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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

O plano de deputados e senadores para afastar Moro da disputa presidencial - VEJA - política



Laryssa Borges 

Deputados e senadores articulam na surdina uma estratégia que deixaria o ministro da Justiça longe das eleições até, no mínimo, o ano de 2028

O plano para afastar Sergio Moro da disputa presidencial

Sem saber, Sergio Moro se moveu em direção a uma armadilha na segunda-­feira 27. Uma semana depois de ameaçar deixar o governo por divergências com o presidente Bolsonaro diante da provável divisão da pasta da Justiça, o ministro foi indagado em entrevista ao programa Pânico, da Rádio Jovem Pan, sobre a possibilidade de assumir uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Diplomático, respondeu que achava a perspectiva “interessante” e até “natural” para um ex-­juiz de carreira como ele, mas que a escolha evidentemente cabia ao presidente da República. Se ficaria satisfeito caso essa indicação viesse a acontecer? “Claro”, disse, sem hesitar. 

 ARMADILHA - Sergio Moro: vaga no STF e quarentena tirariam o ministro das eleições presidenciais de 2022 e 2026 Local: STJ - Brasília- DF Cristiano Mariz/VEJA

Moro também voltou a repetir que não será candidato a nada e que apoiará a reeleição de Bolsonaro. Foram declarações na medida para atenuar as intrigas e suspeitas que levaram ao estremecimento das relações entre o ministro e o presidente durante o primeiro ano do governo. Foi também a senha que alguns esperavam para tirar da gaveta um plano que se propõe a eliminar qualquer possibilidade de Moro disputar uma eleição nos próximos anos.

Pesquisas mostram que o ministro da Justiça, caso decidisse ingressar definitivamente no mundo da política, seria o único nome capaz de bater Bolsonaro nas próximas eleições presidenciais. Moro nega que tenha a intenção de concorrer com o chefe. Chegou a dizer, em tom de brincadeira, que, se necessário, tatuaria na testa “Bolsonaro 2022” para não deixar dúvidas sobre sua postura. O presidente, porém, não acredita nessa convicção — de uns tempos para cá, elegeu o ministro como adversário e ensaiou demiti-lo mais de uma vez, mas foi advertido de que poderia estar disparando um tiro no próprio pé. O ministro é dono de uma sólida popularidade. Recentemente, o PSL, o partido que abrigava Bolsonaro até o fim do ano passado, encomendou uma pesquisa para medir a gestão de Bolsonaro no governo e de Moro no ministério. Resultado: Moro alcança 72% de avaliações positivas, enquanto Bolsonaro fica 40 pontos atrás. Esse cenário reforça teorias e suspeitas de que o ministro tentará voos políticos mais altos. Ao mesmo tempo, desencadeia reações no grupo que não vê essa possibilidade com bons olhos.

Na segunda-feira, logo depois da entrevista, a neutralização de uma eventual candidatura de Moro foi tratada numa conversa entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e lideranças partidárias. Muitos deputados gostaram de ouvir que o ministro ainda vê como uma perspectiva “interessante” a indicação do nome dele para o Supremo. Avaliam que essa pode ser a melhor e mais indolor saída para todas as partes para o ex-juiz, que chegaria ao topo da carreira, para o presidente da República, que se livraria de um fantasma, e também para uma boa parte do Congresso, especialmente a turma dos enrolados na Lava-Jato e os que repudiam o comportamento de “justiceiro” do ministro. Em novembro, o decano do STF, Celso de Mello, completará 75 anos e será obrigado a se aposentar. Os parlamentares já enviaram recados ao presidente de que a indicação de Moro para a vaga não será um problema, e sim o início da solução. No Senado, onde ocorrerá a sabatina, Davi Alcolumbre, o presidente da Casa, avisou que a indicação seria aprovada com extrema facilidade. Mas ainda restou uma dúvida: o que garantiria que Sergio Moro não usará o próprio STF como trampolim para a carreira política?

Na reunião com as lideranças, Rodrigo Maia apresentou a solução: o Congresso tem na gaveta, pronto para ser votado, um projeto que prevê quarentena de seis anos para juízes e membros do Ministério Público que decidirem deixar a carreira e disputar eleições. Se aprovada, a quarentena abarcaria estrategicamente duas eleições majoritárias (2022 e 2026), quando são escolhidos os governadores, senadores e o presidente da República, e uma disputa municipal (2024). Dessa forma, numa hipótese absolutamente esdrúxula, se Moro assumisse a vaga de Celso de Mello em novembro e renunciasse depois para disputar uma eleição, ele seria imediatamente alcançado pela lei e só estaria apto a concorrer a partir de novembro de 2026. Se o objetivo dele for a Presidência da República, o projeto político terá de esperar até 2030. “Há um sentimento generalizado sobre a necessidade de impedir que agentes públicos se utilizem do poder e se transformem em xerifes, pensando em um capital eleitoral para se eleger”, disse Fábio Trad (PSD-MS), autor do projeto. Ele nega que sua proposta, apresentada no fim do ano passado, seja dirigida a impedir a candidatura de Moro. Na reunião, Rodrigo Maia informou que, assim que terminar o recesso parlamentar, em fevereiro, pretende votar a urgência do projeto, o que significa que ele poderá ser tirado da gaveta e entrar em pauta a qualquer instante. “A estratégia agora é convencer o Bolsonaro a indicar o Moro para o STF”, diz um dirigente partidário que tratou do assunto com Rodrigo Maia.

Na quarta-feira 29, Moro e Bolsonaro se encontraram pela primeira vez depois da crise que quase resultou na saída do ministro. O clima foi de cordialidade. Parecia estar tudo apaziguado entre os dois — e estava realmente, mas o que poucos sabiam é que horas antes do encontro uma nova confusão quase provocou o rompimento entre os dois. Antes de receber Sergio Moro, Bolsonaro se reuniu com o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem. O presidente confidenciou a assessores que havia decidido trocar o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, depois de ver uma foto dele ao lado de Moro e do juiz Marcelo Bretas. Bolsonaro entendeu a imagem, postada nas redes sociais, como uma provocação. Além disso, em agosto do ano passado ele se irritou ao descobrir que havia uma investigação na PF do Rio de Janeiro que supostamente envolveria o deputado Hélio Negão, seu amigo de longa data. 

Alertado, o presidente vislumbrou indícios de mais uma conspiração contra ele e anunciou que iria trocar o superintendente da corporação no Rio. Chegou a sugerir o nome do substituto, que foi desconsiderado por Valeixo. As baterias de Bolsonaro se voltaram então contra o diretor. Valeixo é um ex-integrante da equipe da Lava-Jato e foi alçado ao cargo pelas mãos de Moro. Na ocasião, o ministro ameaçou deixar o posto caso o delegado fosse demitido. Ramagem, que participou da equipe de segurança de Bolsonaro durante a campanha, iria substituí-lo.

No círculo mais íntimo do presidente há gente que o alerta sobre o perigo que o ministro da Justiça representa e gente que o adverte do perigo ainda maior que ele representaria fora do governo. Dessa segunda turma fazem parte o ministro Paulo Guedes, da Economia, o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, e o general Luiz Eduardo Ramos, secretário de governo da Presidência. Ramos foi o primeiro a saber da intenção do presidente de trocar a direção da PF na manhã de quarta-feira e, prevendo o desfecho que a história poderia ter, decidiu agir. Logo cedo, ele ligou para Guedes, que tinha uma audiência marcada com o presidente. Guedes é ao mesmo tempo o ministro mais próximo de Moro e também um dos principais conselheiros do presidente. Ramos, por sua vez, é considerado um dos mais influentes auxiliares de Bolsonaro. Os dois convenceram o presidente a mudar de ideia.

À tarde, Moro e Guedes foram ao encontro de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Segundo um assessor do presidente, não se falou de divisão do ministério nem de demissões na Polícia Federal, muito menos de intrigas e traições. O presidente, ao contrário, elogiou o trabalho do ministro. O ministro, por sua vez, devolveu a gentileza ao ressaltar que abandonara 22 anos de magistratura e decidiu aceitar o convite para o governo por acreditar no projeto do presidente. Depois disso, Bolsonaro contou algumas piadas, e, com a chegada da atriz Regina Duarte, que vai assumir a Secretaria da Cultura, a formalidade sumiu definitivamente. O encontro terminou em uma longa sessão de fotos: Bolsonaro ao lado de Regina, Regina ao lado de Moro, Guedes ao lado de Regina… À noite, o presidente recebeu dois desafetos do ministro da Justiça. Um deles detalhou o plano gestado no Congresso. Bolsonaro ouviu atentamente, mas não fez nenhum comentário.


Publicado em VEJA,  edição nº 2672, de 5 de fevereiro de 2020, 


quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

Moro diz que não assinaria documento excluindo-se da disputa presidencial - Blog do Josias

Entrevistado no programa Roda Viva, Sergio Moro foi questionado novamente sobre a hipótese de disputar a Presidência da República. "Não tenho esse tipo de ambição", declarou, engatando o mesmo blábláblá que repete sempre que a pergunta ressurge. "Importante para mim é fazer um bom trabalho como ministro." Uma das entrevistadoras aplicou em Moro algo parecido com um xeque-mate: Assinaria um documento dizendo que não será candidato? E Moro: "Não faz o menor sentido assinar um documento desses, porque muitas pessoas assinaram esses documentos e depois rasgaram." [fica claro, até para petista, que a repórter  fez uma provocação sem sentido ao ministro, que de forma educada rechaçou a inteligente pergunta.
Além de ser a assinatura aposta no documento citado na  pergunta uma demonstração de falta de noção, bom senso, tem o fato de  nenhuma autoridade ser obrigada a  qualquer documento abrindo mão de um direito legítimo, cabe enfatizar que tal documento, se assinado, poderia ser rasgado a qualquer momento.
Muitas vezes se avalia a inteligência do entrevista pela forma como consegue responder a perguntas sem noção que alguns repórteres fazer.]

Quer dizer: ainda subordinado a Jair Bolsonaro, Moro procurou não parecer o que é, para não passar para o chefe a impressão de que é o que parece. Exorcizou a ideia de documentar sua hipotética desambição política porque não lhe interessa excluir do baralho a essa altura a alternativa de ser e parecer. Recordou-se a Moro que sua popularidade é maior que a do chefe. Já foi picado pela mosca da política?, quis saber a repórter. O ministro encostou o lero-lero de praxe num brocardo latino que, noutros tempos, costumava ser mencionado nas cerimônias de coroação dos papas, para realçar que a pompa e o poder são coisas efêmeras: "Sic transit gloria mundi" (a glória do mundo é passageira).

A entrevista incluiu trechos embaraçosas. O embaraço foi maior pelas perguntas que o ex-juiz da Lava Jato teve que ouvir do que pelas respostas que o ministro da Justiça não conseguiu oferecer. A certa altura, uma repórter avisou: "Eu queria falar de corrupção." Nesse ponto, Moro foi confrontado com declarações que fizera na fase de transição do governo, antes de tomar posse. Afirmara que ministro do novo governo que sofresse denúncia consistente de corrupção deveria ser afastado. [sendo a denúncia contra integrante da equipe do presidente ou seus filhos, sempre a imprensa vai considerar consistente.] Disse que não seria necessário esperar pelo julgamento. A repórter preparou o bote: O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público por falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita de recursos do fundo eleitoral. Foi à jugular: O ministro do Turismo deve ser afastado? Moro escorregou como peixe ensaboado: "Isso ilustra o fato de que a Polícia Federal tem atuado com absoluta autonomia e liberdade." Tentou mudar de assunto: "O que coloquei para a PF quando assumi foi que nós precisávamos continuar fazendo o trabalho contra a corrupção, mas precisava também focar na criminalidade organizada." A repórter tentou retomar o fio da meada: "Então, quando a Polícia Federal indicia um ministro..." Morou atalhou-a: "Está fazendo o trabalho dela. 
Cabe à Justiça fazer a avaliação dela e ao presidente fazer a sua avaliação”.

Esse Moro do Roda Viva soou como um sub-Moro se comparado com o personagem da entrevista do final de 2018, que inspirou as indagações. Nela, após aceitar o convite de Bolsonaro para trocar 22 anos de magistratura por uma poltrona na Esplanada, o ex-juiz da Lava jato dissera coisas assim: "Eu não assumiria um papel de ministro da Justiça com o risco de comprometer a minha biografia, o meu histórico." Ou assim: "Eu defendo que, em caso de corrupção, se analisem as provas e se faça um juízo de consistência, porque também existem acusações infundadas, pessoas têm direito de defesa. Mas é possível analisar desde logo a robustez das provas e emitir um juízo de valor. Não é preciso esperar as cortes de Justiça proferirem o julgamento." Hoje, Moro submete sua biografia ao convívio diário com um presidente que mantém em sua equipe não um, mas meia dúzia de ministros encrencados com a lei. Pior: encosta seu histórico de ex-juiz implacável num chefe cujo filho mais velho, Flávio Bolsonaro, é acossado por suspeitas de peculato e lavagem de dinheiro. [as suspeitas contra Flávio Bolsonaro, originárias em movimentações atípicas na conta corrente de um ex-assessor, até hoje não encontraram nada que tenha modificado o inicio: movimentações atípicas - que não caracterizam necessariamente ilegalidades - e suspeitas provenientes de vazamentos ilegais, criminosos, sendo tal tipificação ignorada.]
 
Num cenário assim, tão enodoado, Moro teria de fazer hora extra para manter em pé o compromisso de "analisar a robustez das provas e emitir um juízo de valor" sobre os suspeitos que surgissem ao seu redor. Autoconvertido em engolidor de sapos, Moro acumula um passivo que o condena a participar da disputa presidencial de 2022. Falta definir apenas em que condições. Ausente, Moro apanhará indefeso. Candidatando-se, poderá pelo menos se defender. Daí, talvez, a aversão à ideia de assinar com três anos de antecedência um documento excluindo-se do processo eleitoral. [conforme foi dito pelo ministro - final terceiro parágrafo do POST - a avaliação é da competência da Justiça e do presidente.
A  'entrevista armadilha', gerou críticas ao ministro pelo fato de se manter leal ao presidente da República.

Hierarquia e Disciplina são pilares da carreira militar, mas, também estão presentes nas atividades civis - ainda que de forma mais branda.

Um ministro de Estado, ou qualquer autoridade do Poder Executivo - de modo especial as demissíveis ad nutum - não podem criticar o presidente da República, principalmente  em sua ausência.
Se criticarem estão sujeitas à demissão sumária e ainda estar cometendo um ato deplorável  - se um ministro de Estado quer criticar o presidente da República, apresente as críticas em privado,  e se após apresentá-las, ainda persistir o desejo das críticas, peça demissão, e então estará livre para fazer até comícios.]

Josias de Souza, jornalista - Blog do Josias - UOL

 



Moro diz que não assinaria documento excluindo-se da disputa presidencial ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2020/01/21/moro-diz-que-nao-assinaria-documento-excluindo-se-da-disputa-presidencial.htm?cmpid=copiaecola

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Refém de Lula, PT não vislumbra o próprio futuro – Editorial - O Globo

Partido praticamente fica à margem do debate de questões relevantes nos últimos quatro anos

O Partido dos Trabalhadores vai completar 40 anos e, outra vez, se vê numa encruzilhada. Se na fundação, em fevereiro de 1980, dependia da liderança carismática do sindicalista Lula, agora é uma organização política refém de um líder duas vezes condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, réu em várias outras ações penais, e internamente criticado por não abrir espaço à renovação.
 
[esclarecimento aos nossos dois leitores:
desde que o petista presidiário ganhou, mediante manobras judiciais,  o direito temporário de permanecer em liberade, assumimos o compromisso de mencionar tal condenado o menos possível.
É pacífico e justo que condenados, ainda que em gozo de liberdade temporária, devem ser excluído pela sociedade, alijados de qualquer citação.
A matéria deste Post faz referências várias àquele criminoso condenado por dois crimes e muitlprocessado pela prática de outros, mas, merece ser publicada peo tom de obitário que apresenta do partido =perda total.
Boa leitura.] 

O PT rachou quando Dilma contrariou Lula e se impôs candidata à reeleição em 2014. A peculiar arrogância da então presidente reeleita levou-a a um gradual isolamento interno, evidenciado dois anos mais tarde durante o processo de impeachment. Simultaneamente, avançavam as investigações na Operação Lava-Jato. O partido se concentrou numa campanha permanente para tentar desqualificar todo e qualquer fato comprovado sobre as obscuras relações de Lula com fornecedores do setor público.

Se deixou aprisionar nessa tática, arrastou satélites, PCdoB e PSOL, e caminhou para a radicalização na etapa da prisão de Lula após a condenação em segunda instância no início de 2018. A opção pela política binária, a polarização, foi consolidada na campanha presidencial do ano passado na tentativa de desqualificação do pleito, sob a premissa de que uma eleição sem Lula era fraude. Revelou-se uma armadilha, construída num autoengano consciente, porque o líder petista já estava inelegível pela letra da Lei da Ficha Limpa.

Quando a miragem da candidatura foi desconstruída, o PT já havia se tornado refém de um prisioneiro, que conduziu o partido na eleição, de dentro de uma cela da Polícia Federal em Curitiba, com inquestionável habilidade e êxito relativo nas urnas — perdeu a disputa presidencial, em segundo turno, com um candidato imposto por ele e dividindo a oposição ao candidato Jair Bolsonaro, que se elegeu. [sua ida ao segundo turno, apenas para convalidar a vitória esmagadora de JAIR BOLSONARO, não foi por mérito petista e sim por falta de mérito dos demais opositores ao vencedor.]

Feridas abertas não cicatrizaram depois da derrota. Focado na defesa política dos problemas judiciais de Lula, o PT praticamente ficou à margem do debate de questões relevantes para o país nos últimos quatro anos. Não conseguiu formular alternativas aos projetos apresentados pelos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro para reformas da Previdência, da legislação trabalhista ou do Marco Regulatório do Saneamento, por exemplo.

Lula deixou a prisão e frequenta assembleias petistas com a mesma proposta de antes, a política binária: “Vamos sempre polarizar”. O partido perdeu 41% de sua bancada parlamentar desde 2003 e se vê ainda mais isolado, no Congresso e fora dele. Vai completar quatro décadas de existência com dificuldades até para compor listas de candidatos à eleição municipal de outubro do ano que vem. A persistência no papel de refém do líder condenado impede o PT de vislumbrar o próprio futuro.
 
Editorial - O Globo
 
 

domingo, 28 de outubro de 2018

Haddad, o candidato de 32 processos

Uma extensa ficha corrida

 

[confiram aqui, com fatos e provas, também NÃO É Fake News,  que quem responde a 32 processos, é o Haddad.]

 

Preposto de Lula na disputa presidencial, Fernando Haddad responde a 32 processos, que vão do recebimento de dinheiro da Lava Jato a denúncias por improbidade administrativa e superfaturamento de obras. O candidato reproduz o modelo petista de malfeitos na gestão pública 

Fernando Haddad não foi escolhido pelo presidiário Lula para substituí-lo na corrida presidencial por acaso. Ele carrega o mesmo DNA dos malfeitos de seu padrinho político encarcerado na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, desde abril. O candidato do PT à Presidência responde a 32 processos na Justiça, que o colocam como um dos campeões da ficha de ilícitos cometidos na vida pública. Na extensa folha corrida, Haddad, já réu em dois processos, é acusado de receber dinheiro de caixa dois de empreiteira condenada na Operação Lava Jato, denunciado por crimes de Improbidade administrativa, suspeito de superfaturamento de obras e serviços, acusado pelo desvio de recursos e até da aplicação ilegal de dinheiro público. 


Não bastasse seu envolvimento direto em inúmeras irregularidades, o presidenciável petista se cercou na campanha rumo ao Palácio do Planalto, a mando de Lula, de assessores e coordenadores igualmente processados por crimes no Petrolão, dando indicativos concretos de que o partido reativará – num eventual futuro governo – a máquina de corrupção azeitada durante os 13 anos de PT no poder. Pior. Além do risco de retrocesso ético, a eleição de um novo poste de Lula para o cargo de presidente resgatará a ameaça da ineficiência e da incompetência administrativa que marcou a gestão de Haddad tanto à frente da Prefeitura de São Paulo, como do Ministério da Educação.

Dinheiro de caixa dois
Formado em Direito pela tradicional Faculdade do Largo do São Francisco, Haddad sempre alardeou pautar sua vida pública pelo caminho da retidão. A narrativa, como quase tudo no PT, não pára em pé. Basta jogar uma lupa sobre sua vida pregressa para se perceber que o presidenciável petista é lobo com cútis de cordeiro –ou seja, encontra-se tão encrencado quanto seus padrinhos políticos petistas. A Kurier Analytics, uma empresa de gestão de informações jurídicas, foi quem levantou, a pedido de ISTOÉ, a ficha corrida de Haddad na Justiça e catalogou a existência de 31 processos contra o ex-prefeito, apurando o número da ação, a vara em que está ajuizada a causa e os motivos dos procedimentos. A reportagem acessou um por um dos processos. Na relação, apenas não constava a 32ª ação contra o petista, por correr na Justiça Eleitoral. Versa sobre o recebimento de caixa dois na campanha a prefeito em 2012 e cuja denúncia, formulada pelo promotor Luiz Henrique Dal Poz, foi aceita pelo juiz Francisco Shintate.

Haddad parece mesmo não gostar de jogar às claras com a Justiça Eleitoral. Em declaração de bens obrigatória ao TSE, o presidenciável atesta que o apartamento em que reside em São Paulo vale a pechincha de R$ 90 mil. No Cartório de Registro de Imóveis, porém, consta que ele declarou ter pago R$ 120 mil pelo imóvel em 1998 e realizado um investimento de mais R$ 20 mil na compra de uma garagem, esta não declarada pelo presidenciável. O valor venal do apartamento é de R$ 997,9 mil – mais de 10 vezes a quantia orçada pelo candidato petista ao TSE.

Entre as dezenas de processos aos quais Haddad responde na Justiça, a maioria é composta por pelo menos 15 ações populares e nove por improbidade administrativa. Em uma delas, Haddad é acusado de superfaturar a ciclovia que liga o Ceagesp ao Ibirapuera, ao custo de R$ 54,7 milhões. Cada quilômetro custou para a Prefeitura R$ 4,4 milhões, bem acima do preço pago numa ciclovia na mesma região durante a gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab, — R$ 617 mil por quilômetro. Nesse caso, o juiz Kenichi Koyama, da 11ª Vara da Fazenda Pública, já aceitou a denúncia e Haddad virou réu. Ele é acusado também de superfaturar a compra de salsicha para a merenda escolar. O Ministério Público Estadual o acusa ainda de desviar R$ 129,2 milhões de verbas destinadas ao Teatro Municipal. Nesse processo, estão envolvidos ex-assessores diretos de Haddad.

Não bastassem os processos, o candidato do PT ao Planalto acumula uma grande rejeição entre o eleitorado – acima de 40% segundo as últimas pesquisas de intenção de voto. A reprovação segue em curva ascendente. A aversão ao seu nome por parte do eleitor não constitui propriamente uma novidade. Haddad experimentou o infortúnio em 2016, quando acabou perdendo para João Doria (PSDB) no primeiro turno. Atualmente candidato ao governo do Estado, Doria desenvolve uma explicação para o baixo desempenho do ex-prefeito. Guarda relação com a fama de laborfóbico do candidato do PT à Presidência. “Ele não gostava de trabalhar. Chegava à Prefeitura às 10h e ia embora às 18h. Nos finais de semana não aparecia”, disse o tucano. Num rápido balanço de sua gestão, percebe-se que o petista deixou de cumprir grande parte das promessas feitas ao assumir o cargo. Prometeu construir 243 creches e só entregou 38. Prometeu erguer três novos hospitais, mas nenhum deles abriu as portas. Disse que iria construir 55 mil casas populares e só levantou 10 mil. O déficit de professores aumentou de 1.800 para 4.700 ao final de seu mandato. Um desastre.

Fraudes no Enem
A passagem de Haddad pelo comando do Ministério da Educação também foi marcada por intempéries. Desde a polêmica criação do chamadokit gay” às fraudes na aplicação do Enem, que provocou um prejuízo de R$ 30 milhões aos cofres públicos. Logo no início de sua gestão, o petista virou alvo das primeiras reprimendas dos órgãos fiscalizadores. Uma ação da Controladoria Geral da União (CGU) detectou uma verdadeira “farra das passagens” no ministério. Conforme o relatório da CGU, em 2005 foram desembolsados R$ 3,3 milhões, um valor R$ 932 mil acima do teto estabelecido. “O gestor (Haddad) não adotou as providências necessárias para limitar os gastos com diárias e passagens, desconsiderando a Portaria da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento – SPO”, descreve a CGU. Ainda segundo a auditoria a qual ISTOÉ teve acesso, a Controladoria fez uma análise minuciosa de gastos de 16 servidores, entre os quais Fernando Haddad, relacionada ao exercício financeiro de 2005 do MEC. O que a CGU descobriu é que o compromisso com a coisa pública não é uma máxima no petista. Para camuflar o péssimo desempenho no ministério, Haddad investia pesado em propaganda. Os gastos saltaram de R$ 9,5 milhões, em 2005, para R$ 30,1 milhões, em 2012.

Mesmo com uma gestão atabalhoada à frente do MEC, Haddad se manteve no cargo por sete anos, dois dos quais já no governo Dilma, que chegou a pensar em substituí-lo por Marta Suplicy. Mas Haddad era intocável. O petista só deixou o ministério em 2012, convencido por Lula a disputar a Prefeitura de São Paulo. Para catapultar Haddad novamente, desta vez ao posto de mandatário do País, Lula fez as vezes de tutor e coordenador informal da campanha. Conforme antecipou ISTOÉ na última edição, Lula montou um verdadeiro QG na cadeia, de onde articulou a cooptação de caciques do Nordeste e determinou até repasses de dinheiro, em troca do apoio de lideranças regionais a Haddad. Para torná-lo mais palatável ao núcleo duro petista, Lula o orientou a se inscrever na corrente majoritária do PT, a Construindo um Novo Brasil (CNB). Depois, destacou petistas de sua confiança para o assessorarem – todos investigados ou processados pela Justiça.

O tesoureiro da campanha petista é Francisco Macena, vereador do PT e que responde ao lado de Haddad pela acusação de recebimento de R$ 2,6 milhões da UTC para o pagamento de dívidas da campanha à prefeitura paulista em 2012. A ex-presidente Dilma Rousseff, uma das acusadas pelo STF como integrante do “quadrilhão do PT, coordena a campanha em Minas Gerais, onde é candidata ao Senado. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente do partido, também investigada na Lava Jato, é quem toca a campanha no Paraná. Outro que exerce papel de destaque é ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que responde a duas ações de improbidade por prejuízos à estatal. Completam o time o presidente do Instituto Lula e o mais fiel escudeiro de Lula, Paulo Okamoto, Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula investigado na Operação Zelotes, o ex-presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, e Lindberg Farias, candidato do PT ao Senado pelo Rio – velhos conhecidos das páginas político-policiais que regressarão ao poder, se Haddad eleito for.

Saiba mais, em IstoÉ
 

domingo, 30 de setembro de 2018

As eleições mais inusitadas do país: confira 10 pontos inéditos no pleito

O Correio lista 10 pontos inéditos da disputa presidencial. Da ausência de protagonismo de marqueteiros às fake news, passando pela perda de importância de alianças e da tevê, os eleitores vão às urnas na corrida mais inusitada na história do país

(foto: Editoria de Arte/CB/D.A Press)

 A campanha de primeiro turno que começou com um presidiário exibindo os melhores índices nas pesquisas e chegou à última semana com um convalescente na dianteira dos levantamentos de intenção de votos tem outras particularidades. [não pode ser olvidado que caracterizando o caráter de organização criminosa da qual o presidiário foi e continua sendo o 'chefe', o 'Capo di tutti capi', o lançamento do poste-laranja para substituir o chefão (que continua engaiolado) ocorreu na porta da penitenciária.]
Desde a ausência de protagonismo dos marqueteiros aos estragos das fake news, passando pela perda de importância das alianças, a atual corrida presidencial pode ser considerada a mais inusitada da história do país. Ao longo dos últimos dias, o Correio conversou com políticos, acadêmicos e publicitários. Em comum, todos concordam com o ineditismo desta eleição. Um detalhe: vários dos pontos listados pela reportagem possivelmente serão alterados no segundo turno.

Um exemplo: o rádio, a televisão e os acordos entre caciques políticos — que valeram pouco na disputa pelo Palácio do Planalto até agora — devem ter relevância na segunda etapa. “Se, até agora, os programas eleitorais não foram completamente relevantes como nas campanhas passadas, ganharão mais destaque no segundo turno”, diz Carlos André Machado, diretor do Instituto Opinião Política, responsável por fazer os levantamentos encomendados pelo Correio. É importante notar que, mesmo sem interferir positivamente na campanha do tucano Geraldo Alckmin pelo menos como os assessores esperavam —, o horário político reforçou algumas estratégias. “É possível afirmar que, pelo menos em parte, os ataques de Alckmin a Jair Bolsonaro (PSL) frearam o crescimento do capitão”, afirma Ivo Coser, coordenador do grupo de teoria política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E, a partir daqui, pode-se criar cenários para o segundo turno.

Assim, uma eventual ausência de Alckmin na segunda etapa é preciso ser considerada pelos líderes. A campanha no rádio e na tevê vai até quarta-feira, e volta 48 horas depois que o resultado for proclamado. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a propaganda eleitoral dura 15 dias e terá dois blocos diários de 10 minutos. “Caso se conforme a ida de Bolsonaro ao segundo turno, a campanha que hoje é voltada toda para as redes sociais voltará a ser ‘analógica’. Por isso, estamos nos últimos acertos para fechar com um marqueteiro experiente nos programas de rádio e televisão”, afirma um integrante de um dos núcleos de assessoria do capitão reformado.

“Tivemos muita coisa nova. Nem eleitores, nem candidatos estavam prontos. Comunicação, impulsionamento, arrecadação de recursos, protagonismo da mídia social... Não se entendeu muito bem como usar todas essas ferramentas. Um dos grandes desafios é a mudança na cultura da doação. O brasileiro não tem essa disposição. Sem o dinheiro dos eleitores, fica tudo mais difícil”, detalha o especialista em marketing digital Marcelo Vitorino.

Militantes de internet
Outro ponto observado por especialistas é a participação incisiva dos militantes na internet. Eles usam as redes sociais para defender os pontos de vista e, muitas vezes, falam até em nome dos partidos. “As pessoas foram treinadas para agir assim. Criou-se uma animosidade em torno das celebridades, por exemplo. A tática de vincular o nome de um candidato a uma figura pública é antiga. O problema é quando os seguidores cobram que uma pessoa famosa se posicione politicamente”, explica o professor de ciência política da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Felippo Cerqueira.

Sem a presença do petista Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, nos primeiros debates, e com Bolsonaro, internado em hospital, nos últimos encontros, os embates no rádio e na televisão perderam a capacidade de mobilização no primeiro turno. “Os temas acabaram entrando na campanha de qualquer forma. Veja, por exemplo, a questão da corrupção e da segurança pública”, afirma Amaro Grassi, sociólogo e coordenador da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (FGV/DAP). “As discussões sobre economia, a partir da história da CPMF, do economista de Bolsonaro, Paulo Guedes, acabaram mostrando aumento de volume nas redes.”

O mais significativo nas mudanças é a velocidade da campanha na internet, principalmente no WhatsApp, a partir dos grupos fechados, avalia o professor da FGV. Em tal ambiente circulará a maioria das fake news, como mostrou o Correio na semana passada. A estrutura das notícias falsas migrou dos textos que tentavam reproduzir o formato jornalístico para áudios e vídeos, principalmente depois que plataformas derrubaram páginas de produtores de fake news.

MATÉRIA COMPLETA, Correio Braziliense

 

 




https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2018/09/30/interna_politica,709172/eleicoes-mais-inusitadas-do-pais-confira-10-pontos-ineditos-em-2018.shtml 

sábado, 11 de agosto de 2018

PT já se ajoelhou - agora é ficar de 'quatro'.

PT está dividido sobre a saída imediata de Lula da disputa presidencial

Apesar de manter o registro de Lula para o dia 15, integrantes do PT se dividem sobre a substituição imediata por Haddad. O receio é de que, ausente de eventos oficiais de campanha, a legenda perca apoio, algo verificado em pesquisas internas

Com o candidato oficial do partido preso em Curitiba e ausente do primeiro debate entre os presidenciáveis, o PT reavalia a estratégia para a campanha. A sigla continua decidida a registrar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 15 de agosto, mas repensa o que fazer a partir de então. Com base em levantamentos internos, a direção do PT já avalia que a próxima pesquisa eleitoral vai mostrar uma queda na intenção de votos em Lula — reflexo da ausência no debate e sintoma da necessidade de uma mudança de rumos.

A legenda está dividida sobre como agir nos próximos dias para não piorar o quadro e perder algo em torno de 20% a 30% do eleitorado que Lula ostenta até agora, a depender do cenário. A última esperança de boa parte dos petistas é que, quando a candidatura for oficializada, a Justiça o libere para participar de debates. [esperança tão estúpida quanto os pensamento de Lula e da presidente do PT - Lula além dos quase doze anos que ainda lhe restam de prisão, vai receber novas sentenças, o que inviabiliza sua libertação a médio prazo; bom que a corja petista  aceite o inevitável e normal em qualquer país do mundo:
bandido condenado a pena  elevada tem que ficar preso, pagar a pena puxando cadeia.] As divergências internas ficam mais fortes diante da possibilidade de que venha outra negativa do Judiciário em relação à possibilidade dele fazer campanha — como ocorreu esta semana — ou a decisão do TSE de impugnar a candidatura do ex-presidente, algo que a direção do partido espera que aconteça até uma semana depois dos registros, em 22 de agosto. Em qualquer um desses casos, uma ala defende a troca imediata do nome dele pelo do vice, Fernando Haddad, enquanto outra aposta em recursos para esticar a exposição de Lula como candidato.

A segunda corrente, da qual fazem parte a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o senador Lindbergh Farias (RJ), é favorável à manutenção de Lula como cabeça de chapa o máximo de tempo possível, mesmo depois que o TSE decidir pela nulidade da candidatura. Eles defendem a apresentação de recursos, o que esticaria o tempo dele como candidato por mais alguns dias, porque entendem que desistir antes de o TSE tomar uma decisão iria contra o argumento defendido pela legenda até agora, de que Lula é um preso político e está sendo injustamente impedido de participar das eleições. [só pessoas completamente sem noção, com intelecto reduzido e completa ausência de neurônios,  podem sequer considerar plausível que Lula seja um preso político - o presidiário foi condenado por crime comum (em português claro, por ser ladrão), recorreu em todas as instâncias, até à ONU seus advogados recorreram e todos os recursos foram negados -  assim, não há a menor possibilidade de ser candidato, de participar de campanha, de ter seu nome submetido à votação;
o máximo que Lula pode esperar é em um futuro ainda não próximo ele ser favorecido com um indulto humanitário.
Também não pode ser esquecido que mesmo fosse candidato, Lula não chegaria sequer entre os cinco primeiros colocados - as pesquisas que apontam suposto favoritismo de Lula são FAKES, já que apresentam dados sobre algo impossível de ocorrer, qual seja, Lula ser candidato.] “Eles vão ter que abrir mão em algum momento, mas acredito que evitam fazer isso muito cedo para não enfraquecer o discurso”, avalia o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
 
Impugnação
Mesmo admitindo que é necessário um “selo” da impugnação do TSE para abrir mão do nome do ex-presidente sem cair em contradições, outro grupo quer que Haddad assuma o quanto antes a chapa, assim que a Corte decidir negar a candidatura. Entre os defensores dessa ideia estão o senador Jorge Viana (AC) e o ex-governador da Bahia e ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner. Essa ala considera muito arriscado deixar o PT sem representação nos debates e, talvez, na propaganda eleitoral gratuita, a depender de decisão judicial a respeito desse assunto. “O problema é convencer Lula disso”, disse um cacique petista.

Um dos riscos de manter a candidatura de Lula até o fim é de que o partido perca votos por não aparecer o suficiente, o que, em uma corrida fragmentada como a que se desenha, é um perigo real de que o PT não chegue ao segundo turno. Enquanto outros candidatos se expõem, ganham destaque e conseguem apresentar propostas, o petista está, literalmente, isolado. O partido está perdendo “preciosos dias de campanha para apresentar Haddad”, que é pouco conhecido em nível nacional, pondera Praça.

A reavaliação da estratégia petista ficou clara em entrevista coletiva concedida na tarde de ontem por Gleisi, após visita a Lula, em Curitiba. Apesar de ter reafirmado que o ex-presidente é o candidato oficial do partido, que o nome dele será registrado em 15 de agosto e que é a foto dele que estará nas urnas em 7 de outubro, a senadora fez uma observação que sinaliza para uma mudança de rumos ao relembrar que, “durante a campanha, o nosso candidato a vice é o porta-voz do presidente”. Segundo Gleisi, Haddad “vai andar o Brasil, vai fazer os debates, vai participar das sabatinas, vai ser a voz de Lula, do nosso programa, do nosso projeto para o povo brasileiro” — ou seja, fará todas as tarefas atribuídas a um candidato cabeça de chapa, não ao vice.
 
Invisível
Os receios do partido ficaram ainda maiores diante da pouca visibilidade do “debate alternativo” promovido por Haddad e a aliada Manuela D’Ávila (PCdoB) — vice-candidata, quando Lula sair de cena — ao vivo na internet, durante o debate de quinta-feira. As visualizações foram muito abaixo do que os petistas esperavam. Apenas 44,8 mil visualizações, contra 2,6 milhões que viram o debate oficial, sem representante do PT e quase nenhuma menção à candidatura de Lula, que foi encarado pelos candidatos como página virada. 
O partido tentou minimizar o fato de Lula ter sido pouco mencionado e da ausência dele não ter sido suprida pelo debate paralelo. Ontem, em entrevista coletiva em Curitiba, após visitar o ex-presidente na sede da Polícia Federal, em Curitiba, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, afirmou que ele “só viu um pedaço do debate”, que considerou “sem propostas”. Mas, nos bastidores, a ausência preocupa muitos dirigentes do partido.

Depois de ter sido invisibilizado no debate, Lula corre o risco de não aparecer no horário eleitoral gratuito, que começa em 31 de agosto, segundo a especialista em direito eleitoral Karina Kufa. Se a justiça criminal não autorizá-lo a participar das propagandas oficiais na televisão e no rádio, ele não pode ser substituído pelo vice, explica. “É a mesma lógica do debate”, diz. A propaganda eleitoral gratuita vai até 4 de outubro, três dias antes do primeiro turno. [após tentar, sem êxito, participar do debate da Bandeirantes por procuração - outorgando mandado ao poste Haddad - Lula, por seus ultra competentes advogados (alternando o comando da 'banda' entre Zanin e Pertence - uma hora para cada um) vai peticionar que seja autorizado a realização de sorteio para escolha de um militante para ser seu bastante procurador e cumprir a sentença em seu lugar - Lula vai falar m ... nos palanques e o 'militonto' sorteado fica encarcerado.]

Correio Braziliense