É mais que uma pesquisa de opinião o que o Datafolha divulgou neste
sábado. É o atestado de óbito do lulopetismo. É o boletim médico sobre
um paciente em estado terminal. É o anúncio fúnebre da morte política de
Lula. É também o retrato do novo país que se mira no exemplo da
república de Curitiba. E é o convite para o carnaval temporão que
festejará o fim da Era da Canalhice. Até a estatal da estatística se
rendeu à realidade visível a olho nu.
O Datafolha já admite que, em cada dez brasileiros, sete acham ruim
ou péssimo o governo Dilma Rousseff, apoiam o impeachment e sabem que
Lula quer virar ministro para escapar da Lava Jato pelo atalho do foro
privilegiado. O truque obsceno só serviu para engordar a impopularidade
do farsante, hoje espraiada por todas as classes microeconômicas. Desde
novembro, a taxa de rejeição a Lula subiu dez pontos porcentuais: já
são quase 60% os que não votariam de jeito nenhum no embusteiro
desmascarado pela Lava Jato.
Passam de 80% os que aplaudem a decisão do juiz Sérgio Moro que
obrigou o dono do sítio que não é dele a depor na Polícia Federal. No
ranking dos governos mais corruptos da história, a turma de Lula só
perde para o bando de Dilma. Conjugados, os índices produzidos pelo
levantamento estraçalharam a fantasia vendida aos devotos que se
juntaram na Avenida Paulista neste 18 de março. Eles se imaginavam
participantes de um ato político. Era um funeral.
A última semana deste verão foi a mais assombrosa semana do mais
assombroso dos verões. A vertiginosa sucessão de espantos começou no
domingo em que milhões de brasileiros protagonizaram a maior
manifestação popular desde a chegada das caravelas. Na segunda-feira, ao
convidar o padrinho em apuros para assumir o ministério que lhe
aprouvesse, Dilma Rousseff confirmou que não perde nenhuma chance de
enfiar o sorvete na testa.
Na terça-feira, mais revelações do senador Delcídio do Amaral
mostraram Lula e Dilma afundados até o pescoço no lamaçal do Petrolão.
No mesmo dia, uma conversa gravada provou que o ministro Aloizio
Mercadante tentou comprar o silêncio de Delcídio e a Câmara dos
Deputados desengavetou o fantasma do impeachment. Na quarta-feira, a
nomeação para a chefia da Casa Civil de um caso de polícia fez a
temperatura aproximar-se do ponto de ebulição.
Esse limite foi alcançado no mesmo dia pelo recrudescimento das
manifestações de protesto — e amplamente ultrapassado pela divulgação de
conversas gravadas pela Polícia Federal que escancaram a mente escura e
a alma sórdida de Lula e parceiros. Na quinta-feira, Dilma ratificou a
opção preferencial pela boçalidade com a intensificação de ataques
frontais a Sérgio Moro.
Na sexta-feira, The New York Times dedicou à crise
brasileira um editorial que qualificou de “ridículas” as explicações
gaguejadas por Dilma para justificar a nomeação de Lula — suspensa pelo
ministro Gilmar Mendes até que o plenário do Supremo Tribunal Federal
delibere sobre o caso. Um dos tantos iludidos pelas tapeações do mágico
de cabaré, o mais importante jornal do mundo descobriu que o pai dos
pobres era a camuflagem de um meliante.
Na manhã de sábado, a capa de VEJA destacou uma das muitas afirmações
de alto teor explosivo que emergem da entrevista exclusiva com Delcídio
do Amaral: “Lula comandava o esquema”. O esquema a que se refere o
ex-líder do governo no Senado envolve a presidente da República,
ministros de Estado e outros figurões que, para se safarem do castigo
reservado aos arquitetos do Petrolão, tentaram sabotar a Operação Lava
Jato. No fim da tarde, o Datafolha publicou a pesquisa.
Os últimos sete dias do verão precipitaram a tempestade perfeita. O
outono vai lavar a alma do país que presta. Lula e Dilma terão motivos
de sobra para acreditar que abril é mesmo o mais cruel dos meses.
Fonte: Veja - Coluna do Augusto Nunes
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terça-feira, 22 de março de 2016
A última semana do verão assombroso precipitou a tempestade perfeita: para Lula e Dilma, abril será o mais cruel dos meses
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