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Os investimentos estrangeiros superaram o déficit, reforçando a posição tranquila das contas externas do país
O noticiário voltou a usar o termo “rombo” para se referir ao déficit, mas isso não é apropriado. Não cabe adotar a mesma linguagem que se emprega para o déficit público. Na verdade, o país precisa ter déficit em conta-corrente, pois esta é a forma de absorver poupança externa, a qual é cada vez mais relevante dado o baixo nível da poupança doméstica, que pouco passa de 14% do PIB. Sem o déficit em conta-corrente, teríamos que investir menos, o que influenciaria negativamente o crescimento da economia.
O déficit em conta corrente até agosto de 2019 equivale a 1,8% do PIB. Vários estudos mostram que até 3% do PIB pode ser considerado um déficit ao mesmo tempo necessário e prudente para um país como o Brasil. Além disso, os investimentos estrangeiros no mesmo período atingiram US$ 41,2 bilhões, mais do que suficientes para financiar o déficit. Assim, o país não precisou endividar-se para cobrir o resultado negativo em conta-corrente do balanço de pagamentos.
De notar, por último, o nível de reservas internacionais, da ordem de U$ 380 bilhões, superior à dívida externa bruta, que é de pouco mais de US 320 bilhões. Isso significa que o Brasil tem a confortável situação de credor externo, ou seja, o mundo deve mais a nós do que devemos. Em resumo, o aumento do déficit externo merece ser acompanhado de perto, mas ainda não é capaz de nos tirar o sono.
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