Impossível tapar o sol com a peneira. A situação política do país é
de uma simplicidade estarrecedora. Todo o vendaval da Lava Jato sopra na
direção da renovação. Mortalmente golpeados, os partidos perderam a
função. A própria política tornou-se tragicamente irrelevante.
Entretanto, a mais recente novidade da sucessão presidencial revela que
nada de mal acontece ao Brasil que não seja esplêndido perto do que está
por vir. Os presidenciáveis Ciro Gomes e Geraldo Alckmin travam nos
bastidores uma renhida disputa pelo apoio do DEM e de partidos do
chamado centrão, um agrupamento que reúne o que há de mais arcaico na
política nacional. Partidos como PP, PR, PTB, Solidariedade e PRB,
identificados com o suborno, o acorbertamento, o compadrio, o
patrimonialismo e o fisiologismo percorrem os bastidores das negociações
presidenciais como se nada tivesse sido descoberto sobre eles.
Representam os valores mais tradicionais da política. E os arranjos
esboçados longe dos olhares do eleitorado apontam para a perpetuação dos
vícios. Alckmin já fechou com o PTB do ex-presidiário do mensalão
Roberto Jefferson. Esforça-se para restaurar a aliança histórica com o
DEM. E tenta seduzir o resto do lixão partidário.
Ciro se esforça
para atrair o DEM. Simultaneamente, acena para os eleitores do PT,
órfãos do inelegível Lula, ao mesmo tempo em que flerta com pelo menos
duas legendas do monturo: o PP, campeão do ranking de enrolados na Lava
Jato, e o PR do mensaleiro Valdemar Costa Neto. Tenta compensar a
retórica hostil ao mercado oferecendo a posição de vice em sua chapa a
dois representantes do capital: Benjamin Steinbruch, filiado ao PP, ou
Josué Gomes, abrigado nos quadros do PR. O pano de fundo dos movimentos
paradoxais é uma disputa pelo tempo de propaganda no rádio e na TV.
A
vitrine eletrônica vai ao ar a partir de agosto. Terá uma dimensão
fixa: dois blocos de 12min30s —um no início da tarde, outro à noite—
sempre às terças, quintas e sábados. Sem contar as inserções de 30
segundos espalhadas ao longo da programação, até totalizar 14 minutos
diários por emissora. Quanto maior a coligação partidária, maior o tempo
de exposição do candidato. Daí a maleabilidade dos candidatos com a
sujeira que enodoa os futuros parceiros.
Tomado pela biografia,
Ciro Gomes poderia protagonizar um debate sobre corrupção. Mas o seu
PDT, varrido do Ministério do Trabalho na gestão Dilma Rousseff sob a
acusação de converter a pasta num ninho de ONGs desonestas, dispõe de
exíguos 33s de propaganda eleitoral. Por isso, negocia uma aliança com
os 50s de propaganda do PP e os 35s do PR. O PSDB oferece a
Geraldo Alckmin 1min18s de propaganda. Perto do tempo dos rivais,
trata-se de um latifúndio eletrônico. Mas é insuficiente para prover ao
candidato uma exposição capaz de projetá-lo da quarta colocação nas
pesquisas para o segundo turno da eleição. Às voltas com a acusação de
receber R$ 10,3 milhões da Odebrecht por baixo da mesa, Alckmin já
adicionou ao seu tempo os 33s do PTB do ex-presidiário Roberto
Jefferson, o homem-bomba do mensalão.
Insatisfeito, Alckmin
frequenta o mercado da baixa política disposto a fechar qualquer
negócio. Não descarta nem mesmo a hipótese de celebrar um acordo com o
MDB, às voltas com a candidatura inviável do ex-ministro da Fazenda
Henrique Meirelles. Apinhada de delatados, investigados, denunciados,
réus, condenados e presos a legenda de Michel Temer virou lixo
hospitalar. Mas dispõe de 1min26s de exposição no rádio e na TV.
Repete-se
em 2018 a mesma pantomima de eleições anteriores. Antes de se venderem
no horário eleitoral como protótipos do avanço, os candidatos entregam a
alma ao atraso em troca de segundos de propaganda. Com isso, em plena
crise de compostura, a ética pode se tornar um valor invisível na
campanha de 2018. A fome de limpeza e renovação dá lugar ao pragmatismo.
A sucessão ingressa mansamente na antessala da frustração. O detrito dá
as cartas.
Blog do Josias de Souza
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
Mostrando postagens com marcador Alckmin e Ciro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Alckmin e Ciro. Mostrar todas as postagens
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Ciro e Alckmin disputam apoio do detrito político
Marcadores:
Alckmin e Ciro,
detrito político,
ex-presidiário Roberto Jefferson,
latifúndio eletrônico,
lixo hospitalar
Assinar:
Postagens (Atom)