Essa conversa
aconteceu em algum momento do final do governo Dilma I e, no fundo, as
coisas ainda estão muito parecidas com isso.
A apropriação das mentes
começa cedo e passa pelas experiências coletivistas do maternal.
Engrossa nos cursos fundamental e médio quando o sistema cai nas mãos
dos pedagogos marxistas, dos discípulos de Paulo Freire, do
politicamente correto e dos “coletivos” étnicos ou identitários.
Vai
promovendo a relativização da verdade e do bem, a tolerância com tudo
que está errado e a intolerância para com quem se atreve a apontar
quaisquer erros na ortodoxia esquerdista.
E vai adiante com o controle
dos sindicatos, dos fundos de pensão (oba!), dos movimentos sociais, de
uma constelação de ONGs (oba!), dos cursos de graduação e de pós, das
carreiras jurídicas, dos seminários e cursos de teologia, da CNBB, da
Globo, da cozinha dos jornais, do escambau.
Se o convidarem para um
Clube do Bolinha, leitor, em seguida você descobrirá que o Bolinha que
manda é companheiro.
Quando eu
estava desfiando a lista, meu amigo perguntou: "Os sindicatos a que te
referes são de trabalhadores ou patronais?", ao que eu esclareci - "De
trabalhadores, claro". Mas ele me advertiu que também as organizações
patronais se aparelham quando o partido assume o controle do Tesouro e
do BNDES. Imagine o leitor: temos no Brasil empresários tão petistas
quanto seus operários. E arrematou: "Por motivações opostas".
Ninguém pode
acusar o PT e sua parceria esquerdista, quando fora do governo (de
qualquer governo), de fazerem oposição cordial, bem educada, respeitosa,
construtiva.
Como o boxeador martela o fígado do adversário,
sistematicamente eles cuidam de desfigurar a imagem do opositor. Nariz,
lábio, supercílio, orelha. Vencido o pleito, ocupada a cadeira, o que
passam a cobrar de seus opositores? Colaboração e fidalguias. Talquinho e
perfume.
E até a pequena oposição que no Congresso Nacional resiste às
tentações inerentes ao cabaré do Erário passa a ser acusada de
radicalização e impertinência, polarização (!) e discurso de ódio.
Aqui, desde
meu ponto de vista, o nariz quebrado que vejo é o da Constituição, o
supercílio aberto é o do Estado de Direito, o lábio esmigalhado é o da
liberdade de expressão e a orelha rasgada é a do direito à informação e
do respeito à intimidade da vida privada.
Percival Puggina (79) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org),
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
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