Depois de
culpar as ONGs pelas queimadas, Jair Bolsonaro responsabilizou as reservas
indígenas pelas mazelas ambientais. "A Amazônia foi usada politicamente
desde o [governo] Collor para cá", declarou o capitão em reunião com os
governadores da região. "Foi uma irresponsabilidade essa política adotada
no passado, usando o índio ao inviabilizar esses estados". Em matéria
ambiental, o presidente se assombra com o fantasma errado há quase três
décadas.
Bolsonaro
estava no alvorecer de sua carreira política quando o então presidente Fernando
Collor assinou, em maio de 1992, o decreto que homologou a reserva dos índios
Yanomami. Num pronunciamento de novembro de 1995, o então deputado Bolsonaro
declarou: "Com a indústria da demarcação das terras indígenas, assim como
Quebec quase se separou do Canadá, num curto espaço de tempo, os Yanomamis
poderão, com o auxílio dos Estados Unidos, vir a se separar do Brasil".
Decorridos
24 anos desse pronunciamento, o "curto espaço de tempo" de Bolsonaro
ainda não chegou. Os Yanomamis continuam submetidos ao descaso do Estado
brasileiro, que não consegue evitar a invasão de mineradores ilegais à reserva.
Os Estados Unidos ainda não invadiram a Amazônia. O atual presidente
norte-americano, Donald Trump, alia-se a Bolsonaro no embate contra o
neocolonizador francês Emmanoel Macron. Enquanto o capitão transfere para o
Planalto obsessões que cultivou em seus 28 anos de baixo clero parlamentar, a
respeitabilidade ambiental que o Brasil levou duas décadas para conquistar vai
virando cinzas.
A boa
imagem do Brasil arde graças a um governo que afrouxou a engrenagem
fiscalizatória, rasgou dinheiro doado por parceiros estrangeiros, fechou os
olhos para as violações à floresta e hostiliza índios num instante em que tenta
apagar por pressão um fogo que não combateu por obrigação. A gestão Bolsonaro é a verdadeira
assombração, não as aldeias indígenas. Felizmente, fantasma não aparece em
espelho. Do contrário, o capitão levaria um susto a cada manhã, quando fosse
escovar os dentes.
[as aldeias indígenas podem e devem continuar existindo;
o inaceitável é que um punhado de índios tenha, não se sabe para que, milhares de hectares, a título de reservas;
curioso é que todas essas reservas estão com sua localização vinculada a de outras, dando a entender que tem uma finalidade estratégica - contra o Brasil - a escolha da localização dos latifúndios indígenas.]
*Bomba!
O grande brasileiro e indigenista, Orlando Villas Boas, já previa, há
décadas, há muito tempo atrás,
para o que já foi dado o primeiro passo com a
criação da reserva indígena "Raposa Serra do Sol". Vejam o vídeo e repassem
em massa: O Bolsonaro está certo, ou não, em "colocar o dedo nesta
ferida"?