Eunício Oliveira (MDB-CE) havia sido criticado por ir para seu estado natal
Em meio à
crise por causa da greve dos caminhoneiros e às críticas por ter deixado
Brasilía, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE) decidir
retornar de seu estado natal, o Ceará, e convocou, para às 19h desta
quinta-feira, uma reunião extraordinária de líderes para debater a situação. Na
sexta-feira, ele irá convocar uma sessão deliberativa extraordinária, ainda sem
horário definido para tratar da crise. Os
caminhoneiros afirmam que só irão suspender a greve após o
Senado votar o projeto que zera as alíquotas das contribuições do PIS/Cofins
sobre o diesel, aprovado na quarta-feira na Câmara dos
Deputados. Eunício havia declarado que a matéria teria que passar
por debate nas comissões da Casa antes de ir ao plenário.
O
presidente do Senado alegou que medidas provisórias trancam a pauta e impediu
que o líder do governo, Romero Jucá (MDB-RR), iniciasse ainda na quarta-feira a
discussão. Ele é aliado do governador Camilo Santana (PT-CE), que, como outros
governadores, são contra a redução do PIS/Cofins. Mais cedo,
Eunício havia dito que teria agenda no Ceará com o governador e com o ministro
do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame. Entretanto, pelo Twitter, o
senador comunicou que suspendeu o compromisso. “Decidi voltar a Brasília, suspendendo agenda
c/o governador, onde anunciaríamos investimentos p/ combater a seca no meu
Ceará que já vive uma grave crise de falta d’água há 6 anos. Em Brasília,
retomaremos as negociações em torno das saídas possíveis p/ a greve dos
caminhoneiros”, disse Eunício.
O
vice-presidente da Casa, Cássio Cunha Lima, disse que está ligando pessoalmente
para os líderes e para os senadores voltarem a Brasília. Uma das alternativas poderia ser uma desoneração menor do PIS/Cofins, mas Cássio não
sabe ainda qual a saída. — Vamos
nos reunir para arredondar esse tijolo que veio da Câmara. Mas é o governo quem
tem que negociar com os caminhoneiros para ver o que querem e o que pode ser
feito para acabar essa greve — disse Cássio.
Sobre o
obstáculo das medidas provisórias trancando a pauta de votações, ele disse que
um acordo pode contornar essas dificuldades. — O
momento que vivemos não suporta preciosismos regimentais. O regimento já foi
tantas vexes violado. Com acordo se encontra solução para tudo — disse Cássio.
O líder
do DEM, Ronaldo Caiado (GO), disse que nesse momento ninguém pode se omitir, e
que já está a caminho de Brasília para a reunião hoje a noite. — Não
podemos nos omitir nesse momento. Temos que votar os projetos que diminuam
impostos dos combustíveis e ajudar a resolver a crise. Porque a incompetência
desse governo virou ingovernabilidade — disse Caiado.
Antes do
anúncio do cancelamento da viagem do presidente do Senado, o presidente da Confederação Nacional
dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno, criticou a falta de
preocupaçao do Congresso com a questão, ao ser questionado sobre a
possibilidade de o Senado só aprovar na próxima semana o projeto de lei que,
junto com a reoneração da folha de pagamento, prevê a redução do PIS/Cofins
sobre combustíveis:
— Isso é
uma demonstração da representação que nós temos no país do Parlamento e a
preocupação que eles têm com o país.
Vice-presidente do Senado diz que presidente de Petrobras deve rever política de preços ou pedir demissão
Cássio Cunha Lima afirmou que governo está 'derretendo'
Em um discurso inflamado no plenário, o primeiro vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) fez pesadas críticas à condução do presidente Michel Temer da crise provocada pela greve dos caminhoneiros, em função da política de reajustes dos combustíveis da Petrobras. O tucano disse que o governo está "derretendo" e cobrou uma posição urgente de Temer para demitir o presidente da empresa, Pedro Parente, que resiste em alterar a política de preços dos combustíveis da companhia.
Pedindo ainda uma reforma tributária urgente, Cunha Lima disse ser insustentável a política de fazer reajustes diários. Ele reclamou que Temer e o ministro das Minas e Energia, Moreira Franco, não se dispuseram a dar um telefonema para os senadores para buscar uma saída para a crise. — Não há como ter previsibilidade, sobretudo num país continental como o Brasil. E se o presidente da Petrobras insiste em manter essa politica, que o presidente da República exerça a sua autoridade, se é que ainda tem alguma autoridade, e demita o presidente da Petrobras — repetiu, protestando contra a “arrogância” com que o presidente da Petrobras trata o país não pode ser aceita.
O senador Jorge Viana (PT-AC) apresentou requerimento para convocar Pedro Parente, o ministro Moreira Franco e representantes dos caminhoneiros para serem ouvidos em uma comissão do Senado. Em meio às críticas contra Parente, Moreira defendeu o presidente da Petrobras e disse que ele merece confiança:— Pedro Parente merece toda a confiança do governo — disse.
O Globo