DF não pode contar com o volume morto dos reservatórios para abastecimento
Usar o volume morto do Descoberto não será uma saída viável. Essa foi uma das soluções encontradas em São Paulo. Ontem, a barragem atingiu o nível de 21,99% e racionamento fica mais próximo
Se a crise hídrica se agravar, o Distrito Federal não pode contar com o volume morto dos reservatórios, como ocorreu em São Paulo. Segundo informações da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do DF (Adasa), a reserva existente na Barragem do Descoberto não seria suficiente para abastecer a capital do país nem por 30 dias, o que não justificaria os custos da obra para captação. Para retirar o volume morto, é preciso a instalação de bombas coletoras porque não é possível fazer a retirada por gravidade. Em Cantareira, por exemplo, o sistema custou R$ 120 milhões e a obra demorou dois meses. No DF, não há previsão de custos. Também não há hipótese de usar a reserva do Santa Maria porque a barragem está localizada em área de proteção ambiental.
A estiagem prolongada e a redução do consumo em velocidade mais lenta do que o esperado preocupam os órgãos ambientais porque os reservatórios não conseguem se estabilizar e encher. Dessa forma, o uso do volume morto poderia ser uma alternativa de abastecimento, caso a tarifa de contingenciamento e o plano de racionamento não fossem suficientes para suprir a demanda de água. Entretanto, essa hipótese ainda não está entre as frentes de ação da Adasa e da Companhia de Saneamento do DF (Caesb). “Em São Paulo, o volume morto era grande. No Descoberto, é pequeno, não daria nem para 30 dias. O custo-benefício não compensa”, analisa Camila Campos, coordenadora de informações hidrológicas da Adasa. A Caesb informou, via nota, que “não tem o menor interesse de falar desse assunto no momento. Estamos preparando o plano de racionamento, que, esperamos, não tenha necessidade de ser implantado”.Exemplo
O volume morto do Descoberto é de 16% em relação ao total do reservatório — o que corresponde a 13,7 bilhões de litros. Em Cantareira, esse índice é de 23%, o que equivale a mais de 330 bilhões de litros. O volume morto é o local onde o ponto de captação de água não chega. A engenharia da obra de captação do Descoberto foi feita de uma maneira que a tomada fosse feita com profundidade, o que deixou pouco espaço para o volume morto.
Fonte: Correio Braziliense