Por Eduardo Rauen
Exercícios aeróbicos e musculação são excelentes formas de perder peso, mas cada paciente deve ser avaliado separadamente
Antes de definirmos qual o melhor exercício físico para emagrecer, precisamos definir obesidade e exercício físico.
Obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal
sendo considerada uma doença crônica. Para fazermos o diagnóstico,
utilizamos um cálculo que avalia a relação entre peso e altura. Quando o
IMC – Índice de Massa Corpórea (peso/altura ao quadrado) for maior que
30, consideramos aquele indivíduo obeso. Existem
ainda alguns tipos de graus de obesidade, sendo que o grau 1 o IMC está
entre 30 e 34,9, o grau 2 entre 35 e 39,9 e grau 3, acima de 40.
Já exercício físico
é toda atividade planejada, estruturada e repetitiva que tem por
objetivo a melhoria e manutenção de um ou mais componentes da aptidão
física, segundo Carl J. Caspersen. Além disso, somente para argumentarmos, atividade física
é qualquer movimento corporal que resulta em um gasto energético maior
que o repouso. E Esporte é um sistema ordenado de práticas corporais que
envolve atividades de competição institucionalmente regulamentada.
A
população obesa no Brasil vem aumentando de forma assustadora, sendo que
segundo dados mais recentes (ano de 2016), já somos 18,9% e 53,8%
indivíduos com sobrepeso. No que tange ao sobrepeso, houve um aumento de
60%, passando de 42,6% para os 53,8% em 2016. Ainda, o que chama a atenção é que 17% dos adultos jovens (entre 25 e 44 anos) estão obesos.
A obesidade de forma isolada aumenta a mortalidade e predispõe o diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemia, problemas ortopédicos, vários tipos de câncer, infarto e outras doenças. Sabendo
disso, é muito importante que esse grupo de pessoas em especial, antes
de iniciar qualquer atividade ou exercício físico, procure um
profissional médico visando verificar se há aptidão para a prática de
exercícios físicos e realizar exames laboratoriais e de imagem se
necessário.
Estando aptos a praticar exercícios físicos, vem a pergunta sobre qual o melhor exercício físico para emagrecer.
De forma geral, o exercício aeróbico a curto prazo é tido como o mais eficaz para a perda de peso, pois pelo mesmo período de tempo tem maior gasto calórico. Contudo,
o exercício resistido (musculação), a médio e longo prazo, aumenta a
taxa metabólica basal por conta do aumento e preservação da massa magra.
Estudos
recentes mostram que o exercício intervalado de alta intensidade (HIIT)
tem apresentado excelentes resultados com a melhora do condicionamento
físico e maior perda de gordura corporal em relação ao modo
convencional.
(...)
O que
falamos acima mostram estudos populacionais, ou seja, estudos de maneira
geral e não individualizados, demonstrando uma ideia global do que vem
ocorrendo em determinado grupo populacional. Por
isso, os profissionais da saúde (médicos, fisioterapeutas, educadores
físicos, etc), devem avaliar de forma minuciosa cada paciente/aluno,
para escolher de forma mais assertiva o tratamento eficaz.
O IMC
mencionado acima é importante para um estudo populacional, e para
exemplificar uma situação peculiar vou relatar aqui dois casos:
Um aluno
de 20 anos, que treina musculação cinco vezes por semana, participa de
campeonatos de supino na academia, treina “super pesado”, e já
participou de campeonato de halterofilismo. Ele tem 1,80 m de altura e
pesa 100 kg, logo tem um IMC de 30,86.
No segundo
exemplo, uma mulher de 60 anos, última vez que treinou foi na educação
física da escola no ginásio, e nunca gostou de exercício, mas nunca foi
“gorda”, sempre foi “leve”. Mas agora quer iniciar exercício físico
pois os exames de sangue deram alterados. Ela tem 1,60m de altura e pesa
63 kg, logo IMC de 24,60.
No
primeiro exemplo, o paciente é musculoso e tem um percentual de gordura
de 10%, contudo, está sendo avaliado como obeso pois tem um IMC maior
que 30.
Isso só
nos mostra que temos que tratar de forma individual cada paciente,
levando em consideração a sua rotina de vida e seus hábitos, não
considerando dados de estudos populacionais.
No segundo
caso, pela classificação do IMC, a paciente se encontra dentro da
normalidade. No entanto, tem um percentual de gordura de 41%, com massa
magra muito abaixo do normal. Estamos diante de um caso de obesidade
sarcopênica (perda de massa e força muscular).
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