Ulula
o óbvio de que a situação desesperadora pela qual passam trabalhadores perdendo os empregos e empresas prestes a fechar as portas
só terá
alívio quando se mudar o nome que há na placa que indica a usuária do gabinete
mais importante do Palácio do Planalto, senha dos
resquícios de poder que paralisam e empobrecem o País.
Mas isso está a depender agora de
alguns poucos fatores: a capacidade de
praticar lambanças da gerenta
inconsequenta e incompetenta; agentes policiais federais; procuradores da República e juízes honrados e preparados; além de profissionais de comunicação probos, corajosos e independentes.
Tudo
o que de horripilante e nauseabundo a Nação vem tomando conhecimento nos
últimos 20 meses, até
agora, independeu de qualquer iniciativa da soit-disant oposição formal.
O chefe dela, o senador Aécio Neves (PSDB-MG),
tem sido merecedor de piadas como a publicada por Jorge Bastos Moreno em sua
coluna no Globo sábado passado: ele a
exerce no horário comercial das terças às quintas-feiras, quando esporadicamente dá à Nação aflita a subida honra de ouvir sua
voz. Mais frequente do que ele na tribuna na anterior gestão da
presidente foi o tucano paranaense Álvaro Dias, que jogou no lixo seu cacife ao
aderir freneticamente à candidatura de Edson Fachin ao Supremo Tribunal Federal
(STF). E também o paulista Aloysio Nunes Ferreira, vice derrotado na eleição,
agora investigado juntamente com governistas, velhos comparsas de luta armada
contra a ditadura, no maior assalto a cofres públicos do mundo em qualquer
época.
O escândalo que corroeu os pés de
barro do mito do socialismo honesto do Partido dos
Trabalhadores
(PT) não foi revelado pela oposição. Mas pela mui pouco arguta gerenta
deficienta que o padim Lula Romão Batista
nos impingiu, levando-a ao citado gabinete da plaquinha. Foi ela que chamou a atenção para o caso ao
inculpar Nestor Cerveró, meliante feito diretor da Petrobrás por
esse padroeiro, pela compra da tal “ruivinha”
em Pasadena.
Ao sincericídio de Dilma
acrescentou-se, durante
esse período, a
diligente investigação do lava jato de dinheiro sujo do propinoduto da
Petrobrás num posto de gasolina em Brasília
por Polícia Federal (PF), Ministério Público
Federal (MPF) e Justiça do Paraná, na pessoa do novo herói nacional, Sergio Moro.
E isso só foi possível mercê de:
- divisões inconciliáveis na PF;
-
da honestidade e do preparo dos procuradores;
-
e da expertise do juiz, enfronhado
em práticas contemporâneas do crime organizado e que tinha prestado excelentes
serviços ao assessorar a ministra Rosa Weber, no STF, durante o julgamento do
processo conhecido como mensalão. E o
tsunami de lama foi sendo publicado a conta-gotas.
O
extenso aparelhamento da máquina pública federal e dos três Poderes, empreendido pelo trabalho
efetuado “diuturnamente e noturnamente”
(como diria a atual responsável por desligar e religar
seus interruptores) por Zé
Dirceu, já valeu a este uma condenação pelo STF no mensalão. E novos processos
no que agora se convencionou chamar de petrolão.
Uma sólida camada de
teflon, contudo, ainda protege o grande chefe de
todos, e sua sucessora, de algum constrangimento. Esta continua impávida no poder,
sendo até, vez por outra, agraciada com definições de “honesta” pelos tucanos Fernando Henrique Cardoso e Aloysio Nunes
Ferreira, dados como de oposição.
Com obsequiosa costura efetuada
por Nelson Jobim, que na presidência do STF engavetou pedido de habeas corpus do acusado de mandante da execução de
Celso Daniel, Sérgio Gomes da Silva,
o máximo que se conseguiu em relação ao ex foi chamá-lo para se explicar na
PF na condição de informante – nem acusado
nem testemunha. Isso só lhe causa desconforto semântico, pois Romeu Tuma
Jr. assegura, em Assassinato de Reputações, que ele foi o agente Barba de seu pai no Dops. E ninguém contestou.
No
Tribunal Superior Eleitoral, ex-advogadas do PT não impediram a discussão sobre a existência de provas de uso de gráficas fantasmas e
de suspeitas de financiamento do propinoduto à campanha da reeleição.
Mas pedem vista ou fogem das sessões para interromper o julgamento. A julgar
por fatos recentes, as suspeitas serão julgadas nas calendas, depois de o alvo
das suspeições ter decidido se sairá pela porta da frente da História com a
renúncia ou despejada por um processo legal, nada golpista.
Dilma, que
não se destaca pelo excesso de inteligência, mas também não é tolinha,
trata de ganhar tempo no TCU. Ali, como se diz em linguagem vulgar, o buraco é
mais embaixo. O procurador Júlio Marcelo de Oliveira foi à Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado descrever evidências técnicas de com quantas “pedaladas” a candidata disposta a fazer o diabo para ganhar uma eleição pôde levar
a cabo esse feito. No entanto, o trio Panela Batida – Adams, Cardozo e Barbosa – anunciou que
se propõe a anular o relatório de Augusto Nardes, que lista 18 infrações
à lei nas contas federais de 2014. Nunca
ninguém antes foi tão cínico na História deste país, diria Lula se fosse da
oposição.
No Gabinete Ouro Preto, o baile
da Ilha Fiscal prenunciou a queda do Império. O Gabinete do Doutor
Picciani vem aí para garantir a farra das fraudes fiscais dos ratos que roem a
roupa dos rotos. Amém!
Publicado
no Estadão – José Nêumanne