A questão agora é saber se os procuradores continuarão a se comportar como bedéis do Congresso. Darão ao correto e bom projeto que muda a lei que pune abuso de autoridade o mesmo tratamento que deram à anistia que nunca houve nem haverá?
Na sexta, às
6h57, publiquei aqui um
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/chega-de-baderna-maia-tem-de-jogar-suposta-anistia-no-lixo-temer-tem-de-demitir-geddel-e-janot-tem-de-recolher-seus-extremistas/
com este título: “CHEGA DE BADERNA! Maia tem de jogar suposta anistia
no lixo; Temer tem de demitir Geddel, e Janot tem de recolher seus
extremistas”.
Vamos lá. Sobre Rodrigo Maia, escrevi isto:
“Maia tem de chegar nesta sexta e
deixar claro: não se votará projeto nenhum que lembre qualquer coisa
parecida com anistia. Tem de convocar os líderes para que estes se
manifestem em nome de seus partidos. Ainda que a eventual aprovação de
um projeto assim fosse inócua, isso não pode acontecer por uma questão
moral.”
E ele o fez.
Em várias entrevistas, enterrou o tema da anistia. Neste domingo, vai
fazê-lo de novo, em companhia do presidente da República.
Temer
Sobre o presidente Michel Temer, escrevi:
“É evidente que o sr. Geddel
Vieira Lima não pode permanecer no cargo. (…) É praticamente impossível
que uma denúncia com vistas ao impeachment prosperasse porque não
passaria na Câmara, mas o conjunto fragiliza o presidente, e um chefe do
Executivo fragilizado, vimos isso com Dilma, não consegue fazer o que
tem de ser feito.”
Pois é…
Geddel já é ex-ministro. Deixou o posto na própria sexta. Sim, o
presidente cortou na carne. Sai um de seus mais importantes auxiliares.
Operoso, vamos convir, ele é.
Até aqui, cumpriram-se duas das três coisas que me pareciam necessárias para esfriar os ânimos. Agora falta a terceira.
Janot
Sobre o procurador-geral da República, escrevi:
“É patente que membros de destaque
do Ministério Público Federal reivindicam hoje a tutela da atividade
legislativa. Mas não só: também pedem a tutela da atividade executiva. E
não é raro que façam juízos muito pouco lisonjeiros de decisões tomadas
no Supremo — o que indica a sua aspiração à onipotência. Tome-se o caso
do projeto que muda a lei de combate ao abuso de autoridade.
Pespegou-se no texto a pecha de ‘anti-Lava Jato’, o que é de uma mentira
fabulosa. Chega!”
Vamos ver
qual vai ser a reação do MPF ao pronunciamento deste domingo. Que
procuradores vão cantar vitória, embora soubessem ser inviável,
impossível mesmo!, a anistia, bem, isso é inequívoco.
A questão
agora é saber se continuarão a se comportar como bedéis do Congresso.
Darão ao correto e bom projeto que muda a lei que pune abuso de
autoridade o mesmo tratamento que deram à anistia que nunca houve nem
haverá?
Insistirão numa espécie de método plebiscitário — e publicitário — para constranger o Congresso?
“Ah, mas o
Congresso não pode fazer tudo o que lhe dá na telha.” É verdade. Por
isso existe uma sociedade vigilante. Por isso existe um Supremo Tribunal
Federal. O que não
pode, porque é um caminho certo para a crise e para o impasse, é o
Ministério Público Federal arvorar-se em controlador prévio da atividade
legislativa, da atividade executiva e da atividade judicial.
Um ente com
esses poderes seria, sem favor nenhum, um ditador. Ainda que
bem-intencionado. Como a história ensina, toda ditadura começa com boas
intenções.
Agora é Janot quem tem de fazer a sua parte. A menos que o clima de bagunça institucional seja do seu interesse.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo