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domingo, 24 de março de 2019

'Parece que o pau está comendo'

Ideólogo do bolsonarismo prega agitação, propaganda e democracia direta tuitada

"O poder no Brasil está em guerras", se escrevia aqui, no domingo passado (17). "Parece que o pau está comendo", disse na sexta-feira (22) o ministro Paulo Guedes (Economia), que fazia troça da semana de confrontos explícitos entre as turmas do poder.  Gente no centro do governo, porém, fazia teoria do conflito e da importância da rebelião das massas para o sucesso do governo de Jair Bolsonaro.

[comentando: presidente Bolsonaro longe desse blogueiro qualquer ideia de sequer pensar em ensinar o senhor a fazer política; 
além de ser péssimo em política - tenha raiva especial, ódio mesmo, do maldito politicamente correto, devido uma dificuldade que tenho de achar que algo sendo político, possa ser correto - o Senhor, com sete mandatos parlamentar, é MESTRE na arte de fazer política, só precisa querer;

Mas, pensando em estratégia, a meta principal, a razão de todas as razões, o essencial para o sucesso do seu Governo e para sacudir esse mal período é a aprovação da Reforma da Presidência.

Vale praticamente tudo para se aprovar a reforma: só é inaceitável não ser honesto,ético e 'fazer o diabo' como disse a 'escarrada' ex-presidente.


Nossa sugestão é o senhor - não seus filhos, eles foram eleitos dois para votar no Parlamento pela reforma e até mesmo uma converso pró reforma ao pé do ouvido com colegas parlamentares e o outro cuidar da política municipal do Rio de Janeiro - partir para frente, vestir a camisa da reforma, assumir que ela PRECISA SER FEITA e que não vai agradar a todos.

Com isso  o Senhor volta a ter a credibilidade que lhe rendeu quase 60.000.000 de votos, entre eles o meu - do qual não me arrependo em ter conferido ao senhor - a faz a reforma - pode até não ser a ideal, não ser a panaceia, mas, sendo 50% da reforma, já alivia a pressão dos que torcem pelo 'quanto pior, melhor' - cuja vida está sendo, peço vênias por dizer o que vou dizer - facilitada em mais de 90% pelo Senhor.

Feita a reforme o senhor terá tempo e margem política para atacar outros aspectos que contarão com o apoio da população.

Deixar que o Filipe Martins fique provocando com tuitadas conclamando o povo para uma guerra que só será vencida pelo BEM, se o senhor estiver a frente e o campo de batalha ser o Congresso, campo ideal para a conversa com os parlamentares.

O Maia pode, até deve, levar um discreto banho-maria; 
os devaneios presidenciais dele, só teriam mais força se já estivéssemos no biênio final do governo do Senhor e ele fosse o presidente da Câmara.

Após outras reformas, que não serão tão desagradáveis quanto a da Previdência sua reeleição poderá ser cogitada, lançada e se tornar vencedora.]


Filipe Martins, assessor da intimidade presidencial, um ideólogo do bolsonarismo e de seu núcleo de agitação e propaganda, pregou no Twitter nove teses sobre a missão da "ala antiestablishment" do governo: derrubar a "oligarquia" atiçando as massas, por meio de pressão popular direta, o que substituiria a "velha política". Leia mais abaixo um resumo desse manifesto bolsonarista, também um grito de guerra dentro e fora do governo.  Nesta semana, ficaram mais graves os atritos entre o Supremo e os procuradores militantes; entre Congresso e Planalto. O líder lava-jatista, o ministro Sergio Moro (Justiça), chocou-se com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que, por sua vez, abdicou do posto de articulador-geral parlamentar de Bolsonaro.

Maia estava sendo flagelado pelas falanges de Bolsonaro nas redes insociáveis, caçado por ser um representante da "velha política" e, em última análise, por tentar reunir uma coalizão parlamentar de apoio ao governo ou, pelo menos, à reforma da Previdência.  Mas os remendos de coordenação política que havia se desmilinguiram na semana passada.

Para piorar, no Chile, Bolsonaro dissera que a governabilidade e acordos políticos baseados em divisão de poder (cargos) criam situações propícias à corrupção.  O presidente e o núcleo ideológico de seu governo estão afinados. Trata-se do grupo comandado por seus filhos Carlos e Eduardo, que puseram Filipe Martins no cargo de assessor de assuntos internacionais de Bolsonaro, todos eles muito ligados ao influenciador digital Olavo de Carvalho.

Essa "ala antiestablishment do governo", apelido dado pelo próprio Martins, disputa o comando do Itamaraty com os militares, procura dominar o Ministério da Educação e tentou controlar a Secretaria de Comunicação, que ocupa oficiosamente por meio de contas nas redes sociais. Acredita que o bolsonarismo é uma revolução nacional e popular; que seu instrumento é a democracia direta tuitada.

"Há uma tentativa" de isolar e difamar a "ala antiestablishment" do governo, tuitou Martins, na sexta-feira. O ataque a esse núcleo puro do bolsonarismo teria como objetivo "quebrar a mobilização popular" que elegeu Bolsonaro e o dispensou da aliança com os "donos do poder".  Esse movimento seria o combustível do sucesso do governo, a "única forma" de fazer reformas liberais, aprovar o pacote anticrime e preservar a Lava Jato, argumenta Martins.  A mobilização popular, por sua vez, depende da "agenda de ideias e valores da ala antiestablishment do governo". A cooperação com os oligarcas e a aceitação da velha política não seriam meios de "romper com o sistema patrimonialista que existe há 500 anos".

É preciso, pois, que as diferentes alas do governo se organizem de modo a reforçar a pressão popular ao ponto de que os integrantes do sistema político temam por sua sobrevivência política. "É necessário, em suma, mostrar que o povo manda", proclama Martins.

É um chamado para um levante virtual das falanges da ultradireita.


Vinicius Torres Freire, jornalista  - Folha de S. Paulo