A empresa de Juscelino Dourado conseguiu distribuir lucros milionários
A Receita Federal deu um prazo de vinte dias, a contar a partir do último dia 14, para que Juscelino Antonio Dourado apresente explicações para o aumento de seus rendimentos milionários. Juscelino foi chefe de gabinete do então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e continuou trabalhando com ele até ser preso na 35ª fase da Operação Lava Jato, em setembro. Os principais alvos da investigação da Receita são os lucros distribuídos pela J&F Assessoria Ltda. A empresa pertence a Juscelino e tem um capital social de apenas 2 000 reais, com sede no loteamento de Alphaville, em Campinas.
Nos últimos cinco anos, a J&F distribuiu lucros de 4,7 milhões de reais. A Receita intimou Juscelino para que apresente documentação comprobatória da efetiva transferência de recursos da empresa para suas contas bancárias e os contratos estabelecendo serviços e forma de remuneração. A Receita pede ainda explicações sobre um empréstimo que Juscelino tem a receber da J&F no valor de 2,2 milhões de reais desde 2011, valor que correspondeu a 42% do patrimônio declarado pelo assessor de Palocci.
A Receita quer entender como a J&F, apesar de possuir uma dívida de valor elevado perante Juscelino, distribui para ele mesmo valores elevados em forma de dividendos e lucros entre 2011 e 2015. Além dessas operações, Juscelino adquiriu no período um Chevrolet Cruizer e um Toyota 4×4 da J&F. Outra operação que está sob investigação é um empréstimo que Juscelino fez a seu irmão, Gilson Dourado, valor que passou a ser de 3 milhões no fim de 2014.
A Receita pediu explicações a Juscelino sobre operações que envolvem compra de gado e de fazenda, nos cinco anos investigados. Diz o termo da Receita: “Informar o local onde empregou o gado, o trator agrícola e a grade aradora, haja vista que no ano calendário de 2012 o contribuinte não declarou atividade rural”.
Em 2013, a Receita encontrou um imóvel rural de 400 hectares em nome do irmão de Juscelino e em nome da J&F, em Mato Grosso. Mas o órgão encontrou também uma nota fiscal na qual consta e-mail em nome de “@dourado-pauliceia.combr”. A Receita quer que Juscelino apresente as informações relativas ao outro imóvel rural. O ex-assessor de Palocci terá ainda de apresentar a relação de todas as contas-correntes, no Brasil e
no exterior.
Fonte: Revista VEJA