Os documentos da Receita que apontam irregularidades na venda de Neymar ao Barcelona
Parecer aponta “divergências” em documentos apresentados por Neymar para justificar sua venda ao Barça. Ele deve receber a maior multa já aplicada pela Receita a um esportista
Com fama de durão e exibindo no currículo uma investigação contra o ETA, o grupo terrorista basco, o procurador Jose Perals Calleja toca na Espanha a investigação sobre a transferência do craque Neymar para o Barcelona.
Em fevereiro, Calleja esquadrinhou, em parecer apresentado à Justiça
espanhola, todas as sonegações envolvidas na engenharia financeira que
viabilizou a ida do santista para o clube catalão, em 2013. No
relatório, ele registra o valor de € 12,14 milhões (R$ 42,6 milhões, em
valores atuais) como “impuestos no pagados” (impostos não pagos) na
negociação.
Uma das operações financeiras chamou a atenção do
procurador: um “empréstimo” (assim mesmo, com aspas, para denotar simulação)
entre o Barcelona e a empresa do pai de Neymar, a N & N Consultoria
Esportiva e Empresarial, no valor de € 10 milhões (R$ 22,4 milhões).
Com estilo direto que dispensa tradução, o procurador relatou que o
dinheiro foi repassado “sin intereses (juros) ni garantia de ninguém
tipo”, para esconder uma remuneração antecipada.
Estimou a sonegação em € 2,4 milhões (R$ 8,4 milhões, em valores
atuais). Essa operação simulada tornou o Barcelona réu de um processo na
Espanha. Aqui, pôs Neymar e seu pai sob investigação da Receita
Federal, como revelou ÉPOCA na edição passada.