Bolsonaro anuncia general Hamilton Mourão como vice
No ano passado, militar defendeu intervenção militar no país e em fevereiro fez discurso exaltando coronel Brilhante Ustra como 'herói'
[Graças ao AI-5, ao coronel Ustra (um herói nacional) e a outros brasileiros do BEM, muito verdadeiros heróis, o Brasil não é hoje uma Cuba, uma Venezuela ou uma Nicarágua - não é e jamais será.]
O
general da reserva Hamilton Mourão (do PRTB) foi anunciado neste domingo
como vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela
Presidência. O comunicado foi feito durante a convenção do PSL em São Paulo, em
um clube na zona norte da capital paulista. O anúncio do militar frustrou
uma plateia que, antes do início do evento aclamava o administrador e membro da
família imperial brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança como vice.
O general da reserva Hamilton Mourão (do PRTB) foi anunciado
neste
domingo como vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) na disputa pela Presidência
- Michel Filho / Agência O Globo
A
indicação de Mourão para vice teria sido uma decisão pessoal de Bolsonaro. O
"príncipe" soube que não foi escolhido pelo cargo apenas momentos
antes da convenção. — Nosso
vice será confirmado na convenção do PRTB hoje à tarde — disse Bolsonaro em um
dos momentos audíveis de seu discurso, que sofreu diversas interrupções por
problemas no sistema de som.
O general
Mourão é presidente do Clube Militar e ao longo dos últimos meses viu seu nome
sair do páreo para o cargo de vice de Bolsonaro por causa de declarações
polêmicas sobre os apoiadores do candidato. Em uma das ocasiões, ele disse
considerar "meio boçal" o radicalismo de alguns apoiadores de
Bolsonaro.
Declarações
polêmicas fazem parte do histórico do general e também foram o motivo de seu
afastamento do cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército, em
dezembro do ano passado. À época, Mourão dissera, pela segunda vez em três
meses, sobre a possibilidade de atuação das Forças Armadas em uma situação de
"caos" no país. Em setembro de 2017, ele falou sobre a possibilidade
de ocorrer intervenção no Brasil se o Judiciário não conseguisse resolver
"o problema político" nacional.
Em
fevereiro deste ano, Mourão, em sua cerimônia de despedida do Exército, no
Salão de Honras do Comando Militar do Exército, exaltou o coronel Brilhante
Ustra como "herói".
Princípe
para ministro
Caso a
chapa seja eleita, o "príncipe" - como tem sido chamado, apesar de
não estar na linha direta de sucessão ao trono abolido no Brasil em 1889 -,
ficará com o cargo de ministro das Relações Exteriores, prometeu Bolsonaro ao
microfone.
Nos
bastidores, o "príncipe" era considerado o preferido para o cargo de
vice na campanha do capitão da reserva, que queria evitar uma chapa formada por
dois miltares. A indicação de Mourão para vice de Bolsonaro será oficializada
na tarde deste domingo na convenção do PRTB, partido comandado por Levy
Fidélix. — Esse
cargo (de vice) não era meu, eu estava indo pela demanda da base — disse
Orleans e Bragança.
Fundador
do "Movimento Acorda Brasil", o "príncipe" conheceu Bolsonaro
há três anos e só se encontraram pessoalmente cinco vezes.
— É pouco
tempo para formamos uma simbiose, um elo de amizade. Talvez a falta de
confiança tenha pesado — acrescentou.
A
convenção do PSL confirmou que o partido não terá candidato a governador em São
Paulo, maior colégio eleitoral do país. O evento oficializou a candidatura do
deputado federal Major Olimpio ao Senado, além dos nomes de candidatos a
deputados estaduais, entre os quais o ator Alexandre Frota, e a deputado
federal, entre eles Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável que concorrerá à
reeleição.
— Tivemos
dificuldade de trazer quadros competitivos para o PSL. Quem quer vir para um
partido com oito segundos — disse Major Olimpio, presidente do PSL em São
Paulo. No palco, o parlamentar bateu continência a Bolsonaro em nome do
"exército voluntário do Brasil."
Segundo o
dirigente, apesar de ter apenas sete segundos na televisão e não ter palanque
em São Paulo, a campanha de Bolsonaro contará com apoio de 120 mil policiais
militares e movimentos de direita. Foi para este público que o deputado federal
Eduardo Bolsonaro discursou defendendo o excludente de ilicitude para policiais
que matarem em serviço. Com a medida, os agentes passariam a não ser
processados criminalmente pelas mortes. — Sabem
por que nossos policiais morrem? É porque têm medo de apertar o gatilho e ser
punido — diz o parlamentar, que é policial federal. Ele também defendeu que o
próximo presidente libere o porto de armas para a população. — O Estatuto do
Desarmamento ajudou vocês em algo?
Novela do
vice
Ao longo
da pré-campanha, Bolsonaro teve dificuldade de conseguiu um vice. A primeira
opção do capitão do exército era o senador Magno Malta (PP), que preferiu
disputar a reeleição, enquanto o PP anunciou apoio ao tucano Geraldo Alckmin.
Em seguida, o presidenciável chegou a anunciar o general Augusto Heleno como
seu companheiro na disputa ao planalto. No entanto, a indicação do militar da
reserva, filiado ao PRP, foi vetada pela direção do partido.
A novela
da escolha do vice de Bolsonaro seguiu com a advogada Janaína Paschoal, uma das
autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Filiada ao
PSL, ela era uma solução caseira. Durante a convenção nacional do partido no
Rio, há duas semanas, Janaína criticou o "pensamento único" dos
seguidores de Bolsonaro e disse que eles corriam o risco de virar um "PT
ao contrário." As declarações desagradaram a militância e, embora a
advogada só tenha recusado formalmente o convite no sábado, ela já não era
considerada uma opção nos bastidores.
Sem Janaína, outros nomes do PSL, como o
astronauta Marcos Pontes [esse astronauta foi 'astronauta' por algumas horas, despesas pagas pelo contribuinte brasileiro;era oficial da FAB e logo que voltou do 'passeio' passou para a reserva e seguiu a profissão de palestrante - palestras pagas, nas quais cobrava para passar alguma coisa sobre o que aprendeu por conta do contribuinte.] e o deputado federal Marcelo Álvaro Antonio, passaram a ser cogitados.
Entretanto, foi o "príncipe" que era apontado como "o Plano B" para substituir Janaína, enquanto o general Mourão corria por fora.
O Globo