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sábado, 30 de julho de 2016

Crise econômica atinge abrigos e lares temporários de animais

Protetores pedem socorro

Não é preciso ser um amante de gatos para se comover com a história do pequeno Athos. O bichano foi encontrado em maio deste ano pela servidora pública Alda Arraes, 50 anos, em uma oficina em Taguatinga. Paraplégico, ele estava com miíase, doença caracterizada pela ocupação do tecido cutâneo por larvas de moscas. “Soube pelas redes sociais. Ele havia levado uma pancada, que o feriu, e as larvas tomaram conta. Precisou passar 10 dias internado e hoje tem que fazer fisioterapia para saber se há possibilidade de andar”, conta Alda. Cuidadora voluntária há mais de 10 anos, a servidora tem três gatos e necessita não somente de doações para ajudar com o tratamento, mas de uma casa nova para Athos, que, devido às necessidades especiais, exige atenção mais direcionada. “Não tenho como ficar com ele porque trabalho. Sou o lar temporário, já fiz diversas rifas para custear tudo, mas está complicado.”

 Athos, o gatinho de fraldas que espera por adoção.Foto Antonio Cunha/@cbfotografia


O caso de Alda não é o único. A crise econômica do país tornou crítica a situação de quem se dedica a cuidar de animais abandonados. O custo é alto e os voluntários não têm como arcar com recursos próprios. Resta o apelo à população, com rifas, feiras, bazares. Com a dificuldade de arrecadação, a quantidade de animais socorridos diminuiu e algumas pessoas têm sido forçadas a abandonar uma causa. “As pessoas não estão tendo dinheiro nem mesmo para doar ração. Antes, era fácil achar alguém em redes sociais. Agora, é preciso juntar várias pessoas para uma só ação.”


Protetora individual há dois anos, a jornalista Jéssica Moura, 26, cuida atualmente de 12 animais. “Em 2015, eu tinha 24. Quando comecei, recebia apoio facilmente. Agora, é preciso correr para todos os lados, fazendo rifas, bazares e leilões virtuais.” Jéssica ainda conta que muitos voluntários acabaram desistindo de ajudar. Também ressalta que a população do DF é exigente no momento da adoção. “Querem animais castrados, vacinados e, hoje em dia, conseguir só a castração já é uma vitória. E os bichos abandonados não param de aparecer.”

Segundo Roberto Gomes Carneiro, secretário-geral do Conselho Regional de Medicina Veterinária do DF (CRMV-DF), não foi notada nenhuma baixa signiticativa no número de consultas. “Os cuidados com os bichos próprios se mantêm normais. Pode até ter havido uma queda, mas ela não foi sentida.” O efeito, infelizmente, é evidente entre os bichinhos sem lar. E, se não fossem as parcerias entre organizações e veterinários, a situação poderia ser mais grave.

Lucimar Pereira, assistente administrativa de 43 anos, é mantenedora do Projeto Acalanto, que cuida de animais de rua. Ela garante que a continuidade do trabalho depende de ajuda, entre elas dos descontos nos preços dos serviços de veterinários. “Eles fazem preços mais em conta, conseguimos vale-castração. Nossa sorte é que o movimento nas feiras de adoção tem continuado, e a maioria dos nossos doadores antigos criou vínculos. Porém, até o ano passado, cuidávamos de 20 animais. Agora, só temos 10. Antes, uma pessoa conseguia doar o valor para castração e vacinas. Hoje, precisamos de várias pessoas para custear o mesmo tratamento.” Ela frisa que há muitas outras formas de ajudar que não envolvem, necessariamente, recursos financeiros. “Você pode doar ração não aproveitada, roupas para nossos bazares, itens para as rifas.”


Festa julina
Hoje, membros da Associação Protetora dos Animais do DF (ProAnima) fazem o Bazar Julino da ProAnima, que pretende recolher verba para o Fundo Brownie, programa do grupo que ajuda cuidadores individuais a pagar a conta de animais resgatados das ruas, geralmente atropelados, vítimas de maus-tratos e em situação de risco. A diretora administrativa da organização, Suzana Prado, explica que o evento ocorre duas vezes ao ano e se tornou um momento para que os amantes dos animais possam ajudar aqueles que precisam.

Toda ajuda é bem-vinda
Bazar Julino da ProAnima
Hoje (sábado) — das 10h às 16h
Local: Sede da ProAnima, na 116 Norte, bloco I, subsolo do Ed. Cedro (comercial virada para o Setor Hospitalar Norte)

Para ajudar 
ou adotar o Athos
Envie e-mail para a cuidadora Alda Arraes: alda.lopescat@gmail.com

Conheça os abrigos
Projeto Adoção São Francisco: facebook.com/projetoadocaosaofrancisco
Abrigo Flora & Fauna: facebook.com/abrigofloraefauna
Projeto Acalanto: (61) 991076989