Lula e o
desemprego
No
fim da manhã de 24 de junho de 2006, enquanto milhões de brasileiros se preparavam para
passar a noite celebrando outra noite de São João, 4.000 fiéis de uma seita
debilitada festejavam desde cedo desde cedo, no auditório do Minas Tênis
Clube, em Brasília. Eram os participantes da
Convenção Nacional do Partido dos Trabalhadores. A animação chegou ao
clímax à 12h22, quando um suado Luiz Inácio Lula da
Silva subiu ao palco para anunciar que seria candidato à Presidência da
República pela quinta vez. Naquele momento, o Mensalão já completara
um ano e a oposição se dera conta de que, assolada por brigas fratricidas,
havia perdido o bonde da história.
Lula
empunhou o microfone por mais de 90 minutos, recheados de autoelogios. Cercado por um punhado de gente
que hoje preferiria não estar naquela foto, vangloriou-se
de ter gerado mais empregos formais no Brasil “do que eles”. Eram tempos alvissareiros os que antecederam a desastrada “nova
matriz econômica”. A casa parecia arrumada economicamente, embora já fosse
assombrada pelo fantasma da corrupção.
Segue um
trecho do discurso, sempre sublinhado pelo obsessivo “nós contra eles”.
“Nos oito
anos de governo deles, a taxa de desemprego aberto aumentou 41%. Nos nossos
três anos e meio, a taxa de desemprego aberto diminuiu 13,7%. E o mais
importante: enquanto eles criaram, em média, 8.300 empregos por mês, nós
estamos criando uma média de 102.000 empregos mensais. Por isso, já criamos
mais de quatro milhões de empregos com carteira assinada, um montante superior
ao que eles criaram nos seus oito longos anos de inércia. Se somarmos as vagas
abertas no mercado informal e no setor público, o número de empregos criados
por nós é de 5 milhões e 600 mil. Para não cansá-los com outros números, resumo
o restante numa frase: fizemos em 42 meses mais que eles em 8 anos.”
No
fim da manhã de 20 de janeiro de 2016, o governo Dilma Rousseff admitiu que
ampliara a coleção de recordes negativos: nos últimos doze meses, 1,5
milhão de brasileiros perderam o emprego, marca só comparada às
registradas em 1992, nas
trevas da gestão de Fernando Collor de Melo. Lula não fez comentários sobre
a árvore que plantou e voltou a regar em 2014.
Nem
a mais otimista das cartomantes se arriscaria a antecipar um prazo para que o
Brasil saia da UTI. De
qualquer forma, em 2018 — se Dilma durar até lá — pela primeira vez a carteira de trabalho azul não será
exibida durante a campanha presidencial, seja
quem for o candidato a herdeiro do malogro petista. O tema será o desemprego.
Em 2006, deslumbrado com os números da economia, Lula aproveitou
para condecorar-se com a medalha que atestava a competência técnica da
Petrobras.
Em tempo: na época, a estatal
era comandada por gente da estirpe de Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa,
sob a regência de um cartel de empreiteiros bandidos e as bênçãos do
companheiro Delcídio Amaral, que hoje fazem parte da população carcerária.
Voltemos
ao discurso do candidato à reeleição em 2006: “Depois
da experiência pioneira, nas décadas passadas, com o etanol, chegamos agora a
era revolucionária do biodiesel e do Hbio, este último uma maravilhosa invenção
brasileira, fruto da competência técnica da Petrobras. Parte disso só foi
possível porque nos últimos três anos e meio, a Petrobras deu um salto sem precedentes.”
Faltam
seis meses para que a anunciação do Brasil potência imaginado por Lula complete
uma década. Até junho – ou até antes —, é provável que uma ação da Petrobras valha menos do que
uma nota de um dólar.
O
PT deu bastante trabalho.
Por: Silvio Navarro