Torcida reconhece o esforço e aplaude a
seleção brasileira, que agora vai tentar o bronze do futebol feminino
Após novo
empate em 0 a 0, seleção perde nos pênaltis e agora disputará o bronze. Torcida reconhece o esforço das atletas com aplausos após a
decepção
Marta
durante partida contra a Suécia, na semifinal do futebol feminino no estádio do
Maracanã (Bruno Kelly/Reuters)
A seleção brasileira feminina de futebol não teve
um retorno feliz ao Maracanã. Nove anos depois de conquistar o título do Pan de
2007 no
templo do futebol nacional, a equipe não conseguiu furar a retranca da Suécia
nesta terça-feira e deu adeus ao sonho do inédito ouro olímpico com derrota nos
pênaltis, após empate por 0 a 0, em 120 minutos.
Apesar da decepção, a torcida, exemplar ao longo de toda a partida, aplaudiu as
atletas brasileiras na saída do gramado. Sob o forte calor do início de tarde no Rio e diante de mais de 60.000
torcedores, o Brasil jogou bem, com Marta participativa e Formiga
ovacionada por sua disposição, mas, assim como nas quartas de final contra a
Austrália, não conseguiu balançar as redes. Desta vez, a
goleira Bárbara não salvou e Cristiane e Andressinha erraram suas cobranças de
pênalti. Agora, a seleção
feminina, xodó da torcida na Rio-2016, tentará a conquista da medalha de
bronze contra o perdedor da semifinal entre Alemanha e Canadá, marcado para às
16h (de Brasília), no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.
Sem Cristiane, a maior artilheira
da história dos Jogos Olímpicos com 14 gols, que se recupera de estiramento na coxa e só entrou
na prorrogação, o Brasil teve dificuldade para entrar na área sueca durante os
90 minutos. A equipe europeia, dirigida por Pia Sundhage, técnica bicampeã
olímpica dirigindo a seleção americana, entrou mordida. Na primeira fase, havia sido goleada por 5 a 1, com show de Marta,
no Engenhão.
A Suécia, porém, vinha
embalada depois de eliminar, nos pênaltis, os Estados Unidos, depois de um empate sem gols em que só se defendeu. Na ocasião, a
controversa goleira Hope Solo disse que as suecas foram “covardes”, algo que parece não ter afetado a estratégia da equipe.
A Suécia teve a primeira boa chance, com Lotta Schelin, destaque do time na
partida da primeira fase. A camisa 8 recebeu lançamento longo e dominou no
peito, mas chutou por cima na saída da goleira Bárbara.
Retranca
– A partir
daí, a primeira etapa foi um massacre brasileiro. Bem aberta pela direita, onde
a cobertura do estádio fazia sombra, Marta estava mais ativa que nas outras
partidas. Com todo o talento de sua perna esquerda, deu dribles secos nas
suecas e criou as melhores chances, mas estava imprecisa nos cruzamentos. Ainda
assim, os primeiros gritos de “olê, olê, olá, Marta, Marta” no Maracanã não
demoraram nem 15 minutos a aparecer.
Mas
apesar de ter total controle da posse de bole e de ter finalizado 15 vezes, a
seleção não deu grande trabalho à goleira Hedvig Lindahl. Débinha, em chute de
fora da área, e Beatriz, de cabeça, tiveram as melhores chances. Marta e
Tamires, as mais criativas do time, também chegaram perto com cruzamentos que
quase tomaram a direção do gol. O time sueco limitou-se a defender. No entanto,
terminou a primeira etapa sem nenhuma falta cometida, contra quatro do Brasil.
No
intervalo, o técnico Vadão colocou o time ainda mais à frente, com a meia
Andressinha na vaga da volante Thaisa. A centroavante Bia, com características
bem parecidas à de Cristiane (forte, habilidosa e canhota), dava trabalho à
zaga sueca e chegou a finalizar para fora, após bela jogada individual.
Percebendo
a dificuldade do Brasil na partida, a torcida fez sua parte, aumentando o
volume do estádio. Formiga, uma gigante em campo aos 38 anos, teve seu
nome cantado, assim como Marta e Cristiane, que seguia no banco. A Suécia levou
muito perigo aos 26 minutos, em cobrança de falta que atravessou a área de
Bárbara. O Brasil respondeu com sua estrela: Marta deu linda arrancada pela
direita, enfileirou zagueiras, mas bateu fraco para defesa de Lindahl.
O Brasil
seguiu pressionando, mas a Suécia, com todas as 11 atletas na linha defesa,
dava poucas chances. Andressinha arriscou dois chutes de fora da área, por cima
do gol, e já nos acréscimos Formiga cabeceou nas mãos de Lindhal, para
frustração da torcida, mas o bandeira já assinalava impedimento. O tempo normal
terminou com 28 finalizações do Brasil e três da Suécia.
Drama
– Na prorrogação, Vadão atendeu os pedidos da torcida e
mandou Cristiane a campo. A Suécia, enfim, se soltou e ao menos viu de
perto os olhos verdes da goleira Bárbara, mas as zagueiras Mônica e Rafaelle
afastaram o perigo com firmeza. Perseguida pela lateral Elin Rubensson, que
levou uma infinidade de dribles, mas não deu nenhum pontapé, Marta sumiu um
pouco do jogo na prorrogação.
O medo de errar e levar um
contra-ataque, além do evidente cansaço, parecia atrapalhar o ataque da seleção
brasileira. Schellin, única atleta sueca perigosa nas duas partidas
contra o Brasil, teve chance justamente em contragolpe, mas chutou mal
depois de invadir a área – e gelar o Maracanã. A três minutos do fim, Marta
teve a bola do jogo nos pés. Em cobrança de falta da intermediária, teve seu
nome cantado por todo o estádio, mas bateu fraco, nas mãos da goleira sueca que
aproveitou para ganhar tempo.
Pênaltis
–
As capitãs Marta e Schelin marcaram com categoria
nas primeiras cobranças. Na segunda, Cristiane bateu forte, cruzado, mas Lindahl fez bela
defesa. Kosovare Asllani, então, sentiu a pressão do Maracanã pulsando e parou
nas mãos de Bárbara. Andressa Alves e Caroline Serger mantiveram a igualdade,
assim como Rafaelle e Nilla Fischer. Andressinha, de 21 anos, teve a
responsabilidade da quinta cobrança e bateu nas mãos da goleira sueca. Lisa
Dahklevist, então, marcou o gol da vitória. O Maracanã, com justiça, aplaudiu as brasileiras, que deram uma lição
de força de vontade ao longo da competição.
Fonte: Revista VEJA