Autoridades de Manaus sabiam que presos planejavam fuga, diz ministro
Secretaria de Segurança reforçou monitoramento no presídio, mas não evitou massacre
[o entendimento do governador do Amazonas é que o Estado é o responsável pela segurança dos presos;
é também responsabilidade do Estado a segurança dos cidadãos, assim, os familiares de qualquer cidadão que for assassinado por bandidos durante um assalto ou sofrer algum tipo de lesão tem direito a ser indenizados.
Ou a indenização só vale quando a vítima é um bandido - destaque-se que assassinado por outros bandidos em uma guerra de facções criminosas.]
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse nesta quarta-feira que as autoridades do Amazonas sabiam previamente que detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim planejavam uma fuga entre o Natal e o Ano Novo. Ele afirmou que, a partir da informação, a Secretaria de Segurança estadual reforçou o monitoramento no presídio. Além da rebelião, que resultou na morte de 60 detentos, houve também a fuga de quase 200 presos da penitenciária no mesmo período. — Há relatos de que a Secretaria de Segurança tinha informações de que poderia ocorrer uma fuga, de que estaria sendo planejada uma fuga entre o Natal e o Ano Novo. Exatamente por isso, segundo as autoridades locais, foi reforçada a segurança local e eles passaram a monitorar dia a dia — disse Moraes.
O ministro esclareceu que obteve essa informação somente depois do motim, durante reuniões que teve com autoridades em Manaus na segunda e na terça-feira. Ele disse que o governo local não solicitou qualquer tipo de ajuda do governo federal. O ministro explicou, no entanto, que não há a obrigação do repasse desse tipo de informação para o Ministério da Justiça. — O governo federal em momento algum foi informado, nem foi solicitado nenhum auxilio, seja da Força Nacional, seja de qualquer outro mecanismo. Nós tomamos ciência disso ontem e anteontem, nas reuniões que fiz — afirmou.Segundo Moraes, a única falha que pode ser constatada até agora é da fiscalização do presídio, que não evitou a entrada de armas e celulares no estabelecimento.
O ministro afirmou que os responsáveis pelas mortes só poderão serão apontados depois que a Polícia Civil concluir a investigação. E que, no momento, não há como afirmar que a Secretaria de Segurança falhou. — Não há a obrigação de passar informe de inteligência para o governo federal. O governo estadual disse que tomou todas as providências para evitar a fuga. Não está caracterizada nenhuma omissão até o momento. As razões vão ser investigadas pela Polícia Civil — explicou.
Moraes ressaltou a importância de se concluir a investigação sobre as causas do motim. Segundo ele, esse tipo de evento não acontece apenas por um único motivo, mas por um somatório de fatores. Ele citou a atuação das facções, a fuga planejada e também o fato de que a segurança do estabelecimento permitiu visitas aos presos no réveillon, mesmo sem que houvesse essa previsão. — Isso tem que ser apurado, tem que ser apurado rapidamente, rigorosamente, para serem tomadas as providências — afirmou.
O ministro evitou dizer se há risco de rebeliões em outros presídios brasileiros: — Nesse momento não (há risco), mas rebeliões surgem de repente. Diria que há todo um trabalho sendo feito por todos os estados, as Secretarias de Justiça e Assuntos Penitenciários, Secretarias de Segurança, todas elas já estão monitorando qualquer possibilidade de rebelião.
O ministro também lembrou que o aporte que o governo federal fez no sistema penitenciário em dezembro, de R$ 1,2 bilhão, possibilitará a abertura de cerca de 25 mil novas vagas. Com isso, os presos de alta periculosidade poderão ser separados. Segundo Moraes, um dos grandes problemas do sistema penitenciário brasileiro é a mistura de presos.