A Fecomércio-RJ está no meio de uma queda-de-braço que envolve a Confederação Nacional do Comércio e integrantes do Ministério Público. Depois de Minas Gerais, o alvo agora é a seccional do Rio
À frente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz está no epicentro de uma crise de lideranças empresariais. Nos últimos dias, o Ministério Público do Rio de Janeiro decidiu promover uma devassa na entidade sediada na capital fluminense. De acordo com o MP, a Fecomércio-RJ estaria sob suspeita de cometer irregularidades administrativas. Na verdade, o pano de fundo dessa investigação é uma queda-de-braço, que tem na trincheira oposta a Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC), comandada com mãos de ferro por Antonio Oliveira Santos há 36 anos.O modus operandi adotado pela CNC no Rio é semelhante à estratégia lançada no ano passado contra a Fecomércio de Minas Gerais. Depois que o Ministério Público do Estado abriu, em setembro, um inquérito para apurar irregularidades na Fecomércio local, a CNC correu para decretar intervenção na entidade. Uma liturgia deveria ter sido cumprida para que obedecesse aos trâmites formais e legais do processo. Não foi o que ocorreu. Ao agir no afogadilho, a CNC atropelou uma série de procedimentos, o promotor responsável por instaurar a investigação foi afastado do caso e a intervenção suspensa. No meio do tiroteio, Diniz afirma, em entrevista à ISTOÉ, querer evitar que a história de Minas se repita no Rio.
Por que a CNC trava uma batalha contra a Fecomércio-RJ
Inicialmente, a imprensa havia noticiado a abertura de um inquérito pelo Ministério Público Estadual em Minas Gerais para apurar supostas irregularidades na Fecomércio de lá. Depois, foi decretada intervenção, o que afetou também o Sesc e o SENAC, e a CNC indicou um interventor. Mais à frente, o promotor autor da iniciativa foi afastado do caso pelo Conselho Federal do Ministério Público, decisão que o próprio Supremo Tribunal Federal confirmou. O presidente eleito, então, voltou ao comando da Fecomércio, do Sesc e do Senac.
E o caso do Rio de Janeiro?
Nos anos de 2014 e 2015, sofremos uma intervenção no Sesc do Rio, que no período passou a ter dirigentes nomeados pelo Sesc Nacional, comandado pela CNC. Quando a intervenção acabou, demos início a uma série de auditorias, contratando uma das cinco maiores empresas mundiais do setor. Os relatórios apontam, por exemplo, que no período da intervenção foram admitidos 30 empregados de cargos de gestão, além de 775 contratações de cargos operacionais, totalizando 805. Os relatórios apresentam também impactos financeiros, as não conformidades valoradas, na área de suprimento, de R$ 62.234.527,82 (compras de bens e serviços). Na frente trabalhista, os impactos financeiros de não conformidades referentes à folha de pagamento são de R$ 25.907.659,08.
Então a intervenção elevou os gastos no SESC?
Totalizam até o momento R$ 88.142.186,80. A empresa de auditoria segue trabalhando.
“Os relatórios (das auditorias no Sesc Rio) apresentam impactos financeiros”
Orlando Diniz, Fecomércio-RJ
Orlando Diniz, Fecomércio-RJ