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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Matei quem merecia morrer

Chris Kyle

"Matei 255 pessoas que mereciam morrer"

O maior atirador da história da Marinha dos EUA lança um best-seller sobre suas ações no Iraque e conta como escolhia as vítimas 

O sonho de Chris Kyle, 37 anos, o maior atirador da história da Marinha americana, era ser caubói. Mas a queda de um cavalo bravo, num rodeio em Rendon, no Texas, abreviou sua carreira esportiva. Kyle, aos 18 anos, teve o ombro deslocado, as costelas quebradas, rins e pulmões feridos e precisou receber dois pinos de metal no pulso. Os danos causados pelo revés nos picadeiros, porém, não atrapalharam sua vida de soldado. Na Marinha, Kyle conseguiu chegar à elite dos US Navy Seals (força especial formada por homens treinados a realizar operações no mar, ar e terra) e ainda acabar reconhecido como o mais letal deles.  
 SEM ARREPENDIMENTOS
Kyle diz que só atirou em quem fazia atos de violência contra americanos:
“Me sinto plenamente justificado”
Pelas contas do Pentágono, ele foi algoz de 160 vítimas, durante quatro missões no Iraque. Em sua contabilidade extraoficial, Kyle acha que o número é maior: 255 mortos, um deles atingido por um tiro disparado a quase dois quilômetros de distância. Em Ramadi, no Iraque, os insurgentes o chamavam de al-Shaitan (“o diabo”) e ofereciam uma recompensa de US$ 20 mil por sua cabeça. Já seus parceiros militares o aclamavam como “a lenda”. Kyle encerrou a carreira em 2009. Sua autobiografia “American Sniper” (“Atirador Americano”), lançada no mês passado nos Estados Unidos, foi imediatamente alçada à lista dos livros mais vendidos no país. Em entrevista à ISTOÉ, ele fala sobre seu trabalho com a tranquilidade de um pacato vendedor de seguros: “Me desculpem, mas não me arrependo de nada. Me sinto completamente justificado.” 

IstoÉ: - O que passa por sua cabeça quando atira em alguém?  
Chris Kyle - A única coisa em que penso é tentar salvar aquelas pessoas que meu alvo quer matar ou ferir. Não tenho tempo de hesitar. Mas também não saí por aí atirando em qualquer um. Os alvos tinham que estar fazendo um ato de violência contra os americanos, nossos aliados, ou iraquianos inocentes.
Istoé - O sr. sentia prazer ao matar?
Chris Kyle - Não, acho que ninguém consegue sentir prazer nessa situação. Eu me sentia bem em ficar seguro de que meus amigos estavam bem. Mas matar alguém não é algo para se comemorar. 
 
Istoé - O sr. diz que a maioria das pessoas pensa que atiradores alvejam a cabeça das vítimas, mas que o sr. preferia mirar no meio do corpo e que foi ficando “mais criativo” nesse trabalho. O que, afinal, o sr. leva em conta na hora de atirar?
 
Chris Kyle -  A vítima deve mostrar intenção de ferir ou matar alguém. É nesse momento que posso participar ativamente. Se ela não está fazendo algo que se encaixe nas minhas regras de conduta, então não posso atirar. Mas quando o faço, prefiro mirar no centro da massa, pois, não importa onde acerte, o cara vai cair na hora e deixar de representar uma ameaça.
 
Istoé - O sr. se sente cobrado para se arrepender das mortes que cometeu?
Chris Kyle - Há pessoas por aí que querem que eu me sinta mal pelo que fiz. Mas eu me sinto completamente justificado por todo mundo que matei, porque o fiz na tentativa de salvar outras pessoas. Acredito na “Bíblia” e, nela, Deus diz “não matarás” no sentido de assassinar alguém. Na justiça de Deus, isso não cabe às pessoas que estão em guerra. Então eu repito: me desculpem, mas não me arrependo de nada. Aquelas pessoas mereceram morrer. Os únicos remorsos que tenho são por aqueles companheiros que não consegui salvar. É deles que sempre me lembro. São esses rostos e situações que permanecerão comigo para sempre, infelizmente.
 
Istoé -  O sr. diz que só podia atirar em alguém quando flagrava o sujeito fazendo algo de errado. Qual a garantia de que não cometeu abusos?
Chris Kyle - A questão é que, lá no fundo, eu vivia sob constante ameaça: essa será uma morte justificável? Porque, se não for, eu não vou atirar. O que me fazia andar na linha era o medo de ser processado. Não queria ter de voltar para casa para ser julgado e passar o resto da minha vida na cadeia.Se eu atirasse num homem e ele caísse no chão e se arrastasse, mas não morresse ali, eu não podia registrar oficialmente esta morte. Mas eu sabia onde havia acertado e sabia que ele iria morrer. Por isso há diferença entre os números do Pentágono (160) e os meus (255), extraoficiais. 

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Fonte: IstoÉ 

sábado, 31 de janeiro de 2015

Treinador de homens-bomba explode turma por engano

Acidente de trabalho - Homem dava aula para aspirantes a ataques suicida quando detonou explosivos presos ao corpo matando 22 e ferindo 15

Um grupo de extremistas sunitas que assistiam a uma aula de treinamento para atentados suicidas em um acampamento ao norte de Bagdá foi morto na segunda-feira quando seu comandante involuntariamente realizou uma demonstração com um cinto que estava cheio de explosivos, contaram funcionários do Exército e da polícia iraquiana. 
 
Militantes sunitas mascarados posam em foto na cidade de Faluja, A 70 quilômetros de Bagdá - REUTERS

Os combatentes pertenciam a um grupo conhecido como o Estado Islâmico do Iraque e da Síria, o Isis, que luta na província de Anbar contra o Exército iraquiano, dominado por xiitas. Mas eles também estão ligados a ataques a bomba em outros lugares.
Vinte e dois membros do Isis foram mortos e 15 ficaram feridos na explosão no acampamento, que está em uma área de plantações no nordeste da cidade de Samarra, afirmaram as autoridades policiais e do Exército. Armazéns de explosivos e armas pesadas também ficavam nesse acampamento, segundo os funcionários. Oito militantes foram presos quando tentavam fugir.

O homem que estava conduzindo o treinamento não foi identificado pelo nome, mas foi descrito por um oficial do Exército iraquiano como um recrutador prolífico, que foi “capaz de matar os bandidos de uma vez”. No início deste mês, militantes do Isis invadiram a cidade de Fallujah e a vizinha Ramadi, ambas na província de Anbar, com armamento pesado, assumindo o controle de vias de acesso e escritórios de autoridades locais.
Desde então, forças de segurança locais e tribais reestabeleceram o controle em Ramadi.
Mas o Iraque está desenvolvendo um plano, com a ajuda dos Estados Unidos, que faria tribos sunitas assumirem a liderança na luta contra o Isis em Fallujah com apoio do Exército iraquiano, um alto funcionário do Departamento de Estado disse ao Congresso na semana passada.

A fonte, o funcionário Brett McGurk, afirmou que o Isis tinha cerca de dois mil combatentes no Iraque, e que seu objetivo a longo prazo era estabelecer uma base de operações em Bagdá, liderada por Abu Bakr al-Baghdadi, que foi classificado como terrorista global pelo Departamento de Estado.