Em seu humor inteligente, José
Simão revelou na Folha
(edição 23/02/2016) para que serve a hora a mais que a presidente ganhou com o fim do
horário de verão, no último final de semana. “E a Dilma ganhou uma hora. Vamos ter que
aguentar a Dilma mais uma hora. Ela ganhou mais uma hora para quê? Pra
sofrer!”. Ele tem toda a razão.
Dilma vai sofrer uma hora a mais. Vemos isso estampado na sua fisionomia.
Mas não creio que seja pelo mal que tem feito ao Brasil.
O mais provável é que seja pela dor que lhe causa a certeza de que o julgamento dos brasileiros sobre ela se consolidou: a mais desastrosa presidente da história
do Brasil!
Há
um sentimento generalizado de que com ela as coisas, que já estão ruins, só
pioram. O que
Dilma anuncia como medidas de governo não passam de impulsos
desesperados e comprovadamente incapazes de mudar sua nefasta trajetória. Um rosário de fracassos: anúncio de
superávit que vira déficit bilionário;
pacote de
incentivo ao crédito quando os juros são
mortais para o suicida que tomar um empréstimo hoje; um país inteiro refém de um mosquito que se multiplica à base de
saneamento precário e falta de práticas e políticas de saúde pública.
E a certeza de ser a condensação
da crise deve alterar o metabolismo de Dilma, alimentar sua raiva por não ser reconhecida nas suas
desastradas e estúpidas ações. Apesar de tudo, a ficha da presidente
não caiu. O país tem razão em não lhe conceder o benefício da dúvida. Ao longo dos 14 meses de pesadelo do seu segundo mandato,
nunca ouvimos dela uma autocrítica, o reconhecimento de erros e,
principalmente, do sofrimento que causa
aos brasileiros e do retrocesso dramático em que mergulhou o Brasil.
As
filas de desempregados, a recessão crescente, a deterioração dos serviços
públicos, o desmonte da rede de proteção social, as epidemias, o descrédito e a
desmoralização do país no mundo. Nada lhe causa vergonha, nada
reduz sua arrogância e destemperos grosseiros para defender uma gestão ruinosa
e corrupta. Dilma Rousseff conseguiu. Em tudo e por tudo, ela se aproxima
do réquiem do governo Collor: o governo da propina, do fim de feira e, sobretudo, do
salve-se quem puder.
Vemos com
preocupação que brasileiros dignos ainda questionem o impeachment ou outro
procedimento para sairmos da crise. Como pode, dizem
eles, que dois dos quatro presidentes eleitos, após a democratização, sejam
apeados do poder por seus mal feitos?
E, ao contrário disso, como será manter Dilma por mais três anos,
apodrecendo com ela outras instituições? Afinal, o lulopetismo se compraz
em tentar, usando de todos artifícios, em que calúnias e difamações são quase
um detalhe, passar a ideia de que todos são iguais.
A democracia é valor absoluto.
Devemos cultivá-la sempre. Ainda e quando, e principalmente, essa mesma democracia permita a
conquista do poder por uma organização criminosa travestida de partido dos
trabalhadores. Unidos como organização suprapartidária, eles primeiro armaram o
mensalão. Os brasileiros abominaram, mas
condescenderam na sua condenação. Então, o lulopetismo dobrou a aposta.
Intensificou o populismo do pão e circo,
quebrou a economia e conseguiu seu objetivo maior de viabilizar o crime sem limites do petrolão. Já brindavam uma
volta por cima, impunes, aptos para perpetuar seu projeto de poder. Mas quis o
destino que ficassem ilhados por uma hemorragia de denúncias, confirmadas
cotidianamente pela Operação Lava Jato.
Agora, os lulopetistas
estão claudicantes, trêfegos, antevendo derrotas generalizadas nas urnas,
sim, mas contando com a condescendência de manter o arremedo de presidente
Dilma até 2018. Se assim for, o "pra
sofrer" do Macaco Simão vai deixar de ser uma
referência a Dilma e atingir, como um mantra maldito, o Brasil e os brasileiros.
Estamos condenados a dar errado? Fomos
sem ter sido? Criamos e estabilizamos uma democracia de malfeitores? Collor
e Dilma são uma sina da qual temos a obrigação de nos emancipar. E podemos. O desafio não deve ser maior do que nossa disposição para
vencê-lo!
Fonte:
José Aníbal