Associação Brasileira de Proteína Animal calcula em R$ 3 bilhões os prejuízos para o setor caso a paralisação dos caminhoneiros seja mantida.
Falta ração e há risco de canibalismo. A estimativa é de que 20 milhões de suínos também sejam sacrificados
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) calcula em R$ 3
bilhões os prejuízos para o setor caso a greve dos caminhoneiros em todo
o país seja mantida. A entidade prevê que, até quarta-feira, 1 bilhão
de aves e 20 milhões de suínos poderão morrer por falta de ração no
campo. Até o momento, já morreram 64 milhões de aves em razão de fome ou
canibalismo. A estimativa é que o estoque dos animais só poderia ser
recuperado em um prazo médio de 60 dias. “A gente apoiou o início da
manifestação dos caminhoneiros, mas agora pedimos compreensão. Os
animais estão sofrendo e morrendo. Sem falar que a população vai ficar
sem as três proteínas mais baratas, que são ovo, frango e carne de
porco”, afirmou o vice-presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Santin
disse que o bloqueio das estradas está impedindo o trânsito de carga
viva e de ração para os animais. “Em diversos locais, já faltam insumos e
animais estão sem alimentação. Aqueles que ainda contam com estoques
estão fracionando para prolongar ao máximo a oferta do alimento”,
divulgou a associação, em nota. “A mortandade de animais é iminente e há
risco de canibalização. Os reflexos sociais, ambientais e econômicos
são imponderáveis”, acrescentou. Dados até sexta-feira apontam que há em todo o país 152 plantas
frigoríficas de aves e suínos paradas, além de mais de 220 mil
trabalhadores com as atividades suspensas. “Empresas poderão fechar
pelos prejuízos causados pela paralisação. Uma intervenção rápida e
forte por parte do governo é urgente para evitar a mortandade de milhões
de animais".
Em Minas Gerais, é grande o efeito
nas granjas. Cálculos da Associação Mineira de Avicultores (Avimig)
mostram a mortandade de 36 mil frangos por hora, sem que os animais
estejam em ponto de abate. Na primeira semana da greve, 80% da produção
de frango em Minas já estava paralisada. Cinco grandes abatedouros do
estado suspenderam as atividades. Eles ficam em Sete Lagoas, Visconde do
Rio Branco (Região Central), Passos (Sul do Estado), Uberlândia
(Triângulo) e Patrocínio (Alto Paranaíba). Em relação aos trabalhadores,
11,8 mil deles estão com os braços cruzados.
Sem
a chegada de ração e insumos às granjas no interior de Minas, está
ocorrendo canibalismo entre os frangos. Normalmente, essa situação
ocorre quando há superpopulação no local de criação ou quando há uma
carência de vitaminas nos alimentos das aves. Elas passam a se agredir
comendo as penas umas das outras, provocando ferimentos que podem levar à
morte. A mortandade de pintinhos também tem
sido elevada. Os animais saem das incubadoras e são levados para as
granjas. Como não têm espaço nas granjas por causa da falta de abate, os
pintinhos morrem com um dia de nascidos. Outra preocupação da Avimig é
que a greve pode prejudicar também as exportações, já que pode surgir um
problema sanitário, com a contaminação das granjas em virtude da morte
das aves.
Por ser altamente dependente do
transporte rodoviário, a avicultura é um dos setores que mais sofrem com
a paralisação dos caminhoneiros. Minas Gerais é o quinto maior produtor
nacional de aves, com o abate de 2 milhões de frangos por dia, atrás
apenas do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. A
produção brasileira é de 22 milhões de frangos abatidos diariamente.
"Os
animais estão sofrendo e morrendo. Sem falar que a população vai ficar
sem as três proteínas mais baratas, que são ovo, frango e carne de
porco”