"Percebi que ele ainda estava quente. Dizia 'volta, por favor!', mas não adiantou". O desabafo é do irmão de Anderson Ferreira, funcionário da Presidência e tio de Rafael Ferreira, filho do servidor. Ambos foram assassinados pelo vizinho, no sábado, e são velados na tarde deste domingo no Cemitério Campo da Esperança
Em meio a lágrimas e pedidos por justiça, familiares e amigos de
Anderson Ferreira de Aguiar, 49 anos, e Rafael Ferreira, 21, prestam uma
última homenagem às vítimas do brutal assassinato da última sexta-feira
(8/12). Os corpos estão sendo velados na capela 10, do Cemitério Campo
da Esperança, na tarde deste domingo (10/12). Pai e filho foram mortos pelo vizinho, Roney Sereno, 43 anos, na porta de casa, no Condomínio
Estância Quintas da Alvorada.
O sepultamento de Anderson Ferreira está previsto para começar às 16h30. Já o de Rafael, às 17h. Anderson, que era funcionário da Presidência da República, e Rafael foram mortos pelo vizinho Roney Ramalho, 43 anos.
O crime aconteceu no Condomínio Estância Quintas da Alvorada, as 23h45.
O motivo, segundo testemunhas, é a antiga rixa entre eles,
principalmente por conta de uma lixeira é uma câmera instalada na casa
do acusado, que filmava toda a varanda da família das vítimas.
Caso
CB
Durante o velório, a esposa da vítima, Ana Karina Ferreira, fez questão de relatar ao Correio detalhes
sobre a família e a convivência com Roney. Bastante emocionada e com um
terço enrolado na mão esquerda, ela diz que já recebeu ameaças do
acusado. "Ele (Roney) foi calculista. Estava de tocaia para assassinar
meu marido e meu filho. Deu cinco tiros nas costas do Anderson. Rafael
foi ajudar o pai e ele aproveitou para disparar mais dois tiros na
cabeça dele", relatou.
Para Ana Karina, Roney
não pode sair da cadeia. "Tenho mais dois filhos e todos nós estamos sob
ameaça. Se esse cara sair, nós estaremos em alto risco de vida. Meu
marido e meu filho eram pessoas dignas, de bem. Rafael nunca fumou,
nunca usou drogas e estudava para cursar veterinária. Já tinha
conseguido bolsa de 60% em uma faculdade. Meu marido sempre foi um homem
íntegro. A Justiça precisa ser feita”, desabafa.
No
cemitério, o irmão de Anderson, Emerson Ferreira, 43 anos, se culpa
pela morte trágica da vítima. "Se eu tivesse chegado poucos minutos
antes, nada disso teria acontecido. Vi a Karina (esposa) desesperada
levando Rafael ao Hospital de Base”, explicou, também emocionado. Emerson
chegou a ver o irmão morto minutos após os disparos. A atitude dele foi
de tentar sacudir o corpo de Anderson, na esperança de trazê-lo de
volta. "Percebi que ele ainda estava quente. Dizia 'volta, por favor!',
mas nada adiantou", detalha.
Assim
como Ana Karina, Emerson quer que a Justiça seja feita. "A morte para
esse assassino seria pouco. Quero que ele passe o resto da vida na
cadeia comendo o pão que o diabo amassou. Ele não será perdoado por mim,
mas por Deus. Ele não é louco, é calculista", disse.
Na nopite da última sexta-feira (8/12), Roney sacou uma arma e disparou contra Rafael Macedo de Aguiar, 21 anos, e Anderson Ferreira de Aguiar, 49 anos.
O atirador foi preso em flagrante por uma equipe do Grupo Tático
Operacional 41 (Gtop 41), da Polícia Militar, e encaminhado para a 6ª
Delegacia de Polícia (Paranoá).O assassino
trabalha como segurança no Ministério Público Federal (MPF) e é membro
da Federação Brasiliense de Tiro Esportivo (FBTE). Anderson Ferreira
trabalhava na Presidência da República há 25 anos. O funcionário morreu
na hora.
Rafael Macedo chegou a ser socorrido pelo
Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital de Base do Distrito
Federal (HBDF). Porém, não resistiu aos ferimentos e faleceu, às 5h30.
Segundo informações de amigos próximos à família, Rafael era o filho
mais velho. Ele e o pai estavam saindo de casa para abastecer o carro
quando foram atacados pelo vizinho.
Arsenal
Na casa de Roney, a Polícia Militar encontrou armas e mais de 30 mil munições.