Dias
Toffoli, o presidente do Supremo, adiou por prazo indeterminado o julgamento
das ações contra a jurisprudência que autorizou a prisão de larápios condenados
em duas instâncias do Judiciário. A decisão tem a aparência de uma fuga, pois
as chances de Toffoli amargar uma derrota eram reais. Farejava-se uma vitória
da tranca. Em vigor desde 2016, a regra que permitiu o encarceramento de Lula
deveria prevalecer no plenário da Suprema Corte pelo placar de 6 a 5.
O voto
decisivo seria o da ministra Rosa Weber. Criminalistas que estudaram seus votos
ruminavam o receio de que ela atuasse contra uma reviravolta, votando a favor
da preservação de uma regra que já foi objeto de quatro deliberações do
Supremo. Em todas elas a Suprema Corte decidiu, por maioria de votos, que a
prisão em segunda instância não afronta o princípio constitucional da presunção
de inocência. [Toffoli tem ciência que recuperar o prestígio da Corte Suprema do Brasil, não ocorre enquanto seus integrantes insistirem em agir como se fossem SUPREMOS ministros, esquecendo que são apenas integrantes da Suprema Corte;
ao presidente do STF, interessa que antes da turma de celas abertas perder pela quinta vez a defesa da tese absurda que 'bandido bom, é bandido solto', o STJ delibere sobre a prisão do presidiário petista e decida soltá-lo, alegando que ele já cumpriu metade do tempo necessário para pleitear liberdade condicional e conceda ao condenado o beneficio da prisão domiciliar, com ou sem tornozeleira eletrônica, a pretexto de uma incabível questão humanitária.
O STJ optando por trocar o regime do criminoso petista para domiciliar, com ou sem tornozeleira eletrônica, o Supremo fica isento - tudo foi resolvido pela instância inferior;
se optar por manter Lula preso, os advogados de Lula terão que passar a combater a manutenção da prisão após confirmada em terceira instância - teoria que nã compromete a Suprema Corte.]
Rosa
Weber foi voto vencido. Integrou a minoria favorável à tese de que os
condenados têm o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado dos
processos, quando se esgotam as possibilidades de recurso. A despeito disso, a
ministra vem respeitando a decisão da maioria ao julgar pedidos de habeas
corpus. Rosa Weber manteve a coerência também quando votou, no ano passado, contra
o pedido de Lula para não ser preso. Foi graças ao seu voto que Sergio Moro,
então juiz da Lava Jato, conseguiu expedir o mandado de prisão do líder máximo
do PT. Moro, aliás, havia atuado no Supremo como juiz auxiliar de Rosa na época
do julgamento do mensalão.
Na votação do habeas corpus de Lula, a prisão em segunda instância
prevaleceu por 6 votos a 5. Ao votar contra o pedido do ex-presidente petista,
Rosa Weber frustrou os partidários da política de celas abertas. Deixou várias
indicações de que não considera adequado modificar uma jurisprudência recente
do Supremo, fixada de forma tão reiterada. Ela realçou a necessidade de
oferecer segurança jurídica. Num trecho do seu voto, Rosa declarou: "A
imprevisibilidade por si só qualifica-se como elemento capaz de degenerar o
Direito em arbítrio. Por isso aqui já afirmei, mais de uma vez, que
compreendido o tribunal, no caso o Supremo Tribunal Federal, como instituição,
a simples mudança[S1] de
composição não constitui fator suficiente para legitimar a alteração da
jurisprudência."
Na
contramão do posicionamento de Rosa, o ministro Gilmar Mendes, que votara a
favor da prisão em segundo grau, voltou atrás. Sem mencionar o nome do colega,
a magistrada acrescentou em seu voto que a mudança conjuntural da opinião de
ministros também não é suficiente para mudar a jurisprudência. Rosa citou o
filósofo do Direito Frederick Schauer, professor da Universidade de Virgínia,
nos Estados Unidos: "Espera-se que um tribunal resolva as questões da
mesma maneira que ele decidiu no passado, ainda que os membros do tribunal
tenham sido alterados ou se os membros dos tribunais tenham mudado de
opinião'."
A
ministra evocou também Neil Markovitz, professor da universidade escocesa de
Edimburgo, "para quem fidelidade ao Estado de Direito requer que se evite
qualquer variação frívola no padrão decisória de um juiz ou tribunal para
outro." Acrescentou que o vaivém em curto período de tempo produz
indesejável incerteza: "A consistência e a coerência no desenvolvimento
judicial do Direito são virtudes do sistema normativo enquanto virtude do
próprio Estado de Direito."
Rosa
Weber prosseguiu: "As instituições do Estado devem proteger os cidadãos de
incertezas desnecessárias referentes aos seus direitos. Embora a jurisprudência
comporte obviamente evolução, porque, insisto, a vida é dinâmica, a sociedade
avança, o patamar civilizatório se eleva, é o que pelo menos se deseja, e o
Direito segue, a atualização do Direito operada pela via judicial, pela
atividade hermenêutica dos juízes e tribunais, há de evitar rupturas bruscas e
ser justificada adequadamente."
Ou seja,
era grande, muito grande, gigantesca a chance de Rosa Weber votar contra a
posição de Dias Toffoli, que advoga a necessidade de protelar a prisão dos
condenados pelo menos até o julgamento dos recursos no Superior Tribunal de
Justiça (STJ), a terceira instância do Judiciário. Assim, a pretexto de atender
a um inusitado pedido de adiamento formulado pela OAB, autora de um dos três
recursos contra as prisões antecipadas, Dias Toffoli, ex-advogado-geral da União
no governo Lula, protagoniza um movimento muito parecido com uma fuga. Sob a
presidência de Toffoli, o Supremo atravessa uma quadra fúnebre.
LEIA TAMBÉM: STF ganha um novo nome: Suprema Impotência
"... Realizou-se no plenário do
Supremo Tribunal Federal uma inusitada solenidade. ...
A cerimônia foi reveladora, inadequada e inútil.
A pajelança foi reveladora porque os ministros do Supremo, normalmente vistos como semideuses, reconheceram que também estão sujeitos à condição humana...
A coisa foi inadequada porque o rol de apoiadores do Supremo inclui certas entidades cujos dirigentes e associados merecem interrogatório, não reconhecimento público. ...
O ato foi inútil porque, considerando-se o histórico de suas decisões mais recentes, ...
A cerimônia foi reveladora, inadequada e inútil.
A pajelança foi reveladora porque os ministros do Supremo, normalmente vistos como semideuses, reconheceram que também estão sujeitos à condição humana...
A coisa foi inadequada porque o rol de apoiadores do Supremo inclui certas entidades cujos dirigentes e associados merecem interrogatório, não reconhecimento público. ...
O ato foi inútil porque, considerando-se o histórico de suas decisões mais recentes, ...
Generalizou-se
no Brasil a percepção de que não há local mais seguro para os corruptos do que
o Supremo Tribunal Federal.... "
A cerimônia foi
reveladora, inadequada e inútil. A pajelança foi reveladora porque os
ministros do Supremo, normalmente vistos com... - Veja mais em
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Realizou-se no plenário
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Toffoli fugiu de sessão
que podia manter prisões ... - Veja mais em
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