Está na hora de dizer coisas possivelmente incômodas sobre Jair Bolsonaro
A dois
meses da eleição para escolher o próximo presidente da República, está na hora
de dizer com franqueza algumas coisas possivelmente incômodas a respeito do
deputado Jair Bolsonaro, o candidato mais discutido desta e talvez de
qualquer outra eleição presidencial brasileira. Não há lembrança de nenhuma
figura parecida com ele.
Nunca alguém foi tão odiado pelos adversários como
Bolsonaro. Nunca um candidato a qualquer coisa neste país encontrou tanta
oposição nos meios de comunicação quanto ele. Nunca houve tanto esforço para
implodir uma candidatura quanto o que está sendo feito contra a sua. Ninguém,
antes dele, foi descrito com tanta indignação como uma ameaça à democracia, à
população brasileira e à própria ideia de uma vida civilizada no Brasil. Mas em
algum ponto, ao longo dessa caminhada, perdeu-se o contato com certas
realidades que não irão embora só porque não se fala delas. Seria bom lembrar
um pouco quais são. A primeira é que o deputado Bolsonaro não é uma ameaça, definitivamente,
para os milhões de brasileiros que vão votar nele — ao contrário, acham que o
homem é uma solução, e têm o direito de achar isso. É útil lembrar, também, que
ninguém é obrigado a votar “certo”. A lei diz apenas que você pode votar em
quem quiser, e não estabelece controles de qualidade para o seu voto; não é
pecado votar em Bolsonaro, nem um ato de virtude votar nos outros candidatos,
ou vice-versa. Enfim, é preciso ter em mente que Bolsonaro só chegará à
Presidência da República se a maioria absoluta dos brasileiros decidir que o
presidente deve ser ele.
Eis aí,
mais uma vez, a questão que jamais se cala: a democracia é uma coisa perigosa.
Não serve, positivamente, para quem não está disposto a conviver com a ideia de
que eleições são decididas por maiorias, e maiorias frequentemente são
estúpidas. Quer dizer: podem, o tempo todo, tomar a decisão de votar justo
naquele que você acha o pior candidato. Não gosta disso? Então você está com um
real problema. A massa do Brasil é essa aí que existe hoje; pode ser altamente
insatisfatória, mas é a única disponível. Não é sua função, além do mais, fazer
o trabalho de Deus Pai; não lhe cabe separar o bem do mal. É muito simples: não
é a maioria dos votos que decide o que é a verdade. Maiorias servem para eleger
governantes, não para estabelecer a virtude, ou para definir quem tem razão, ou
para tornar as pessoas felizes. A eleição de outubro, muito simplesmente, vai
mostrar qual é o Brasil que existe na vida real — se Bolsonaro ganhar, é porque
o Brasil de hoje é mais parecido com ele do que com os seus adversários. Isso
não transforma os eleitores do deputado em seres humanos piores ou melhores.
Quer dizer apenas, caso acabe vencendo, que são mais numerosos.
Tudo
isso, naturalmente, serve para qualquer outro dos candidatos com possibilidades
reais de suceder ao presidente Michel Temer. Mas um eventual sucesso de
Bolsonaro, ou mesmo uma simples votação em massa no seu nome, é algo que não
está sendo visto apenas como um dos azares comuns de uma disputa eleitoral.
Pela descrição feita até agora por quase todos os formadores de opinião,
comentaristas políticos e personalidades de primeiro plano na vida pública
brasileira, isso seria uma desgraça histórica – a negação, segundo asseguram,
das liberdades, direitos e garantias que fundamentam os regimes democráticos, e
um convite à autodestruição do país. Será realmente assim, ou algo parecido?
Para saber com certeza é preciso, antes de mais nada, que Bolsonaro seja mesmo
eleito presidente da República, coisa bem mais fácil de discutir do que
acontecer na vida real – sabe lá Deus quanta água vai rolar até 7 de outubro,
dia marcado para o primeiro turno, e dali para a frente. Uma coisa é certa.
Bolsonaro pode ser o pior candidato de todos os que se apresentaram para
suceder a Michel Temer. Pode até ser o pior da história. Mas a solução para o
eleitor que acha isso está aberta o tempo todo: basta não votar nele.
O que
seguramente não deu certo, até agora, foi o esforço para apresentar Bolsonaro
como uma espécie de filme-catástrofe – ou melhor, só deu certo para ele. A
simpatia pelo candidato na mídia foi e continua sendo zero. Pior que isso, na
verdade: a irritação que Bolsonaro provoca nos jornalistas é algo provavelmente
sem precedentes na história da imprensa brasileira. Sua situação não melhora
fora da mídia. Politicamente ele continua isolado. Em quase dois anos como
candidato à Presidência, conseguiu o apoio de um único partido entre os 35 que
estão aí; é tudo o que tem para disputar a Presidência. Já sofreu mais de
trinta pedidos de cassação de seu mandato na Câmara dos Deputados. Tem menos de
dez miseráveis segundos de tempo na propaganda obrigatória da televisão. Em
matéria de dinheiro para campanha, então, é mais pobre que um caça-ratos
desempregado. Antes de receber o primeiro voto já se discute seriamente a
hipótese de ser pedido o seu impeachment como presidente; da mesma forma,
condenam-se as suas possíveis intenções de fechar o Congresso Nacional e criar
uma ditadura no Brasil depois de eleito. Mas apesar de todos esses
contratempos, Bolsonaro foi crescendo até chegar onde está. [Bolsonaro pode não ser o melhor na opinião de grande parte da imprensa e da corja esquerdista, , mas entre os seus concorrentes é o MELHOR.] O que houve?
Houve,
pelo jeito, que os meios de comunicação, os partidos e quem mais influi na
política estão falando uma coisa e grande parte dos brasileiros está pensando
outra. Ou seja, quanto mais batem em Bolsonaro, mais aumenta o número de
eleitores que querem votar nele – porque muita gente acha certo, justamente,
aquilo que os críticos apontam como seus piores pecados. Onde vaiam, o público
aplaude. É duvidoso, na verdade, que o eleitor esteja muito incomodado
com a falta de preparo de Bolsonaro, um dos pontos mais bombardeados de sua
candidatura. Num país que já foi presidido por Dilma Rousseff fica difícil,
francamente, imaginar alguém que consiga ser pior – e, de mais a mais, qual é o
preparo da candidata (e já ex-candidata) Manuela D’Ávila, por exemplo, e outros
que valem o mesmo que ela? Também não parece, até o momento, que o eleitorado
esteja sentindo a necessidade de saber, já, quem vai ser o ministro da Economia
de Bolsonaro, se também não sabe os ministros da Economia de nenhum outro
candidato. É mais ou menos a mesma coisa com o programa de governo. O programa
de Bolsonaro, por tudo que foi possível saber até agora, é uma perfeita
escuridão. Acontece que a maioria dos demais candidatos propõe a mesma charada.
A ideia mais ambiciosa que apareceu até agora foi acabar com o serviço de
proteção ao crédito. [ideia do candidato Ciro Gomes - Lula f ... o Brasil dando crédito a quem não tinha salário nem renda;
agora Ciro quer limpar o nome dos brasileiros que está sujo no SPC para alavancar o crescimento do comércio.]
O
problema são as outras coisas. A artilharia verdadeiramente pesada cai em cima
de Bolsonaro quando ele diz que é contra as cotas para negros, que os
quilombolas vivem na vadiagem ou que o território das reservas indígenas
deveria ser reduzido. O candidato desperta escândalo quando é acusado de
homofobia, por negar que os homossexuais sofram mais violência do que a média
dos brasileiros – ou por declarar-se contra a exposição, nas escolas, das
ideias segundo as quais pertencer ao gênero feminino ou masculino não é uma
realidade fisiológica, mas uma questão de livre escolha por parte dos alunos.
Deixa os adversários indignados ao dizer que Lula e o PT são inimigos do
Brasil. É especialmente ofensivo, aos olhos de seus juízes, quando aplaude o
regime militar e a repressão aos grupos armados que agiam para derrubar o
governo. Em sua visão, as duas partes estavam em guerra – e na guerra é preciso
matar o inimigo.
[ - tem muita terra ociosa nas mãos dos quilombolas - em grande parte dos casos por falta de recursos dos seus ocupantes para explorar, o que torna bem melhor menos terra com maior produção;
(significa 4.165 hectares para cada índio = 4.165 campos de futebol para sob os cuidados de um único índio. Só no Brasil mesmo.
As minorias merecem certos benefícios, mas sem exageros.
Com sinceridade que adianta para o Brasil - que deve ser o nosso interesse maior - dar tanta terra para uma única pessoa cuidar? seja índio, ou não, é um absurdo, um despropósito; com um detalhe: os índios preferem uma reserva próxima a uma rodovia federal onde possam cobrar pedágio - não dá trabalho e rende mais.)
- convenhamos que o sistema de cotas raciais é injusto, racista e prejudica a forma de escolha mais correta: o mérito.
- não existe nenhum indicador confiável de que os homossexuais sofram mais violência no Brasil do que a média dos brasileiros;
em mais de 60.000 mortes ocorridas em 2017, menos de 1.000 foram de homossexuais e o número de gays que foram assassinados devido a opção sexual não chega nem a cem.
O que ocorre é que alguém é assassinado e se for homossexual imediatamente atribuem o crime ao fato de morto ser gay, quando na maioria das vezes o motivo do crime nada teve a ver com sexo.
- A maldita ideologia de gênero é uma das pretensões mais repugnantes que existe na face da terra; em português comum é a criminosa pretensão (apoiada pela maldita esquerda) de criar crianças até a adolescência sem nenhuma diferenciação de sexo, deixando por conta delas, na puberdade, fazer a opção sexual.
A votação maciça que Bolsonaro terá no único turno deste ano - não haverá segundo turno, Bolsonaro leva no primeiro - é mais que suficiente para confirmar o acerto de todas as posições defendidas pelo capitão e lhe dar o suporte político necessário para corrigir tais distorções.
- o famigerado 'estatuto do desarmamento' desarmou apenas as PESSOAS DE BEM;
os bandidos e policiais são os únicos que podem portar armas (os policiais, por óbvio, com o direito e mesmo o dever de possuir e portar armas) sendo que os bandidos estão mais bem armados que os policiais.]
O candidato se faz detestar, também, quando apoia o
agronegócio e faz pouco dos “agrotóxicos”. É acusado de ser um delinquente
social quando se declara contra o MST, a “reforma agrária”, ou a invasão de
imóveis nas cidades – ou contra a legalização de drogas, o desarmamento da
policia e os “programas sociais” como bolsa-família, bolsa-pesca e por aí
afora. Atrai ataques exasperados quando nega que o crime seja um problema
social; acha que é falta de policia, direitos excessivos para os criminosos e
impunidade geral.
O nó
complicado que se formou em volta da candidatura de Jair Bolsonaro está
justamente aí – os brasileiros que pretendem votar nele estão convencidos de
que as posições descritas acima, que tanto estupor causam em seus críticos, são
o máximo em matéria de boa política. O que a mídia apresenta como denúncia os
seus eleitores tomam como elogio. Os argumentos utilizados contra ele se
transformam, para milhões de eleitores, em argumentos a favor. A questão, no
fim das contas, talvez não seja exatamente o candidato Bolsonaro. A questão é o
tamanho desse Brasil que vê nele o seu herói, defensor e espelho. É o que a
eleição para presidente vai mostrar.