“Família, escola e Estado falharam com suspeito de crime na Lagoa”, diz educadora de vítimas da Candelária
Fundadora do projeto onde estudavam
crianças mortas na chacina da Candelária, a educadora Yvonne Bezerra de
Mello diz que a história do adolescente suspeito de matar a facadas um
médico na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, mostra como “a família, a
escola e o Estado falharam”.
Segundo a imprensa local, ele abandonou a escola em 2013, só viu o pai duas vezes na vida e, aos dez anos, foi encontrado perambulando pelas ruas do bairro do Leblon à noite com fome e sem dinheiro para voltar para casa - sua mãe foi notificada por abandono de incapaz. Após a última internação, que durou menos de um mês, no início deste ano - por furto de bicicletas na Zona Sul do Rio - foi encaminhado para uma instituição onde ficaria em semi-liberdade, mas acabou fugindo.
Yvonne, fundadora do Projeto Uerê, diz que a história do menino é um "retrato da falência do Brasil."
"Tudo falhou na vida dele, e é preciso perceber que parte da culpa também é nossa, é da sociedade", afirma. "A rua embrutece, torna a criança selvagem, a coloca em contato com a droga e gradualmente banaliza a violência e a morte”, completa.
Veja os principais trechos da entrevista:
BBC Brasil– O Rio tem visto uma onda de esfaqueamentos e assaltos, muitos deles perpetrados por jovens e adolescentes. Quem são esses garotos? É possível traçar um perfil? Na sua experiência, o que leva um jovem a cometer crimes como estes?
Yvonne Bezerra de Mello - Estamos falando aqui de filhos de famílias onde invariavelmente falta o pai ou a mãe, e na minha escola, por exemplo, em 70% dos casos a ausência é paterna. São crianças criadas por tias, avós, parentes, pelos irmãos, e por mães negligentes, que muitas vezes consomem drogas, e que precisam sair para trabalhar, em geral como faxineiras em bairros da Zona Sul do Rio, o que as deixa praticamente o dia todo fora de casa.
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