Um Congresso Nacional diferente. Que retomou muito parcialmente seus trabalhos, ontem, mas sob o signo do medo. A presença do coronavírus na Casa restringiu o acesso, botou temor na cara dos políticos – circulando de máscaras pelos corredores – e seus poucos assessores que escalados para trabalhar presencialmente.
A rotina mudou muito. Mesmo um credenciado – seja jornalista, funcionário, parlamentar ou servidor terceirizado – tinha que ser submetido a questionário com cinco perguntas do tipo: “está chegando de algum país com epidemia instalada do Covid 19?”.
Há um enorme estacionamento na Câmara. Quem entra com o carro pega da mão do guardinha da cancela um papel, que devolve na saída. Até esse papel sumiu . Ninguém quer pegar nada da mão de ninguém.
“Pode entrar! Pode entrar! Não precisa do papel não”, disse o encarregado ao motorista que chegava.
A epidemia que está parando o país parou o Congresso. Na reunião de líderes, o deputado Victor Hugo, ponta de lança do governo Bolsonaro, foi falar em votação de privatização da Eletrobras. O presidente Rodrigo Maia estrebuchou: “É um brincalhão!”, e a discussão foi feia. [percebam que o deputado Maia está sempre alerta para aproveitar qualquer oportunidade para boicotar o governo do presidente Bolsonaro.]
Na fachada dos gabinetes, o medo do coronavírus. Cartazes exibiam o receio de gente da esquerda e da direita da epidemia, que ainda nem chegou ao topo no Brasil. “Para sua segurança e a nossa, estamos evitando cumprimentar com as mãos, abraços ou beijo”, mostrava mensagem na entrada do gabinete do Coronel Armando (PSL-RJ).
Alguns metros dali, o petista Paulão (AL) também pregou recomendações logo na entrada. “Lave as mãos, evite aglomerações, evite tocar mucosas…”
No plenário, uma sessão ímpar. Imunizada. A pauta foi acertada e só votou, e rapidamente, temas referentes ao coronavírus, mais dinheiro para estados e municípios e proibição de exportação de luvas e máscaras. Estão em falta no país. Rodrigo Maia presidiu com dois vidros de álcool gel sob a mesa, à sua frente. Alertava os seus pares a respeitarem, no plenário, a distância de 1 metro entre cada um. Poucos participaram da votação, já acordada. Não chegou a 120, de um total de 513. Microfones higienizados.
Muitos rostos com máscara descartável. Da comunista Perpétua Almeida (PCdoB-AC) ao pastor Marco Feliciano (Podemos-SP), que coordenou manifestações no último final de semana. No plenário, preveniu-se. [no plenário, além do risco do da presença do coronavírus, há outros vírus, muitos deles prejudiciais ao Brasil.]
O número de parlamentares com o vírus irá crescer – hoje são três -, estimou Maia.
As votações futuras, a partir da semana que vem, se darão por meio virtual, a partir de um celular ou outro engenhoca.
Mas o Congresso não fecha, apalavrou Maia.
“Só fechou na ditadura”, lembrou.
Reuters
Segundo Maia, a Secretaria-Geral da Casa e a assessoria de tecnologia
estão adotando medidas para que os congressistas possam, a distância,
votarem via um aplicativo.“A Câmara vai continuar funcionando com a presença de líderes e da
maioria da Mesa Diretora e com a participação do restante dos deputados
de seus Estados”, tuitou Maia.
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SENADO
Pouco depois das declarações de Maia, o primeiro vice-presidente do
Senado, Antonio Anastasia (PSD-MG), anunciou que a Casa também adotaria,
a votação de matérias em caráter de urgência via um sistema de
deliberação remota. “Estamos fazendo o ato da Mesa, que também tem a mesma competência
(em relação à votação da deliberação em plenário). E o ato da Mesa
precisa ter a decisão somente da Mesa”, explicou Anastasia sobre a
deliberação via Mesa Diretora.
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