O relaxamento de quarentenas e bloqueios não é instantâneo e precisa de monitoramento
As bravatas bolsonaristas de que o isolamento social poderia ser
suspenso por um édito presidencial ficam felizmente cada vez mais
risíveis, porque, além de sua impossibilidade objetiva — seria revogado
no Legislativo e Judiciário, por não se basear em fundamentos técnicos e
científicos conforme exige a lei —, governadores começam a executar
planos de saída do isolamento social como precisa ser, de maneira
programada, com método, paulatinamente, à medida que a evolução da
epidemia permita. [apesar do risco de uma intromissão indevida do Legislativo e mesmo do Judiciário - impedindo o Executivo de fazer e sem indicar quem e como fazer - o presidente Bolsonaro cuidou de nomear um especialista em logística para ser o segundo no Ministério da Saúde e cuidar de forma ordenada, gradual e segura da saída da quarentena - Doria trancou todos, não reduziu o crescimento do número de casos, não achatou a curva, não reduziu a mortalidade e não sabe como sair do isolamento.
Ibaneis, graças a Deus está convivendo com um menor crescimento do número de casos, de mortes e maior crescimentos dos recuperados = são 60% do total de infectados.
Agora, procura apoio de Bolsonaro, que coloca os interesses da Nação acima de todos e o apoia.]
Não há um “Dia D” para o fim de quarentenas e bloqueios exigidos para
conter a disseminação de vírus quando não há vacinas e medicamentos
adequados disponíveis.
O governador de São Paulo, João Doria, apresentou ontem o rito de saída
dos paulistas do isolamento, previsto para ser executado em fases a
partir de 11 de maio. Não é uma fórmula feita. As etapas serão cumpridas
no mesmo passo em que “a medicina e a Ciência” [considerando que a medicina tem uma regra incontestável: 'na medicina nada é definitivo' e a Ciência tem muito de empirismo Doria vai seguir o experimento, não deu certo refaz, igual agiu na experiência do isolamento. Lamentável, que cada erro possa custar vidas humanas.] forem determinando,
Doria faz questão de repetir, para fustigar Bolsonaro, seu adversário
político, defensor do oposto. Para o presidente, o que deve determinar o
fim do isolamento são as carências da economia, sem entender que uma
tragédia de grandes proporções na saúde pública, com enormes
repercussões na sociedade, agravará muito mais a situação da economia,
com uma retração ainda maior do consumidor e fuga de investidores.
O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, deu ontem afinal sua primeira
entrevista coletiva. Nada apresentou de concreto, sinal de que seu plano
ainda não está concluído. O que tem sido noticiado, porém, é animador,
pois indica que o ministro deve mesmo tomar decisões com bases técnicas,
como prometeu na posse, apesar da pressa do chefe.
Vai no bom caminho a contratação da Universidade de Pelotas (RS) e do
Ibope para entrevistar e fazer testes rápidos em grupos de pessoas
escolhidas para compor amostras que espelhem a realidade de cidades ou
estados de que se deseja saber em que nível se encontra a epidemia. O
resultado dos testes ajuda a monitorar a velocidade do relaxamento das
contenções. O ministro afirmou ontem que a Coreia do Sul, exemplo de
controle da epidemia, fez apenas 11 mil testes por grupo de milhão
pessoas. Mas é preciso também uma boa análise dos dados.
Há variáveis-chave no painel de controle do fim de um isolamento. Além,
por óbvio, da evolução da contaminação em si, é crucial acompanhar os
índices de ocupação de leitos de UTI na rede de saúde pública, a
disponibilidade de testes e outros itens de protocolos. Assim será em
São Paulo. O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, vítima da
Covid-19, tem, por sua vez, um plano específico para a reabertura do
comércio, que discutirá hoje com o Secretariado. O mundo está cheio de
bons exemplos de como fazer.
Editorial - O Globo