Análise Política
Os principais complicadores potenciais para a presidência de Jair
Bolsonaro são três.
1) Uma base congressual apenas programática,
2) a
ausência de partido(s) forte(s) para chamar de seu(s) e
3) o ritmo lento
de recuperação da economia.
Enquanto o povão não se cansa deste
terceiro item, dá para ir levando os dois primeiros. Mas a paciência não
é eterna.
Falar em crise política no Brasil de Bolsonaro em outubro de 2019 é jornalisticamente sexy, mas talvez algo exagerado. Basta ver as atribulações, por exemplo, de Donald Trump, Boris Johnson, Pedro Sánchez, Lenín Moreno, Sebastian Piñera, Benjamin Netanyahu e Carrie Lam. Shaky governments parece ser o novo normal na era da hiperconectividade e das redes sociais. [Sebastian Piñera cheou a ter a ousadia de posar de estadista e criticar o presidente Bolsonaro; o Netanyahu corre o risco de parar na cadeia; Boris Johnson está sendo sabotado; Trump é o inimigo dos democratas que querem ter o que não ganharam; para o presidente Bolsonaro enfrentar seus inimigos, que também são os do Brasil, é moleza.]
Falar em crise política no Brasil de Bolsonaro em outubro de 2019 é jornalisticamente sexy, mas talvez algo exagerado. Basta ver as atribulações, por exemplo, de Donald Trump, Boris Johnson, Pedro Sánchez, Lenín Moreno, Sebastian Piñera, Benjamin Netanyahu e Carrie Lam. Shaky governments parece ser o novo normal na era da hiperconectividade e das redes sociais. [Sebastian Piñera cheou a ter a ousadia de posar de estadista e criticar o presidente Bolsonaro; o Netanyahu corre o risco de parar na cadeia; Boris Johnson está sendo sabotado; Trump é o inimigo dos democratas que querem ter o que não ganharam; para o presidente Bolsonaro enfrentar seus inimigos, que também são os do Brasil, é moleza.]
Todos esses nomes têm base congressual. Bolsonaro por enquanto não.
Até agora, mesmo sem resultados brilhantes, Bolsonaro vem se sustentando
1) no crédito de confiança do eleitor dele, que numericamente continua
com ele, ou pelo menos não está contra. Como mostrou esta semana a
pesquisa Veja/FSB. E 2) no fato de o Congresso, majoritariamente
pró-mercado, não ter como rejeitar a agenda econômica liberal
capitaneada por Paulo Guedes.
Mas a guerra no PSL deveria acender uma luz amarela no Planalto. Presidente sem partido e sem base congressual própria alguma hora acaba sinucado. Pode demorar, mas a conta chega. Enquanto tem um terço de bom/ótimo e meio a meio no aprova/desaprova, dá para manter o stand by. O problema? Não haver nenhuma previsão de retomada brilhante do emprego no curto ou médio prazos. Esta costuma ser a época em que os políticos estão recolhidos, apenas amolando as facas à espera do momento em que o governante vai perder força e vai depender deles para atravessar o rio cheio de crocodilos. E esta é a hora em que o presidente pode ainda negociar em vantagem com o Congresso. Basta consultar a literatura. Quem fez se deu bem. Quem não...
E o cenário está montado. Há uma avenida aberta. O dito centrão anda com síndrome de abstinência de governo, E agora ele viria algo repaginado, depois de eleito pela imprensa como o salvador das reformas. E afinal o chamado centrão é de direita mesmo. Não à toa Bolsonaro ostenta uma média alta de apoio nas votações congressuais. Seria o casamento da fome e da vontade de comer.
Claro que precisaria ser feito sem macular muito o brand da “nova política”, mas não falta aos próceres do centrão expertise nesse tipo de coisa. Fazer sem parecer que está fazendo. E aliás Bolsonaro foi dessa turma, o dito centrão, durante todo o tempo de deputado federal. Tem muito mais a ver com esse pessoal do que com o jacobinismo do PSL, ainda que os mais jacobinos até ali estejam espremidos.
Mas a guerra no PSL deveria acender uma luz amarela no Planalto. Presidente sem partido e sem base congressual própria alguma hora acaba sinucado. Pode demorar, mas a conta chega. Enquanto tem um terço de bom/ótimo e meio a meio no aprova/desaprova, dá para manter o stand by. O problema? Não haver nenhuma previsão de retomada brilhante do emprego no curto ou médio prazos. Esta costuma ser a época em que os políticos estão recolhidos, apenas amolando as facas à espera do momento em que o governante vai perder força e vai depender deles para atravessar o rio cheio de crocodilos. E esta é a hora em que o presidente pode ainda negociar em vantagem com o Congresso. Basta consultar a literatura. Quem fez se deu bem. Quem não...
E o cenário está montado. Há uma avenida aberta. O dito centrão anda com síndrome de abstinência de governo, E agora ele viria algo repaginado, depois de eleito pela imprensa como o salvador das reformas. E afinal o chamado centrão é de direita mesmo. Não à toa Bolsonaro ostenta uma média alta de apoio nas votações congressuais. Seria o casamento da fome e da vontade de comer.
Claro que precisaria ser feito sem macular muito o brand da “nova política”, mas não falta aos próceres do centrão expertise nesse tipo de coisa. Fazer sem parecer que está fazendo. E aliás Bolsonaro foi dessa turma, o dito centrão, durante todo o tempo de deputado federal. Tem muito mais a ver com esse pessoal do que com o jacobinismo do PSL, ainda que os mais jacobinos até ali estejam espremidos.
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É preciso reconhecer em Bolsonaro um sujeito de sorte. A pipocada dos
Estados Unidos no tema “Brasil na OCDE” abriu uma janela de oportunidade
para o presidente fazer o que precisa ser feito: atrair os capitais
chineses, especialmente em infraestrutura e tecnologia.Vamos ver se a viagem à China vai ser um sucesso no estabelecimento de parcerias que ajudem a alavancar nosso desenvolvimento ou se as viseiras ideológicas vão impedir o governo de fazer o que é melhor.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político - Análise Política