O PT quer vencer a eleição e por fim à democracia, criar comitês externos ao Judiciário e censurar os meios de comunicação
Publicado
na edição impressa de VEJA
As
eleições para eleger o novo presidente colocam o eleitor brasileiro numa
situação que nunca aconteceu antes. Eleições, normalmente, são uma das
ferramentas mais importantes da democracia ─ mas na eleição deste fim de semana
um dos lados tem como objetivo, caso ganhe a eleição, acabar com o regime
democrático no Brasil. É uma droga de democracia, como todo mundo está cansado
de saber, mas por pior que seja ainda é menos ruim que uma droga de ditadura ─
e é justamente isso que o consórcio formado pelo ex-presidente Lula, o PT e sua
vizinhança quer fazer no país. Não falam assim, é claro. Mas os atos concretos
que prometem praticar depois de assumir o governo vão deformar de tal maneira o
poder público, os direitos individuais e a máquina do Estado que o resultado
prático vai ser a construção de um regime de força no Brasil. Não se trata
apenas, como já aconteceu tantas outras vezes, de eleger um presidente ruim. O
problema, agora, é que um dos possíveis finalistas, pelo que dizem há meses as
“pesquisas de opinião”, tem um projeto público de ditadura para o país.
Acabar
com o Poder Judiciário, por exemplo, anulando o seu tribunal mais elevado e
interferindo nas decisões dos juízes e desembargadores ─ isso é ou não é uma
providência básica que toda ditadura, sem exceção, julga indispensável tomar?
Sim, é. Então: o candidato a presidente do PT promete que se for eleito vai criar
um negócio chamado “controle social na administração da Justiça”. Isso quer
dizer que as sentenças dos magistrados estarão sujeitas, no mundo real, a
comitês externos ao Poder Judiciário, com membros nomeados pelo governo.
Promete-se, também, “repensar” os conselhos nacionais da Justiça e do
Ministério Público. Todo mundo sabe muito bem o que significa “repensar” alguma
coisa neste país ─ é virar a mesa. No caso, querem criar “ouvidorias”,
compostas por pessoas que representem a “sociedade”, para vigiar juízes e MP.
Querem, também, criar algum sistema de cotas para a escolha de juízes, de forma
a “favorecer o ingresso e ascensão” de “todos os segmentos da população” nas
carreiras do Judiciário, sobretudo as “vítimas históricas de desigualdades”. A
coisa vai por aí afora, de mal a pior, mas o ex-deputado José Dirceu achou uma
boa ideia acrescentar um plus a mais: segundo disse, deveriam ser
tirados “todos os poderes do Supremo Tribunal Federal”. Segundo o
pensador-chefe do PT, o “Judiciário não é um poder da República”. Quem manda,
diz ele, é o povo, através do voto. Além do mais, afirmou, o que interessa é
“tomar o poder”. Eleição é outra coisa.
O futuro
governo Lula também promete criar oficialmente a censura à imprensa no Brasil.
(Isso mesmo, governo Lula: o ex-presidente está na cadeia, condenado como
ladrão em primeira e segunda instâncias, mas toda a estratégia do PT é provar
que quem vai mandar de verdade no país é ele, e não seu preposto nas eleições.)
Como acontece em relação à democracia, não se utiliza a palavra “censura”,
assim abertamente; o que anunciam é o “controle social dos meios de
comunicação”. É exatamente a mesma coisa. Esse “controle” não vai ser exercido
pelo Espírito Santo. Quem vai “controlar” são pessoas de carne e osso nomeadas
pelo governo, e “controlar” significa decidir o que a mídia pode ou não pode
publicar. Isso é censura ─ e o resto é conversa, sobretudo os desmentidos de
que haverá censura. A partir daí, só fica pior. Falam em “fortalecer” a
prodigiosa TV Brasil, que eles mesmos inventaram, consegue gastar 1 bilhão de
reais por ano de dinheiro publico e até hoje tem audiência próxima ao zero.
Falam em dar concessões de tevês e de rádios para sindicatos, “coletivos” e
“movimentos sociais” ─ e mais do mesmo.
O projeto
do PT inclui também uma “Assembleia Constituinte” paralela ao Congresso, como
se fez na Venezuela, para criar um novo regime político e social no país. O que
será isso? Nada fica dito em português claro, mas nem é preciso ─ basta ouvir o
que dizem todos os dias as lideranças do partido. Propõe-se orientação
“política” para o ensino básico, a parceria com governos criminosos, como os da
Venezuela e Nicarágua, e com ditaduras africanas, e um governo dos “povos do
campo, das águas e das florestas”, seja lá isso o que for. Mais que tudo, a
candidatura do PT quer a volta dos governos Lula-Dilma ─ que acabam de ser
acusados pelo ex-ministro Antonio Palocci de gastarem 800 milhões de reais em
dinheiro basicamente sujo para se manter no poder na última campanha presidencial.
Francamente, não é preciso mais nada.
Edição da
semana 2603 10/10/2018