dois ou três que decidirão como serão contados esses votos. Defendemos a  democracia, a liberdade, e tudo faremos, até com sacrifício da nossa vida, para que esses direitos sejam relevantes e cumpridos pelo nosso país". É evidente que ele está dizendo que, se derrotado, não aceitará o resultado. A fala vale por uma conclamação. Os que, então, estiverem armados que tentem a reação, que ele, por óbvio, se oferece para liderar, lembrando ser bem provável que tenha como vice aquele que escreveu a "Ordem do Dia" exaltando um golpe de Estado — em nome, é claro!, da democracia.

DE VOLTA AO PEÃO
 E agora voltamos a Silveira, o peão irrelevante em busca de seus minutos de fama. Observem que a pantomima se segue ao desastre reputacional que resultou da descoberta da ação dos pastores no Ministério da Educação. O escândalo pegou. Ficou evidente como o governo Bolsonaro é gerido na miudeza. O desastre em curso na educação brasileira tem seus protagonistas. O episódio provocou um racha até entre os "urubus de Deus" que lutam pela carniça. Pastores de fora do "establishment do achaque" estavam atuando,  sem pedir licença a alguns donos de Deus mais poderosos do que eles próprios. Pronto! 
O noticiário da crise na educação esfriou para dar lugar ao "Caso Silveira". 
 
Os bolsonaristas, incluindo Flávio Bolsonaro, correram em socorro ao deputado, tentando construir a figura de um mártir da democracia, que estaria resistindo à ordens de um ministro supostamente autoritário: ora, era a luta de sempre do bolsonarismo contra a democracia, as leis e o Estado de direito.  Não por acaso, no Rio Grande do Norte, Bolsonaro se encarregava de atacar, entre outros, o ministro Moraes, ainda que que sem nominá-lo. Até o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o chefão da bancada evangélica — que ajudou a chutar os dois pastores menores que resolveram se meter com os pastores maiores sem pedir licença, mudou logo de assunto para, também ele, atacar Moraes, como se fosse o ministro a desrespeitar a lei. Era preciso mudar de assunto. Chega de falar de ladroagem no Ministério da Educação.  Nota à margem: Milton Ribeiro disse que não vai à Comissão de Educação do Senado coisa nenhuma. Era uma convocação que virou convite. Bem, espero que o convite recusado vire, então, uma CPI.


AS REGRAS DO JOGO
Silveira tem bons advogados. Sabe que sua prisão em flagrante, endossada por unanimidade pelo Supremo e mantida pela própria Câmara, se deu segundo as regras do jogo. A jurisprudência do STF, em matéria de imunidade parlamentar, é pacífica sobre o seu espírito e propósito. Lembra Moraes: "Desde a Constituição do Império até a presente Constituição de 5 de outubro de 1988, as imunidades não dizem respeito à figura do parlamentar, mas às funções por ele exercidas". Vale dizer: a proteção não serve para acobertar crimes Seus advogados sabem igualmente que julgado do Supremo consagra a imposição, se necessário, de medidas cautelares aos parlamentares, que, por vedação Constitucional, não podem ser presos a não ser em flagrante de crime inafiançável. Já as medidas cautelares, julgou o tribunal muito antes de Silveira ser notícia, podem ser impostas sem a autorização do plenário da Câmara e do Senado se não impedirem o exercício regular do mandato. Assim, por óbvio, não há abuso nenhum nas decisões de Moraes. [não haveria abuso  desde que fosse juridicamente  correto  expedir um MANDADO DE PRISÃO em FLAGRANTE e o FLAGRANTE PERENEMENTE PERPÉTUO.]

Nesta quarta, em face da resistência do deputado em usar a tornozeleira, o ministro determinou, além de se negar a rever as medidas cautelares: 
- abertura de novo inquérito para apurar resistência a cumprimento de decisão judicial;
- multa de R$ 15 mil/dia por descumprimento da decisão; 
- bloqueio das contas bancárias de Silveira; 
- desconto do valor da multa no sistema da própria Câmara; 
- oficiar Arthur Lira, presidente da Casa, para marcar data e hora para o cumprimento da ordem judicial.

O ministro pediu ainda que sua decisão seja julgada pelo plenário virtual do Supremo no dia 1º de abril. Pois bem, dado o novo despacho de Moraes, Silveira houve por bem deixar a Câmara e seguir para casa. O bloqueio de suas contas o levou a mudar de ideia. Tudo indica tratar-se da véspera de um novo ataque às instituições. Ao menos até a condenação, que pode render cana.

  ENCERRO

Quem é Silveira nessa história toda? É o agente provocador. Ele serve para excitar e incitar as milícias digitais. Moraes, diga-se, liberou para a revisão a Ação Penal 1.044, em que o deputado é réu, no dia 8 de novembro do ano passado. O revisor, Nunes Marques, concluiu o seu trabalho no dia 21 de janeiro. Desde essa data, aguarda-se que Fux marque a data do julgamento. E nada. Silveira é acusado de coação no curso do processo (artigo 344 do Código Penal), incitação à animosidade entre as Forças Armadas e o STF e  incitação à tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes -- artigos, respectivamente, 18 e 23 da Lei de Segurança Nacional, que não existe mais. Então os crimes sumiram pelo ralo? Não. Essas imputações foram parar no Não. Essas imputações foram parar no Código Penal. De resto, depois daquele vídeo de 16 de fevereiro do ano passado, que está na raiz de tudo, o deputado voltou a praticar as mesmas delinquências.

O presidente do Supremo pretendia levar a questão ao pleno em maio, mas antecipou para 20 de abril. Vejam o custo que tem a demora, Se condenado, Silveira perde o mandato e se torna inelegível. Posará, claro!, de mártir. Mas  que seja, ao menos, sem o mandato que envergonha a democracia brasileira, entre muitas outras vergonhas. Jamais se esqueçam: ele é apenas um peão meio abobado no tabuleiro golpista de Bolsonaro.


Reinaldo Azevedo, colunista - UOL

 

‘Amémsalão’ - Merval Pereira

O Globo 

STF e TSE são os verdadeiros alvos do bolsonarismo

Tudo está conectado. Não é por acaso que, no mesmo dia em que o deputado federal bolsonarista Daniel Silveira resiste a uma ordem judicial para colocar tornozeleira eletrônica, o presidente Bolsonaro tenha voltado, do nada, a criticar a urna eletrônica. Ambas as situações têm como alvo um único ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que presidirá o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições e determinou novas punições ao parlamentar.

Os ataques a outro ministro, Luís Roberto Barroso, reduziram-se na medida em que ele deixou a presidência do TSE. Pesquisadores que monitoram as redes sociais bolsonaristas constataram uma evidência inescapável: os verdadeiros adversários de Bolsonaro são as instituições STF, TSE e seus ministros, e não Lula ou Moro. Eles são mais buscados e citados nas redes sociais ligadas ao bolsonarismo que os adversários políticos.

O asilo do deputado Daniel Silveira dentro da Câmara faz dela uma trincheira contra a Justiça, o que pode causar uma crise institucional. A Câmara é muito corporativista e não permitirá que entrem para colocar tornozeleira eletrônica no deputado que, por sua vez, quer não apenas contestar o ministro Alexandre de Moraes, mas se promover pessoalmente. Fez bem o Supremo em marcar uma sessão para que o plenário analise a decisão de Alexandre de Moraes, caso contrário uma crise institucional se instalaria sem que, aparentemente, haja motivo.

No submundo das redes bolsonaristas encontra-se a explicação para essas provocações. À medida que a eleição se aproxima, a milícia digital aprofunda seu trabalho com a intenção de marcar o TSE, o STF e o ministro Alexandre de Moraes como carrascos que impedem a livre manifestação do pensamento. Se a derrota for inevitável, como parece, esse questionamento permanente servirá para resistir à transferência de poder ou, caso não tenham força suficiente para um golpe desses — já tentado  e rechaçado  no 7 de Setembro do ano passado —, manter os aliados unidos na oposição de um governo eleito democraticamente, como foi Bolsonaro em 2018, pelas mesmas urnas eletrônicas hoje contestadas.

Pesquisas eleitorais que surgem nos últimos dias dão mais alento aos bolsonaristas, com indicações de que a diferença entre Lula e Bolsonaro está sendo reduzida. A ideia de que Lula poderia ganhar no primeiro turno parece já anacrônica, o que indica um segundo turno mais acirrado do que era previsto até há pouco tempo. Mapear os riscos que um segundo turno mais apertado pode representar, e construir um “estado de opinião na sociedade, uma vacina” em defesa da integridade do sistema eleitoral e da democracia, é o papel de um grupo de pesquisadores acadêmicos que se dedicam a fornecer ao TSE dados sobre as redes sociais.

Foram localizados nesse trabalho 1.700 vídeos considerados de “alta toxidade”, com termos hostis à democracia no YouTube: “Artigo 142 da Constituição” — que os bolsonaristas usam para alegar que a Constituição autoriza uma intervenção militar — e “Eu autorizo o presidente”, usado para ratificar atitudes de Bolsonaro de ataque à democracia. [a bem da verdade, lembramos que uma intervenção militar, ou qualquer ato de força, não precisam de autorização. Confiram.] Também as redes evangélicas e de militares da ativa e da reserva indicam que as mensagens do presidente Bolsonaro estabeleceram um contato direto com seus integrantes, sem a intermediação da cúpula dos pastores ou da hierarquia militar.

A crise na Petrobras, em que o general colocado na presidência por Bolsonaro para uma intervenção acabou sendo retirado por não tê-la realizado, demonstra como o presidente tem força para manipular os militares, sem criar crises. Também o caso dos pastores que intermediaram negociatas no Ministério da Educação demonstra que Bolsonaro protege-se demitindo um ministro pastor presbiteriano sem perder o apoio entre o eleitorado evangélico. Afinal, o caso está sendo conhecido popularmente nas redes sociais como  “Amémsalão”.

Merval Pereira, colunista - O Globo


“Não é sobre não cumprir uma ordem; é sobre cumprir a constituição” - VOZES

Rodrigo Constantino

O deputado federal Daniel Silveira
(União-RJ) passou a madrugada desta quarta-feira (30) nas dependências da Câmara para não colocar a tornozeleira eletrônica, conforme determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar pernoitou em seu gabinete, onde recebeu um colchão e um travesseiro para dormir no local. [O ministro Moraes sem opção para impor sua determinação ao parlamentar, mediante o uso da força policial, se valeu do recurso de determinar ao Banco Central o sequestro dos valores em contas do deputado Daniel Silveira. 

Usar o recurso condução coercitiva, prisão mediante MANDATO DE PRISÃO em FLAGRANTE, não funciona.

Assim, restou claro que como é absolutamente normal, verdadeiro, um exemplo claro do que é óbvio ululante, só quem PODE TUDO = é DEUS.]


Ontem Silveira afirmou que iria "morar" nas dependências da Câmara dos Deputados se necessário e que iria descumprir a decisão de Moraes. A declaração foi feita em entrevista à Jovem Pan concedida no Salão Verde da Câmara. "Não vão colocar (a tornozeleira). Aqui dentro eu tenho imunidade", disse o parlamentar. Ele também voltou a criticar o ministro e dizendo que Moraes "desonra a magistratura e tudo que ela representa".

Pouco tempo depois, em discurso na tribuna da Câmara, Silveira declarou que cabe aos parlamentares decidir sobre a restrição de liberdade de deputados, no mesmo rito previsto em casos de prisão. “Aqui eu falo em tribuna: não será acatada a ordem do Alexandre de Moraes enquanto não for deliberada pela Casa. Quem decide isso são os deputados”, disse. “O CPP (Código de Processo Penal) determina que prisão preventiva não se aplica em hipótese alguma a parlamentares."

Ninguém é obrigado a gostar do estilo do deputado, muito menos concordar com o tom e o teor do vídeo que ele gravou e que serviu de pretexto para sua prisão. Mas nesse momento, todos os brasileiros de bem deveriam estar ao seu lado, apoiando sua corajosa decisão. Daniel Silveira tem sido alvo de um arbítrio perigoso e inaceitável.

Como resumiu Leandro Ruschel, "Todo esse festival de inconstitucionalidades teve início no chamado inquérito das 'fake news', em 2019, que a então procuradora-geral Rachel Dodge chamou de 'tribunal de exceção'. Ela pediu arquivamento, o que foi negado. Foi aberta a caixa de pandora..."

Daniel, como parlamentar, goza da imunidade material e não pode ser preso por "crime de opinião". Que, aliás, sequer existe em nosso Código Penal.
Muito menos num malabarismo bizarro que considerou um vídeo como "flagrante perpétuo". Tudo no processo é grotesco, descabido, ilegal. Quem fecha os olhos para isso, ou pior, aplaude só porque detesta o deputado bolsonarista, não passa de alguém desprovido de princípios e também de inteligência, por ignorar que, ao conceder tanto poder arbitrário a alguém, amanhã poderá ser também sua vítima.

É como Daniel colocou muito bem em entrevista ao vivo nesta terça: "Não é sobre não cumprir uma decisão, mas sim sobre cumprir a Constituição". Quem vai colocar limites nos abusos de poder de Alexandre de Moraes? Daniel, ao resistir, forçou o ministro supremo a dobrar a aposta se quiser fazer valer sua vontade, sua birra. Vai ter que externar ao mundo o que todos já sabem: que ele se considera acima dos demais poderes!

O presidente da Câmara Arthur Lira ficou numa sinuca de bico e sob forte pressão popular. 
Cabe a ele afirmar a independência do poder Legislativo e impedir mais um abuso de poder. 
O Brasil está atento, de olho. Esse pode ser um ponto de inflexão importante, o começo do fim de uma tirania togada. 
Pode ser o tão esperado contrapeso, o freio ao avanço dessa "juristocracia" implantada em nosso país. Ninguém pode estar acima da Constituição!


O deputado Paulo Eduardo Martins resumiu o que está em jogo aqui: "A Câmara aceitou destruir a imunidade parlamentar por 'quaisquer opiniões, palavras e votos' (art 53). Sem essa sustentação, que é presente em todos os regimes democráticos, a atividade parlamentar fica fraca e ou inviável. O parlamento não pode ser mera concessão do judiciário". Ou os parlamentares gozam de liberdade, ou possuem apenas uma licença temporária concedida pelo STF.

A resistência de Daniel, portanto,  é aquela de todos que têm apreço pela liberdade democrática
O deputado não é um terrorista que ameaça fisicamente a existência do Supremo, como narrativas absurdas tentam fazer crer. 
Ele se excedeu no tom, mas não coloca em risco a sobrevivência do STF, não controla células terroristas, não é um Cesare Battisti da vida - aquele que foi defendido e considerado inocente pelo ministro Barroso quando advogado.
 
Estamos lidando com uma ameaça muito grande ao Brasil. É como Ruschel, uma vez mais, sintetizou: "Lula e quase todos os envolvidos no maior esquema de corrupção da história estão soltos
Mas perigo para a 'democracia' é o Daniel Silveira. Claro..."

O herói se faz diante das circunstâncias. É aquele que toma a decisão certa e assume suas consequências com dignidade. Daniel Silveira, hoje, é um herói nacional.

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

Inviolabilidade do mandato está em jogo no julgamento de Daniel Silveira - Gazeta do Povo

Alexandre Garcia

Deputado federal

O presidente Jair Bolsonaro esteve no Rio Grande do Norte e no Piauí, nesta quarta-feira (30), para fazer o lançamento da tecnologia 5G no agronegócio. Ele foi primeiro a Parnamirim (RN) para fazer a entrega de um serviço de transporte urbano na Grande Natal.

Depois, foi para a fazenda Ipê, no interior do Piauí, do produtor rural Ricardo Faria, que tem 46 anos e começou a trabalhar vendendo picolé e laranja. Hoje, ele produz 7 milhões de ovos em seus aviários no Piauí, Maranhão e Tocantins. Só na fazenda Ipê são 135 mil hectares.

O presidente da República foi até lá para prestigiar e estimular o exemplo de quem começa de baixo e consegue se tornar um dos maiores produtores rurais do país.

Inviolabilidade do mandato
O deputado Daniel Silveira (União Brasil-RJ) dormiu na Câmara de terça-feira (29) para quarta para não colocar a tornozeleira eletrônica ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Diante disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), divulgou uma nota muito importante e equilibrada, dizendo que não vai cair na armadilha de botar lenha na fogueira. Reconhece que ordens judiciais precisam ser obedecidas, mas reconhece também que a inviolabilidade do mandato tem que ser respeitada.

Lira escreveu: "condeno o uso midiático das dependências da Câmara, mas sou guardião da sua inviolabilidade". E ele então sugere, diplomaticamente, ao STF: "seria desejável que o plenário do Supremo examinasse logo esse caso". Nesta quarta mesmo, o presidente do STF, Luiz Fux, marcou para o dia 20 de abril o julgamento em plenário da ação penal em que Daniel Silveira figura como réu por ameaças feitas a membros do próprio Supremo.

Agora está nas mãos do STF. O artigo nº 53 da Constituição brasileira vale ou não vale? O artigo diz que "deputados e senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer palavras, opiniões e votos". É o que está escrito.

O Supremo sabe que não tem poderes para dizer que isso não vale. Só quem tem poderes para isso seria uma assembleia nacional constituinte ou uma mudança por emenda constitucional apresentada ao Congresso, que precisaria de duas votações em cada Casa legislativa, com aprovação de mais de 60% dos votos. Agora, o Supremo terá que julgar o que está escrito.

Rosa Weber ignora PGR
Normalmente, quando a Procuradoria-Geral da República diz que se deve arquivar um inquérito porque ele não vai dar em nada, o Supremo vai lá e arquiva.

Mas no inquérito que acusa o presidente Jair Bolsonaro de prevaricação, a ministra Rosa Weber agiu de forma diferente. Ela rejeitou a sugestão da PGR para arquivar a investigação, isso mesmo depois de a Polícia Federal afirmar não ter encontrado indícios de malfeitos do presidente.

Esse inquérito é aquele originado pela "denúncia" do deputado Luis Miranda (Republicanos -DF), cuja palavra, todos sabem em Brasília, não vale muito, de que havia irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin e que o presidente teria sido informado por ele próprio sobre isso. Uma vacina que nem sequer foi comprada. O presidente, obviamente, não deu bola para isso. E a PGR pediu para arquivar, mas a ministra Rosa Weber disse que não.[a ministra tem o direito de  perder mais uma.]

Sem interferência
Já a Polícia Federal concluiu um outro inquérito aberto depois que ex-ministro Sergio Moro acusou Bolsonaro de estar interferindo na própria PF. Segundo a investigação, não houve interferência nenhuma.

Mas o presidente tem o direito administrativo de interferir; ele é o comandante supremo também da PF. Mas não pode interferir, claro, em inquérito, investigações, etc. Nesse caso cometeria crime como, por exemplo, advocacia administrativa ou algo semelhante.

E a PF concluiu que ele não cometeu nenhum crime. É outro inquérito que vai para o lixo, uma perda de tempo e de energia. [os inimigos do presidente Bolsonaro = inimigos do Brasil, sabem que não vão ganhar nunca - nem eleições,nem ações judiciais contra o presidente.]

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES 

 

Daniel Silveira participa de solenidade no Palácio do Planalto - Bolsonaro desafia Moraes e defende ...

Bolsonaro desafia Moraes e defende Silveira em ato com deputado no Planalto: "Deputados e senadores civil e penalmente são inimputáveis por quaisquer palavras e opiniões", disse Bolsonaro com o deputado na plateia.

 Réu por atos antidemocráticos e descumpridor de ordem judicial, deputado está em evento de troca de ministros após protagonizar polêmica envolvendo o descumprimento da ordem judicial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre o uso da tornozeleira eletrônica

O deputado federal Daniel Silveira (União Brasil-RJ) participa na manhã desta quinta-feira (31/3) da solenidade no Palácio do Planalto de posse e despedida de ministros vão participar das eleições concorrendo ao Senado e aos governos estaduais.
 
 O parlamentar protagonizou ontem a polêmica envolvendo o descumprimento da ordem judicial do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sobre o uso da tornozeleira eletrônica. Ele chegou a passar a noite em seu gabinete e recebeu apoio de parte da base governista.

Entretanto, o ministro determinou que o Banco Central bloqueasse as contas bancárias ligadas a Silveira ainda na noite de ontem e uma multa diária de R$ 15 mil, caso o congressista continuasse se recusando a usar o monitoramento eletrônico. "Não vou aceitar. Vou colocar [a tornozeleira] por imposição de sequestro de bens", disse o deputado. Ainda não há informações se o parlamentar já está usando a tornozeleira.

Silveira é réu no inquérito dos atos antidemocráticos, por ameaçar as instituições e ministros do supremo em vídeo. Ainda na quarta-feira, o Supremo marcou a data para o julgamento do deputado, em 20 de abril.

Entretanto, o ministro determinou que o Banco Central bloqueasse as contas bancárias ligadas a Silveira ainda na noite de ontem e uma multa diária de R$ 15 mil, caso o congressista continuasse se recusando a usar o monitoramento eletrônico. "Não vou aceitar. Vou colocar [a tornozeleira] por imposição de sequestro de bens", disse o deputado. Ainda não há informações se o parlamentar já está usando a tornozeleira.

Silveira é réu no inquérito dos atos antidemocráticos, por ameaçar as instituições e ministros do supremo em vídeo. Ainda na quarta-feira, o Supremo marcou a data para o julgamento do deputado, em 20 de abril.

Política - Correio Braziliense


ALELUIA: APARECEU, ENFIM, UM POLÍTICO DISPOSTO A ENFRENTAR O TODO PODEROSO STF. ENFIM, UM DEPUTADO CORAJOSO - Gilberto Simões Pires

Ontem, para alegria e enorme satisfação da maioria do povo brasileiro, o corajoso deputado Daniel Silveira resolveu, enfim, (no meu entender com muito atraso) enfrentar o MAU MINISTRO do STF, Alexandre de Moraes, ao declarar - alto e bom tom -, que não vai usar tornozeleira eletrônica, como havia determinado o DITADOR DE TOGA. Na sua avaliação, baseado no que está claramente escrito na Constituição, cabe aos parlamentares decidir sobre a restrição de liberdade de seus pares.

ATITUDE MUITO FESTEJADA
Ainda que -tardia- a atitude assumida pelo deputado Daniel Silveira, o fato é que a decisão que tomou está sendo muito festejada Brasil afora. Das inúmeras mensagens que recebi, assim como, daquelas que li nas redes sociais, vejo que já apareceu uma ponta de esperança de que mais políticos resolvam dar andamento no processo de afastamento definitivo do péssimo ministro Alexandre de Moraes.

SUBSTITUIR TODOS OS MINISTROS
Mais: faço votos de que a coragem demonstrada pelo deputado Silveira atinja em cheio os cérebros da maioria dos parlamentares, fazendo com que entendam de uma vez por todas o quanto fará bem para o Brasil, e por consequência, para todos os brasileiros, substituir todos os 11 ministros da Suprema Corte.

REPRESENTANTE TAMBÉM É PRESO
Vale lembrar, à exaustão, que quando um ou mais ministros do STF resolvem prender um deputado ou senador, notadamente quando a prisão é descabida, na real quem está sendo preso são todos aqueles que elegeram o parlamentar. Até porque o voto é uma procuração conferida pelo eleitor para alguém que irá REPRESENTÁ-LO no Poder Legislativo com a tarefa de analisar, debater, aprovar ou recusar as propostas enviadas pelo Poder Executivo. 
Assim, quando o STF resolve prender um deputado ou um senador, quem perde a liberdade é o ELEITOR.

CORAÇÕES E MENTES
De novo
: tomara que a coragem e a determinação do deputado Daniel Silveira atinjam em cheio os corações e mentes de todos os brasileiros e o impacto seja capaz de remover os obstáculos que fazem do nosso empobrecido Brasil um país brutalmente dominado por DITADORES -IDEOLÓGICOS- DE TOGA. Aleluia!
 
Gilberto Simões Pires - Ponto Crítico

MINISTÉRIO DA DEFESA - ORDEM DO DIA alusiva ao dia 31 de março

MINISTÉRIO DA DEFESA
ORDEM DO DIA alusiva ao dia 31 de março de 1964
Brasília, DF, 31 de março de 1964
 

Brasília (DF), 30/03/2022 - O Movimento de 31 de março de 1964 é um marco histórico da evolução política brasileira, pois refletiu os anseios e as aspirações da população da época.

Analisar e compreender um fato ocorrido há mais de meio século, com isenção e honestidade de propósito, requer o aprofundamento sobre o que a sociedade vivenciava naquele momento. A história não pode ser reescrita, em mero ato de revisionismo, sem a devida contextualização.

Neste ano, em que celebramos o Bicentenário da Independência, com o lema “Soberania é liberdade!”, somos convidados a recordar feitos e eventos importantes do processo de formação e de emancipação política do Brasil, que levou à afirmação da nossa soberania e à conformação das nossas fronteiras, assim como à posterior adoção do modelo republicano, que consolidou a nacionalidade brasileira.

O século XX foi marcado pelo avanço de ideologias totalitárias que passaram a constituir ameaças à democracia e à liberdade. A população brasileira rechaçou os ideais antidemocráticos da intentona comunista, em 1935, e as forças nazifascistas foram vencidas na Segunda Guerra Mundial, em 1945, com a relevante participação e o sacrifício de vidas de marinheiros, de soldados e de aviadores brasileiros nos campos de batalha do Atlântico e na Europa.

Ao final da guerra, a bipolarização global, que fez emergir a Guerra Fria, afetou todas as regiões do globo, o que trouxe ao Brasil um cenário de incertezas com grave instabilidade política, econômica e social, comprometendo a paz nacional.

Em março de 1964, as famílias, as igrejas, os empresários, os políticos, a imprensa, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), as Forças Armadas e a sociedade em geral aliaram-se, reagiram e mobilizaram-se nas ruas, para restabelecer a ordem e para impedir que um regime totalitário fosse implantado no Brasil, por grupos que propagavam promessas falaciosas, que, depois, fracassou em várias partes do mundo. Tudo isso pode ser comprovado pelos registros dos principais veículos de comunicação do período.

Nos anos seguintes ao dia 31 de março de 1964, a sociedade brasileira conduziu um período de estabilização, de segurança, de crescimento econômico e de amadurecimento político, que resultou no restabelecimento da paz no País, no fortalecimento da democracia, na ascensão do Brasil no concerto das nações e na aprovação da anistia ampla, geral e irrestrita pelo Congresso Nacional.

As instituições também se fortaleceram e as Forças Armadas acompanharam essa evolução, mantendo-se à altura da estatura geopolítica do País e observando, estritamente, o regramento constitucional, na defesa da Nação e no serviço ao seu verdadeiro soberano – o Povo brasileiro.

Cinquenta e oito anos passados, cabe-nos reconhecer o papel desempenhado por civis e por militares, que nos deixaram um legado de paz, de liberdade e de democracia, valores estes inegociáveis, cuja preservação demanda de todos os brasileiros o eterno compromisso com a lei, com a estabilidade institucional e com a vontade popular.

   


Revolução de 31 de Março de 1964 - Preâmbulo do Ato Institucional nº 1 - À Nação

 ATO INSTITUCIONAL Nº 1, DE 9 DE ABRIL DE 1964.

 Primeiro documento que cuidou da institucionalização e legitimação  do Movimento Revolucionário de 31 de março de 1964

ATO INSTITUCIONAL Nº 1, DE 9 DE ABRIL DE 1964.

Vigência

Dispõe sobre a manutenção da Constituição Federal de 1946 e as Constituições Estaduais e respectivas Emendas, com as modificações introduzidas pelo Poder Constituinte originário da revolução Vitoriosa.

À NAÇÃO

        É indispensável fixar o conceito do movimento civil e militar que acaba de abrir ao Brasil uma nova perspectiva sobre o seu futuro. O que houve e continuará a haver neste momento, não só no espírito e no comportamento das classes armadas, como na opinião pública nacional, é uma autêntica revolução.

        A revolução se distingue de outros movimentos armados pelo fato de que nela se traduz, não o interesse e a vontade de um grupo, mas o interesse e a vontade da Nação.

        A revolução vitoriosa se investe no exercício do Poder Constituinte. Este se manifesta pela eleição popular ou pela revolução. Esta é a forma mais expressiva e mais radical do Poder Constituinte. Assim, a revolução vitoriosa, como Poder Constituinte, se legitima por si mesma. Ela destitui o governo anterior e tem a capacidade de constituir o novo governo. Nela se contém a força normativa, inerente ao Poder Constituinte. Ela edita normas jurídicas sem que nisto seja limitada pela normatividade anterior à sua vitória. 
 
Os Chefes da revolução vitoriosa, graças à ação das Forças Armadas e ao apoio inequívoco da Nação, representam o Povo e em seu nome exercem o Poder Constituinte, de que o Povo é o único titular. 
 
O Ato Institucional que é hoje editado pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, em nome da revolução que se tornou vitoriosa com o apoio da Nação na sua quase totalidade, se destina a assegurar ao novo governo a ser instituído, os meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa Pátria. A revolução vitoriosa necessita de se institucionalizar e se apressa pela sua institucionalização a limitar os plenos poderes de que efetivamente dispõe.
 
        O presente Ato institucional só poderia ser editado pela revolução vitoriosa, representada pelos Comandos em Chefe das três Armas que respondem, no momento, pela realização dos objetivos revolucionários, cuja frustração estão decididas a impedir. Os processos constitucionais não funcionaram para destituir o governo, que deliberadamente se dispunha a bolchevizar o País. Destituído pela revolução, só a esta cabe ditar as normas e os processos de constituição do novo governo e atribuir-lhe os poderes ou os instrumentos jurídicos que lhe assegurem o exercício do Poder no exclusivo interesse do Pais. 
 
Para demonstrar que não pretendemos radicalizar o processo revolucionário, decidimos manter a Constituição de 1946, limitando-nos a modificá-la, apenas, na parte relativa aos poderes do Presidente da República, a fim de que este possa cumprir a missão de restaurar no Brasil a ordem econômica e financeira e tomar as urgentes medidas destinadas a drenar o bolsão comunista, cuja purulência já se havia infiltrado não só na cúpula do governo como nas suas dependências administrativas. Para reduzir ainda mais os plenos poderes de que se acha investida a revolução vitoriosa, resolvemos, igualmente, manter o Congresso Nacional, com as reservas relativas aos seus poderes, constantes do presente Ato Institucional.
 
        Fica, assim, bem claro que a revolução não procura legitimar-se através do Congresso. 
Este é que recebe deste Ato Institucional, resultante do exercício do Poder Constituinte, inerente a todas as revoluções, a sua legitimação.

        Em nome da revolução vitoriosa, e no intuito de consolidar a sua vitória, de maneira a assegurar a realização dos seus objetivos e garantir ao País um governo capaz de atender aos anseios do povo brasileiro, o Comando Supremo da Revolução, representado pelos Comandantes-em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica resolve editar o seguinte.

 ...................

RECOMENDAMOS LER NA ÍNTEGRA:

ATO INSTITUCIONAL Nº 1, DE 9 DE ABRIL DE1964.

ATO INSTITUCIONAL Nº 2, DE 27 DE OUTUBRO DE 1965


Documentos em sites oficiais


quarta-feira, 30 de março de 2022

O inquérito de Moraes que mira Daniel Silveira nasceu errado. Vai estar errado para sempre - O Estado de S. Paulo

 J. R. Guzzo

Põe a tornozeleira, diz o ministro do STF. Não ponho, diz o deputado; deputado; situações absurdas, em geral, só levam a outras situações absurdas   

Situações absurdas, em geral, só levam a outras situações absurdas; a demência puxa a demência. É assim que temos, agora, esse prodigioso debate sobre a tornozeleira do deputado Daniel Silveira – trata-se do grande tema da política brasileira de hoje, para se ter uma ideia do ponto a que chegou a qualidade do debate neste País. Põe a tornozeleira, diz o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Não ponho, diz o deputado

Dá para entender que dois homens adultos, um deles tido como importantíssimo para a sobrevivência da nação, nas suas atuais funções de Defensor Perpétuo da Democracia, se metam numa discussão desse tipo? É patético, mas eis aí o resultado inevitável da decisão, tomada pelo ministro, de prender um deputado federal em pleno exercício do seu mandato. Foi uma decisão insana. Só poderia gerar insanidade. 

 Leia Também


Eis aí um caso em que tudo está errado, desde o primeiro momento, e não melhorou em nada desde então. A Constituição Federal determina, com uma clareza de cartilha escolar, que nenhum deputado federal pode ser punido por expressar em público o que tem na cabeça – seja lá o que for, sem nenhuma exceção e sem qualquer ressalva. 
Está escrito, também, que só pode ser preso em flagrante e se cometer um crime inafiançável.
O deputado Silveira não foi preso em flagrante, não cometeu nenhum crime inafiançável e expressou o que tinha na cabeça – no caso, um monte de insultos aos ministros do STF. 
Apesar disso tudo, foi preso por ordem de Moraes, que há três anos conduz, com total apoio do tribunal supremo, um inquérito para investigar “atos antidemocráticos” e a circulação de “notícias falsas”. [Em nossa opinião as coisas vão se ajustar; 
logo ficará claro que o substantivo Supremo usado para identificar a instituição  Supremo Tribunal Federal,  define ser o órgão máximo do poder judiciário brasileiro que está acima de todos os outros tribunais - condição que não confere a nenhum dos seus membros a condição expressa pelo adjetivo SUPREMO, que define O QUE ESTÁ ACIMA DE TUDO E DE TODOS = o SER SUPREMO = DEUS.
O ministro Moraes só em 2022 já teve algumas contrariedades:
-  uma delas a de determinar ao presidente Bolsonaro que comparecesse a uma delegacia da Polícia Federal para depor, o presidente ignorou a determinação e ficou tudo como estava;
- outra por ter determinado a prisão e extradição do blogueiro Allan dos Santos, atualmente residindo nos Estados Unidos e a ordem foi ignorada pelas autoridades daquele país e pela Interpol - o blogueiro continua nos "States" e solto;
- determinou que o deputado Daniel Silveira usasse tornozeleira, autorizando a PF ou o pessoal da Secretaria de Administração Penitenciário que, se necessário fosse, entrassem na Câmara dos Deputados para  colocar o acessório de controle - o deputado permanece na Câmara sem tornozeleira e tudo indica que assim vai ficar.
A ministra Rosa Weber, tentou bloquear, abrir - não recordamos o procedimento exato - o chamado orçamento secreto, nada ocorreu.
O ajuste é questão de tempo e coisa da democracia.]

O ministro, para tanto, criou uma nova figura no direito universal: o flagrante perpétuo. Como o deputado foi preso dias depois de ter dito o que disse, Moraes inventou que a palavra “flagrante”, nesse caso, tem um significado diferente do que consta no dicionário: pode se aplicar a qualquer momento, independente do que marca o relógio ou a folhinha, pois o crime de Silveira não acaba depois de cometido; dura para sempre, e seu autor estará para sempre em situação de flagrante. Não tem pé nem cabeça – mas é o que valeu na hora. Junto com os outros delírios da prisão, o “flagrante perpétuo” gerou a aberração cinco estrelas que veio desembocar enfim, no atual bate-boca sobre a tornozeleira. 

A polícia pode entrar no recinto da Câmara dos Deputados, onde Silveira se refugiou, para cumprir a ordem de colocar a tornozeleira, dada por Moraes? 
O deputado está no exercício normal do seu mandato, pois não foi cassado; ele poderia ser impedido, como quer o ministro, de sair da comarca onde mora, salvo para ir à Câmara em Brasília? 
Para exercer o seu mandato ele tem, obrigatoriamente, de ir a outros lugares. Como é que fica? Mais que tudo, como se resolve, à essa altura, o pecado original da história toda a punição de um deputado que é protegido por imunidades parlamentares escritas na Constituição Federal do Brasil? 
 
Não há como resolver, eis aí o problema. Da mesma forma, por sinal, que não há como resolver a charada que se formou entre a punição imposta ao deputado e os atos que ele efetivamente praticou. 
Silveira disse o diabo do STF mas isso, caso ele fosse julgado e condenado, só poderia configurar os crimes de calúnia, injúria ou difamação. Nenhum deles é inafiançável. 
Nenhum deles permite a prisão do autor, mesmo depois da condenação: a pena é multa ou detenção, e réu primário não pode ir para a cadeia em caso de detenção. 
E a “Lei de Segurança Nacional”, de 1983 – o deputado não poderia ser preso por alguma infração a ela? A lei não existe mais – foi revogada em agosto do ano passado. Na verdade, e esse é o real problema, não há como resolver nenhuma questão que deriva de um inquérito ilegal como esse que está sendo levado adiante por Moraes.  

Da mesma forma como absurdo leva a absurdo, o que é ilegal na origem leva à ilegalidade o tempo todo. O inquérito de Moraes nasceu errado. Vai estar errado para sempre. 

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo