A diferença, segundo ela, era de que os estampidos da simulação estavam mais altos do que os disparos ouvidos no dia do crime. Uma das linhas investigadas pela polícia para explicar a diferença é a de que um armeiro, especialista que conserta armas, tenha adaptado um supressor (peça que reduz ruídos) no cano da submetralhadora usada na execução da parlamentar e do motorista.
Uma segunda linha investigada é de que os matadores tenham usado uma submetralhadora com silenciador de fábrica. Já uma terceira hipótese averiguada é a de que uma arma do mesmo tipo, mas sem mecanismo de reduzir ruídos, tenha sido utilizada. Neste caso, a munição usada no crime, desviada de um lote de treinamentos da Polícia Federal, pode ter ajudado os assassinos a produzir um disparo com ruído mais baixo, devido a uma menor
quantidade de pólvora.
Uma submetralhadora MP 5 SD. Arma tem
silenciador de fábrica Foto: Reprodução
Segundo Vinicius Cavalcante, especialista em armas e diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança no Rio de Janeiro, é possível adaptar supressores em submetralhadoras HK: — É possível sim. A arma pode ser adaptada com uma espécie de abafador de ruídos tanto na sua versão mais curta ( MP5 K) quanto na tradicional. Quanto menor for o potencial da munição (para treinamento, por exemplo) menor é o ruido da arma silenciada. Agora, há ainda a submetralhadora HK MP 5 SD, que já conta com silenciador de fábrica e é usada no Brasil por unidades especiais das Forças Armadas. É uma arma cara e pouco comum no país.
De acordo com Vinícius, as submetralhadoras HK contam com carregadores originais de 15 e 30 tiros. Entre as principais qualidades deste tipo de arma estão a confiabilidade e o mecanismo, que apresenta pouco defeito. — É uma submetralhadora cara, mas que tem ótima precisão de disparo. Além disto, o mecanismo deste tipo de arma é muito confiável — disse.
Ainda de acordo com o especialista, forças de segurança usam submetralhadoras normais, ou seja, sem abafadores de ruído. A versão curta da arma, por exemplo, é usada pelo Batalhão de Operações Especiais ( Bope), no Rio de Janeiro. — É uma arma indicada para tomada de locais fechados e é usada inclusive pelo Bope. É empregada também para segurança de autoridades, por causa de seu porte pequeno. O Bope usou este tipo de arma, por exemplo, no caso do sequestro do ônibus 174, no ano 2000 — concluiu.
Jornal Extra