A primeira informação
chegou-me em rede social. Uma amiga pedia doações de
sangue para a médica que havia sido ferida a tiros durante assalto na Zona
Norte de Porto Alegre.
Levaram-lhe
o carro e a vida. No mesmo horário, lado oposto da cidade, um porteiro foi
vítima de latrocínio. Levaram-lhe a moto e a vida. Não preciso esperar
pelas ações policiais para saber que os autores dos
dois latrocínios têm extensa ficha policial, não são incógnitos aspirantes ao
mundo do crime, nem estão na fila de espera de algum projeto de ressocialização.
Não. São indivíduos perigosos, fora da
lei, sem qualquer respeito pela vida e bens alheios. E andam soltos.
Fizeram uma opção existencial, abriram guerra contra a sociedade, contra quem
trabalha, seja médica, seja porteiro.
Vídeo: POSSO VOTAR NO PT (uma questão
moral)
Enfrentar
o mundo do crime a partir da benevolente hipótese de sua ressocialização é
zombar das vítimas. É uma
política que firma compromisso com a multiplicação dos danos. Dar um passo além
e afirmar que esses criminosos de mão própria são vítimas de uma sociedade que
se organiza em torno do direito de propriedade merece
enquadramento como tipo penal - delito
de incentivo à criminalidade.
Qual a diferença entre
quem pratica o crime e aquele que o justifica? Enquanto o primeiro tem ação limitada à própria capacidade individual, o segundo funciona como uma aeronave de
aviação agrícola, espargindo a fumaça do mal sobre a multidão dos
descontentes, dos cobiçosos, dos vagabundos, dos viciados e dos incontinentes.
Nada há que convença esses cavalheiros sobre o malefício que produzem. Dirão
que me importo com o ocorrido por se tratar de alguém da upper class (esquecidos
do desditoso porteiro da mesma madrugada). Afirmarão que estou defendendo
um sistema perverso, mas fazem vista
grossa a um dado inequívoco: o supostamente
generoso sistema a que se aferram malgrado todos os fracassos levou a Venezuela a um nível de violência
duas vezes superior ao brasileiro.
De modo pegajoso, abraçam-se a
qualquer monstro, vendo
nele o ideal rousseauniano do homem bom que poderia ter sido, mesmo quando ele
anda pela vida avançando contra tudo que seja, de fato, bom, puro e sagrado.
Por que fazem isso? Porque sem esse delírio, que desconhece a presença do mal
na natureza humana, de que lhes serve a máscara de bondade?
Se o crime se justifica por
motivos sociológicos e se doutrinas jurídicas nesse sentido encontram guarida
no mundo acadêmico, alimentando corações e mentes de advogados, promotores e
magistrados, que necessidade teremos de
prisões? Por isso não as conservamos nem as construímos. Corporações
policiais para coibir a atuação justiceira da criminalidade? Que os agentes
da lei sejam, estes sim, objeto
de contingenciamento de recursos e rigoroso controle. Aliás, de
quanto se lê, parece que aí, e só aí, a maldade pode se manifestar como de fato
é, sem qualquer guarida sociológica...
Paradoxo! O bandido é aquele que deve ser visto como o homem bom que não deixaram
ser. O
policial, por seu turno, é o homem mau que precisa ser severamente patrulhado.
Dai-me forças, Senhor! Não me resta mais dúvida. Nossa insegurança é
causada pelo porre ideológico que esta nação tomou nas últimas décadas. Agora,
vivemos a ressaca.
Fonte: http://puggina.org