Cerca de 200 pessoas participavam do ato no Aterro do Flamengo, próximo ao Monumento dos Pracinhas. Média de PMs assassinados no Estado do RJ é a maior desde 2006.
Uma parte da vida da dona de casa Fernanda Ursulino chegou ao fim no último dia 23 de julho, em uma viela do Morro do Vidigal. Naquele dia, seu marido, o sargento da Polícia Militar Hudson Silva de Araújo morreu durante um patrulhamento na comunidade, vítima de um ataque feito por traficantes.
A partir daquele momento, Fernanda sabia que seriam apenas ela e as duas
filhas, de 13 e 14 anos, frutos do casamento com o policial. "Você não tem ideia do que é ter que dizer para duas meninas que o pai
delas foi assassinado. A verdade é que, no Rio de Janeiro, policiais se
transformaram em caça. Não há outra palavra para descrever: é uma
caçada", classificou.
Fernanda estava entre os parentes e amigos de policiais assassinados
que, na manhã deste domingo (3), promoveram um ato ecumênico no Aterro
do Flamengo, na Zona Sul da cidade. Cerca de 200 pessoas participaram da
manifestação. "Este encontro não é apenas para homenagear os policiais que tombaram.
Nós queremos, também, sensibilizar tanto Legislativo quanto o Judiciário
para que haja uma revisão da legislação criminal brasileira. Da forma
como funciona hoje, o Código Penal é um estímulo aos criminosos – eles
sabem que, depois de presos, estarão de volta às ruas em pouquíssimo
tempo. O PM tem que lidar com isso, com essa impunidade, todos os dias",
afirmou a cabo Flávia Louzada, do Movimento Sangue Azul, uma das
entidades responsáveis pela organização do ato.
A matança de policiais, no entanto, não está limitada a 2017.
"Era dia 28 de fevereiro de 2014. Eu me lembro de cada detalhe. Meu
marido estava em um posto de combustíveis em Itaguaí quando bandidos
chegaram ao local para roubarem o estabelecimento. Durante a ação, eles
descobriram que ele era policial militar. Os criminosos o mataram sem
qualquer chance de defesa", relembrou Andréa Pontes, de 45 anos.