Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador PIB. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador PIB. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Economia estagnada, com investimento e poupança em queda, aponta futuro desanimador - Estadão

O Estado de S. Paulo

No terceiro trimestre, taxa de investimentos na economia voltou a cair e ficou em 16,6%, número considerado muito baixo

Os dados do PIB brasileiro no terceiro trimestre, divulgados nesta terça-feira, 5, pelo IBGE, mostram uma economia estagnada
O crescimento de 0,1% até veio melhor que o esperado pelo mercado (-0,2%), mas é um crescimento praticamente estatístico.  
Serve para livrar o País de uma recessão técnica (quando há dois trimestres seguidos de queda) que se avizinhava, já que as projeções para o quarto trimestre não são das melhores. 
Mas não é um quadro dos mais animadores.
 
O resultado do período de julho a setembro foi muito influenciado pelo agronegócio, que caiu 3,3% em relação ao segundo trimestre
A indústria cresceu 0,6%, mesma alta registrada pelos serviços. 
O consumo do governo subiu 0,5%, enquanto o consumo das famílias teve o melhor desempenho dentro da atividade econômica, com alta de 1,1%.
Mas dois dados importantes chamam a atenção negativamente. A taxa de investimentos da economia, que o IBGE chama de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) voltou a cair. Estava em 17,2% do PIB no segundo trimestre, um número já considerado bastante baixo, e ficou em 16,6% no terceiro trimestre
Para muitos analistas, uma taxa considerada razoável, dadas as nossas características de país emergente, seria de 25%.  
A taxa de poupança também caiu. 
Era de 16,9% no segundo trimestre, e agora ficou em 15,7%.
 
Esses são números importantes porque dão indícios de para onde caminha a economia. 
Representam, por exemplo, o vigor das empresas, a vontade de investir em máquinas, em processos que elevem a sua produtividade. 
Em última instância, mostram a confiança que as pessoas e empresas têm no futuro do País. E, levando-se em conta esses dados, essa confiança vem caindo.
 
As projeções para o crescimento do PIB brasileiro este ano estão por volta de 3% - no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, estavam em 2,8%. Para 2024, a projeção está em 1,5%, e para 2025, em 1,9%. Não são números animadores.

E, com a economia global se tornando cada vez mais complexa, com novas tecnologias sendo adotadas mundo afora, uso intensivo de inteligência artificial, nosso desafio de tornar o Brasil um competidor forte é cada vez maior. 

Os dados divulgados também nesta terça-feira do Pisa (o Programa Internacional de Avaliação de Alunos) mostram o tamanho do nosso buraco.

Entre 81 países avaliados, o Brasil ficou em 52.º em Leitura, 61.º em Ciências e em 65.º em Matemática.  
Quer dizer, temos um problema de formação dos jovens que se reflete diretamente na qualidade da mão de obra que chega ao mercado de trabalho. 
Com profissionais pouco qualificados, será difícil elevar a produtividade. 
E o País dificilmente vai romper esse ciclo de crescimento medíocre da economia. 
Nunca vai dar o salto de um país de renda média, como o que somos hoje, para se tornar um país desenvolvido.
 
O diagnóstico está dado há tempos
É preciso investir em educação, em reformas estruturais (como a tributária, finalmente a caminho), em reduzir a burocracia, a corrupção. Mas, ano após ano, é sempre difícil acreditar que estamos no caminho certo.

Alexandre Calais, colunista - O Estado de S. Paulo


sexta-feira, 1 de setembro de 2023

PIB: redução na taxa de investimento e poupança acende alerta em meio a boas notícias; leia análise

O Estado de S. Paulo

Crescimento da economia voltou a surpreender no segundo trimestre, mas, sem mudanças estruturais, Brasil pode estar condenado aos eternos ‘voos de galinha’

Pela segunda vez no ano, o resultado da economia surpreende os economistas. No primeiro trimestre, o mercado projetava um aumento de 1,2% no PIB, mas o resultado foi de 1,8%. Para o segundo trimestre, a expectativa era de 0,3%, mas o resultado final foi 0,9%.  
É bom quando a surpresa é positiva: ajuda nas expectativas, torna o ambiente mais amigável para os investidores aqui dentro e mais atrativo para os investidores de fora.
 
Olhando para os números do segundo trimestre, chama a atenção o crescimento de 1,8% na indústria extrativa (petróleo e minério são uma parte muito importante da nossa economia) e de 0,7% na construção, um segmento com muita difusão dentro a atividade econômica. 
Puxada por essas áreas, a indústria, no geral, cresceu 0,9%.

Os serviços também tiveram um bem desempenho, com alta de 0,6%. Aí, muito da explicação está no aumento da renda, principalmente dos mais pobres, com o aumento do salário mínimo e dos programas de transferência de renda. Isso se reflete uma outra rubrica do PIB, o consumo das famílias, que subiu 0,9%.

Como esperado, o agronegócio, já sem o efeito da supersafra que provocou um crescimento de surpreendentes 21,6% no primeiro trimestre, perdeu o fôlego: recuou 0,9% agora. Mas essa queda foi menor que a esperada pelos analistas.

Mas nem tudo, claro, são notícias positivas. A taxa de investimentos na economia (que, no PIB responde pelo nome pomposo de Formação Bruta de Capital Fixo, ou FBCF) ficou em 17,2%, praticamente estagnada em relação ao trimestre anterior. Porém, no segundo trimestre de 2022, estava em 18,3%.

A taxa de poupança também recuou de forma significativa: de 18,3% do PIB no ano passado para 16,9% agora.

Esses números são importantes porque apontam para o futuro. São eles que indicam a capacidade da economia de crescer de forma sustentável, com vigor. Há bastante tempo esses números já são muito baixos no Brasil, quando comparados, por exemplo, a outros países emergentes. E agora, pra piorar, estão caindo.

O crescimento do PIB pode ser, muitas vezes, explicado por fatores conjunturais: uma supersafra, explosão nos preços das commodities, incentivos governamentais provisórios que melhoram o consumo. Mas um crescimento de longo prazo só é alcançado quando há melhoras estruturais na economia.

Mas é preciso mais: uma reforma administrativa, que torne o Estado mais eficiente e menos “pesado” para o bolso dos brasileiros seria também fundamental, mas essa é uma discussão que tem tido pouco avanço.

São as mudanças estruturais, de longo prazo, que o Brasil precisa perseguir, ou corremos o risco de estamos eternamente condenados aos voos de galinha.

Alexandre Calais, Editor de Economia - O Estado de S. Paulo


terça-feira, 29 de agosto de 2023

Lula quer inflar a importância econômica do Brasil no Brics, mas não faz contas direito - J. R. Guzzo

Vozes - Gazeta do Povo

Como em geral acontece no programa de volta ao mundo do presidente Lula e de sua mulher, algum alto assessor analfabeto em aritmética lhe passou, nesta sua última viagem para a conferência dos BRICS, mais um número assombroso para o conhecimento da humanidade. Lula, é claro, repetiu direto. “Os BRICS representam 36% do PIB mundial”, disse ele, com o orgulho de quem está revelando uma extraordinária vantagem para o Brasil – 
ou como se o Brasil fosse sócio proprietário dessa dinheirama toda.  
Que beleza, não é? Não, não é. Na verdade, não é nada. Os BRICS podem ter tantos por cento do PIB mundial quanto lhe dizem, e Lula pode achar que isso faz dele um grande estadista mundial, mas o Brasil não tem nada a ver com o PIB dos BRICS
Cada um tem o seu; não pode mexer no dos outros. Também não tira proveito nenhum da soma total.
 
Os 36% anunciados por Lula, mesmo que a cifra esteja correta, são uma porcentagem – e uma porcentagem é algo perfeitamente inútil enquanto o sujeito não sabe quantos desses “por cento” cabem a ele. 
No caso, o número que interessa é o seguinte: o PIB mundial é de 95 trilhões de dólares, e o do Brasil não passa de 2 tri - o que não chega nem perto do valor de mercado da Apple. É esse o tamanho real do país; não fica maior porque se senta, de vez em quando, na mesa da China, ou da Índia ou de quem quer que seja. 
O fato é que o Brasil, em matéria de PIB per capita, está no 79º. lugar numa lista de 192 países pesquisados pelo FMI – abaixo da Guiné Equatorial, do Panamá e coisas parecidas. 
O PIB da China é de 18 trilhões de dólares? Sim, mas é da China, e não do governo Lula. 
 
Da mesma forma, o “Banco dos Brics”, do qual o presidente não para de falar, não é uma estatal brasileira. Tem mais quatro sócios, e sua função é financiar obras de infraestrutura – e não dar dinheiro para pagar a dívida da Argentina, como Lula quer. 
Não adianta nada enfiar Dilma Rousseff na presidência do banco; não é assim que funciona. Enfim, os BRICS não tomam decisões econômicas em conjunto; é cada um por si. A China não tem nenhuma obrigação de adotar medidas iguais às da Rússia, ou compatíveis com elas
a Índia não administra sua economia segundo as decisões da China, e assim por diante. Imagine-se, então, se algum dos BRICS está preocupado em se alinhar com o ministro Haddad.

É esse o tamanho real do país; não fica maior porque se senta, de vez em quando, na mesa da China, ou da Índia ou de quem quer que seja

Lula, naturalmente, aproveitou também esta viagem para engordar a sua crescente lista internacional de declarações cretinas; quase nunca vai e volta sem trazer alguma novidade. Desta vez, disse que o Conselho de Segurança da ONU, no qual o Brasil quer entrar de qualquer jeito, “não faz a paz, faz a guerra”. É falso: o CS da ONU nunca fez uma guerra.  
É, também, uma maneira especialmente idiota de apresentar a candidatura do Brasil. 
Lula acha que vai entrar no clube xingando a mãe da diretoria.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

J.R. Guzzo,  colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 17 de julho de 2023

Alíquota de 28% para o IVA? A resposta de Haddad a um estudo do Ipea = "prévia do PIB" tomba 2% - Míriam Leitão

Agronegócio será o principal impulsionador do PIB de 2023 Marcos Vergueiro/Governo do Mato Grosso

A saída de cena sazonal da contribuição do agronegócio para o PIB e o tombo do varejo fizeram o IBC-Br, indicador mensal do Banco Central que tenta antecipar o desempenho do PIB, tombar 2% em maio na comparação com abril. O dado surpreendeu economistas, que esperam uma leve queda, de 0,1%, no indicador de atividade.

Para o economista-chefe do PicPay, Marco Caruso, o resultado foi uma devolução do resultado de abril e reflete a redução do peso positivo do agro com o fim da safra de soja. Além disso, apontou o especialista, as vendas do varejo tiveram o pior resultado para o mês em cinco anos.

O comércio brasileiro caiu 1% na passagem de abril para maio. O resultado das vendas do varejo restrito - que exclui veículos e materiais de construção - foi puxado pela queda do setor supermercados, atividade de maior peso na pesquisa. - Apesar do resultado negativo, alguns setores da atividade econômica escaparam desse movimento contracionista - lembrou Caruso.

Na avaliação do economista, o PIB crescerá mais 0,3% no segundo trimestre, mas perderá fôlego e desacelerá no segundo semestre, fechando o ano em alta de 1,9%.

Gabriel Couto, economista do Santander, também acredita que a queda do IBC-Br está relacionada ao fim da contribuição da safra recorde de grãos.

- Mantemos nossa projeção de alta de 1,9% do PIB em 2023 - apontou. - Continuamos a ver sinais de desaceleração na atividade como um todo à frente, com mais segmentos cíclicos [os mais afetados por juros] indicando uma tendência de desaceleração devido às condições financeiras restritivas. Esperamos que o impacto positivo da safra recorde de grãos fique limitado ao primeiro trimestre e ao início do segundo trimestre.

Míriam Leitão, colunista - Blog em O Globo

 

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Caiu a ficha ou é apenas encenação - Gilberto Simões Pires

EM PROCESSO DE QUEDA

Passado primeiro e fogoso impacto proporcionado pelo extraordinário número de votos que garantiu a aprovação da PEC da REFORMA TRIBUTÁRIA, em dois turnos, na Câmara Federal, a impressão que surge neste momento, salvo engano, é que para muitos deputados e tantos outros faceiros a FICHA JÁ ESTÁ EM PROCESSO DE QUEDA LIVRE. 

PREPARADO PARA FERRAR A SOCIEDADE

Se ainda é cedo demais para admitir que já está havendo uma significativa mudança de consciência e/ou boa compreensão dos reais e inquestionáveis perigos impostos pela REFORMA TRIBUTÁRIA, o fato é que já está em fase de crescimento a certeza do quanto o seu conteúdo foi cuidadosamente preparado com o firme propósito de ferrar ainda mais aqueles que INVESTEM, PRODUZEM, COMERCIALIZAM, PRESTAM SERVIÇOS E CONSOMEM. 

TRIO DO FLAGELO TRIBUTÁRIO
Vale lembrar, por oportuno, que a nossa -elevadíssima- CARGA TRIBUTÁRIA já representa 34% do PIB.
Pois, as brechas proporcionadas pelo TRIO DO FLAGELO TRIBUTÁRIO, resultante 1- da REFORMA TRIBUTÁRIA; 2- do ARCABOUÇO FISCAL ( que está em fase de aprovação) e, 3- da NOVA LEI DO IMPOSTO DE RENDA (que já está pronta para ser enviada ao Congresso), a sociedade brasileira - que produz e consome - sentirá seus trágicos e inequívocos efeitos -na pele, na mente e nos bolsos.

REFORMAS

Volto a afirmar que sempre defendi a realização das REFORMAS - PREVIDENCIÁRIA, ADMINISTRATIVA e TRIBUTÁRIA, desde que obedecessem ao sério compromisso de DIMINUIR O GASTO PÚBLICO, que se feitas corretamente levariam uma efetiva queda da CARGA TRIBUTÁRIA para o patamar de 20% do PIB, percentual observado até a promulgação da atual Constituição de 1988. Como se vê, os enormes e impactantes DIREITOS impostos pela Carta somados aos limitados DEVERES, foram decisivos para elevar a CARGA TRIBUTÁRIA para os atuais 34% do PIB. 

O QUE TEMOS...

O que temos até agora, ainda que de forma muito precária, foi a realização da REFORMA DA PREVIDÊNCIA. A mais importante, a - REFORMA ADMINISTRATIVA-, nunca saiu do papel; e a REFORMA TRIBUTÁRIA, pelo andar da carruagem, ao invés de atender os necessários quesitos -SIMPLIFICAÇÃO e MODERNIZAÇÃO-, está correndo solta no sentido de empobrecer ainda mais a esfolada sociedade brasileira. 

Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires


sábado, 8 de julho de 2023

O veneno e o remédio - Gilberto Simões Pires

 CARGA TRIBUTÁRIA

No calor dos debates que estavam sendo travados durante a tramitação da PEC da REFORMA TRIBUTÁRIA, que resultou aprovada na Câmara por grande margem de votos, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que não cansa de dizer que a TAXA DE JURO precisa ser urgentemente reduzida, afirmou que o -novo modelo de tributação- não deverá propor uma redução da escandalosa CARGA TRIBUTÁRIA, que no ano passado foi de 33,71% do PIB.

REFORMA TRIBUTÁRIA + ARCABOUÇO FISCAL + VOTO DE QUALIDADE DO CARF

Ora, Alckmin, usando com habilidade o receituário petista/comunista, omitiu que, somando o que está na PEC da REFORMA TRIBUTÁRIA com o PL do ARCABOUÇO FISCAL e com o PL que restabelece o chamado “voto de qualidade” por representantes da Fazenda Nacional no CARF em caso de empate nas decisões, que estão em fase de aprovação no Congressoa CARGA TRIBUTÁRIA vai dar um SALTO ESPETACULAR. 

AUMENTO GARANTIDO

Então, de novo, para que fique bem claro e não pegue ninguém de surpresa: o vice Geraldo Alckmin deu a sua palavra garantindo a todos os brasileiros que a CARGA TRIBUTÁRIA NÃO SERÁ REDUZIDA. Com isso não poderá ser responsabilizado pelo inevitável AUMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA, que já está plenamente assegurado por conta das aprovações dos projetos acima referidos.  

O REMÉDIO E O VENENO

Volto a enfatizar: enquanto a TAXA DE JURO é o REMÉDIO que trata da doença inflacionária cultivada por governantes estúpidos e maldosos;  
a CARGA TRIBUTÁRIA é o VENENO que ataca o ânimo e o bolso dos investidores, empreendedores/ consumidores.  
A propósito, vejam o que está acontecendo no setor automobilístico: o governo REDUZIU IMPOSTOS e as VENDAS DISPARARAM. Isto dentro de um ambiente de TAXA DE JURO ALTA. Que tal? [lembrando que o programa já foi devidamente encerrado,]
Ponto Crítico - Gilberto Simões Pires 
 
 

sábado, 1 de julho de 2023

Quando não faz nada, o governo também ajuda na economia - Carlos Alberto Sardenberg

O Globo  

Não fazer também ajuda

[Entre o atual governo e NENHUM,  o NENHUM tornará as coisas melhores para o Brasil e os brasileiros, visto que NÃO  FAZER NADA TAMBÉM AJUDA; o que complica é que se o atual governo tivesse se limitado a NÃO FAZER NADA estaríamos no lucro, porém, estupidamente, ele andou fazendo algumas bobagens, o boquirroto presidente expeliu, pela boca, algumas inconveniências e atrasou o que já não andava. Felizmente, NÃO FEZ algumas besteiras que o ilustre articulista aponta nesta matéria.]

Prédio da Eletrobras: presidente parou de falar em reestatização

Prédio da Eletrobras: presidente parou de falar em reestatização Ana Branco/Agência O Globo

O semestre termina melhor do que começou, tanto nos fatos correntes — inflação desacelerando e PIB acelerando quanto nas expectativas para o restante do ano. Houve alguma ajuda externa não veio a recessão esperada (temida) nos Estados Unidos —, mas um fator local foi essencial, especialmente para a melhora do ambiente: as coisas que o governo não fez.

Não foram poucas: o governo não reestatizou a Eletrobras, e Lula até parou de falar nisso; não reestatizou as empresas vendidas pela Petrobras; não conseguiu melar o Marco do Saneamento, embora tenha dado uma ajuda para estatais ineficientes; e, sobretudo, não aumentou as metas de inflação.

Este último não movimento aconteceu nesta semana.  
O Conselho Monetário Nacional (CMN), onde o governo tem maioria, manteve as metas de inflação de 3,25% para este ano e fixou-as em 3% para os três anos seguintes. 
Parece burocrático, mas é importante. Basta lembrar que o presidente Lula falava em aumentar a meta para 4,5%, dizendo que isso tolerar um pouco de inflação era mais adequado para países em desenvolvimento.
 
Por trás dessa ideia bastante comum entre economistas mais à esquerda —, estava a presunção equivocada de que a meta mais alta permitiria ao Banco Central reduzir mais depressa a taxa de juros
Seria o contrário: uma elevação das metas simplesmente levaria à deterioração das expectativas, seguida de mais inflação e, claro, mais juros.

Mais importante ainda, do ponto de vista das expectativas: na ata divulgada nesta semana, o Comitê de Política Monetária do BC (Copom) observou que a reafirmação de confiança nas metas de inflação ajudaria muito na redução da taxa básica de juros. (Não disse assim tão claramente, mas estava óbvio o recado para o CMN).

Funcionou, e com um fator positivo adicional: o Conselho mudou o sistema de metas. Em vez de definidas pelo calendário (um objetivo para cada ano), adotou-se o regime contínuo. A meta de 3% não precisa ser atingida num determinado dezembro, mas num período prolongado. Dito de outro modo: ela vale para sempre, e o Copom tem liberdade para buscá-la no prazo que julgar mais razoável.

Embora o ministro Haddad tenha apresentado a coisa como grande novidade deste governo, a verdade é que o Copom já vinha fazendo isso há tempos.  
Quem lê os inúmeros e fartos documentos da autoridade monetária está careca de saber que a busca da meta vem sendo protelada seguidamente. Agora, estima que os 3% serão alcançados em algum momento de 2025. Por que isso?  
Porque, para alcançar a meta de 3,5% deste ano, os juros teriam de subir para a Lua, destruindo a economia. 
O Copom tem buscado equilibrar a taxa básica de juros em nível alto suficiente para derrubar a inflação, mas não tão alto que sufoque a atividade econômica. 
 
Claro que juro alto atrapalha. E claro que ninguém gosta disso. Mas a alternativa é mais inflação — e já vimos esse filme no Brasil. 
E estamos vendo na Argentina e Turquia. De maneira que ficou bom. 
Lula continua falando mal do presidente do BC, Roberto Campos Neto, parlamentares governistas falam energicamente em convocá-lo. Mas é para a torcida. Todo mundo sabe que faz parte do regime de metas, em toda parte, que o presidente do BC se apresente regularmente ao Congresso.

Dirão: só isso? O governo não fez nada para ajudar o ambiente econômico? Está fazendo duas coisas importantes. Uma, o empenho na votação da reforma tributária. Outra, a apresentação do novo arcabouço fiscal. Ambas ainda no Congresso.[já que ambas estão no Congresso e quando, e se aprovadas, serão implantadas, a resposta as duas perguntas é:  O governo NÃO FEZ NADA.]

O arcabouço não é lá essas coisas, se o objetivo é reduzir o endividamento público. Tem ali mais uma licença para gastar, baseada na expectativa de um enorme ganho de arrecadação. Mas o mercado, sim, ele próprio, recebeu bem. Pela via do melhor isso que nada.

Fora isso, têm saído algumas políticas públicas à antiga — como redução de impostos para carros — e nada de moderno visando ao que o Brasil mais precisa: ganhos de produtividade no conjunto da economia.

[comentário do economista do Blog  Prontidão Total  - e que não é economista: - Destacamos que a presente matéria é do conceituado Carlos Alberto Sardenberg e foi publicada em O Globo, um dos primeiros veículos da velha imprensa a FAZER o "L' e cujo Grupo ainda emprega aquele jornalista que inocentou, em rede nacional,  o apedeuta petista.
E não é a primeira matéria mostrando fatos desfavoráveis ao ex-presidiário - se quem fez o L publica matéria deste tipo, é devido o fato de que a coisa está feia para o petista.]



terça-feira, 20 de junho de 2023

PIB - Depois de xingar o agro, Lula usa sucesso do campo para se promover - Gazeta do Povo

Vozes - Alexandre Garcia

PIB

PIB
Agronegócio ajudou a impulsionar o PIB do primeiro trimestre.| Foto: Michel Willian/Gazeta do Povo/Michel Willian/Gazeta do Povo

Pois é: Lula chamou o agro de fascista, de negacionista, mas se aproveitou do agro para o seu governo dizer que estamos crescendo. É que o agro cresceu 23% no primeiro trimestre, com tudo aquilo que foi plantado no ano passado, e com isso subiu o PIB. 
Por enquanto, são consequências, principalmente, da política monetária do Banco Central, de proteger a moeda e o crédito. Essa é a função dele. Está mantendo a taxa Selic enquanto houver sinais de inflação em outros países
Nos Estados Unidos, o banco central de lá, o Fed, aumentou a taxa de juros por dez reuniões consecutivas e agora, pela primeira vez, está mantendo para observar
Os juros lá estão entre 5% e 5,25%, o que é muito alto para os EUA. Já o Banco Central Europeu está com taxa de 4%, que também é altíssima. Todo mundo sabe que lá na Europa os bancos praticamente não pagam juros, porque o juro é baixíssimo. 
Esta é a mais alta taxa dos últimos 22 anos na Europa, imaginem só.
 
Mas o Congresso também fez sua parte impedindo loucuras como voltar a estatizar a Eletrobras, acabar com o Marco do Saneamento, mexer no Banco Central, agora o governo está querendo a maluquice de desfazer a reforma trabalhista
Estão falando menos nisso tudo porque não se brinca com dinheiro. 
Dizem que o dinheiro não aceita desaforo. É uma questão de credibilidade.
 
Acho que poucos vão lembrar do milagre brasileiro. Eu lembro muito bem porque eu trabalhava no setor de Economia do Jornal do Brasil e cobri o milagre econômico. Delfim Netto era o mago das finanças. 
O presidente Médici entrava no Maracanã e sua presença era anunciada no alto-falante, porque ele recebia um aplauso incrível por causa do milagre brasileiro. Estava todo mundo empregado, o Brasil crescia 11,2% em média por ano – houve um ano em que cresceu 14%.  
Conto isso porque infelizmente não estamos vendo agora – ao menos eu não estou vendo o fator que provocou o milagre brasileiro: otimismo e entusiasmo.  
O que estou vendo é o contrário, principalmente no agro, que está sentindo essa história de marco temporal, ameaça fundiária, apoio ao MST, Marina vetando tudo, declarações do presidente da República contra os que semeiam suor...  
E o segundo grande setor do PIB, o de serviços, também é atingido na área urbana, eu vejo o cuidado.  
Depois não vamos dizer que nos surpreendemos. Não se brinca com credibilidade, o dinheiro não aceita desaforo. 
Ainda bem que o Congresso reagiu, e é bom que o Congresso continue pensando a respeito disso.

WhatsApp: entre no grupo e receba as colunas do Alexandre Garcia

Juíza que substituiu Moro enfim se livra da Lava Jato
A juíza Gabriela Hardt, que substituiu Sergio Moro e depois foi substituída por esse Eduardo Appio, que está sob investigação por andar fazendo ameaças, enfim se livrou da Lava Jato
Ela não aguentava mais; deve ser decepção com essas coisas que nos decepcionam também. 
Hardt queria ir para Florianópolis, mas não conseguiu; agora, foi para a 3.ª Turma Recursal do Paraná, ainda em Curitiba. 
E para a 13.ª Vara Federal de Curitiba (eu acho que o número 13 caiu direitinho em cima) vai o juiz Fábio Nunes de Martino, de Ponta Grossa.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

Alexandre Garcia, colunista -Gazeta do Povo - VOZES

 

 

domingo, 11 de junho de 2023

O desastre vem mais devagar - J. R. Guzzo

Revista Oeste

Pense em alguma coisa ruim para o brasileiro comum — o governo Lula quer fazer, está tentando fazer ou promete fazer. Pense em alguma coisa boa: não apareceu nenhuma até agora

Lula | Foto: Shutterstock

A única coisa positiva que se pode falar sobre o governo Lula é que ele parece estar tendo, pelo menos até agora, mais dificuldades do que se previa em seu plano geral para a destruição do Brasil. 
O plano, no papel e na discurseira do presidente, é impecável. 
Não existe praticamente nenhuma medida proposta, falada ou sugerida pelo governo que não torne tudo pior do que está — ou que tenha um mínimo de cabimento para um país que precisa, com urgência máxima, fazer com que sua economia cresça de verdade. 
Também não existe nada, em nenhuma ação do poder público, que torne a sociedade mais equilibrada ou crie mais oportunidades para as pessoas melhorarem de vida
Pense em alguma coisa ruim para o brasileiro comum — o governo Lula quer fazer, está tentando fazer ou promete fazer. Pense em alguma coisa boa: não apareceu nenhuma até agora. 
O Brasil, em vista disso, deveria estar dando a esta altura mais sinais de ruína do que se pode perceber mas não está. Ao que parece, demolir um país deste tamanho não é tão fácil assim. 
Talvez leve mais tempo do que se pensa. Talvez o que o governo pensa não seja aquilo que pode. Talvez aquilo que pode não seja aquilo que quer.
 
Esta é, em todo caso, a única esperança à vista que as ideias de destruição acabem sendo maiores do que a capacidade real de destruir. 
O crescimento da economia no primeiro trimestre de 2023 é uma excelente demonstração disso. O PIB brasileiro cresceu 1,9%, um índice muito bom para estes tempos de paradeira global — foi, na verdade, um dos maiores do mundo
Só que o crescimento aconteceu contra a vontade do governo Lula: foi atingido unicamente pelo vigoroso avanço do agronegócio nesse período, e se dependesse da ação oficial o agro brasileiro teria ido para trás. 
Desde o primeiro dia, o governo declarou o produtor agropecuário como seu grande inimigo e de lá para cá vem sabotando sua atividade em tudo o que pode. 
Mas aí é que está: nada do que fez até agora foi suficiente para diminuir a produção rural ou a procura internacional pela soja, pelo milho ou pela carne do Brasil. 
A última agressão é um conjunto de ideias que a ministra do Meio Ambiente anunciou para “combater a destruição das florestas”, como diz sua propaganda. Sob o disfarce da virtude ecológica, o plano do MMA e das ONGs brasileiras e estrangeiras que vivem ao seu redor deixa claro, mais uma vez, a obsessão em tratar a agropecuária nacional, em princípio, como atividade criminosa. 
É o retrato perfeito do Sistema Lula: enquanto o agronegócio salva a economia brasileira, seu governo vem com ideias não de incentivo ao campo, mas de hostilidade. 
 

 
Plantação de soja em Mato Grosso do Sul | Foto: Shutterstock 

Coisas desse tipo não foram capazes de diminuir nem a área plantada, nem a safra, nem as exportações, nem o valor em dólar da produção rural; fazem barulho na mídia, mas não mudam a realidade no campo. 
]Vai continuar assim? A resposta a isso vai estar nos fatos do dia a dia; aguardemos, agora, os números do segundo trimestre. O certo é que o governo não conseguiu até agora desfazer a principal força da economia brasileira de hojeage para isso, mas não está conseguindo. 
É importante que esteja assim, porque em todo o resto a sua ação é uma calamidade. 
O que dizer, por exemplo, da treva que Lula está criando nas relações do Brasil com a Europa?  
Sua última manifestação a respeito é puro atraso de vida. 
Diz que não vai assinar os projetados acordos comerciais entre a União Europeia e o Mercosul — e, pior ainda, orgulha-se desse gesto que considera heroico. É algo realmente extraordinário: Lula acha que a população brasileira fica mais rica, ou melhor de vida, se o Brasil se afastar da Europa, em vez de se aproximar. 
Os acordos, como se sabe, aumentam a abertura dos mercados europeus para os produtos brasileiros e estabelecem, em troca, uma maior abertura do mercado brasileiro para os produtos europeus. É o que se chama de livre comércio — e, naturalmente, abre oportunidades maiores nos mercados mais ricos, que têm mais consumidores e onde há mais capacidade de comprar, como é o caso dos países da Europa. Lula acha o contrário. Para ele, a possibilidade de vender mais para os países da União Europeia é um mau negócio.
 
 O presidente entregou-se, depois que assumiu o cargo, à fantasia de que pode se tornar um “líder mundial” — incapaz de resolver qualquer dos problemas reais do Brasil, imagina que sua vocação seja resolver os problemas do mundo.


Sua motivação, no caso, é a pior possível — é o protecionismo na sua forma mais primitiva, esse mesmo que há décadas impede o Brasil de crescer e de criar riqueza, para beneficiar uma elite inepta, ignorante, incapaz de competir e dependente do Erário

A União Europeia, com muita lógica, espera que as empresas europeias possam vender seus produtos para o governo brasileiro — assim como as empresas brasileiras estariam livres para vender seus produtos aos governos europeus. É livre comércio ou não é? Lula não quer
Diz que as compras públicas devem ficar fora do acordo — e que o governo do Brasil vai continuar comprando só de empresas brasileiras. 
Por quê? Porque a indústria brasileira faz produtos ruins e caros, que o mercado externo não quer comprar; mas o governo do Brasil compra, com dinheiro público, e aí ficam todos muito contentes, industriais e governantes
Quem paga a conta, no final, é você. Nada deixa tão clara a mentalidade econômica medieval de Lula do que a justificativa central que ele dá para a sua postura protecionista: segundo ele, as compras feitas pelo governo são “a única” maneira de fazer com que a indústria brasileira sobreviva. Não é a competência. Não é a qualidade dos produtos. Não é o trabalho, nem a pesquisa, nem a tecnologia, nem o investimento. Não é a capacidade de superar os concorrentes. É o dinheiro do pagador de impostos brasileiro. Sem isso, diz Lula, não há indústria nacional.

É um bom sinal; quanto mais tempo fica longe daqui, mais se enterra como presidente e mais deixa que se compliquem as suas estratégias de acabar com o país. Tem conseguido, até o momento, ser apenas ridículo. Em cinco meses no governo, já fez viagens a dez países diferentes; torra dinheiro público de um país pobre hospedando-se em hotéis de quase 40.000 reais a diária e queimando combustível de avião a jato. 
Não poderia, com esses espasmos de brega descontrolado, provocar mais desprezo entre os grandes que supõe impressionar. 
Como não tem ideia do que está fazendo, produz o mais agressivo conjunto de declarações cretinas que qualquer presidente brasileiro já produziu em suas falas públicas, aqui ou no exterior. 
Sua campeã, até agora, é a afirmação de que a invasão da Ucrânia pela Rússia é responsabilidade “dos dois países” — um primeiro caso, em toda a história universal, em que uma nação é responsável pela invasão militar do seu próprio território. 
 
Torna-se a cada dia um estorvo para os Estados Unidos e a Europa, que até outro dia o consideravam um salvador da democracia no Brasil e no Terceiro Mundo; está virando um chato para os que realmente resolvem as coisas. Sua tentativa de socorrer a Argentina com dinheiro do Banco do Brics, só porque arrumou ali um emprego para Dilma Rousseff, foi tratada com risadas; chinês empresta dinheiro para receber de volta, não para dar fôlego a regimes falidos. 
Deu para falar em “governança mundial”, e acha que oferecendo a Amazônia para a “internacionalização” vai se transformar num novo Nelson Mandela para europeus com carência ecológica e a menina Greta. 
 
Tenta transformar o ditador Nicolás Maduro em vítima de uma “narrativa”. Ele seria um pobre democrata, perseguido pela má imagem que os seus inimigos criaram — e quem destruiu a Venezuela não foi a sua ditadura, foi o “embargo” econômico norte-americano
Prega o fim do dólar como moeda internacional de troca. 
Sua última realização é indispor-se com a Europa, a quem já tinha acusado de colaborar com a guerra na Ucrânia, por causa dos acordos comerciais com o Mercosul. Não se vê, em suma, como, quem e o que ele vai liderar na sua posição de figura mundial meia dúzia de ditadorezinhos latino-americanos?

Enquanto estiver fazendo papel de palhaço terceiro-mundista pelo mundo fora, e tentando entrar de penetra na sala dos grandes, Lula fica mais afastado do Brasil.  
E, se continuar assim, as dificuldades que está tendo para conduzir a nação ao colapso tendem a ficar maiores do que têm sido.  
Nos dias de hoje, é a boa notícia possível.
 
 
 
 J. R. Guzzo, colunista - Revista Oeste
 
 
 
 


sábado, 3 de junho de 2023

Um ‘Pibão’ desconfortável - Carlos Alberto Sardenberg

Em qualquer país, o governo, seja de direita ou de esquerda, comemora quando há crescimento do Produto Interno Bruto. Lógico. É tudo de bom — emprego, renda, oportunidades. 
Pois, nesta semana, o IBGE informou que o PIB brasileiro cresceu 1,9% no primeiro trimestre em relação ao período anterior, resultado expressivo e bem acima das expectativas. Tanto que os analistas elevaram a perspectiva de expansão neste ano para acima dos 2%, o dobro do que se calculava no início de 2023.

O governo e seus aliados não comemoraram. Em alguns setores, notou-se até mesmo um certo desconforto. Há um motivo técnico. O resultado do primeiro trimestre foi puxado pela agropecuária, com uma surpreendente e espantosa expansão de 21,6%, sempre na comparação com o último trimestre do ano passado.

Os demais setores mostraram números modestos (expansão de 0,6% em serviços e estabilidade na indústria). 
Além disso, o agronegócio flutua bastante no ano, conforme o andamento das safras. 
Não é possível crescer assim em todos os trimestres. De todo modo, continua sendo bom. O agro brasileiro hoje é alta tecnologia em genética, máquinas, fertilizantes.  
Puxa crescimento em vários segmentos industriais e de serviços.

Qual o problema?
Simples. O agro está no rol dos adversários da esquerda dominante no governo Lula. Incluindo o presidente.

Um baita equívoco.
O pensamento conservador ou de direita é dominante no pessoal da agropecuária. 
Tem bolsonaristas e desmatadores. 
Tem uma bancada ruralista no Congresso que é, na maioria, oposição a Lula
Mas a maior parte da produção brasileira — e bota maior nisso — é correta e sustentável pelos padrões internacionais. Tanto que exporta para o mundo todo. 
 
Um governo, digamos, normal trataria de apoiar esse setor
Politicamente, o correto seria separar líderes políticos da extrema direita de toda uma área da economia que gera benefícios para todo o país. 
Mas não aqui, não neste governo. E aí dá o “azar” de ver o agro estourando. Difícil comemorar. 
 
Há outro motivo subjacente para o desconforto com o PIB forte: a batalha com o Banco Central. O Comitê de Política Monetária do BC (Copom) tem mantido a taxa básica de juros no nível, elevado, de 13,75% ao ano. Segundo o presidente do BC e do Copom, Roberto Campos Neto, a inflação brasileira mostra-se resiliente por causa, entre outras coisas, de uma demanda geral aquecida. Entram aqui os gastos do governo e o consumo das famílias.

Os ministros Haddad e Simone Tebet têm repetido que não há inflação de demanda e que o governo promove ajuste fiscal. Logo, arrematam, o BC deveria reduzir os juros imediatamente.

E aí vem um Pibão.

Foi o agro — dos inimigos! Vá lá, mas, mesmo retirando da conta esse setor, continua havendo crescimento — e da demanda. 
Segundo analistas de fora do governo, o nível de emprego é bom para o momento, e os programas de transferência de renda sustentam o consumo de bens e serviços. 
E tudo isso a três semanas da próxima reunião do Copom. Daí o desconforto. 
 
Uma bobagem. No terreno específico da política econômica, há argumentos para defender uma redução da taxa de juros mais rápida do que o BC tem indicado. 
No mercado financeiro, muita gente já antecipa essa queda da taxa básica. 
Nas transações com papéis de vencimento mais longo, o mercado já reduziu os juros — os “juros futuros” — acentuadamente. 
 
Em resumo, o governo tem um aliado de fato em boa parte do mercado. Assim como no agro. Mas o mercado é tão ou mais inimigo que o agro. 
Essa distorção ideológica aparece em toda parte. 
Ainda ontem, em evento na Universidade Federal do ABC, Lula disse que a educação é base do desenvolvimento, devendo receber muito investimento público.

Óbvio.
Mas a questão não é essa. É esta: por que o ensino público, sobretudo nos níveis fundamental e médio, falha tão escandalosamente? 
Mesmo tendo recebido investimentos? 
Sistema de ensino equivocado? 
Professores mal remunerados? Não, diz Lula. É porque as elites não querem que os pobres aprendam.

Aí fica difícil.

Carlos Alberto Sardenberg, colunista - O Globo