Partido praticamente fica à margem do debate de questões relevantes nos últimos quatro anos
O Partido dos Trabalhadores vai completar 40 anos e, outra vez, se vê
numa encruzilhada. Se na fundação, em fevereiro de 1980, dependia da
liderança carismática do sindicalista Lula, agora é uma organização
política refém de um líder duas vezes condenado por corrupção e lavagem
de dinheiro, réu em várias outras ações penais, e internamente criticado
por não abrir espaço à renovação.
[esclarecimento aos nossos dois leitores:
desde que o petista presidiário ganhou, mediante manobras judiciais, o direito temporário de permanecer em liberade, assumimos o compromisso de mencionar tal condenado o menos possível.
É pacífico e justo que condenados, ainda que em gozo de liberdade temporária, devem ser excluído pela sociedade, alijados de qualquer citação.
A matéria deste Post faz referências várias àquele criminoso condenado por dois crimes e muitlprocessado pela prática de outros, mas, merece ser publicada peo tom de obitário que apresenta do partido =perda total.
Boa leitura.]
O PT rachou quando Dilma contrariou Lula e se impôs candidata à
reeleição em 2014. A peculiar arrogância da então presidente reeleita
levou-a a um gradual isolamento interno, evidenciado dois anos mais
tarde durante o processo de impeachment. Simultaneamente, avançavam as investigações na Operação Lava-Jato. O
partido se concentrou numa campanha permanente para tentar desqualificar
todo e qualquer fato comprovado sobre as obscuras relações de Lula com
fornecedores do setor público.
Se deixou aprisionar nessa tática, arrastou satélites, PCdoB e PSOL, e
caminhou para a radicalização na etapa da prisão de Lula após a
condenação em segunda instância no início de 2018. A opção pela política binária, a polarização, foi consolidada na
campanha presidencial do ano passado na tentativa de desqualificação do
pleito, sob a premissa de que uma eleição sem Lula era fraude.
Revelou-se uma armadilha, construída num autoengano consciente, porque o
líder petista já estava inelegível pela letra da Lei da Ficha Limpa.
Quando a miragem da candidatura foi desconstruída, o PT já havia se
tornado refém de um prisioneiro, que conduziu o partido na eleição, de
dentro de uma cela da Polícia Federal em Curitiba, com inquestionável
habilidade e êxito relativo nas urnas — perdeu a disputa presidencial,
em segundo turno, com um candidato imposto por ele e dividindo a
oposição ao candidato Jair Bolsonaro, que se elegeu. [sua ida ao segundo turno, apenas para convalidar a vitória esmagadora de JAIR BOLSONARO, não foi por mérito petista e sim por falta de mérito dos demais opositores ao vencedor.]
Feridas abertas não cicatrizaram depois da derrota. Focado na defesa
política dos problemas judiciais de Lula, o PT praticamente ficou à
margem do debate de questões relevantes para o país nos últimos quatro
anos. Não conseguiu formular alternativas aos projetos apresentados
pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro para reformas da
Previdência, da legislação trabalhista ou do Marco Regulatório do
Saneamento, por exemplo.
Lula deixou a prisão e frequenta assembleias petistas com a mesma
proposta de antes, a política binária: “Vamos sempre polarizar”. O
partido perdeu 41% de sua bancada parlamentar desde 2003 e se vê ainda
mais isolado, no Congresso e fora dele. Vai completar quatro décadas de
existência com dificuldades até para compor listas de candidatos à
eleição municipal de outubro do ano que vem. A persistência no papel de
refém do líder condenado impede o PT de vislumbrar o próprio futuro.
Editorial - O Globo