Até agora houve um teatro medíocre
‘Jogada
de mestre”, as três palavras ditas por Temer ecoam as outras cinco (“tem que
manter isso, viu?”) que descarrilaram seu governo. O doutor nomeou um general
para pacificar o Rio e criou um ministério da Segurança. Braga Netto deu uma
entrevista coletiva com perguntas previamente selecionadas e quando os
jornalistas fizeram um burburinho, ele informou: “Senhores, no grito não
funciona”. Verdade, mas com perguntas selecionadas, também não. [o entrevistador tem o direito de escolher se faz ou não a entrevista.] Ninguém deve
esperar que o general seja obrigado a responder o que não quer, mas todo dia,
quando acorda, tem o sacrossanto direito de ficar calado ou de falar apenas por
notas oficiais.
Se a
intervenção no Rio foi uma “jogada de mestre”, Temer pode ter entregue ao
general a tropa da cavalaria ligeira da batalha de Balaclava, na guerra da
Crimeia, em 1854. Jogada de mestre, foi imortalizada num poema heroico de Lord
Tennyson. Noves fora a marquetagem da época que era feita por poetas, aquela
carga de cavalaria foi um desastre, mas durante algum tempo valeu a emoção do
poema. No mesmo
palácio de Temer está o ex-governador do Rio Moreira Franco. Numa jogada de
mestre, em 1987 ele também anunciou o império da lei e da ordem. Temer
pagou o vexame de dispensar o diretor da Polícia Federal, um fabricante de
trapalhadas que ficou no cargo menos de cem dias. Todas as suas encrencas
atrapalhavam o combate à corrupção.
Poucas
vezes se torceu tanto para que uma jogada de mestre dê certo. Até agora houve
um teatro medíocre.
RIDÍCULO
Os juízes
federais que ameaçam fazer greve para defender o penduricalho do
auxílio-moradia podem entender muito de Direito, mas não têm senso do ridículo.
Se eles
pararem, farão menos falta que o pipoqueiro do cinema. Os cidadãos que pagam
seus salários e auxílios esperam anos por um despacho dos meritíssimos. O
doutor Luiz Fux ficou três anos sentado em cima do processo que arguiu a
inconstitucionalidade do penduricalho e nenhum juiz reclamou. Afinal, era um
esperteza a favor deles.
CANCELLIER,
4 MESES
Completaram-se
quatro meses do suicídio do professor Luiz Carlos Cancellier, reitor da
Universidade Federal de Santa Catarina. Ele se matou depois de ser preso e
proibido de entrar no campus da instituição. Sabe-se que a Polícia Federal tem
um novo diretor e que a reforma da Previdência de Temer foi para o brejo, mas
não se sabe o resultado da espetaculosa Operação Ouvidos Moucos, que o
relacionava com um desvio (inexistente) de R$ 80 milhões.
EREMILDO,
O IDIOTA
Eremildo
é um idiota e acredita em todas as superstições. Tem medo de gato preto, não
passa embaixo de escada e não diz o nome do Pai da Aviação. O cretino
achou a origem da desgraça de Jared Kushner, o genro de Donald Trump,
encrencado com a polícia americana.
O pai de
Jared é um empreendedor imobiliário e comprou um edifício na Quinta Avenida
para substituí-lo por uma torre moderníssima. A arquiteta Zaha Hadid, que
projetou o novo prédio, foi abatida por um ataque cardíaco aos 66 anos, o
negócio atolou e a empresa de Kushner está mal da pernas.
O prédio
da Quinta Avenida tem o número da besta, iluminado por diabólicas luzes
vermelhas.
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