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domingo, 10 de abril de 2022

Além dos vídeos, Zelensky usa lei marcial para consolidar apoio e conter dissidências internas - O Globo

 Filipe Barini

Presidente viu popularidade chegar a 90% depois do início da invasão russa e é visto como 'herói' no Ocidente, mas analistas apontam que algumas de ações, como a suspensão de siglas de oposição, podem ter impactos após o fim do conflito

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, entrega alimentos a moradores da cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, no dia 4 de abril Foto: STR / AFP
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, entrega alimentos a moradores da cidade de Bucha, nos arredores de Kiev, no dia 4 de abril Foto: STR / AFP

Em 31 de março, pouco depois de a Rússia anunciar uma mudança de estratégia na invasão da Ucrânia, com a redução “drástica” de seus ataques à região de Kiev, o presidente Volodymyr Zelensky revelou dois raros sinais de dissidências internas. Primeiro, anunciou a demissão de dois integrantes do Serviço de Segurança da Ucrânia, dois agora ex-generais apontados como “traidores” e “anti-heróis”. Depois, ordenou o retorno de seus embaixadores na Geórgia e no Marrocos, afirmando que eles não cumpriram suas funções de defender o país.[Será que a queda da máscara do ex-comediante ??? permitirá que o mundo perceba,  apesar do noticiário da mídia adestrada pelo esquerdismo progressista, que Zelensky é apenas um aproveitador, a favor dos seus interesses e dos seus aliados de  Ocidente que estão mais para aliados de 'palanque' e que para satisfazer sua vaidade permanece em uma guerra que sabe que não vai vencer e causará morte de milhares de ucranianos.]

Desde o início do conflito, Zelensky ostenta uma imagem de líder forte, contrariando uma postura vista como instável e questionada por adversários até semanas antes da invasão — em entrevista à Time, em março, amigos revelaram proibi-lo de olhar o Facebook, uma vez que comentários negativos o deixavam triste.

Isso até as primeiras bombas russas começarem a cair, quando Zelensky passou a criticar as forças de Moscou e a pedir aos ucranianos que resistissem a todo custo, incluindo com coquetéis-molotovs. Ao exterior, intensificou os apelos por ajuda militar e sanções contra os invasores, tornando-se uma espécie de “herói” no Ocidente. Até no Grammy, a maior premiação da música nos EUA, ele discursou.

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Hoje, sua popularidade, que era de 30% a 35% em meados de dezembro, está perto dos 90%, resultado da nova postura e da coesão entre seus assessores mais diretos, alguns deles conhecidos dos tempos de ator e comediante. A imagem de um governo unido é reforçada nas falas do presidente— Estamos todos aqui. Nossos militares estão aqui. Cidadãos da sociedade estão aqui. Estamos todos aqui defendendo nossa independência, nosso país, e isso vai continuar da mesma forma — disse Zelensky em vídeo de 25 de fevereiro, horas depois do início da invasão, do lado de fora do palácio presidencial em Kiev.

Lei marcial e imprensa
Mas nem só de vídeos de incentivo, apoio de adversários políticos e imagens da resistência contra os russos é feita a base do poder de Zelensky em tempos de guerra. Um de seus pilares de ação é a lei marcial, adotada nas primeiras horas de 24 de fevereiro, que, além de impedir a saída de homens aptos ao serviço militar da Ucrânia, restringe os direitos civis, incluindo de expressão.

Dois dias depois da adoção da medida, as principais empresas de mídia da Ucrânia anunciaram uma plataforma conjunta de informação, com viés pró-Kiev, que seria transmitida 24 horas por dia. [algo tipo o consórcio brasileiro, contra Bolsonaro, liderado por uma TV que foi campeã em audiência e que hoje, devido queda da audiência,  demite seus principais profissionais?] A iniciativa foi transformada em decreto presidencial no dia 18 de março. “Nós entendemos o quão poderosa a máquina de propaganda russa é, e quais os tipos de esforços que o agressor faz para propagar notícias falsas e cinicamente enganar as pessoas. Nós absolutamente nos opomos a isso”, diz o manifesto das empresas, publicado em 26 de fevereiro. A essa altura, canais de TV russos já eram proibidos no país.

Declarações e ações vistas como “antipatrióticas” também passaram a ser punidas. Até o início de março, segundo a agência Interfax Ucrânia, 38 pessoas estavam sendo investigadas por “assistência ao agressor”, e poderiam ser enquadradas no artigo 111 do Código Penal do país, relacionado ao crime de alta traição.

Entre os suspeitos estavam autoridades de cidades ocupadas e representantes de governos locais um morador de Kramatorsk, na região de Donetsk, foi o primeiro indiciado em um caso de traição, acusado de publicar vídeos no TikTok “negando a agressão armada da Rússia” e de ter feito convocações para atos de apoio a Moscou. Caso condenado, pode receber uma pena de até 12 anos de prisão.

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Partidos suspensos
Uma das decisões tomadas por Zelensky, embora justificável em tempos de guerra, pode assombrá-lo no futuro, depois que as armas silenciarem e quando o país precisará discutir um acordo de paz com os russos e a sua própria reconstrução como um Estado. Também em 30 de março, o presidente anunciou a suspensão temporária de 11 partidos de oposição, acusados de serem “pró-Rússia”: entre eles, a principal sigla contrária ao governo na Rada, o Parlamento local, a Plataforma de Oposição - Pela Vida, que tem 34 cadeiras.
 
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Analistas apontam que todos os partidos suspensos expressaram apoio ao governo ucraniano e são contra a guerra, sugerindo que a finalidade de Zelensky seria outra.“Tudo indica que a decisão de suspender siglas de esquerda e de oposição tenha pouco a ver com as necessidades de segurança da Ucrânia em tempos de guerra, e muito a ver com a polarização da política após a Euromaidan, além da redefinição da identidade ucraniana que empurrou posições dissonantes para fora dos limites tolerados”, escreveu, em artigo na Al Jazeera, Volodymyr Ishchenko, pesquisador associado do Instituto de Estudos do Leste Europeu, na Universidade Livre de Berlim. “Também tem a ver com as tentativas de Zelensky para consolidar o poder político iniciadas bem antes da invasão russa.”

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