Inflação nos EUA sobe para 7,9% e vira principal oponente de Joe Biden
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) saltou para 7,9% em fevereiro; alta é impulsionada por itens como alimentação e energia [não inclui os efeitos da guerra iniciada no final de fevereiro.]
A inflação é um fenômeno com o qual os americanos estão pouco acostumados. Mas estão se vendo obrigados a conviver como ela desde a eclosão da pandemia da Covid-19, que bagunçou as economias globais. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) saltou para 7,9% em fevereiro, o nível mais alto desde 1982, após alcançar 7,5% em janeiro. A escalada dos preços adiciona mais pressão para a baixa popularidade do presidente Joe Biden junto ao eleitorado americano, e virou um de seus maiores oponentes.Em pouco mais de um ano, a aprovação de Joe Biden caiu para 41%, o menor nível desde que assumiu a Casa Branca. A popularidade do presidente começou a ser corroída com a retirada das tropas americanas do Afeganistão. Apesar da ação militar desastrosa, a economia é o principal embate para garantir a estabilidade do seu governo e para que o seu partido tenha um mau desempenho nas eleições para o Congresso, neste ano. O avanço de 7,5% para 7,9% no IPC já compromete em 0,8% o rendimento médio por hora do salário dos trabalhadores.
A alta é impulsionada principalmente por itens como alimentação e energia. Excluindo esses itens, a inflação ficaria no patamar de 6,4%. A guerra no leste europeu entre Rússia e Ucrânia, porém, tem elevado a volatilidade dos ativos. As sanções financeiras adicionam maiores pressões inflacionárias para esses itens ao afetar as exportações de grãos – em especial, trigo e milho dos quais Rússia e Ucrânia são grandes produtores – e agora também com a decisão de banir o petróleo russo. A decisão já reflete em preços maiores nas bombas de combustíveis do país. A média do galão de gasolina no país passou de 3,65 dólares para 4,25 dólares, aumento de 16,4% em uma semana. Em um mês, o salto nos preços é de 24%.
Vale ressaltar que a inflação do mês ainda não reflete as consequências nos preços causadas pela guerra, que começou em 24 de fevereiro. Com a alta dos preços no mês, o mercado espera que o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, realize na próxima reunião o primeiro aumento de juros. Se concretizada as expectativas, essa será a primeira reversão para cima em três anos, abandonando a política de juros zeros que injetou milhões na economia em 2021.