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segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Investigação impediu atentados contra o Supremo Tribunal Federal

Em entrevista a VEJA, Alexandre de Moraes disse que investigação identificou planos para invadir o STF e para matar um ministro

 Nos últimos anos, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se tornaram alvos preferenciais de ataques e ameaças de militantes. Essa onda de hostilidades acendeu um sinal de alerta das  autoridades, que passaram a monitorar publicações ofensivas nas redes sociais e na deep web, uma zona clandestina da internet. Durante essa varredura, foram descobertos planos de atentados contra integrantes da Corte.

Em entrevista a VEJA, o ministro Alexandre de Moraes, relator de um inquérito que apura ameaças a membros do Supremo, [o procedimento investigatório relatado (comandado soa melhor) pelo ministro é  também conhecido como "inquérito do fim do mundo",  visto que o STF age como polícia, promotor, juiz de instrução, instância suprema.

O caráter secreto do inquérito impede que se avalie a hipótese de se tratar de um 'plano Cohen' ou de 'incêndio no Reichstag' - sem que tal possibilidade implique em conivência dos investigadores.] contou que foi identificado um grupo de pessoas que  estava até monitorando horários e datas de voos realizados por um integrante do STF. Os criminosos pretendiam encontrar o magistrado no aeroporto de São Paulo, pedir autógrafo em um livro e, em um momento de distração, esfaqueá-lo. Graças à essa descoberta, foram tomadas medidas de segurança para evitar uma tragédia. 

As autoridades também identificaram outro grupo na deep web que tinha plantas de engenharia das garagens e de todos os andares do prédio do Supremo. Além disso, os criminosos mencionavam os  melhores lugares para invadir o espaço e indicavam contatos de funcionários da Corte. “Alguns possuíam ligação com grupo terrorista. Ou tomávamos uma decisão rápida ou realmente  poderíamos ter tido alguma consequência trágica”, diz Moraes, cuja família também foi alvo de ataques virtuais.

A ofensiva contra o Supremo se intensificou neste ano, quando  apoiadores de Jair Bolsonaro passaram a criticar decisões da Corte. Em abril, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu a nomeação do delegado Alexandre Ramagem, indicado pelo presidente, para a  diretoria-geral da Polícia Federal. Em junho, manifestantes acampados na Esplanada dos ministérios dispararam fogos de artifício em direção ao prédio do STF. Alguns suspeitos foram presos  e alvos de operações da Polícia Federal. Com isso, as hostilidades contra os magistrados diminuíram. “Eu não diria que a preocupação está zerada agora, porque depois que esse germe de discurso de ódio é lançado é muito difícil você contê-lo e apagá-lo totalmente. Mas as medidas necessárias foram tomadas”, afirma Moraes. 

VEJA - Brasil